• Nancy, de Oliver Oliver

          Título: Nancy
          Autor: Oliver Oliver ( Oliver-Oliver )
          Gênero: Fantasia

    Em uma obra de 20 capítulos, Oliver Oliver nos apresenta a história de Flóris, um jovem pescador que vive em uma pacata ilha, onde a pequena população se sustenta com o que consegue produzir. Alguns mistérios rondam o lugar; lendas e supostas maldições para quem ousar descumprir as regras — bastante específicas. O nosso protagonista, como é de se esperar, se vê indo além dos limites permitidos e, então, coisas estranhas começam a acontecer. 

    Com uma capa belíssima, digna de um trabalho das grandes editoras, e uma sinopse um tanto bagunçada, Nancy me lançou em um mundo repleto de magia. Logo fica nítido que se trata de uma daquelas histórias universais, que conseguem conversar com um público muito amplo, o que me animou bastante para a leitura. 

    O começo, no entanto, é um pouco atropelado. As coisas começam a acontecer rápido demais, sem que eu me sentisse completamente dentro do dia-a-dia do Flóris. Quando os mistérios começam a surgir, a falta de uma apresentação mais consistente dos personagens iniciais deixa aquela sensação de que ficou desperdiçada toda a emoção que a parte poderia carregar. As motivações para que o protagonista vá contra as regras de seu vilarejo também teriam ganhado mais força se o primeiro ato se desenrolasse sem tanta pressa, mostrando os problemas enfrentados por Flóris e sua avó, como também o martírio psicológico advindo disso. 

    É no primeiro ato também que somos expostos a uma cena um tanto controversa. A questão é que, no clima imersivo da narrativa fantástica, ocorre um fato pesado demais para a áurea de magia que estava me guiando até então. Incomoda por ser uma passagem real demais, forte demais, que pega o leitor desprevenido. Considero que uma avaliação da necessidade da existência dessa cena, ou até mesmo da forma como foi descrita, precisa ser feita. 

    Porém, com o desenvolvimento, a história parece encontrar o tom adequado, fazendo desse episódio algo fora da curva. Vemos, então, o crescimento dos personagens de uma jeito muito interessante. O carisma de cada um vai despontando e, aos poucos, fui me apegando a cada um deles. Um destaque aqui para a personagem Velha Doida, que faz jus ao nome e nos trás ótimos momentos dentro da narrativa. Um alívio cômico que chega, inclusive, a roubar a cena do protagonista por alguns instantes. 

    No âmbito estrutural, a história necessita de uma revisão. Vemos alguns erros gramaticais aqui e ali, salpicando constantemente o texto, o que não incomoda pela gravidade, mas sim pela quantidade. Os diálogos também se mostram diretos demais as vezes, perdendo um pouco de toda a magia que o texto se esforça tanto para construir. Falta, aqui, um tato nas escolhas das palavras, na construção das frases, em como os personagens podem se expressar para que as falas andem de mãos dadas com a narração. 

    A construção do mundo, por sua vez, é um ponto que se destaca positivamente. O universo de Nancy foi bem planejado, o que é essencial em uma fantasia. O enredo se desenvolve muito bem até o clímax. No geral, Oliver consegue nos envolver e nos entregar um desfecho emocionante, sensível e que faz a leitura valer a pena no fim de tudo. Não duvido que seja capaz de tirar lágrimas dos leitores mais sentimentais! 

    Em suma, a obra é uma bela história, que sofre com os problemas comuns vistos aqui no Wattpad, o que é algo até esperado. É um enredo excelente, mas com uma execução regular, que precisa de aprimoramento e de uma revisão. Deixo aqui a meu pedido para que não de descarte uma ideia tão boa. Nancy é uma jóia a ser lapidada. 

Nota: 8,3 

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