• Morreu, Mas Passa Bem, de Lucas Andrade
• Título: Morreu, Mas Passa Bem
• Autor: Lucas Andrade (DetetiveKnopp)
• Gênero: Mistério
Morreu, Mas Passa Bem é o quarto livro da série Law, uma série não sequencial de mistério, na qual conhecemos as aventuras investigativas do excêntrico detetive Lawrence Knopp. Dessa vez, o detetive será chamado para desvendar a morte de Linda Barden — ou o que parecia ser Linda Barden, já que a própria moça é quem bate em sua porta buscando por seus serviços.
A sinopse pode parecer um tanto confusa à primeira vista, principalmente para quem não está familiarizado com as histórias de Lucas Andrade. Porém, o que de início pode soar meio estranho, já no primeiro capítulo é explicado, estabelecendo de forma sólida o mistério o qual iremos acompanhar. Com um ótimo gancho, que nos prepara para as pistas nada esclarecedoras que nos serão apresentadas, o primeiro capítulo faz com que seja inevitável se aventurar nos próximos.
Morreu, Mas Passa Bem não é o meu primeiro contato com a escrita do autor; o acompanho faz algum tempo e, por isso, posso afirmar que temos aqui a melhor das quatro histórias do detetive Knopp. Isso se deve tanto pela construção do mistério, que é capaz de nos trazer constantes momentos de "pulga atrás da orelha", como pela qualidade do texto, que aqui — até o presente momento — encontra seu auge. Andrade fortalece a sua personalidade textual e mostra um bom amadurecimento ao utilizar com propriedade as técnicas marcantes das suas obras: a narração é engraçada, permeada de ironia, e possui construções inteligentes, que brincam com o sentido das frases e com a história como um todo. De maneira perspicaz, os elementos são bem intrincados, fazendo da leitura um processo bastante prazeroso.
Outro ponto comum de suas obras e que também não deixa de estar presente é a simplicidade do enredo. A premissa e o desenvolvimento seguem um caminho já consagrado em livros de investigação. O mistério se mantém, então, graças à capacidade do autor de contornar essa simplicidade com seu texto. Poderia até ser clichê, não fosse os diversos outros ingredientes que mascaram o desenvolvimento recatado — o que não deixa de ser um feito digno da nossa atenção. Afinal, usar fórmulas já conhecidas pelo público sem parecer mais do mesmo é um trabalho tão complicado quanto criar algo inovador.
Um desses tais ingredientes é, sem dúvidas, a construção de bons personagens. Todos os coadjuvantes são usados de forma a agregar ao mistério, e servem de alicerce para que o nosso protagonista possa brilhar com força total. Um dos melhores protagonistas que já encontrei nas produções do Wattpad, Lawrence Knopp é um personagem carismático e bem construído. É, também, o principal motivo por queremos adentrar mais e mais nas páginas e dar palpites sobre os suspeitos do crime. A personalidade irônica e, de certa forma, bem humorada do detetive se mistura a personalidade do próprio narrador, mesmo que a história seja contada em 3° pessoa. Vemos aqui um exemplo bom de como protagonista e obra se integram e, juntos, tornam a leitura marcante.
O mistério, por fim, consegue driblar a inteligência do leitor até o final, o que garante a emoção na grande revelação do verdadeiro assassino. As pistas se unem com coerência, evidenciando o capricho no planejamento inicial da história. O último capítulo, além da resolução do caso, aposta em se aprofundar nos dramas pessoais de Knopp, mostrando a intenção de Andrade em abordar os dilemas familiares do detetive num possível quinto livro da série, o que considero uma decisão acertada. Nem só de assassinatos vive o homem, e é chegada a hora de conhecermos mais desse personagem tão fora do comum.
Uma leitura divertida, rápida e que prende do início ao fim. Morreu, Mas Passa Bem é, a meu ver, uma história que ganha por não se levar a sério; por estar ciente de suas limitações e de seus pontos fortes. Uma obra que transforma a sua simplicidade em troféu e, assim, nos leva para instantes agradáveis de fuga da realidade.
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Nota: 9,6
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