8. DESESPERO

O coração de Ash batia tão forte que ele temeu ter um infarto ali mesmo. Suas mãos estavam geladas e tremiam. 

Na sua frente, a Clefairy olhava com cara dura a gangue de Rattatas a cercar. De cara para ela estava o grande Raticate. Ele a fitava com um olhar de poucos amigos. 

"Clef Clef!"

"Raticateeeeee!"

Os dois Pokémons conversavam. 

Os cinco Rattatas rodeavam Luna sortunamente e com os olhos atentos.

"Clef Clef!"

"Raticate!?"

"Clef..."

Luna tinha apontado para as coisas de Ash jogadas no chão. 

"RATICATE."

De repente, os cinco Rattatas pularam ao mesmo em uma emboscada. Luna teve sua pele mordida por um.

"CLEEEEEEEF", berrou o pokémon com a dor que acometera seu corpo.

Em seguida, foi arremessada pela Investida de outro.
 
E agora, o que eu faço?, pensou Ash, temeroso. Ele sabia que era seu dever como treinador do pokémon comandar-lo em um batalha, porém, nunca tinha batalhado na vida. Como vou liderar um pokémon assim? 

Luna, de repente, usou o movimento Clarão para emitir uma luz cegante. Os Rattatas vacilaram, desorientados. 
Quando a luz tinha se dissipado Luna desaparecera de vista.

Onde?, indagou-se Ash. Olhou para o lado e para o outro em busca do pokémon. Os Rattatas fizeram o mesmo. 
Quando ele olhou para cima, viu. Uma luz rosada descia em direção do céu. Quando desceu atingiu o chão com forte impacto, enviando rajadas de vento pelo local. 
O mato começou a voar para todo o lado. 

O boné de Ash quase saiu voando, porém, ele o segurou forte sobre a cabeça. 

Quando a rajada de vento cessou, Ash percebeu que o golpe abrira um grande espaço no campo, revelando sua localização. No chão, um Rattata fora nocauteado pelo golpe, restando quatro seriamente machucados. 

Ah não. 

Luna veio flutuando do céu e pousou no solo. 

O Raticate começou a berrar de raiva: "RATICATEEEE RATICATEEEE." Até então estava apenas assistindo a batalha passivelmente. 

Em seguida, ele saiu do seu ponto e partiu correndo em direção de Luna com suas garras a mostra. Ele desviou facilmente do golpe, voando e fazendo um acrobacia no ar de forma despojada. Em seguida desferiu um Mega Soco no chão, causando uma fissura. A gangue acabou se desequilibrando com o impacto.

"Clef Clef!" 

Pela entoação do pokémon Ash soube que ela não estava levando aquela batalha a sério. 

Ash, porém, continuava atento. Sabia que não poderia subestimar o poder de um pokémon selvagem - isso muitas vezes poderia ser fatal. 

De repente, Ash estava novamente na escola pokémon de Kanto. A professora Matilde explicava para a turma acerca dos perigos existentes ao viajar pelas rotas pokémons:

"Ao caminhar pelas rotas, todos devem ter muito cuidado. Não é recomendo que nenhuma pessoa atravesse área dominadas por pokémons selvagens como matagais, florestas e lagoas, a não ser que tenha um pokémon consigo ou autorização para fazer o mesmo", explicou a professora para turma.

Ash estava na sua carteira, prestando atenção com os olhos brilhando de ansiedade pelo dia em que completaria 10 anos e partiria por conta própria em sua jornada.

"Existem itens como repelentes e pokédolls os quais servem para evitar batalhas com pokémons selvagens, ou ao menos escapar a salvo. Em qualquer pokémart vocês encontram estes além de, claro, muitos outros os quais serão essenciais para sua jornada."

Voltou a realidade.

Luna estava cercada. Dos seus lados, os Rattatas montavam um circulo, impedindo que o pokémon fizesse qualquer avanço. Quando ela tentou voar por cima deles fora acertada por um Ataque Rápido do Raticate e lançada no chão.

"CLEF", berrou.

Em seguida, os Rattatas partiram todos ao mesmo tempo, desferindo Mordidas no Clefairy o qual berrava de dor.

Ash não aguentava mais assistir áquele massacre e virou o olhar. Não conseguia sequer mover os olhos, quem dira realizar uma ação para impedir o espancamento.

Eu sou um lixo.

Quando voltou a olhar a cena seu Clefairy estava em uma situação deplorável. Sangue descia dos ferimentos em carne viva. Os Rattatas continuavam a cerca-la.
Foi nesse ponto que Ash decidiu que não podia mais ficar parado. Se não fizesse qualquer coisa ele sabia que seu pokémon morreria ali.

Tomando coragem ele correu do ponto aonde estava, pegou algumas pedras do chão e lançou na direção dos pokémons. Olhou para suas coisas jogadas no chão e subitamente teve um plano absurdo.

Não existe outra opção.

"PAREM", berrou Ash tentando atrair a atenção para si. "VENHAM AQUI DESGRAÇADOS!" 

Os Rattatas e o Raticate olharam para ele.

Ash estava preparado.

De repente, os Pokémons mudaram o foco e partiram em direção de Ash com as garras e dentes a mostra.
Ash pegou seu pote de biscoitos do chão e, rapidamente, saiu correndo pelo meio do matagal, sendo seguido pelos seus perseguidores.

Quando percebeu que finalmente estava longe da cena da batalha, Ash olhou para trás, ainda correndo. Os Pokémons continuavam a o perseguir em alta velocidade.

Ele abriu o pote de biscoitos de manteiga e o jogou no chão.

Os Pokémons pararam a perseguição, olharam para os biscoitos jogados no chão, desconfiados. Em seguida, começaram a os devorar.

Lá se foram meus biscoitos, pensou ele, melancólico, ao ver seus biscoitos favoritos serem devorados de forma feroz. 

Ash aproveitou da distração e partiu rapidamente de volta para onde Luna repousava no chão.

⏰⏰⏰


Quando Ash chegou na cena percebeu que era tarde demais.


Ele pegou um frasco de poção de sua mochila e deu na boca do pokémon. Luna não tinha esboçado sequer uma reação.

Ajoelhou no chão próximo a Luna a qual repousava, inconsciente. Ouviu os batimentos no peito dela. 

Nada

Começou a soluçar. Suas lágrimas eram despejadas dos olhos e caiam, molhando o Clefairy.

Seu primeiro pokémon havia sacrificado a sua vida para o salvar.

"Não precisa se preocupar, eu irei te proteger", havia dito ela antes de adentrarem o matagal.
"Droga!", disse Ash com raiva.

Raiva de Luna por ser tão soberba e descuidada. Raiva dos pokémons por terem roubado as suas coisas e causarem todo ocorrido. Mas, acima de tudo, raiva de si mesmo por ter levado Luna para uma área perigosa e não ter conseguido mover um músculo quando mais ela precisava de si.

"Idiota", ouviu a voz na sua mente.

Limpou as lágrimas e fitou Luna. Ela ainda não fazia nenhum movimento.

De onde?, indagou-se.

Ouviu o som de passos virem em sua direção.
Virou a tempo de ver. Quando viu, Ash caiu para atrás, assombrado.

Um Clefairy vinha caminhando em sua direção em desdém.

"L-luna!?"

O Pokémon parou na sua frente.

"Em carne e osso."

Ash enxugou as lágrimas, confuso.

"C-como!?"

Luna caminhou em direção do seu outro corpo caído. Em seguida, deu um forte chute nele.

De repente, o corpo emitiu uma pequena fumaça. Em um "Puff" se desfez.

Um substituto?, raciocinou Ash.

Luna flutuou e pousou em seu ombro.

"Dá pra me explicar o que tá acontecendo?" Ash exigia um explicação para o ocorrido.

Luna bocejou.

"Durante a batalha eu fiquei tão entendiada com aqueles fracotes que decidi fazer uma pequena brincadeirinha...", disse ela através do Link Telepático. "Usei o Clarão pra criar um Substituto e me divertir um pouco. Achei que seria engraçado ver vocês achando que eu tinha morrido, e realmente foi. A forma como você começou a correr feito um covarde foi hilária. 'PAREM', me acabei de rir ouvindo aquele grito. "

Ela riu.

Ash ficou sombrio.

"Eu não corri com medo! Eu tava tentando te salvar", disse ele, puto. "Achei que a gente fosse amigo mas pelo visto estava enganado. Você só se importa consigo mesma."

Luna parou de rir. "Que chatice, foi só uma brincadeira."
Ash, no entanto, estava com cara de poucos amigos. "Sai do meu ombro."

"Qual é, porque..."

"SAI DO MEU OMBRO!", gritou ele.

Luna se assustou. Em seguida, desceu do seu ombro.
Ash ajuntou suas coisas jogadas no chão e as colocou de volta em sua mochila. Luna tentava falar algo mas Ash não dava atenção. Estava furioso demais para ouvir qualquer coisa. Ele seguiu emburrado todo o caminho em direção de sua barraca de mochila nas costas enquanto era seguido logo atrás de si pela Clefairy.

Não estava disposto a perdoar o pokémon assim tão cedo, então, durante todo o caminho até Viridian os dois não trocaram uma palavra sequer. Luna havia brincado com seus sentimentos. Por um momento ele realmente tinha achado que seu pokémon havia morrido. Não importava se ela considerava tudo apenas como uma brincadeira, para ele não era. 

E sabia que um grande buraco na relação treinador-pokémon havia sido formado naquele dia.

Quando ele seria fechado? Ainda era um mistério até para ele. 

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