7. BRUTAL

Ash balançou Luna de um lado para o outro até ela acordar.

"O que é..." Ela estava sonolenta.

"ACORDA! ROUBARAM MINHA MOCHILA."

O Pokémon virou para o lado e fechou os olhos. "E o que eu tenho a ver com isso?"

Ash estava incrédulo com a má vontade do Clefairy o qual continuava deitado no edredom da barraca.

"E dai? Tirando o fato de que todas as minhas coisas estavam lá dentro nada", respondeu ironicamente.

O Pokémon continuava deitado, sem prestar atenção no que estava dizendo. 

Ash tinha que pensar em algo para motivar-la. Sua pokédex, as pokébolas, poções, o mapa e o pote de biscoitos que tinha trazido de casa estavam dentro da bolsa. Não poderia perder tudo, senão, o dinheiro que tinha gastado para conseguir comprar todos os itens seria jogado no lixo.

Ele teve uma ideia.

"Se você não quiser tudo bem... Mas se eu não conseguir recuperar o meu mapa pode ser que eu não consiga chegar no Monte Moon tão cedo assim..."

Luna abriu um de seus olhos. Ash sabia que tinha conseguido chamar a atenção para si.

"Talvez demore dias... Meses... Anos até que nós consigamos chegar lá sem algum tipo de coordenada", Ash tentava a persuadir.

Luna esfregou seus olhos com a mão. Suspirou em desistência.

"Tudo bem, só porque eu realmente preciso chegar no Monte Moon o quanto antes."

Ash sorriu.

Os dois saíram da tenda. O Clefairy flutuou pelo ar e pousou nos ombros de dele. "Me leve aonde esses Rattatas se encontram, me certificarei de dar um jeito neles", disse ela com uma conotação sombria.

Os pelos do braço de Ash se arrepiaram.

Era a primeira vez que via aquele lado de Luna e não estava certo se estava gostando. 

Tirou as preocupações da cabeça e correu em direção do início da area aonde o matal se expandia em uma grande mata fechada. Parou em sua margem.

Ele fitava a escuridão que se seguia por dentro do matagal.

"Por que parou?", indagou Luna.

Ash respirou fundo.

"Estou tomando coragem pra entrar... É a primeira vez que adentro uma área de pokémona selvagens", explicou ele. "Se você conhecesse as histórias que eu ouvi em Pallet também estaria assustada."

Tinha uma história que sempre corria no imaginário Palletiano a qual sempre aparecia na sua mente quando o assunto eram pokémons selvagens. 

Uma vez, uma criança acabara se perdendo de sua mãe na feira de Magikarps da cidade e desaparecido. Sua mãe, desesperada, começou a bater de porta em porta, implorando por ajuda ou qualquer tipo de notícia sobre o paradeiro de seu filhinho. 

"Sinto muito Roseana, não tenho nenhuma pista sobre onde o Quinzinho possar estar", falou Delia ao ser interrogada na sua porta pela mulher. Ash estava ao seu lado, abraçando seu pokédoll. 

Apesar de ser apenas uma criança ele sabia pelo olhar da mulher que ela estava passando por um momento muito doloroso. 

Toda a população, movida pelo desespero e determinação da mulher em reencontrar seu filho, organizaram uma equipe de buscas composta por moradores da cidade. Juntos, homens, mulheres, crianças, até o professor Carvalho, partiram pelas redondezas por dias, em busca de qualquer sinal que fosse. 

Ao fim do quinto de busca eles encontraram. O corpo já estava em decomposição. Suas órbitas tinham sido perfuradas, seus braços e pernas despadaçados pelas mordidas de pokémons. 

A mãe, ao descobrir o que tinha acontecido com seu filho havia sido atendida pela emergência após passar mal. Um dia após o funeral do seu filho ela foi encontrada no banheiro de sua casa. Seus pulsos estavam ensanguentados e  água da banheira ganhara uma coloração vermelha. A oficial Jenny encontrara as lâminas próximas ao chão do banheiro. 

Em cima da pia havia uma carta. 

"Foi tudo culpa minha, se não fosse pela minha falta de cuidado e atenção nada disso teria acontecido. Não tenho desejo de viver em um mundo aonde Quinzinho não está vivo, por isso, hoje partirei. Espero que ele aceite o meu perdão quando nos encontrarmos novamente no outro mundo."

"Não precisa se preocupar, eu irei te proteger." Luna o despertou do transe.

Ash sorriu. 

Era verdade. Ele não era mais uma criança. Tinha se graduado na escola pokémon e não podia ter medo, senão, todo seu esforço para iniciar sua jornada teria sido em vão. 

Eu sou um treinador Pokémon! 

Ash ganhou uma dose de confiança. Em seguida, entrou correndo pelo matagal, desaparecendo no meio da escuridão.

⏰⏰⏰

Ele sentiu algo tocar suas costas.

Seu coração acelerou. Tanto que perguntou-se se acabaria vomitando ele.

Quando virou, viu que era só um caule de uma longa planta. Seus batimentos se acalmaram.

"Clefairyyy Clefairyyy Clefairyyy", cantarolava o Clefairy no seu ombro.

Ash forçava a sua visão tentando enxergar no meio daquele breu.

"Não consigo enxergar nada", reclamou ele para si mesmo enquanto ouvia o som que os Pokémons selvagens faziam ao redor.

Luna parou de cantarolar.

"Quer uma ajudinha aí?", disse ela pelo link telepático.
"Uma ajuda seria boa", respondeu ele.

De repente, Luna começou a emitir um clarão de luz de seu corpo, iluminando o local.

Ash estava chocado.

"Por que não me disse que você sabia usar o Clarão antes de entrarmos aqui?". Estava furioso pois se soubesse do fato antes não estaria andando às cegas.

"Você não perguntou." Ela riu.

"Por falar nisso nem sei quais golpes você sabe", disse ele finalmente se atentando ao fato. Um treinador precisava saber quais golpes seus pokémons conheciam, do contrário, não estaria apto a o comandar em uma batalha.

Luna, subitamente, se mostrou extremamente interessada no tópico.

Ash quase tropeçou em uma rocha no chão, porém, conseguiu se recompor antes de cair.

"Clarão, é claro. Explosão Lunar, esse foi o mais recente que eu aprendi. Mega Soco, esse eu herdei dos meus pais...", Luna dizia enquanto Ash prestava atenção no caminho que estava trilhando.

Ouviu o som de algo. Fez um "shiiii" para Luna e tentou ouvir melhor. 

"...Metrônomo, esse todo Clefairy que se prese sabe." Luna interrompeu o falatório mental. "Mas eu ainda nem disse todos", reclamou ela.

Ash concentrava sua audição.

"Ratta Ratta", ouviu o burburinho vir de algum lugar.

Devem ser eles.

Ele andou na ponta dos pés, tentando não fazer barulho.

Quando chegou na origem do som, abriu o matagal com a ajuda das mãos e viu.

Os cinco Rattatas reviravam as coisas de sua mochila. Um deles tentava abrir seu pote de biscoitos sem sucesso. No meio deles tinha um enorme Raticate.

Deve ser o líder, supôs Ash. Tenho que tomar cuidado, senão é bem capaz deles fugirem novamente.

Ou pior, o atacar.

Ash fez um movimento para ajoelhar no chão quando, de repente, o Clefairy saiu voando do seu ombros e pousou perto dos pokémons, revelando sua identidade.

"Clef Clef!", grunhiu o pokémon.

Só havia uma expressão que serviria para descrever o sentimento que fazia o sangue de Ash fervilhar de raiva naquele momento.

"Puta que pariu!", exclamou ele.

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