6. FOGUEIRA

Sol daquele dia começava a se pôr.

Ash pedalava na sua bicicleta lentamente. O cansaço o dominava. Suas pernas estavam tão doloridas que ele acreditava que mal conseguiria ficar em pé.

No alto do céu, um grupo Pidgeys voava pelo céu alaranjado de fim de tarde de Kanto em direção contrária de onde Ash tinha vindo.

À margem da estrada da Rota 1 era possível se escutar o som dos pokémons selvagens escondendo-se dentro das áreas onde o matagal crescia até o alto.

Ele resolveu parar.

"Clefairyyyyy Clefairyyyyy Clefairyyyy", cantarolava Luna na sua linguagem de pokémon de dentro da cesta de sua bicicleta.

"Por que parou?", falou através do link telepático.

"Tô muito cansado, preciso descansar."
"Que frouxo."

"Muito fácil falar isso porque não é você que está pedalando!", respondeu bravo.

Ash estacionou a bicicleta ao lado de um árvore. Retirou de dentro de sua mochila sua barraca portátil e a montou. Ao terminar, escalou em cima de uma árvore e quebrou alguns galhos.

Retornou ao chão segurando alguns gravetos.
O Clefairy descansava sob a sombra da árvore.

Preciso montar a fogueira.

Ele ajuntou algumas folhas caídas no chão e as organizou em um monte. Pegou os gravetos e começou a friccionar-los. Quando o sol havia sido trocado pela lua no céu, depois de inúmeras tentativas falhas, ele finalmente conseguira montar a fogueira.
O fogo crepitava, lançando fumaça e aquecendo o corpo de Ash dos ventos frios da noite.

"Prontinho", disse ele relaxando à beira da fogueira por finalmente ter conseguido terminar tudo.

Ash entrou dentro da barraca, abriu sua mochila e retirou de lá o pote com os biscoitos de manteiga que havia trazido de casa. Ele sentou-se novamente à beira do fogo e começou a comer-las.

"Você quer?", falou de boca cheia para o Clefairy relaxando ao lado da árvore.

"Não, já estou cheia de tanto comer berries", respondeu Luna.

"Sobra mais pra mim então."

Ash pegou mais um biscoito e o mastigou.

Ao terminar, guardou o pote de volta na sua mochila. Ainda sobraram alguns outros que ele deixaria para comer ao decorrer dos outros dias.

Ele retirou a fotografia de seu bolso e a olhou melhor na claridade proporcionada pelo fogo.

Estava montando nas costas de seu pai. Ele sorria enquanto usava as orelhas de Giovanni como se fossem a sela de um Tauros. Estavam em um local que nunca vira na vida. Havia árvores e, o que parecia ser, um lago.

Giovanni. Ele memorizou o nome. Haviam sido anos sem sequer saber seu nome e agora parecia até estranho o chamar-lo daquela forma.

"O que tanto olha?", indagou o Clefairy.

Ash guardou a fotografia.

"Meu pai", respondeu Ash. A curiosidade o bateu. "Você tem pai?", perguntou para Luna.

"Claro que tenho! Ou você acha que nasci de chocadeira!?"

"Ué, mas Pokémons não chocam de ovos ou algo do tipo?", disse ironicamente.

Ela ficou vermelha.

"Claro que sim... Mas não é isso que quiz dizer."

Luna olhou para cima em direção da lua.

"Eu e minha família morávamos lá", apontou para cima.
Ash olhou para a grande bola cinzenta na escuridão do céu.

"Na Lua!?", exclamou surpreso.

Aquela era uma novidade para ele.

"Sim, nós vivíamos em uma colônia na lua. Eu, um Clefairy, minha mãe e meu pai Clefabes e meu irmãozinho Cleffa. Até que... Até que..."

Ash percebeu que Luna relutava em continuar. "Até o que?"

"Prefiro não falar sobre isso", sua expressão ficou sombria. "Agora estou aqui na terra. E tenho negócios a serem resolvidos", disse com determinação.

Ash bocejou de sono.

Ela está me escondendo alguma coisa. Ele suspeitava de algo mas não tinha energia o suficiente para formular na sua mente.

"Hora de dormir", avisou ele.

Os dois entraram para dentro da barraca e deitaram sob o edredom acima da grama fofa.

⏰⏰⏰

A

sh babava uma grande quantidade de saliva quando subitamente acordou. Ouvia um som estranho sendo emitido de fora da tenda.

Passos?

Olhou para o Clefairy deitado ao seu lado. Ele roncava de olhos fechados.

De fora da barraca eram emitidas sombras. Coisas se moviam no entorno.

Ash saiu da barraca e foi para o lado de fora, investigar de onde vinha o som.

A fogueira já tinha sido extinguida. Ainda estava escuro e longe da alvorada, então ele supôs que ainda deveriam estar em algum horário da madrugada.

Olhou ao redor.

Nada.

Quando virou-se para voltar para dentro da barraca, ele viu algo se mover pelo canto dos olhos.

Um grupo de cinco Rattatas corria em direção do matagal e, em cima deles, carregavam sua mochila.

"MINHA MOCHILA!", berrou desesperadamente.
Mas era tarde demais.

Os Rattatas adentraram o grande matagal fechado, sumindo de vista.

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