4. PRIMEIRA CAPTURA

Ash corria na maior velocidade que podia pelas vielas desertas de Pallet.

Nos seu braços carregava o Clefairy inconsciente que havia brotado de dentro do meteorito.

Seu corpo estava quente e os olhos fechados.

Preciso chegar no laboratório do Professor Carvalho antes que seja tarde demais.

Na cidade de Pallet não existia um centro então, sempre que algum pokémon se feria gravamente, eles eram levados para o laboratório do Professor Carvalho a fim de serem cuidados pelo homem. Ash só esperava que àquela hora da noite ele ainda estivesse acordado.

Quando chegou no laboratório, Ash parou e começou a respirar ofegante de cansaço. Era a segunda vez naquele dia que havia chegado ao lugar naquele estado.

Bateu na porta com uma de suas mãos.
Ninguém apareceu.

Bateu novamente, com mais força e por mais tempo.

A porta foi aberta pelo Professor Carvalho ainda de jaleco. Ele o olhou com olhos sonolentos enquanto esfregava os olhos.

"Ash... o que está fazendo a essa hora batendo na minha porta?", perguntou ele com voz de sono.

Ash respondeu, ofegante: "Um Clefairy... Acabou caindo perto de casa... Ele tá ferido...", tentava explicar.

Carvalho olhou para o pokémon carregado nos braços de Ash e arregalou os olhos.

"Vamos, pode entrar."

Ash logo entrou dentro do laboratório pela porta.

Quando chegou, depositou o Clefairy em uma maca que havia ali.

Carvalho havia pegado seu estetoscópio para ouvir os batimentos do pokémon.

"Os batimentos ainda estão normais", disse ele enquanto ouviu através do estetoscópio o som advindo do peito do Clefairy. "Provavelmente só está muito cansado. Não precisa se preocupar, está fora de perigo."

Ash soltou o ar em seus pulmões de alívio ao ouvir o que o professor havia dito.

Sentou-se em um sofá do laboratório, descansando.

Carvalho pegara um tipo de medicamento de uma das gavetas de um armário. Em seguida, enfiou uma pílula dentro da boca do Clefairy.

"E agora, pretende me falar o que aconteceu?", indagou ele fitando Ash com as sobrancelhas arqueadas.

Ash explicou tudo que aconteceu, desde a queda do meteorito até a sua ida à cratera formada no chão.

"Algo bem inusitado até para mim que já vi de tudo, se você me permite dizer he he", disse Carvalho.

"Você sabe o porquê de aquele Clefairy ter saído de dentro do meteorito?", perguntou Ash com uma curiosidade crescente.

Carvalho puxou uma cadeira e sentou nela.

"Clefairys são uma espécie de pokémon muito raros e misteriosos. Segundo alguns relatos registrados na Pokédex eles parecem possuir algum tipo de conexão mística com a lua e o espaço ainda muito desconhecido para a ciência atual", explicou ele. "Inclusive preciso adicionar uma nova entrada nos registros mencionando esse fato que, para mim, é completamente desconhecido."

Ash tinha se lembrado de algo.

"Professor... Enquanto eu estava perto do meteorito eu ouvi uma voz falar dentro da minha mente. Eu sei que pode parecer loucura... Mas dcredito que era o Clefairy se comunicando comigo."

O professor riu.

"Não é loucura nenhuma, Ash. Já foram documentados alguns casos no mundo de pokémons do tipo psíquico com o poder de se comunicar através da telepatia. Apesar de ser muito raro em pokémons de outros tipos ainda assim não é inteiramente impossível."
Um arrepio subiu pelo corpo de Ash.
"Isso é meio bizarro."

"Existem coisas mais bizarras pelo mundo afora, isso eu posso garantir a você."

Os dois olharam ao mesmo tempo para a maca ao notar o Clefairy se movimentar. Parecia estar recobrando a consciência.

Ele abriu os olhos e começou a flutuar pelo ar, confuso e desorientado.
"Pelo visto acordou", informou Carvalho.

Ash olhou animado para o pokémon na esperança de o ver falar mais uma vez.

O Clefairy, porém, continuava flutuando de um lado para o outro pelo laboratório.

"Clef Clef Clef", grunhiu o pokémon, para a decepção de Ash.

"E agora, o que eu faço com ele?", perguntou para Carvalho sem saber o que faria a partir dali.

Carvalho olhou para o Clefairy por alguns segundos, coçando o queixo enquanto pensava em algo.

Subitamente, sua expressão se iluminou.

"Tive uma ideia! Na verdade, Ash, mais como uma oportunidade."

Ash estava confuso.

"Já que falhei com você mais cedo eu acho mais do que justo que você capture esse pokémon para si!"
Ash respondeu automaticamente: "Eu!?"

"Sim, você. Ainda não tem um pokémon inicial, suponho eu. Eu ainda pretendo estudar esse Clefairy mais a fundo, além do fato de ele possívelmente conseguir se comunicar por telepatia. Não seria nada mais justo do que se você ficasse encarregado de ficar com ele. Além de ajudar na sua jornada ainda estaria colaboradorando para os meus estudos."

Olhando por aquele lado Ash não achava má ideia.

"Tudo bem!" Ash sorriu largamente olhando para o Clefairy, já imaginando que tipos de aventuras os dois teriam pela frente. 

Meu primeiro pokémon.

O professor levantou de sua cadeira e caminhou em direção da gaveta de seu armário, retirando de lá uma pokébola.

Em seguida, entregou na mão de Ash.

"Creio que saiba como capturar um pokémon."

Ash levantou e olhou determinado para a esfera na sua mão. "Com certeza!"

Ash mirou a pokébola no Clefairy vagando de um lado para outro pelo ar.
Memórias do dia na escola pokémon em que praticara no Rattata começaram a invadir sua mente. A zombação de Gary e a expressão de decepção no olhar da professora Matilde. Naquela ocasião havia errado, mas dessa vez faria o certo.

Não vou errar. Não posso errar. 

Lançou a pokébola.

A pokébola acertou na barriga do Clefairy. O pokémon foi sugado para dentro dela por um feixe de luz vermelha. A esfera caiu no chão e remexeu três vezes. Então, parou informando que a captura fora um sucesso.

Ash pegou a pokébola e segurou nas mãos, sem reação.

"Agora você precisa voltar para sua casa... Senão vou ter que explicar tudo para sua mãe e tenho certeza que você não quer que isso aconteça, não é mesmo?"

Ash virou e fitou o homem.

"Tem razão. Obrigado por ajudar."

Ash saiu do laboratório pelas portas da frente e caminhou pelas ruas noturnas de Pallet, rindo sozinho enquanto sonhava acordado. No próximo dia estaria partindo de Pallet para iniciar sua jornada, e aquela perspectiva enviava ventos frios de excitamento pela sua barriga.

Os primeiros capítulos de sua vida como treinador pokémon começavam a serem escritos a partir dali.

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