26. MÍSTICO
"Yellow", falou a voz em sua mente.
O corpo de Yellow estava flutuando no espaço quando ela começou a abrir suas pálpebras lentamente.
Sua voz ecoou pelo enorme espaço, causando uma repetição que se seguiu até cessar completamente.
Estava em uma espécie de câmara temporal, parada no tempo. Ao seu redor havia uma imensidão de nuvens tingindo um grande céu azul.
"Yellow", novamente a voz preencheu sua mente.
Uma criatura estava parada naquele céu infinito, flutuando. Era circundanda por uma aura mística, seu corpo tinha uma coloração rosa e sua longa calda flutuava pelo ar.
Yellow esfregou os olhos para enxergar melhor.
Um pokémon?, pensou.
Não se lembrava de ter visto um pokémon como aquele em toda sua vida. Qualquer coisa em seu semblante passava a impressão de poder e mistério, quase como se fosse algo intocável. Uma divindade.
"Eu... Morri?", perguntou para o pokémon.
Ele mexeu o rosto em negação.
"Ainda não, do contrário você não estaria aqui. Mas acredito que em breve, se nada for feito a respeito, você não estará mais nesse plano existencial."
"Aqui onde exatamente... ", indagou Yellow, intrigada. "Quem é você? Como eu vim parar aqui?"
"Meu nome é Mew. Eu sou o que você poderia chamar de um pokémon místico. Eu estive observando você de longe, sabe, apenas estava entendiado. Não pude ficar sem fazer nada ao observar a sua determinação em proteger seus amigos, tive que interferir. Uma pobre garota, tão e nova e inocente, ser afligida por uma grande dor e violência causada pela natureza selvagem da humanidade. "
De repente, Yellow lembrou de tudo.
"Eu preciso salvar meus amigos! Eles estão em perigo."
Mew a fitou com olhos condolentes.
"No estado que você está não pode salvar nem a si mesma. Por isso trouxe você para cá. Uma câmara psíquica onde o tempo não corre de maneira natural."
O Mew usou os seus poderes psíquicos para mostrar para ela tudo que se passava na floresta de Viridian.
Ash estava batalhando contra Jessie e James, com uma expressão de pura fúria em seu olhar. Os Pokémons acorrentados começavam a ser despertos do transe. Seu corpo estava jogado no chão, extremamente machucado e ferido.
A cena evaporou de sua mente.
"Não... Pode ser. Então eu não posso fazer nada."
Ela ficou sombria ao perceber que na situação que estava era completamente inútil.
O Mew suspirou.
"Bom... Acho que eu posso dar um jeito nisso. Irei lhe emprestar um pouco do meu poder, mas você tem que me prometer que usará ele com sabedoria."
A garota que, até então estava cabisbaixa, se animou ao ouvir o que o pokémon tinha para dizer.
"M-mas como?", perguntou ela em dúvida.
O Mew fechou os olhos e abriu a boca. De lá saiu uma esfera de energia. A esfera flutuou em direção de Yellow e adentrou seu corpo.
"Espero que você consiga salvar seus amigos... Nos encontraremos novamente, o destino que a espera se certificará de que isso ocorra. Até lá use o meu poder com sabedoria", disse Mew enquanto sua voz desvanecia."
Yellow começou a descer aquele plano psíquico rapidamente, como se fosse sugada por um cano de água. Sua alma fora parar de volta em seu corpo.
Ela sentiu a energia preencher seu corpo, o concertando.
De repente começou a flutuar no ar. Seus olhos se abriram lentamente.
Ash a olhava de boca aberta. Jessie e James estavam espantados com a súbita aparição.
Ela sentiu como se pudesse fazer tudo com aquele poder.
Seus olhos brilharam.
Ela desejou mentalmente que as correntes dos pokémons presos fossem soltas.
Ao seu comando, as correntes de metal foram quebradas e os Pokémons que estavam presos foram libertos.
Ela olhou para grande máquina da equipe rocket.
Imaginou que suas mãos esmagavam a parafernalha. Ela foi amassada como se fosse uma simples sucata jogada no lixo.
Virou para os dois rockets que naquele altura corriam para longe.
Ela imaginou que grandes mãos os agarravam. Então, duas mãos invisíveis apertaram os dois e o puxaram para direção de Yellow.
"Falta um", falou ela em uma voz grave que quase não reconheceu sendo sua. Ela sentiu as redondezas até achar a presença.
"Achei."
Então, um Meowth veio voando, escondido em meio aos arbustos, e se juntou aos dois rockets.
"Se ferrou bola de pelos", zombou Jessie ao ver o gato sendo espremido pelas mãos invisíveis.
"Nyah Nyah, essa menina é um monstro", reclamou o gato.
Yellow pensava bem o que faria com eles.
Ela lembrou da forma como eles haviam torturada ela até o estado de quase morte. Estava certa que se não fosse a aparição do pokémon misterioso estaria morta. Mesmo assim, não conseguia guardar rancor contra o grupo em seu coração.
Aquele era seu jeito.
Então, ela lançou o trio para o alto com toda a sua força. Eles decolaram até se tornarem apenas um brilho na imensidão do céu.
Aquela fora a última fagulha de poder que restara em seu corpo.
Obrigado pelo poder... Mew, agradeceu mentalmente esperando que o pokémon recebesse a mensagem.
Ela sentiu seu corpo ser apertado por dois braços.
"YELLOW. AINDA BEM QUE VOCÊ ESTÁ VIVA, ACHEI QUE TINHA MORRIDO. QUE PODER FOI AQUELE?"
"Calma Ash, se você me soltar eu explico", disse ela se livrando do abraço do garoto.
Ela olhou para os Pokémons libertos. Partiu correndo em busca de seus companheiros. Ash a seguiu.
"CHUCHU!", comemorou Yellow ao achar o pokémon, confuso, e o pegar no colo.
Lágrimas começaram a brotar de seu rosto. "Não sabe como me preocupei com você, se algo acontecesse eu nunca me perdoaria."
Rodopiou com o pokémon.
"Sauro! Kitty!", os outros pokémons se juntaram as duas.
Ela virou para Ash. Viu que ele também havia recuperado sua Clefairy.
⏰⏰⏰
Os Pokémons faziam fila em direção de Yellow.
"Prontinho", falou Yellow ao curar um Venonat ferido com as suas mãos. "Próximo", gritou.
O próximo Pokémon da fila era a anciã Vileplume a qual estava extremamente ferida.
Yellow passou as mãos pelos seus ferimentos, curando as feridas.
"Jovem Yellow... Agora vi que fui injusta com você. Achei que após sua convivência com os humanos você teria mudado... Mas agora vejo que você continua a mesma. Se não fosse por você não sei o que seria dos pokémons da floresta."
Yellow segurou o choro.
"Eu nunca vou deixar de considerar vocês minha família. Não importa quanto tempo se passe, a floresta de Viridian sempre será o meu local de origem."
A Vileplume usou seus cipós e fez um carinho na cabeça de Yellow como ela costumava fazer na sua infância.
Mais alguns pokémons foram curados.
Quando Yellow terminou ela mal tinha energia para ficar em pé.
Ash veio correndo em sua direção.
"Yellow, acho que descobri o porquê da equipe rocket estar interessada nesse lugar. Existe uma mina de pepitas por aqui. Aqueles bandidos queriam usar os Pokémons para escavar as pepitas para eles ficarem ricos."
Pelo que Yellow sabia pepitas eram muito valiosas no mundo, tanto que se você levasse uma um pokémart poderia trocar por uma grande quantidade de dinheiro.
"Ah, então era isso, bem que imaginei..."
"Agora que você terminou pode me contar o que aconteceu. Que poder era aquele?"
Yellow suspirou.
Contou da aparição do pokémon, do encontro psíquico e do poder que fluía pelo seu corpo.
"E você sabe qual era a espécie desse pokémon?"
Ela balançou a cabeça.
"Juro que nunca vi na vida. Apenas sei o nome dele. Mew."
"Wow", disse ele impressionado. "Você deve ter encontrado um pokémon lendário."
Ela acenou a cabeça mesmo sem saber o que era um pokémon lendário. Apenas queria encerrar aquele assunto.
ChuChu subiu em seus ombros e fitou o Clefairy que estava no ombro do garoto, fazendo uma careta de cansaço.
"Pra onde você vai agora?", perguntou ela para Ash.
"Bom... Agora que tá tudo resolvido e eu recuperei a Luna acho que estarei retomando meu caminho para Pewter... Apesar de estar meio perdido e, pra completar tudo, sem bicicleta."
"Não tem problema! Eu tava pensando em passar por Pewter mesmo. Conheço todos os atalhos da floresta de Viridian, eu levo você lá. Isso se você não tiver problemas com companhias de viagem, é claro!"
A pikachu que estava em seus braços pareceu completar: "Pika Pika!"
Luna a olhou com uma cara de poucos amigos.
Usando a sua habilidade de ler os sentimentos, Yellow soube do que se tratava aquela aparente má vontade do pokémon.
Ciúmes. Aquilo era tão ridículo que ela se controlou para não rir, afinal, ela e Ash eram apenas amigos.
"Não tenho não. Melhor acompanhado do que sozinho, esse é o meu lema."
Então, os dois começaram a rumar seu caminho pela floresta, deixando todo aquele rastro de destruição para trás. A sua frente apenas sonhos e esperanças do que os poderia estar aguardando em Pewter.
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