23. PARA PROTEGER

"Tem que funcionar!", sussurrou Yellow escondida atrás de um arbusto. Todo o seu corpo estava coçando, porém, ela não se atrevia a mover um músculo. 

O menino ao seu lado estava entediado.

"Nós vamos ficar o dia inteiro aqui olhando pro nada?", reclamou ele após bocejar de tédio. Ele usava suas unhas para coçar seu corpo. "Vou acabar arrancado minha pele de tanto coçar..." 

Os dois haviam desistido de procurar pela floresta após passarem horas e horas caminhando por aquela enorme área verde, quando Yellow teve uma ideia. 

"Como não pensei nisso antes!", havia dito ela. "Se os pokémons estão sumindo misteriosamente a melhor forma de descobrirmos é observando com os próprios olhos!" 

Ash havia bugado. "Como?" 

Então, ela explicara tudo que tinha em mente. Usariam um dos pokémons do menino como isca e observariam se ela seria mordida. 

"Tudo bem.. Eu acho", tinha dito ele não muito confiante. "Mas no primeiro sinal de algo perigoso surgir eu vou salvar ele!" 

"Fechado." 

O menino havia retirado o Charmander de sua pokébola. 

"Ember, preciso que você fique aqui parado enquanto a gente vigia. Prometo que nada de ruim acontecerá com você." 

O Charmander assentiu. E fora assim que os dois foram parar atrás daquele arbusto enquanto observavam o pokémon brincar com a sua própria cauda de forma monótona. 

"Yellow... Você por acaso conhece o Professor Carvalho?", Ash falou, quebrando o silêncio que fazia. 

Yellow virou para ele. "Sim, por quê?" 
"Sabia que seu nome era familiar, então foi você que escolheu o Bulbasaur?" 

Ela ficou confusa. 

Da onde ele me conhece? 

"Escolhi sim." 

"Aha, bem que me lembrava do seu nome. Yellow. Não é muito comum. Sabe, eu deveria escolher um inicial naquele dia, mas acabei chegando atrasado. Mas não importa, afinal eu consegui um outro pokémon de qualquer jeito..." 

Então, ele lhe explicou toda a história, desde o fato do seu despertador não ter tocado até a queda de um meteorito perto de sua casa. 

"Veio da lua?", indagou ela ao ouvir a história. 

"Sim. Acho que ela ainda esconde algo de mim... Mas eu vou descobrir", respondeu ele. "E não é só isso, eu até consigo falar com ela." 

Será que ele é igual a mim, pensou Yellow, animada com a possibilidade de ter conhecido outra pessoa com as mesmas habilidades que ela. 

"Eu também consigo me comunicar com os pokémons!", respondeu ela. 

Ele a olhou com dúvida. "Bom, eu não consigo exatamente falar com ela... É mas como se fosse algum tipo de link psíquico, apenas ouço ela falar na minha mente." 

"Ah...", soltou Yellow, decepcionada. "Achei que-"

Ele subitamente a interrompeu e olhou apreensivo para a direção de onde o Charmander estava. Apontou para lá. 

"Olha só..." 

Yellow virou a tempo de ver o Charmander começar a caminhar sozinho, como se estivesse em uma espécie de transe. 

Ash ia gritar algo, mas Yellow tapou a boca dele. "Faz silêncio", murmurou ela. "Vamos seguir ele." 

O treinador assentiu. 

Os dois começaram a perseguir o Charmander soturnamente, tentando não chamar atenção. 

⏰⏰⏰

Chegaram em um lugar aonde a floresta era mais aberta. 

Ash havia chamado o Charmander de volta. 

"Que lugar é esse?", perguntou ele, intrigado. 

À sua frente, uma cena que parecida ter saído direto de um filme de terror. Vários pokémons estavam amarrados a correntes enquanto eram obrigados a fazerem trabalho escravo. Uma fileira seguia para dentro de uma caverna subterrânea, enquanto outra passava pedregulhos de mão em mão até chegarem dentro de um depósito de metal. 

Ordenando tudo havia duas pessoas, um homem e uma mulher; e um Meowth. Vestiam um tipo de uniforme branco com grande "R" vermelho no centro. A mulher de cabelo avermelhado usava um tapa olho. 

Os três carregavam chicotes consigo. 

"Vamos cambada de vagabundos, vocês ainda tem um dia inteiro de trabalho pela frente", o homem chicoteava um Bulbasaur o qual mal conseguia carregar uma grande rocha com a ajuda de seu chicote. 

Yellow semicerrou os olhos, tentando enxergar de longe. 

Sauro!, pensou ela, alarmada. Estava em uma situação deplorável. Sua pele estava cheia de marcas vermelhas das chicotadas e os olhos caídos. Toda sua vitalidade havia sido sugada. 

Também conseguiu avistar Chuchu, Kitty e um Clefairy que supôs ser a Luna que Ash havia falado. Pareciam estar em uma espécie de feitiço, apenas obedecendo a ordem deles. 

Tinha certeza que aquele Bulbasaur era o mesmo que havia desaparecido enquanto colhia berries. 

O Meowth falou: "Se querem ter algo para comer recomendo que parem logo de enrolação e acelerem, não temos o dia inteiro, nyah!" 

Aquilo era tão cruel que ela não conseguia nem olhar. 

"Equipe Rocket...", o menino disse ao seu lado. Ele a puxou  para trás de uma árvore onde os dois se esconderam. 

"Você... conhece eles?", perguntou ela caída de joelhos no chão. 

Sentia a sua bile chegar a sua garganta. A vontade de vomitar a dominava. 

"Infelizmente, sim... Bandidos da pior espécie e sem escrúpulos", respondeu Ash. 

"Isso é tão cruel", disse Yellow, chocada com o nível de podridão. "Por que eles estão fazendo isso?" 

Ele deu de ombros. 

"Temos que tomar muito cuidado se quisermos recuperar nossos pokémons", disse ele. Então, apontou para uma direção onde havia uma espécie de máquina. Em cima dela havia uma enorme antena.

"Aposto que eles estão atraindo e controlando os pokémons com a ajuda daquela máquina. Se conseguirmos destruir ela talvez a gente consiga recuperar nossos pokémons." 

Yellow olhou mais uma vez para cena. Viu um Vileplume vacilar e cair no chão, suspirando de cansaço. 

"Vamos velhota, levanta, o trabalho ainda não acabou", ralhou a mulher. 

Ela começou a chicotear a Vileplume sem dó nem piedade. 

"A ançiã", esboçou Yellow ao reconhecer o pokémon. 

Ela tentava se levantar, porém, a sua debilitação devido a idade não a permitia. 

"Eu não aguento mais!", disse Yellow, chorando. 

Ash a sacudiu, fitando os olhos marejados da menina. 

"Yellow, eu sei que é duro de assistir, mas nós temos que ser racionais. Da última vez que trombei com eles acabei causando uma tragédia, não posso arriscar perder outra pessoa novamente." 

Yellow fechou os punhos. "Desculpa Ash... Mas eu tenho que proteger a minha família." 

Ele tentou a agarrar. Yellow se livrou de suas mãos, o empurrou e saiu correndo em direção da mulher que continuava chicoteando a ançiã e revelando a sua identidade. 

"PARAAAAAAAA", gritou ela, correndo desesperada. 

Se colocou em frente a mulher e a Vileplume caída no chão. Ela a olhou, assustada com a súbita aparição. 

"Quem é você?", perguntou ela, incrédula.
 
"Meu nome é Yellow e não vou deixar mais você machucar meus amigos!", respondeu com determinação. 

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