22. BERRIES CURATIVAS
Yellow se apoiava no galho da árvore, esperando que ele não quebrasse. As folhas faziam cócegas em seu corpo. Esticou a sua mão em direção da frutinha pendurada na copa. Porém, não a conseguiu alcançar.
"Chuchu, acho que se eu segurar você pela cauda a gente consegue", disse ela para a Pikachu agarrada em suas costas.
"Pika Pika", respondeu o pokémon.
Chuchu subiu pelos ombros de Yellow e caminhou pelo seu braço, até alcançar a sua mão. Ela usou a cauda como apoio e conseguiu arrancar a Berry com a sua boca. Em seguida, voltou para sua posição inicial.
Yellow pegou a frutinha e colocou em sua bolsa. Já havia pego o suficiente por aquele dia.
"Se eu não estivesse tão enferrujada não teria demorado tanto tempo assim. Na época em que eu morava aqui conseguia fazer isso em um piscar de olhos", disse ela para Chuchu.
As duas começaram a descer cuidadosamente pelos galhos daquela árvore. Quando chegaram no mais baixo ela saltou, caindo no chão com o impacto.
Ela se recompôs.
"Onde estão Kitty e Sauro?", perguntou ela.
Olhou para todos os lados e nenhum sinal. Apenas árvores e arbustos eram avistados.
Os pokémons estavam exatamente embaixo daquela árvore antes de ela subi-la, porém, não conseguia achar nenhum sinal deles.
Será que foram para muito longe?, pensou ela. Estranhou o fato pois Kitty e Sauro não eram de se afastar para muito longe dela.
Começou a caminhar a procura dos pokémons.
"KITTY. SAURO. ONDE VOCÊS ESTÃO? JÁ CONSEGUI VÁRIAS BERRIES PRA GENTE COMER", gritava ela por qualquer lugar que passava.
Não obteve nenhuma resposta.
⏰⏰⏰
Após alguns minutos caminhando sem direção certa ela descansou embaixo de uma árvore, protegendo-se daquele sol escaldante que fazia áquela hora.
"Onde eles foram parar", disse para Chuchu, agora claramente preocupada.
"Pika... Pika..."
Chuchu também não fazia a menor ideia.
De repente, ouviu um som partir de um direção não tão longe dali.
Será que são eles?
Yellow se apressou e saiu correndo para investigar de onde vinha o som.
Um garoto vinha correndo sendo perseguido por um grupo de cinco Beedrills. Usava um boné e vestes de treinador o qual se compunha de calças jeans e uma blusa preta por debaixo de uma jaqueta azul.
Um treinador pokémon.
Ele corria de forma estranha, quase como se estivesse grogue, sem conseguir seguir um caminho reto. Então, ele caiu no chão, desmaiado.
Os Beedrills estavam prestes a o atacar quando ela decidi agir.
"Chuchu, não deixe eles atacarem aquele menino. Use o Choque do Trovão mas apenas para os assustar."
A Pikachu acentiu. Ela se asfaltou de Yellow e disparou o golpe elétrico próximo aos pokémons.
Ao noticiarem o impacto do Choque do Trovão, os Beedrills vacilaram e assumiram uma posição defensiva.
Yellow correu para direção de onde o garoto estava.
"Deixem ele em paz!", disse ela se colocando na frente dele.
Um dos Beedrills a olhou. Ela supôs que fosse o líder deles. Mas não era um Beedrill qualquer. Ela conhecia muito bem aquele pokémon, afinal, os dois eram amigos inseparáveis na época que ele era apenas um Weedle e ela uma garota selvagem da floresta.
"Você."
"Sim, sou eu. Yellow."
"O que uma traidora como você está fazendo aqui? Achei que estivesse junto com a sua espécie. Você não é mais bem vinda aqui."
Yellow sentiu uma pontada de dor no coração ao ouvir aquilo.
"Eu não mudei! Sou a mesma Yellow que vocês sempre conheceram!", protestou a menina. "O que vocês querem com esse menino?"
"A anciã desapareceu. E não é só isso, há relatos de que vários pokémons da floresta estão desaparecendo misteriosamente", explicou o pokémon. "Esse humano é um treinador pokémon, o pior tipo de ser vivo que existe no mundo. Pessoas que escravizam e usam os pokémons como ferramentas de batalha. Logo, um suspeito em potencial."
A anciã?
"Como vocês sabem que foi ele?"
Ele não respondeu.
"Não podem assumir que alguém é culpado por tudo de errado que existe por aí só por ser um humano. Isso é um pensamento muito preconceituoso e simplista, o mundo não é apenas branco e preto como muitos de vocês acham!"
Inclusive, antes de conhecer e conviver com os humanos, ela era um deles. A experiência no orfanato Raio de Luz a fez a enxergar a realidade com outros olhos. É claro que existiam humanos com alma podre e cruéis - e como existiam - mas também existiam aqueles que apenas queriam ajudar os outros e fazer do mundo um lugar melhor para todos.
"Como você é ingênua... A anciã estava certa, você não é mais a mesma", respondeu o Beedrill. Ele deu as costas para ela. "Estarei poupando a vida deste ser apenas por consideração por um dia ser seu amigo. Mas caso ver esse menino sozinho por ai novamente não irei poupar a vida dele. Humanos são a escória desse mundo e, um dia, nós pokémons iremos nos rebelar contra eles."
Após a ameaça, os insetos sairam voando, desaparecendo pela mata fechada.
Yellow tinha vontade de desabar no choro, porém, naquele momento, tinha que ser forte.
O menino agonizava, inconsciente.
Yellow ajoelhou e remexeu ele de um lado para o outro. "Você está bem?"
Ele não respondia.
Ela percebeu que havia alguns ferrões perfurando sua perna.
Está envenenado, pareceu perceber.
"Chuchu... Preciso que você fique aqui vigiando ele", explicou ela para a Pikachu. "Vou ver se consigo uma Berry Pecha ou uma Lum Berry."
Aquelas berries eram conhecidas por suas propriedades curativas. Se conseguisse achar uma a tempo a vida daquele garoto estaria a salvo.
A Pikachu acenou em concordância.
Yellow partiu correndo, olhando para todas as árvores em busca das berries curativas.
⏰⏰⏰
Quando conseguiu achar uma árvore de Pecha, ela subiu rapidamente em cima dela pelos galhos até chegar à copa. Pegou elas e colocou em sua bolsa.
Se eu não chegar a tempo ele vai..., pensou enquanto descia da árvore.
Não era tempo para pensamentos pessimistas. Estava confiante de que conseguiria salvar a vida dele.
Quando chegou aonde ele estava, Yellow respirou pesadamente de cansaço.
"Chuchu?", chamou Yellow ao perceber que o pokémon não estava mais ali.
Mas eu deixei ela aqui vigiando... A não ser... Não pode ser!. Ela se desesperou.
Ela abaixou no chão e colocou as berries na boca do menino. Em seguida, fez o movimento com as mãos para segurar o maxilar dele, o obrigando a mastigar e engolir.
A berry deveria fazer efeito em alguns minutos, assumindo que não fosse tarde demais para salvar a vida dele.
"Chuchu, para onde você foi?", lamentava-se enquanto segurava seus joelhos com as mãos de forma melancólica.
Primeiro o deparecimento de Kitty e Sauro. Depois, o confronto com seu antigo melhor amigo. Agora Chuchu. Aquilo estava sendo demais para ela em um só dia.
Antes percebesse, estava chorando.
"Oi..."
Ouviu uma voz falar.
Yellow limpou os olhos e fitou o garoto que havia recobrado a consciência. Estava sentado no chão, coçando a cabeça.
"Você já recobrou a consciência."
Ela sorriu.
"Por que você tá chorando?", perguntou ele.
"Nada não...", respondeu Yellow.
"Então... Pode me explicar o que diabos aconteceu? Só me lembro de ser perseguido por um grupo de Beedrill e um clarão de luz antes de apagar."
Yellow explicou todo o ocorrido.
"Entendo... Acho que escapei por sorte."
"Você é um treinador pokémon, deveria saber mais do que qualquer um que deve se tomar muito cuidado ao adentrar uma área de pokémons selvagens", ralhou Yellow. "Não ensinaram isso na escola onde você estudou não?"
Ele ficou vermelho.
"N-n-não é como se eu não tomasse cuidado!", tentou se explicar. "É que minha Clefairy tinha desaparecido e eu não podia deixar ela perdida por ai."
Apesar de ter convivido com os humanos por um bom tempo, Yellow ainda tinha dificuldade de aceitar a forma de como eles tratavam os pokémons como se fossem apenas uma posse.
Ela suspirou. "Ah, então você também...", disse ela percebendo a dimensão do problema. "Meus amigos, Chuchu, Kitty e Sauro, também desapareceram. E não é só isso, outros pokémons da floresta também."
O garoto fechou as suas mãos em um aperto.
"Tenho que recuperar a Luna, custe o que custar", disse ele com determinação.
Yellow levantou. "E eu Chuchu, Kitty e Sauro." Ela deu suas mãos para o menino e o ajudou a se levantar. Ainda não estava totalmente recuperado, então ela supôs que ele ainda teria a sua cognição afetada por algumas horas.
O menino pegou sua mão e levantou do chão.
"Vamos recuperar nossos pokémons", disse ele.
Yellow sorriu. Havia gostado dele.
"Por sinal, meu nome é Yellow", disse ela, se apresentando.
"E o meu é Ash Ketchum, da cidade de Pallet e futuro mestre pokémon!"
Aquele nome lhe era familiar mas ela não conseguia lembrar de onde.
"Mestre pokémon..." Ela cobriu um risinho com a mão, esperando que ele não percebesse.
Ash a fitou, vermelho. "Por que você tá rindo?"
"Nada não." Yellow virou a cara. "Vamos, melhor começarmos logo."
E assim os dois começaram a desbravar a floresta de Viridian, em busca de qualquer pista a qual pudesse desvendar o mistério dos desaparecimentos de seus pokémons.
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