20. FOLHA VERDE, PARTE II

O homem analisava a pokédex com a ajuda de uma lupa.

"Hummm", soltou ele de forma enigmática.
Ao terminar, anotou algo em um pedaço de papel. O entregou.

Leaf olhou para o que estava escrito nele.
"Só isso!?", soltou Leaf, incrédula. 

"Eu já estou fazendo um favor de comprar esse modelo ultrapassado e com marcas de uso minha filha. Isso considerando que eu sei muito bem a forma como você consegue essas coisas. É pegar ou largar. Te garanto logo que você não vai conseguir um preço abaixo desse com qualquer outra pessoa, principalmente vindo de uma ladra."
Leaf suspirou.

"Tudo bem..."

O homem retirou de sua carteira uma quantia de dinheiro e entregou para Leaf. Ela guardou em sua bolsa. 

"Foi um prazer fazer negócio com você", disse ele. Então, deu aquele sorriso cínico. 

Bom para você já que me passou a perna, pensou ela. 

Sabia que ele estava apenas blefando mas, como ela não tinha opção melhor, restava se conformar. 

Ela deixou o escritório do homem pela porta. Em seguida, surgiu em um beco escuro e movimentado. Alguns gangster usavam aquele lugar para negociar drogas, então o caminho quase todo era preenchido por uma densa camada de fumaça.

Pedra de Oddish, pensou ela. Aquele era o tipo mais comum e barato de se conseguir. 
Leaf abriu caminho pela pequena multidão de viciados que estava ali e caminhou através do corredor. Quando chegou perto de uma rua, começou a rumar em direção da sua "casa". 

Se é que você podia chamar aquele quarto minúsculo de casa, pensou ela. 

Mas era o que havia conseguido pagar com seu dinheiro. Uma pensão chinfrim e com pessoas mais chinfrims ainda. 

Quando ia atravessar o semáforo, ela percebeu que um veículo a seguia, lentamente. 

Uma limousine. 

Começou a apressar o passo. 

Quando dobrou a esquina e viu que veículo continuava a segui-la, Leaf apressou o passo. Virou para trás a tempo de ver o veículo aumentar a velocidade. 

Quem

Estava tão distraída que não percebeu o homem parado na sua frente. Ela trombou nele. 

"Ai... Desculpa." 

Olhou para frente e viu que, pela vestimenta do homem, ele não era qualquer um. Vestia um elegante terno e carregava consigo uma maleta preta. 

"Seu nome é Leaf... Certo?", perguntou ele. 
"N-não!", tentou mentir. 
"Leaf, nascida nas ilhas Sevii, filha de Magnólia e Isaac." 

Como ele sabia? 

Aquilo apenas acentuou a sua impressão que estava lidando com gente poderosa. 
"Acho que você teria muito interesse em me acompanhar..." 

Leaf estava preparada. Pegou a pokébola de Jiggly e preparou-se para a acionar. Se conseguisse se mover rapidamente, colocaria o homem para dormir e sairia voando com Jiggly. Ela tinha uma chance - mesmo que pequena - de escapar dali. 

O homem viu a movimentação que havia feito e disse: "Você não está entendendo... Eu.. Ou melhor, meu chefe, apenas quer conversar com você. Se fosse você eu ouviria o que ele tem a dizer, o homem é podre de rico. " 

Leaf hesitou. Olhou para a limousine estacionada. Ela havia parado. 

Isso muda tudo, pensou, ainda desconfiada. Tinha experiência de mundo o suficiente para saber que nada vinha assim de graça. 
Sabendo que não tinha nada a perder, aceitou acompanhar o homem até a limousine. De qualquer forma deixou a faca entreaberta na sua bolsa para caso precisasse. 

O homem abriu uma das portas do veículo e colocou a maleta nos bancos de trás. Leaf entrou e sentou. Havia dois bancos, um de frente para o outro e um espaço o qual apenas um veículo daquele nível poderia exigir. 

A sua frente, um homem lia uma revista de quadrinhos. Era um manga com o título "Pokémon Adventures."

Ela já tinha a lido quando era criança. Uma história estúpida sobre crianças que partiam pelo mundo em busca de aventuras e batalhas. Antes de Leaf conhecer a dura realidade da vida real ela também já havia pensando em seguir aquele sonho. Mas agora aquilo tudo parecia ter acontecido em uma vida passada, que não existe mais. 

A limousine começou a se movimentar pelas ruas da cidade. 

O homem baixou a revista e olhou para ela. 

"Leaf é um prazer te conhecer!", disse ele, sorridente. 

Leaf apenas o cortou: "Já podemos pular essa parte e ir logo para o que interessa. O que você quer comigo?" 

O homem pegou um cigarro do seu bolso e o acendeu com um isqueiro. 

"Direta você." 

"Prática, eu diria." 

Ele expirou fumaça pelo nariz. 

"Bom.... Se você quer assim será. Me chamo Giovanni e estou iniciando um projeto, como diria... Revolucionário", começou ele. "Para isso estou recrutando aqueles interessados em fazer parte da minha nova organização..." 

"Equipe Rocket?" Ela franziu os olhos. "Eu tenho meus contatos, já havia ouvido burburinhos sobre isso." 

"Bom, a fofoca sempre se espalha rápido demais, é uma pena pois eu queria que tudo fosse uma surpresa." 

Ele suspirou. Continuou: "Bom, ainda estamos na fase de recrutamento de recrutas... E estou especialmente interessado em você. Um garota ladra que até hoje conseguiu passar a perna na Oficial Jenny e não ser pega. Algo excepcional para alguém da sua idade. " 

"E o que eu ganho com isso?", interrompeu Leaf. 

"Por que não abre essa maleta que tem ai com você?" 

Leaf fez o ordenado. Ao ver o que tinha na maleta, seu queixo caiu. 

Havia uma quantidade de dinheiro o suficiente para ela viver bem pelo resto da dia. Provavelmente mais do triplo do que ela obteria por toda a sua vida como ladra. 
Ela fechou a maleta, agora extremamente maleável. 

"Para mim está fechado. Por essa quantidade de dinheiro eu até mataria a porra do Lance e toda a elite dos quatro." 
Giovanni sorriu. 

"Sabia que iria aceitar." 

"Quando começo?" 

"Bom... Para você eu tenho algo especial em mente... Uma missão secreta, digamos assim", ele soprou uma grande quantidade de fumaça. "Preciso que consiga algo para mim..."

Leaf havia pegado um dos cigarros. Pediu para Giovanni o acender e começou a fumar. 

"Crianças não deveriam fumar", ralhou ele. 

Mas ela não era mais uma criança. Sua infância havia sido perdida quando descobrira a dura realidade da vida, sendo abrigada a amadurecer antes da hora. 

"Não sou mais uma criança", disse ela após expirar fumaça. 

O homem, fez um último alerta antes de a contar tudo o que tinha em mente: "Você sabe que a partir daqui não tem mais volta, está preparada para a possibilidade de perder tudo o que mais preza em nome de algo maior?"

Leaf olhou pela janela da limousine. 
O movimento em Saffron era intenso. Pessoas andavam de um lado para o outro, apressadas para chegar em casa após um dia exaustivo de trabalho. Crianças seguravam nas mãos de suas mães, olhando para um lado e para o outro, atentas ao movimento dos carros. Mendigos imploravam por dinheiro para pessoas que apenas ignoravam a sua existência. 

"Não há nada a se perder quando se é sozinha e sem amigos", respondeu ela, contemplativa. 

Então, ele começou a explicar tudo. 

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