19. FOLHA VERDE, PARTE I

Tw: abuso sexual

A cidade metropolitana de Saffron reluzia com as luzes noturnas emitidas pelos prédios corporativos, entre eles, mais notavelmente, o grande edifício o qual servia como a base da grande empresa tecnológica.

Silph Company.

Quem não fosse habituado com a cidade até poderia ser surpreendido pela impressão superficial causada pela aquela grande massa urbanizada e moderna – o maior orgulho de Kanto – mas Leaf conhecia muito bem a podridão que existia dentro dali.

É claro que o prefeito e a líder de ginásio, Sabrina, tentavam a todo custo manter tudo debaixo dos panos. Afinal, a ilusão da cidade perfeita não poderia ser desfeita caso o resto da região conhecesse o lixo que era mantido debaixo do tapete.

A elite triunfava por cima do proletariado. Famílias passavam fome enquanto a vadia da Sabrina se deliciava com os mais luxuosos vinhos no ginásio local. Ou até com outras coisas, se é que você podia acreditar no que as más línguas falavam. 

Ela estava naquele corredor escuro, observando a movimentação da rua.

Apenas aguardando a melhor oportunidade para atacar.

Ao seu lado, seu companheiro de crime, Jiggly, a acompanhava na espreitada. Na sua bolsa havia uma faca escondida. 

Lily

Ela ainda lembrava como se fosse ontem o dia em que havia chegado ali.
Antes de chegar na região de Kanto, ela vivia no arquipélago das Ilhas Sevii - especificamente na ilha três. Em sua casa morava com sua mãe, Magnólia, e aquele desgraçado o qual prefiria nem lembrar o nome, seu padrasto.

E como ela odiava ele.

Carlos havia conhecido sua mãe em uma festa qualquer. Não havia se passado nem um mês desde que engataram o namoro e haviam decido se casar e morarem juntos. 
No começo era tudo um mar de rosas. Até que na era mais.

Carlos começou a agir de forma abusiva. Bebia quase todo dia com aqueles vagabundos os quais chamava de amigos e, é claro, que quem pagava toda a beberia era sua mãe.

Se não bastasse isso, quando era contrariado pela sua mãe, ele a agredia. Durante as agressões Leaf costumava entrar em seu quarto e forçar Jiggly a cantar para ela, dessa forma não tinha como escutar o grito de dores da sua mãe.
Ela até tentava esconder os hematomas mas, naquele ponto, todos da ilha já sabiam o que a ocorria naquela humilde casa próxima à floresta.

"Mãe, você tem que largar esse babaca de merda! Você merece muito mais que isso", implorava Leaf toda vez que olhava o estado de Magnólia.

"Eu sei que o Carlos vai mudar! Meu papel como esposa dele é manter nossa família unida, apesar das adversidades." 

Que merda de família é essa?, pensava ela.
Ele não mudou. Do contrário, só piorava. Bebia cada vez mais e passava o dia fora com os vagabundos da ilha, enchendo a cara. Já sua mãe se matava para trabalhar como vendedora de legumes para sustentar a sua bebedeira. 

Quando Leaf notou os olhares que ele a lançava, ela decidiu começar a andar protegida. Pegou uma faca escondia da cozinha e guardou embaixo do colchão de sua cama.

Um dia, quando estava sozinha em casa tomando banho, Carlos havia entrado na sua casa, bêbado como de praxe. Fora aquele dia em que sua vida mudou de pernas para o alto.

Quando saiu do banheiro, coberta apenas por uma toalha de banho, ela viu o homem a olhar de cima para baixo, com aquele olhar que a dava arrepios.

Ao perceber que ele a olhava, Leaf havia apressado o passo.

"Para onde vai, gracinha?" Sua voz exalava cachaça. A pegou pelos pulsos e empurrou para perto dele.

"Me solta!", tinha tentando se livrar do toque imundo dele.

Foi quando deu um chute bem em sua parte íntima e saiu correndo em direção do seu quarto. Porém, quando foi fechar a porta ele colocou a perna entre ela, a impedindo de trancar.

"Para de fugir, gracinha. Eu sei que você quer."

Ele, então, a agarrou e jogou na cama, enquanto a garota gritava e arranhava ele. "SAI DE CIMA DE MIM!"

Ele tentou beijâ-la força, ela tentava escapar dos lábios dele. 

Foi quando lembrou-se da faca que tinha guardado. 

Sem nem pensar duas vezes, ela conseguiu o empurrar tempo o suficiente pegar a arma. 

Então, apunhalou ele uma vez. 

Duas. 
Três. 
Quatro. 
Cinco. 

Naquele ponto havia se perdido no número de punhaladas que havia dado no homem. 
Mas ela não ligava. 

Ela não sabia que matar alguém poderia ser tão... 

Divertido

A sua cama foi coberta por uma poça de sangue. 

E foi daquela forma que Lily havia nascido. 

Quando sua mãe chegou, ela caiu no choro próximo ao corpo do cadáver. 

"VOCÊ SEDUZIU ELE! CARLOS NUNCA DARIA TRELA PARA UMA MENINA FRANZINA COMO VOCÊ!", acusou Magnólia, mesmo após Leaf explicar tudo. 

E é assim que aquela vaca tinha a agradecido por se livrar do encosto. 
"Você é um mostro", disse ela em uma voz sombria. "VAI EMBORA DAQUI."

Leaf não tinha nem tentando argumentar. 
Arrumou suas coisas em uma bolsa, pegou a pokébola de Jiggly e saiu de casa, sem saber para onde ir ou como sobreviveria a partir dali. Apenas com sua roupa de corpo e uma faca ensanguentada.

Antes de sair pela porta, ela virou para sua mãe e disse: "Se você quiser que seja um monstro okay, eu serei um monstro." 
No porto da ilha, conseguiu embarcar como intrusa em uma embarcação cargueira.

Uma garota com sua inocência quebrada e sem destino, apenas esperando que as ondas do mar a levassem para algum lugar longe dali. 

Quando chegou em Vermilion, ela morou por uns tempos nas ruas, sobrevivendo como mendiga e implorando por qualquer quantia de dinheiro que eles a pudessem dar. Porém, mal conseguia o suficiente para comprar sequer uma refeição em um restaurante chinfrim. 

Foi quando descobriu que garotas como ela apenas conseguiam sobreviver naquele mundo de duas formas. 

A primeira era vendendo o corpo. Garotas saiam com homens mais velhos e comprometidos em troca de uma grana mediocre. Uma rede de prostituição criminosa e oculta existia, na qual garotas eram aliciadas por empresários gananciosos com fome de dinheiro. 

Ela sabia disso pois já havia sido abordada por aquele tipo de pessoa. 

"Você é bem bonita, sabia? Está interessada em ser modelo? Você ganharia um bom dinheiro", tinha dita uma mulher ao a abordar na rua. Havia se apresentado como uma booker de uma agência de modelos. 

Leaf havia virado para ela, com as mãos nos quadris. "Modelo? Sei. Corta essa, eu já sei como esse negócio funciona e não estou interessada." 

Aquela não era uma opção para ela. Apesar disso não julgava aquelas pessoas que sobreviviam daquela forma. Era a maneira que haviam conseguido para não padecer na miséria e fome.

A segunda, era o roubo. 

E aquela era a razão pela qual estava ali naquela cidade, naquele exato ponto. 
Dois garotos desavisados andavam tranquilamente, conversando. 

Vão ser eles. 

Ela fez sinal com a cabeça para Jiggly. 
Então, os dois partiram sorrateiramente, seguindo os dois garotos de perto. 

Quando eles chegaram em uma rua deserta, ela iniciou a abordagem. 
Retirou Lily de sua bolsa e a encostou no pescoço de um deles. 

"Perdeu, playboy. Passa a grana", disse ela próxima ao ouvido dele. Sua faca raspava em seu pescoço. "Se você der um piu ou tentar fugir vai acabar se engasgando em seu próprio sangue." 

O menino havia tremido de horror. Ela odiava aquele tipo, era o pior tipo de pessoa para se roubar. 

Jiggly havia invocado uma Barreira através do golpe Refletir, prendendo o outro e o impedindo de fugir. 

O garoto covarde, tremendo, gaguejou:" N-n-não t-t-tenho nenhum dinheiro co-comigo." 

"Se estiver mentindo farei você visitar a porra do seu tatataravô." 

"N-não estou, eu ju-juro!" 

Leaf passou a mão pelo corpo dele. 

"Droga!", disse ao notar que ele estava falando a verdade. 

O outro garoto, no entanto, carregava consigo uma pokédex. 

"Passa a pokédex", cobrou Leaf. 
O menino mais calmo havia estendido sua mão por cima da barreira invisível e entregado o dispositivo para ela. 

"Jiggly, bote eles para dormir." 

O Jigglypuff começou a cantar. O efeito da Canção pôs os dois para dormir. Leaf não era afetada, afinal, já havia sido treinada para resistir àquele golpe. 

Guardou a pokédex em sua bolsa. 

Espero que consiga uma boa grana, pensou já imaginando quanto dinheiro conseguiria com aquele modelo ultrapassado. 
Jiggly começou a inflar, até virar um balão de ar. 

Ela olhou outra vez para os dois garotos deitados no chão e roncando alto. Percebeu que um deles havia feito xixi nas calças. 

"Mijão." Riu sozinha. 

Ela se segurou em Jiggly e saiu voando pelo céu noturno de Saffron. 


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