9. O Pokémon misterioso

Beth sentiu seus pés falharem. Antes percebesse, seus joelhos caíram no chão.

A atmosfera da floresta continuava sombria. A neblina escura agora cercava todo o redor, enviando calafrios em seu corpo. Era como se, aos poucos, toda a sua alegria e vontade de viver estivessem sendo sugadas.

Fitou o chão por alguns minutos, até ter força o suficiente para levantar a cabeça. Ao levantar-se, poderia ter gritado, caso ainda existisse energia suficiente em seu corpo para isso.

Um pokémon majestoso e enigmático a fitava. Ele andava sobre quatro patas e tinha um sedoso pelo cor marrom. De suas costas até seu rabo se seguia uma espessa cortina de fumaça cinza, que se mexia conforme os movimentos do pokémon. Quase como se fizesse parte do seu corpo.

Mas o que prendeu a atenção de Beth fora a sua face. O contorno do seu rosto era formado por formas que lembravam uma estrela. Ela notou que eram das cores vermelha e amarela. E seus olhos...

Os mesmos olhos.

Seus olhos tinham um brilho escarlate que vira no Gyarados, como se por trás deles escondesse toda a ira e fúria existentes no mundo.

O Pokémon continuava a olhando, temeroso.

De repente, ele deu um uivo uivo de dor tão alto que Beth temeu por sua vida.

Escutou o movimento na floresta de vários pokémons correndo pela mata.

Estão fugindo, ela pareceu entender. Aquele som gutural deveria ser capaz de por medo até no mais corajoso Pokémon do mundo.

E, então, ele caiu no chão arfando de dor.

Deve estar com tanto medo quanto eu estou dele, pensou Beth.

O Pokémon se contorcia no chão, mexendo suas patas e exibindo suas garras afiadas.

Então, ele parou e pareceu tentar escutar algo.

Beth ouviu um som. Algo vinha caminhando em direção a eles.

O Pokémon tentou se levantar e correr, porém não conseguiu.

Não demorou muito e o causador do som finalmente deu as caras.

"Beth, você ouviu isso..."

Freddy paralisou e ficou com boca aberta por alguns segundos.

"Que pokémon é esse?"

Ele fez um movimento para pegar sua Pokédex da mochila e, ao retira-la, apontou para o Pokémon desconhecido.

"Estranho, não aparece nada aqui...", disse ele após olhar para o aparelho com a testa franzida. "Ah, Beth. Por que você está ajoelhada assim no chão?"

Agora que esse idiota percebeu a minha presença. Ela riria se pudesse.

O Pokémon no chão pareceu cobrar a energia. Ele levantou de chão, e, em seguida, fitou Freddy.

"So-so-socorro", murmurou o garoto, tremendo. Deixou a sua Pokédex cair no chão.

Outro som saiu da floresta. Passos apressados se aproximavam do local onde estavam. O som de duas vozes que pareciam discutir uma com a outra ecoou no ouvido de Beth.

O Pokémon virou novamente para Beth. Em seguida, partiu correndo em alta velocidade para o lado oeste da floresta.

Junto com a partida do Pokémon, a neblina e a sensação de desolação partiram. De repente, as cores voltaram a existir no mundo. Beth conseguia se mover novamente.

"O que fo-fo-foi isso?", disse Freddy. Ele pegou sua Pokédex do chão e guardou em sua mochila.

"Não sei." Beth levantou do chão. "Por alguma razão eu não conseguia mover um músculo."

Beth respirou fundo, depois suspirou.

Mal tivera tempo para se recompor e outra surpresa logo apareceu.

Aquele dia estava correndo de uma maneira tão aleatória que não se surpreendia com mais nada.

Duas figuras surgiram.

"O que essas crianças estão fazendo aqui...",

Beth e Freddy olharam ao mesmo tempo.

Eram dois homens. Vestiam um uniforme negro com um símbolo que qualquer habitante de Johto reconheceria bem.

Equipe Rocket!, chegou a conclusão, alarmada. Em seus uniformes havia um R de cor vermelha.

O menino desmaiou no chão.

Os dois olharam para o garoto caído no chão e começaram a rir.

"Então as pessoas ainda temem a Equipe Rocket como deveriam, he he", disse um deles rindo. "Bom saber."

Eles então olharam para Beth.

"Você aí, garota. É, você mesmo. O que andam fazendo por aqui? "

Beth controlou-se. Nervosismo não a ajudaria em nada naquela situação.

"Eu e meu amigo só viemos caçar um Pokémon. Não estamos fazendo nada de errado!", respondeu cautelosa.

"Sei...", respondeu o da direita, duvidoso. "Por acaso você viu algo... digamos assim, suspeito?"

Beth engoliu o seco. "Suspeito como?

Os dois se entreolharam.

"Suspeito do tipo... Um Pokémon, diferente... Se é que você me entende."

Então estava certa. Os dois estavam relacionados com o Pokémon que vira a pouco.

Lembrou do olhar do pokémon. Da dor e do sofrimento, e da estranha neblina que segurara toda a vida do seu mundo.

É claro que a Equipe Rocket tinha algo a ver com aquilo.

Se lembrava bem como os habitantes de New Bark temiam a organização criminosa.

"Bandidos da pior espécie. Esses parasitas vieram de Kanto arrumar encrenca em Johto", dissera Carl uma vez enquanto conversava com o seu pai na sala de sua casa. "Olha, você sabe que eu sou contra a violência... Mas não me sentiria mal ao ver algum deles levarem uma surra bem dada."

"Não vi não...", respondeu Beth. "Por favor, não me faça nenhum mal. Eu e meu amigo apenas viemos caçar alguns pokémons, não queríamos nos meter em confusão. Eu juro."

Os dois trocaram um olhar.

O da direita foi o que falou: "Treinadores pokémon, hum. Também não queremos, apenas saia do nosso caminho."

"E não diga para ninguém sobre o que viu aqui... Caso contrário pode ser que você, digamos assim, adormeça na companhia de Pokémons fantasmas. He he."

Os dois ririam. O da esquerda complementou: "Se bem que, mais cedo ou mais tarde, todos de Johto voltarão a temer o verdadeiro poder da Equipe Rocket."

Um arrepio subiu a espinha de Beth.

"Não vamos perder mais tempo, temos que achar o espécime o quanto antes. Eu não sei você, mas eu não quero ter que ser aquele a dar a notícia pessoalmente para o chefe", disse o da esquerda sombriamente.

Após o aviso, quase ameaça, os dois partiram para uma direção qualquer da floresta.

Beth demorou alguns minutos para recuperar a sanidade.

Que dia mais doido, chegou a conclusão. Havia tido trauma o suficiente para uma vida toda em apenas um dia.

Se dirigiu em direção do menino jogado no chão. O carregou pelas costas.

Começou a longa caminhada.

⏰⏰⏰

O jato de água acertou em cheio o rosto de Freddy.


"AI!", ele arfou de dor ao acordar do profundo sono. Então, esfregou os olhos e começou a analisar ao seu redor. "Onde eu estou?"

Ele estava deitado sobre o gramado fofo da Rota 32. O Tododile olhava o menino recobrar a consciência.

Beth começou a explicar, ajoelhada: "Você desmaiou. Desculpa, mas foi a única forma que encontrei de acordar você. Tive que chamar o Totodile pois você não acordava de jeito nenhum." Ela suspirou de alívio. "Já estava ficando com medo que você estivesse morto."

Freddy levantou do chão e sentou sobre as suas pernas.

Ele falou: "Minha cabeça... Aquele pokémon...". De repente tampou sua boca com a mão. "Equipe Rocket! Foi um sonho?", disse alarmado.

Beth olhou para o chão.

"Infelizmente, não. Mas nós temos que sair daqui o quanto antes. No caminho eu explico tudo."

Beth levantou e foi pegar a bicicleta no arbusto onde estava escondida.

"Eu posso pedalar", falou Freddy.

"Depois de tudo que você passou, acho melhor não. Sobe na garupa, eu levo você."

Ele ficou vermelho de vergonha. "Se é assim, tudo bem."

Depois de chamar o Tododile para a pokébola, ele subiu na garupa do veículo e Beth começou a pedalar.

No caminho para Violet ela começou a contar tudo.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top