7. A insígnia zéfira

Beth assistia a batalha da arquibancada do ginásio.

"Totodile, Arranhão!"

O Pidgeotto desviou do ataque de garras fazendo uma acrobacia no ar, em seguida revidou com o golpe de asas, que provocara um redemoinho e arremessara o pokémon para longe. O Totodile foi acertado e nocauteado.

O juiz levantou sua bandeira, em seguida disse: "Totodile está fora de combate, declaro Falkner como o vencedor dessa batalha."

O líder de ginásio olhava desconcertado o menino jogado no chão e chorando um rio de lágrimas. O seu Totodile despertou novamente, correndo para acudir ao menino que fazia um escândalo no chão.

Os outros treinadores na arquibancada comentavam o resultado da batalha, uns com os outros.

"Que bebê chorão, ha ha ha."

"Duvido se esse perdedor vai chegar ao menos ao tapete da liga pokémon, que piada de treinador."

"Que vergonha alheia."

Beth olhava Falkner estender a mão para o garoto levantar. Ele limpou suas lágrimas, em seguida o confortou: "Nunca desista de tentar. Daqui a uma semana receberei o seu desafio novamente com muita boa vontade."

Ele parou de chorar.

Em seguida, Falkner voltou a olhar para a arquibancada onde os treinadores assistiam a tudo, atônitos e nervosos pela sua vez ao desafiar o líder.

"Desafios de ginásios encerrados por hoje. Aqueles que quiserem me enfrentar venham amanhã."

Beth ouviu alguns resmungos baixos.

"Agora peço que deixem o ginásio civilizadamente. Obrigado por comparecerem e presenciarem as batalhas aqui realizadas."

Os treinadores começaram a sair aos poucos pela porta de entrada do ginásio. Beth encaminhou-se junto com os outros em direção a saída do lugar.

Quando chegara ao lado de fora, ouviu a porta atrás de si fechar. Em seguida, uma placa fora colocada, informando que o ginásio estava fechado.

Beth olhou para o céu.

O céu começava a se pôr, trocando os tons azuis celestiais pelo laranja-avermelhado.

Olhou para todo o lado, sem saber que direção seguir a partir daquele ponto.

Violet se expandia para todo o redor. Do ponto aonde estava, Beth podia enxergar o Centro Pokémon da cidade, a escola pokémon e, ao horizonte, a grande torre que se remexia para o lado e para o outro, como um Bellsprout gigante e dançante.

Pelo jeito vou ter que achar algum lugar para dormir, pensou ela.

De repente se assustou com o barulho da porta do ginásio abrindo subitamente.

Olhou para trás e viu. O menino que desafiara o líder de ginásio saia pela porta, carregando uma bicicleta e sua mochila.

Ele era nanico e tinha seu cabelo penteado para trás, engomado pelo gel capilar. Percebera que ela olhava para ele.

"Desculpa pelo susto, é que eu tinha esquecido minha bicicleta, então voltei para pegar... Isso sempre acontece."

Beth conhecia ele. Fora o mesmo que vira no laboratório no dia em que entrou para roubar os pokémons. Ele estava junto com Beth e Harold.

Acho que era... Freddy!, ela tentou puxar em sua mente o nome que ouvira o professor Elm falar.

Se ele conseguira um pokémon inicial era sinal que tinha uma boa condição financeira. Beth conseguia ver uma oportunidade surgindo.

Se eu me tornar amiga dele, pode ser que eu arrume um lugar para passar a noite.

Ela começara a se animar com a ideia de não dormir no chão de algum lugar, para variar.

"Ah, não precisa se preocupar. Por falar nisso eu adorei assistir a sua batalha hoje", respondeu Beth.

Ele olhou sério para ela.

"Não precisa mentir, eu vi que todos o treinadores riam de mim" disse ele. "Não é como se houvesse algum problema, eu sempre perco mesmo."

"Não se rebaixe assim, ninguém nasce sabendo das coisas." Beth amaciava as palavras buscando conforta-lo. "Além disso tenho certeza que metade daqueles que estavam rindo sequer irão conseguir a insígnia de qualquer jeito."

Ele sorriu.

"Você acha?"

"Com certeza."

"Nossa, obrigado." Ele sorriu de ponta a ponta. "Eu estava me sentindo um lixo mas agora acho que estou melhor."

Esse está no papo.

Sua conversa havia funcionado, agora teria que tirar algum proveito.

Ele preparava para começar a pedalar em sua bicicleta quando Beth decidiu falar.

"Espera..."

Freddy interrompeu a ação e a olhou, com os olhos franzidos.

"O quê?"

"Eu queria... Ah deixa para lá, não devo incomodar você com os meus problemas."

"Que isso, depois do conselho que você me deu o mínimo que eu posso fazer é ajudar, caso você precise."

"Então está bem." Preparou o terreno. "Sabe, é que quando eu vinha no meu caminho para Violet eu fui roubada por dois bandidos. Infelizmente eles levaram todos os meus dollars", mentiu Beth.

"Nossa... Como eu posso ajudar?"

"Preciso de algum lugar para dormir, mas não conheço ninguém dessa cidade..."

Ele não a deixara terminar.

"Não tem problema! Eu tenho dinheiro o suficiente para pagar a hospedagem para duas pessoas", respondeu ele. "Vem, sobe na garupa da minha bicicleta que eu levo você lá."

Beth subira na garupa de bagageiro e, em seguida, os dois começaram a se mover no ritmo da bicicleta. Ela conseguira aquilo que queria.

"Por sinal, meu nome é Beth", disse ela finalmente.

Trouxa.

⏰⏰⏰

Os dois chegaram a uma construção de andares, localizada no centro comercial da cidade.

Freddy deixou sua bicicleta apoiada em seu pezinho no estacionamento, em seguida entrou pela porta do lugar. Beth o seguiu.

Ao entrar, o espaço era enfeitado por lanternas artesanais dos mais variados tipos. Haviam figuras de vários pokémons espalhadas pelas paredes. Beth identificou de relance um Pikachu, um Clefairy e um Rhydon.

O menino foi falar com a atendente.

"Bem vindo a Hospedaria de Treinadores de Violet, o destino mais escolhido por treinadores que desejam permanecer na cidade por algum tempo, em que posso ajudar?", indagou ela.

"Oi, meu nome é Freddy. Eu e minha amiga queremos dois quartos."

A mulher começou a anotar algo em algum papel.

"Serão 1500 dollars, cinco noites. Refeições estão inclusas, tanto para os treinadores quanto para os pokémons."

O queixo de Beth caiu ao ouvir o tanto de dinheiro que cobravam pela estadia no lugar.

O garoto abriu sua mochila e retirara de lá um cartão. A mulher pegou uma maquininha e o passou. Após ele digitar a senha, uma nota fiscal fora emitida.

Ele notou Beth olhando para tudo, espantada.

"Não tem problema. Meus pais sempre depositam dinheiro para eu usar. Eu devo ter um fortuna guardada, já que quase nunca uso."

Gente rica.

É pensar que a sua família conseguiria aquele dinheiro todo só após se matarem de trabalhar.

A funcionária falou:" Transação feita com sucesso ". Em seguida, entregou duas chaves, uma para Freddy e outra para Beth." Seus quartos estão localizados no terceiro andar. Números 9 e 10, respectivamente. Tenham uma ótima estadia."

Beth sorriu e, em seguida, rumou seu caminho junto de Freddy em direção às escadas que levavam para os andares de cima.

Ia dar o primeiro passo no degrau, quando ouviu uma voz vindo de trás.

"Bem que senti um fedor forte de Magikarp vindo desse lugar" falou a voz que conhecia bem. "Então era você."

Beth olhou para Harold, semicerrando os olhos. Aquela sua boina e os cabelos escorridos o faziam parecer mais desprezível do que ela se lembrava.

"Harold."

"Beth."

Ele a olhou de cima para baixo.

"Achei que seu pai mal tinha dinheiro para sobreviver. Como conseguiu se tornar uma treinadora?"

Beth respondeu rudemente: "Não te interessa!"

Freddy olhou para Harold, o reconhecendo.

"Eu conheço você..."

Harold olhou para o garoto com desprezo.

"Então foi você que foi humilhado pelo Falkner...", começou ele. "Ouvi os outros falarem de como você começou a chorar depois de perder para aquele fracote do Falkner."

Ele tirou do bolso de sua calça algo com sua mão.

"Olha só o que eu ganhei." Harold segurava consigo a insígnia Zéfira, se exibindo. Aquele emblema em forma de asas parecia informar que ele derrotara de fato o líder de ginásio. "Achei que teria alguma dificuldade para derrotar ele, pelo fato do meu Bayleef ter desvantagem por se tratar de um ginásio do tipo voador, mas foi moleza."

Ele começou a rir sozinho.

Beth e Freddy continuavam sérios.

"Nossa, que falta de senso de humor a de vocês. " Ele interrompeu a sessão de risadas, retirando seus cabelos dos olhos. "De qualquer jeito já estou de partida. Meu próximo destino é Goldenrod. Adios, perdedores."

Harold deu de costas e partiu, deixando a hospedaria pela porta da frente.

"Que garoto metido...", falou Freddy por fim quando estavam sozinhos.

Beth subiu as escadas em direção ao seu quarto no terceiro andar.

Agora ela tinha um motivo a mais para vencer a batalha contra Falkner.

Não vou deixar aquele idiota me deixar para trás.

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