57. Cobre Vs. Bronze, O Prelúdio
Ao acordar completamente do sono e avistar Malli, companheira de viagem que Beth não havia encontrado desde que partira de Cherrygrove, ela exclamou: “Nossa… Malli!? O que você está fazendo aqui? Quanto tempo.”
Levantou do banco em que, outrora, encontrava-se deitada, agora sentada.
“Eu que pergunto… Não imaginava que, ao sair para comprar pão na padaria, encontraria a minha amiga, Beth, dormindo em um banco de praça qualquer.”
Beth finalmente racionalizou que a cena realmente era digna de estranheza.
Malli sentou-se ao seu lado.
Ao sentir o cheiro do pão assado tão próximo, Beth ouviu sua barriga emitir um ronco alto. Corou.
Malli riu da situação. Ela pegou uma rosquinha que estava dentro do saco e entregou para Beth. “Acho que isso vai ajudar.”
Ela pegou o alimento e devorou em questão de segundos.
Faísca, o Cyndaquil de Malli, pareceu implorar com os olhos para sua treinadora.
“Faísca! Eu já dei cinco sequilhos para você comer, nem adianta pedir.”
O pokémon de fogo esboçou uma expressão de tristeza. “Isso não é justo, você sabe que não consigo dizer não quando você faz essa cara…”
Malli suspirou, então, entregou uma rosquinha para o pokémon.
Ela virou para Beth.
“Então, não vai me explicar o motivo de estar aqui?”
“Bom, desde a última vez que a gente se viu, muita coisa aconteceu…”
Então, Beth fez um resumo da sua jornada até aquele momento.
O Cyndaquil estava deitado no colo de Malli, ouvindo tudo.
“Que loucura!”, soltou Malli ao ouvir toda a história.
“E quanto a você, o que faz na cidade?”, questionou Beth, curiosa sobre o destino de Malli desde a última vez em que haviam se encontrado.
Lembrou que na época ela estava com dúvidas em relação a sua jornada, questionando-se se realmente queria seguir o caminho de um treinador que competia em batalhas pokémon.
“Eu estou aqui para competir em um concurso pokémon que acontecerá em breve.”
Concurso pokémon?, pensou.
De acordo com o seu conhecimento, concursos pokémon eram competições em que jovens coordenadores executavam performances com seus pokémons, objetivando conseguir as fitas de concurso, ou algo do tipo. De vez em quando assistia às competições que eram transmitidas pelas emissoras de TV de Johto, mas nunca foi a sua praia. Sempre teve preferência por batalhas.
“O fato é que, no momento, eu me encontro sem dinheiro algum”, lamentou ela, voltando ao assunto inicial da conversa.
Malli pareceu refletir.
“Eu estou hospedada em um quarto de hospedaria para treinadores aqui na cidade, acho que se dermos um jeito consigo arrumar um espaço para você dormir. Ah, esqueci de mencionar, eu já compartilho o quarto com alguém, uma amiga chamada Alana.”
“Obrigada… Mas isso não muda o fato de eu estar lisa até a alma.”
“Quanto a isso, acho que tenho uma ideia…”. Ela levantou. “Mas enquanto eu explico, vamos até a hospedaria. Durante o caminho você pode me contar as novidades sobre a vida de treinadora. Também acho que você está precisando de um bom banho.”
Beth sorriu sem mostrar os dentes, auto consciente de que seu cheiro e, principalmente, a sua aparência, não era uma das melhores naquele momento.
“Eu tô tão mal assim?”
Malli apenas balançou a cabeça, confirmando aquilo que suspeitava.
Então as duas partiram, deixando a praça pública, em direção a hospedaria para treinadores da cidade.
✳️✳️✳️
Beth olhou-se no espelho daquele banheiro de funcionários. Era extremamente apertado e quente.
Ela vestia um uniforme composto por um vestido rosa com rendas. Sobre o seu cabelo havia uma tiara prateada. Calçava sapatilhas pretas com longas meias brancas.
Estava extremamente desconfortável. O fato é que nunca tinha gostado de vestir aquele tipo de roupa. Teve que se lembrar que estava fazendo aquilo por dinheiro, senão acabaria surtando ali mesmo, arrancando aquelas vestimentas com as próprias mãos.
Respirou fundo e, logo em seguida, soltou o ar.
“Está tudo Ok… Você ficará Ok…”, falava para si mesma, tentando se acalmar.
Havia conseguido aquela vaga de emprego graças à Malli. Em apenas algumas semanas conseguiria dinheiro o suficiente para se manter sem depender dos outros, não poderia deixar aquela oportunidade passar. Precisaria sofrer apenas por alguns dias.
Saiu do banheiro e caminhou em direção ao saguão do restaurante.
“Você ficou bem fofinha com esse uniforme”, falou a mulher ao vê-la.
Tudo que eu menos quero nesse mundo é parecer fofinha. Guardou aquilo para si mesma.
“Obrigada.”
“Está ansiosa para servir o seu primeiro cliente?”
Analisou o interior do restaurante.
O Olivine Café era frequentado principalmente por marinheiros, que aproveitavam os momentos de folga das viagens marítimas para se alimentar ali. Também era bastante popular com turistas e moradores locais.
Metade das mesas já estavam preenchidas. Garçons e garçonetes moviam-se pelas mesas, anotando os pedidos e carregando bandejas.
“Olha, lá vem o seu primeiro atendimento.”
Beth virou os olhos em direção às portas de entrada automáticas do restaurante.
Ah não, tudo menos isso, pensou, aterrorizada.
Caminhando em direção a uma mesa estava o mal em pessoa, o ser mais desprezível do universo, também conhecido como Harold. Ele sentou-se e abriu o menu contendo o cardápio do restaurante, lendo o que estava escrito.
A mulher ao seu lado deu um empurrão em Beth.
“Anda, vai.”
Beth engoliu o seco. Naquele momento queria apenas desaparecer dali.
Não posso recuar, preciso desse dinheiro, repreendeu-se. Não deixaria que um idiota como aquele a intimidasse.
Caminhou em direção à mesa.
“Bom dia, eu gostaria de um-”, falava Harold. O menu estava tampando o seu rosto, porém, quando o baixou e avistou Beth, sua expressão mudou. Uma expressão sádica e risonha.
“Ora ora ora, quem diria… Beth Copper, a filha do pescador em pessoa.”
“Bom dia, como posso ajudá-lo?”
“Vejo que finalmente desistiu daquele sonho bobo de ser uma treinadora pokémon. Na minha opinião, acho que trabalhar como garçonete é mais coerente com a sua realidade. Seus pais devem estar orgulhosos.”
Ele começou a gargalhar alto. Algumas pessoas olharam em sua direção, com olhares indagadores.
“É a terceira vez que nos encontramos na mesma cidade. Isso até me faz pensar que estou sendo seguido. Pera ai? Não vai me dizer que está apaixonada por mim? Pois vai logo desistindo, com essa roupa ridícula...”
Beth enfurece-se.
“Pois eu prefiro me ma-”, estava prestes a insultar o garoto, até lembrar que estava sendo vigiada. Virou o olhar para a mulher que a fitava, com uma expressão de dúvida, na certa tentando descobrir o que estava acontecendo.
Recobrou a postura.
“E então, o que gostaria de pedir?”
Harold, porém, não parecia querer mudar de assunto.
“Sabe, ainda lembro daquele soco que você me deu em Goldenrod, foi muito escroto de sua parte. Passei bastante tempo planejando como eu iria me vingar… E agora a oportunidade perfeita finalmente apareceu bem na minha frente. Pode-se dizer que o universo está conspirando ao meu favor. ”
E isso não foi nem metade do que você merecia.
Beth permaneceu imóvel.
“Vou querer um pedaço de bolo de cenoura e um copo de leite Moomoo”, ele finalmente falou. “Também quero dois pedaços de pudim de caramelo.”
Beth anotou o pedido no bloco de notas.
“Já irei trazer seu pedido, apenas aguarde.” Tentou manter o profissionalismo.
Beth caminhou em direção à mulher que a olhava.
“Aconteceu algum problema? Por um momento achei que estavam discutindo”, questionou ela.
“N-n-nada não. Apenas estava esclarecendo algumas dúvidas sobre o funcionamento”, mentiu ela.
Era o seu primeiro dia. Tinha que causar uma boa impressão e tentar ao máximo evitar problemas.
Levou o pedido para a cozinha do restaurante. Sentou-se em uma cadeira e aguardou alguns minutos enquanto a bandeja com o pedido era preparada. Os fogões estavam cheios de panelas. Funcionários andavam de um lado para o outro, carregando ingredientes consigo. Uma longa mesa cheia de utensílios era encontrada no centro.
O trabalho era frenético.
Ao receber a bandeja, levou-a para a mesa de Harold.
“Aqui está o seu pedido”, disse após depositar a bandeja sobre a mesa.
Harold retirou a tampa de cima da bandeja.
“O pedido veio errado”, falou ele.
“C-como!?”
“Acho que você não deve ter compreendido o que eu falei. Eu não pedi bolo de cenoura, e sim, morango. E também não pedi leite, e sim milk-shake.”
“Tá de brincadeira…”, respondeu Beth, controlando a vontade de socar a cara de Harold até ele ficar irreconhecível.
“Acho que terei que reclamar com o gerente. Um estabelecimento com funcionários tão incompetentes como esses não irá durar por muito tempo.”
Beth respirou fundo.
“Desculpe pelo erro, irei trocar o seu pedido.”
Beth ia recolher a bandeja com as duas mãos quando, de repente, Harold fez um movimento com seu braço, lançando o copo de leite Moomoo em direção à ela. O leite derramou, molhando o seu vestido.
“Ops, foi sem querer, juro…”
Ele levantou da mesa, os braços cruzados de forma zombadora.
“Pensando bem, perdi a fome. Adeus Beth, tenha um bom dia de trabalho.”
Então, deixou o restaurante.
Beth comemorou mentalmente.
Isso não vai ficar assim. Aquela humilhação não passaria em branco. Ela não sabia como, mas tinha a sensação que, em breve, teria uma batalha daquelas.
✳️✳️✳️
Quando o seu expediente de trabalho acabou, já estava anoitecendo.
Deixou o Olivine Café e enxergou Malli a esperando. Ao avistá-la, atravessou a rua e se juntou a ela.
“E aí? Como foi o primeiro dia?”, perguntou Malli com grandes expectativas em seu olhar.
Beth fez uma careta.
“Tirando um certo idiota babaca imbecil que eu encontrei por ai, poderia ter sido pior, eu acho… Além disso, esse uniforme me incomoda mais do que tudo.”
Malli olhou-a de cima para baixo.
“Na minha opinião ele fica muito bem em você.”
Beth sentiu seu rosto ficar vermelho como um tomate.
Não sabia descrever qual era aquela sensação que sentia no momento. Desde que era criança, ela sempre teve dificuldades para se relacionar com as outras meninas de sua idade, que sempre reclamam de seu comportamento bruto, típico de meninos. Seu jeito sempre acabava espantando as garotas de sua cidade, por isso, os poucos amigos que tinha eram meninos.
Finalmente tinha uma amiga, e aquilo ainda era algo novo para ela.
Estava cansada de passar tanto tempo em pé, atendendo os clientes. Tudo que ela gostaria, naquele momento, era de uma boa noite de sono.
As duas caminhavam pela calçada em direção à hospedaria. As luzes dos comércios locais iluminavam a noite.
“Estava conversando com Alana, o que acha de irmos à praia nesse final de semana?”
Beth acenou em concordância.
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Alguma teoria? O que acharam da volta da Malli para a trama principal? Tudo está se encaminhando para uma batalha entre os rivais de infância, Harold e Beth. E aí, qual a sua aposta? Quem será o vencedor? Apenas no próximo cap- mentira, antes disso iremos passar um dia na praia 👀.
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