52. Magnético

O movimento na estação de trem magnético de Goldenrod era intenso durante aquele horário do dia. Pessoas caminhavam de um lado para o outro, adentrando os vagões presentes no trem, apressadas para seu trabalho ou buscando locomover-se para a região de Kanto, especificamente na grande cidade de Saffron.

À frente de Freddy, a cena da batalha que se desenrolava era crítica. 

"Tododile..."

O jacaré havia recebido em cheio o golpe físico do seu oponente. Ele estava ofegante e começava a demonstrar sinais de debilitação. 

Um homem de terno sorriu ao perceber que seu Machoke havia acertado um golpe crítico no Totodile. Carregava consigo uma maleta preta. 

Os trasintantes ignoravam o combate que se estendia no meio da estação. Uma criança ou outra ocasionalmente virava o olhar para assistir à batalha que se passava.

"Machoke use o Golpe Cruzado!", ordenou o homem apertando sua gravata com estampa de nuvens.

O Machoke partiu em direção do Totodile. Seus dois fortes braços musculosos encolhidos, preparados para golpear em formato de "X" .

Freddy fechou os punhos. 

Não posso deixar ele acertar. 

Então, disse: "Totodile, evasiva!"

Tododile, que estava recuado, jogou-se para o lado com o objetivo de desviar do ataque. 

O Machoke parou o avanço e mudou de direção a tempo de se posicionar na direção certa. 

O Machoke acertou o Totodile com o Golpe Cruzado.

Outro golpe crítico, pensou Freddy percebendo que aquele golpe tinha o dobro de poder do que o comum. Não podia se esquecer que Golpe Cruzado tinha uma chance de acerto crítico aumentada.

Totodile foi arremessado. 

"Totodile!", alertou Freddy. 

Aquela batalha estava indo de mal a pior. 

Totodile levantou o chão. 

"Jato de Água."

Ele lançou um poderoso Jato de Água em direção ao Machoke. 

A água acabou acertando o rosto do lutador, cegando ele momentaneamente. 

"Nossa chance, agora use o Mordida!"

Totodile pulou em direção do Machoke, mordendo seu braço com seus dentes afiados. 

"Machokeeee", berrou o pokémon enquanto sacudia o braço de um lado e para o outro, o objetivo se livrar das poderosas mandíbulas de Totodile. 

Agora era a sua única chance de vencer aquele duelo.

Hora do combo.

“Tododile, Fúria!”

Tododile continuava com as presas enfiadas no braço do Machoke. Concentrou a sua energia para utilizar o movimento.

 Enquanto era continuamente golpeado pelo Machoke, o qual tentava se livrar da Mordida, o jacaré acumulava toda aquela energia depositada em si mesmo, transformando ela em um poder oculto que aumentava de tamanho a medida que sofria dano.

Então, finalmente soltara, debilitado devido ao dano recebido.

“Libere toda a sua Fúria.”

“Machoke, contra ataque com Soco Dinâmico!”

Eles partiram um para cima do outro, resultando em um impacto de força bruta.

Totodile utilizou sua força aumentada pelo efeito de Fúria e acabou se saindo melhor no embate, protegendo-se do Soco Dinâmico com as suas garras. Então, puxou o Machoke e girou ele pelo ar, o lançando para longe.

O humanoide caiu no chão, tonto.

“De onde veio toda essa força?”, questionou o oponente.

Freddy fez questão de explicar. “É um movimento chamado Fúria, quando utilizado o usuário acumula o dano tomado e revida no oponente. Graças aos ataques contínuos do Machoke, Totodile conseguiu juntar uma grande quantidade de força e o resultado você pode ver com os próprios olhos.”

Hora de acabar com isso.

“Totodile, finalize com Jato de Água!”

Enquanto recuperava-se do impacto, o Machoke foi acertado em cheio pelo disparo de água que foi lançado pela boca do Totodile.

O Machoke foi nocauteado.

Freddy pulou em comemoração.

Tododile começou a saltitar enquanto comemorava com aquela alegria característica: “Toto toto toto.”

O homem chamou seu pokémon de volta para pokébola.

“Faz tempo que não tenho uma batalha pokémon divertida desse jeito. Sabe, vendo você treinar para se tornar um treinador mais forte me faz lembrar de minha época de juventude, quando eu havia partido em uma jornada por Johto em busca de insígnias.”

“Você já foi um treinador pokémon?”

“Sim, na minha adolescência. Infelizmente, amadureci e descobri que ser um treinador pokémon não é realmente a minha vocação, como você pode ver.”

Freddy sorriu com simpatia.

Um trem havia acabado de chegar na estação.

“A vida passa em um piscar de olhos. Minha dica é que você aproveite a sua experiência. Agora eu tenho que voltar para o meu mundo real, o trem acabou chegar.”

Ao despedir-se, o homem saira correndo com a sua maleta e adentrara em um vagão da locomotiva.

Freddy observou enquanto um grande fluxo de pessoas, provavelmente vindos de Kanto, deixavam o trem. Outras saiam de Johto e partiam em direção de Kanto.

Enfim, o trem magnético partiu da estação e sumiu de vista pelos trilhos.

Ele já estava acostumado com o caos daquele lugar. Desde que Beth e Dorothy haviam partido da cidade, Freddy dedicava seus dias para treinar com o objetivo de ficar mais forte. Entre um dos locais escolhidos estava a estação de Goldenrod. De vez em quanto se era possível encontrar pessoas, geralmente trabalhadores, dispostos a uma batalha enquanto aguardavam a chegada do trem, como aquele homem que acabara de partir. Os perfis encontrados variavam, e isso era estimulante.

O treino do dia tinha acabado.

Freddy pegou sua bicicleta estacionada perto dos assentos de espera, e pedalou para fora da estação.

Enquanto pedalava pela ciclovia em direção do centro pokémon, era possível ouvir as buzinas dos carros que se encontravam em um longo engarrafamento que se estendia por quilômetros de distância.

Sentiu a brisa quente do meio-dia acertar seu rosto.

Acabou passando próximo ao cinema da cidade.

Em cartaz estava o filme “Anry Kevin, e o Tesouro Perdido.”

No cartaz estava o protagonista do filme, Anry, um menino que sonhava um dia se tornar um mestre pokémon. Em seus ombros, um Pikachu. Freddy conhecia os personagens pois, quando era criança, não perdia um episódio que passava na TV. 

Perto da entrada do cinema havia um velhinho, pedinte. 

Freddy conhecia ele. Pedalou pela calçada e logo chegou aonde o homem estava. 

O velho se apoiava em um bastão. Vestia um manto velho com vários rasgados e óculos escuros. Segurava uma bandeja com várias moedas e algumas notas. Ao seu lado, um Kadabra. 

"Bom dia senhor Yvan."

"Essa voz… Freddy, faz tempo que não lhe vejo meu filho."

"Estava fora da cidade pois estou em jornada para me tornar um treinador pokémon."

"Ho ho ho que bom pra você. Sei que irá se tornar um treinador que irá colocar inveja até naquele metido do Lance. E… Qual era o nome daquele novo campeão mesmo?" 

"Acho que você está se referindo ao Gold."

"Ho ho estou senil demais para acompanhar o que essas gerações mais novas estão aprontando."

Yvan era um velho morador de rua que vivia pedindo dinheiro na rua para se sustentar, já bastante conhecido na cidade. Ele era cego e, para se locomover pela cidade com segurança, era guiado pelo seu pokémon. 

Freddy enfiou a mão no bolso. Havia algumas moedas guardadas. Pegou todas e despejou na bandeja de Yvan. O barulho das moedas batendo contra o metal foi ouvido. 

"Obrigado meu filho… Tenha um bom dia. Não seja ingrato Kadabra, agradeça ao menino."

O Kadabra bateu as duas colheres que carregava na mão em agradecimento. 

Ao deixar o local, Freddy voltou a pedalar rumo ao centro pokémon. 

⏰⏰⏰

Quando adentrou o centro, encaminhou-se em direção da enfermeira Joy que se encontrava no balcão de atendimento. 

Ao avistá-lo, ela falou: "Bom dia Freddy!"

Ele entregou as pokébolas de Tododile e Ledyba, que naquele momento estavam exaustos de tanto batalhar. Procurou um sofá e sentou-se, esperando seus pokémons serem restaurados pela mulher. 

Vozes cochichavam não longe dali. 

"Meu amigo me disse que viu ele chorando no ginásio após perder pro Falkner."

"Eu também fiquei sabendo que ele foi humilhado pela Kris."

"Mas não dá se se esperar muita coisa de alguém que não ironicamente tem um Ledyba como companheiro de batalha né?" 

"Além da cara de retardado, que fracassado. Aposto que até agora ele não conseguiu evoluir nenhum pokémon."

Freddy ouviu a conversa. 

Havia um menino e uma menina, treinadores pokémon, apontando em sua direção enquanto faziam aqueles comentários maldosos. E o pior de tudo: nem se importavam com a possibilidade de ele estar ouvindo tudo.

Como ele não queria - nem tinha forças para enfrentar cara a cara aquelas pessoas que faziam bullying com ele (e não eram poucas), ele apenas fingiu que não estava ouvindo. 

Às vezes fingir demência é necessário, pensou ele. 

Até pouco tempo atrás estava confiante com as batalhas que havia vencido, mas agora estava se sentindo um lixo. Se pudesse desaparecer da existência naquele momento ele não pensaria duas vezes. 

Quando a enfermeira Joy terminou de cuidar de seus pokémons, ele guardou suas pokébolas no bolso e saiu correndo, evitando o olhar daqueles dois. 

Pegou sua bicicleta estacionada e pedalou com todas as forças. Quando estava longe de todos, as lágrimas descerem do seu rosto como uma torneira. Parou perto das DOCAS e começou a chorar, sentando no chão enquanto segurava suas pernas para esconder o rosto. 

Não

Limpou as lágrimas do rosto. Lembrou daquele dia, em sua batalha contra Harold. Havia prometido que não deixaria mais se abalar pelas opiniões dos outros. Ficaria forte o suficiente para esfregar na cara daquelas pessoas de que ele era um treinador melhor que eles. 

Não sou um bebê chorão! 

Chamou Totodile para fora de sua pokébola. 

"Tododile… Preciso ficar mais forte para a batalha que se aproxima… Para isso preciso que você tente dominar um certo golpe… Ele se chama Aqua Jato."

"Toto…"

Seu golpe mais poderoso no momento era o Fúria, porém era arriscado de utilizar já que necessitava que seu pokémon tomasse dano para acumular poder. 

Voltou para sua bicicleta e começou a pedalar, seu olhar de pura determinação. Definitivamente iria conseguir fazer com que o seu Totodile aprendesse aquela poderosa técnica. 

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Glossário de Golpes 

Fúria: Tipo Normal. O usuário acumula o dano sofrido, aumentando a sua própria força. 

Golpe Cruzado: Tipo Lutador. O usuário desfere um golpe com seus braços em formato de "X". Tem alta taxa de acerto crítico. 

Jato de Água: Tipo Água. O usuário dispara um jato de água em direção do oponente. 

Mordida: Tipo Noturno. O usuário morde o oponente com as suas presas. Pode fazer o oponente vacilar. 

Soco Dinâmico: Tipo Lutador. Ataca com um poderoso soco. Pode causar confusão. 

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