50. Devorador de sonhos, Parte II

O Gengar sorria mostrando os dentes. Um sorriso bizarro e zombador, como se estivesse constantemente achando graça de alguma coisa.

Enquanto estavam próximos um do outro, Beth finalmente percebera qual tinha sido a inspiração para a fantasia que cobria o corpo do jovem líder de ginásio.

“Kek kek, Gengar, use Bola Sombria!”

O fantasma emitiu uma esfera escura com suas duas mãos e arremessou em direção de Butterfree

“Butterfree, desvie!”

A borboleta voou rapidamente para o alto, desviando da Bola Sombria por pouco.

Era sua vez de atacar.

“Butterfree use o...”

Mal havia terminado de falar e o Butterfree, subitamente, começou a se debater como se tivesse sentindo uma dor extrema.

“Butterfree!”

Tinha algo de errado acontecendo. E ela apostava que tinha a ver com o súbito auto nocaute do Haunter.

Maldição.

Franziu as sobrancelhas, finalmente percebendo a estratégia daquele movimento.

“Kek kek. Finalmente percebeu.”

“O Haunter lançou uma maldição no meu Butterfree... Fazendo com que ele tomasse dano contínuo, estou certa?”

“Kek kek. Acertou.”

“Nesse caso, preciso contra atacar antes que o meu Butterfree seja nocautado”, afirmou Beth, traçando uma estratégia para combater aquele estilo de batalha.

“Como se eu fosse deixar! Gengar, envolva o campo com a sua Névoa!”

Uma espessa neblina escura foi emitada da boca do Gengar, cercando o campo e diminuindo o alcance da sua visão. A névoa que envolvia o interior se expandia por toda a parte. Beth enxergava apenas algumas silhuetas que identificavam a posição dos pokémons.

Tic Tac, se não fizer algo a respeito logo logo seu Butterfree não resistirá mais... O que você fará?”

O Gengar tinha desaparecido no meio do breu, misturando-se com as sombras.

Beth estava pensando. Nenhuma alternativa surgia em sua mente.

O Butterfree soltou um gemido, sendo atingido novamente pelo efeito de Maldição. Para piorar a situação o Butterfree ainda estava paralisado pelo pó atordoante.

Se não fizesse algo logo iria perder seu pokémon sem nem ter causado nenhum dano no oponente. E aquilo era péssimo.

Gaspar bocejou: “Chato! Irei acabar com o sofrimento do seu Butterfree de uma vez por todas. Gengar, Bola Sombria!”

De onde?

Beth olhou para todos os lados, desorientada, tentando identificar de onde viria o ataque.

A bola de energia surgiu da lateral do ginásio e acertou o Butterfree, o nocauteando. “Freeee”, soltou o pokémon antes de desmaiar.

“Droga. Butterfree, retorne.” Ela chamou o pokémon inconsciente de volta para a pokébola.

Tinha que pensar bem no seu próximo pokémon.

Parte dela preferiria ser mais coerente e enviar o seu pokémon mais experiente para batalha. Aquele Gengar parecia ser forte e implacável. Porém, sua intuição dizia que enviar o Houndour – o qual acabara de ser capturado e mal tivera tempo para treinar direito – era a opção correta para aquele momento.

Racionalidade versus intuição.

Ela suspirou tentando liberar a pressão.

Dane-se, vou confiar na minha intuição.

A sua intuição já tinha a salvado de outras situações de desespero anteriormente. 

“Então, não vai escolher o seu próximo pokémon? Ou será que já desistiu!?”

“Até parece que eu desistiria depois de ter chegado tão longe!” Pegou a pokébola e chamou o pokémon para fora da pokébola. “Hora de surpreender, Houndour!”

O pokémon canino de tipo noturno e fogo apareceu no campo de batalha.

O Houndour é do tipo noturno, isso significa que estou em vantagem de tipos...

Porém a inexperiência em batalhas ainda era algo preocupante

“Kek kek, um pokémon noturno.” Gaspar ordenou: “Gengar, desapareça junto da Névoa. O pesadelo está prestes a começar.”

O fantasma dissolveu-se na escuridão proporcionada pela névoa e sumiu de vista

Se quisesse ter uma chance de acertar seu oponente tinha que achar uma forma de se livrar daquela escuridão.

“Gengar, Hipnose!”

De dentro da névoa surgiram dois olhos brilhantes. O Houndour fitou o pokémon e pegou no sono ainda em pé.

“Agora, Devorador de Sonhos!”

O Gengar sugou a energia do Houndour sonâmbulo.

“Agora entendi seu combo. Você colocou meu pokémon pra dormir e, logo depois, utilizou de outro movimento pra causar dano...”

“Kek kek, não só isso. Além de causar dano, Devorador de Sonhos também suga parte da vitalidade do pokémon oponente para si.” Ele esticou os braços em excitação. “Isso significa que meu Gengar permanecerá com a sua saúde intacta enquanto continuar utilizando o Devorador de Sonhos. Já o seu pokémon irá se desgastar cada vez que eu executar o meu combo do terror. E não é só isso, enquanto o efeito da Névoa estiver ativo você não conseguirá atingir meu pokémon.

Beth fechou os punhos, irritada.

“A situação não está nem um pouco boa para o seu lado. O que fará? Kek kek.”

Aquele risinho estava dando nos nervos

Tinha que pensar em algo antes que fosse tarde demais.

Olhou ao seu redor, tentando perceber algo que poderia usar como vantagem contra aquela estratégia.

“Gengar, Hipnose!”

Novamente, olhos brilhantes surgiram de dentro da névoa.

“Houndour, não abra os olhos.”

“Hound Hound.” O pokémon fechou os olhos, tentando não cair na Hipnose.

“Gengar, Bola Sombria.”

O Houndour não caiu no efeito do Hipnose, porém, foi acertado pelo Bola Sombria enquanto ainda estava de olhos fechados. Foi derrubado no chão com o impacto.

Não tá funcionando, pensou chegando a conclusão que mesmo que o pokémon fechasse seus olhos, ainda assim estaria em desvantagem.

O Houndour levantou do chão, recuperando-se do ataque.

“Houndour, foque em sua audição e permaneça de olhos fechados.  A qualquer sinal ataque o mais rápido possível.”

O cão fechou os olhos e aguçou seus sentidos.

Ouvia todos os sons, a chama queimando, o coração de sua recém treinadora batendo forte em seu peito, os ventos noturnos que sopravam fora do ginásio.

“Gengar, Bola Sombria!

O Gengar preparou-se para emitir mais uma bola de energia fantasma.

Houndour conseguiu identificar a sua localização e pulou em cima do fantasma, acertando-o com as suas Presas de Fogo. Seus dentes envoltos em fogo atingiram o fantasma em cheio.

“Gengaaaaaar”, soltou ele após ser atingido.

“Finalmente acertou algo. Eu ficaria ofendido se eu vencesse essa batalha sem sofrer nenhum dano kek kek.”

Beth recobrou a confiança. Cruzou os braços com confiança. “Isso é o que veremos.”

Ela olhou para o teto do ginásio e um plano começou a ser traçado em sua mente.

O teto tinha uma superfície de madeira.

Vou me livrar dessa névoa irritante de uma vez por todas.

“Houndour, salte em direção do teto com ajuda das suas presas e finque suas garras lá!”

O Houndour ficou confuso com a orientação. 

Beth o tranquilizou: "Fica tranquilo, eu tenho um plano."

Ele deu um longo salto e alcançou o teto, fincando suas garras afiadas dentro da madeira.

Gaspar olhou confuso para o teto onde o pokémon se agarrava. Em seguida, disse: “O que planeja com isso... Não vou deixar você fazer seja lá o que esteja pensando! Gengar, Bola Sombria.”

O fantasma mirou a esfera em direção do teto e lançou.

Beth sorriu.

“Agora, desça e use o Vortex de Fogo em forma de espiral!”

O Houndour soltou suas garras do teto e começou a cair. O Bola Sombria acabou acertando o telhado do ginásio, fazendo com que pedaços caíssem do alto.

O Houndour lançou as chamas em espiral enquanto descia no chão. As chamas o impulsionavam no ar, o impedindo de cair bruscamente no chão.

Na arena de batalha, um pequeno tornado de fogo começou a ser formado. A névoa escura era sugada pelas chamas, as quais aumentavam de tamanho e velocidade.

Logo o campo de batalha voltou a ficar completamente visível. O Gengar tentava recuar, temendo o calor das chamas que se acumulavam.

“Agora, acabe com isso de uma vez por todas Houndour!”

Gaspar recuou: “N-não pode ser!”

O tornado de fogo partiu em direção do Gengar. O fantasma não conseguiu escapar e foi sugado pela força do vortex do tornado.

“Gengaaaaar”, gritou ele enquanto era atingido sucessivamente pelas chamas do tornado, rodopiando no ar.

Quando o tornado se dissipou, Beth percebeu que o Gengar havia sido nocauteado.

Houndour pousou no chão e deu uma cambalhota no ar em comemoração.

Beth deu um pulo em comemoração: “Eu venci! Chupa essa, Gaspar!”, provocou ela.

O menino, que até então estava seguro de si, agora estava recuado e refletivo.

“De fato...” Gaspar deu de ombros. “Retorne, Gengar.” Chamou o pokémon de volta para pokébola.

Ele caminhou em direção dela e entregou-a uma insígnia. “Como você venceu o líder de ginásio da cidade em uma batalha, tem direito de obter a insígnia da névoa como forma de reconhecimento pela sua força e habilidade em batalhas pokémon. Kek kek.”

Beth segurou o metal gelado em sua mão.

Era azul e tinha o formato de um fantasma. Guardou em sua mochila. 

“E o sino dos espíritos!?”, questionou.

"Peço que me siga até a próxima câmara. Você e seu Houndour, por favor.”

O Houndour que estava descansando da batalha no chão, correu e pulou no colo da treinadora.

“Hound Hound.”

Beth afagou seu pelo negro, orgulhosa.

“Você até que foi bem para uma primeira batalha.”

Os dois seguiram Gaspar em direção de uma sala que adentrava de um corredor guardado pelas estátuas dos pokémons lendários Ho-oh e Lugia.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top