44. Leite de Miltank


Os dois desceram do táxi voador logo após o veículo descer na superfície.

O chão do lugar era de terra marrom. Longos pastos cobertos por grama se expandiam por toda a parte. A propriedade era cercada por cercas de madeira. Uma grande placa escrita "Fazenda Moomoo" com o slogan "aproveite do nosso leite fresco e delicioso" podia ser avistada logo na entrada do lugar.

Ao longe do caminho de terra havia uma casa.
Miltanks pastavam por toda a parte, se alimentando do mato e descansado sob as enormes sombras emitidas pelas nuvens. O sol escaldante e a brisa soprada pelos ventos tornavam o lugar aconchegante e agradável de se estar.

Os três foram recebidos por uma mulher ruiva o qual vinha caminhando de braços abertos em direção de Jill. Tinha um grande porte e vestia roupas típicas de fazendeiros, um chapéu de palha sob a cabeça e luvas nas mãos.

"Jill, que bom ver ôcê novamente! Como anda a vida pelas bandas das cidades?", falou a mulher com um enorme sorriso no rosto.

"Helena, tudo certo não tenho nada a reclamar da vida. É claro que poderia estar melhor mas me contento com o que tenho", respondeu o homem calvo enquanto era engolido pelos enormes braços da mulher.

Ela de repente passou os olhos para Beth e Souto ao seu lado, com um olhar interrogativo.

"Quem são essas crianças?", perguntou ela.
"É uma longa história dona Helena, mas vamos entrar. Estou com uma fome da desgrama. Espero que tenha aquele bolo de limão com café que tanto gosto."

A mulher riu.

"Óbvio ço, ainda sobrou algo do café da manhã. Vamo minha gente encher o bucho, aposto que estão famintos."

A barriga de Beth roncou, denunciando a fome que dominava Beth. Ela esperava que ninguém tivesse escutado.

Beth olhou para Souto. O treinador deu de ombros.

Assim, os três seguiram a senhora em direção da casa que se encontrava no território do rancho.

⏰⏰⏰

Beth devorava o pedaço de bolo de limão com os olhos enquanto bebia um gole de café com leite quente.

"Hum, então é isso que aconteceu. Tadinha da Jasmine, apesar de ser uma moça jovem é responsável e comprometida com seus deveres. Imagino que a perda do seu querido Amphy a tenha causado um grande impacto emocional", disse Helena enquanto Jill contava toda a história que o levara a viajar com os dois treinadores pokémon rumo à Ecruteak.

"Realmente lamentável, principalmente para uma jovem tão sensível como ela."

A mulher olhou para Beth e Souto. Os dois devoravam o café da manhã distribuido na mesa. Tinha bolo, leite de Miltank, queijo e café em uma garrafa térmica.

"Vejo que vocês crianças estão gostando do nosso café da manhã né".

Ela soltou um risinho.

Beth falou enquanto mastigava um pedaço de queijo: "Hum... tá muito gostoso..."

Souto também se manifestou: "Concordo. Nem lembro a última vez que comi um queijo tão bom quanto esse."

Jill se levantou e foi olhar pela janela as Miltanks caminhando pelo rancho.

"Estou responsável por esse dois até que eles consigam o que Joy tanto deseja. Por isso preciso saber se a entrega dos frascos de leite Moomoo estará pronta o quanto antes."

A mulher coçou a testa.

"Ainda não colhemos leite o suficiente, mas em no máximo de um dia estará tudo pronto para serem levados."

"Espero que aproveitem a estadia na nossa fazenda. Podem conhecer toda a nossa propriedade enquanto esperam", disse para Beth e Souto.

Um dia?

Beth não achava que passariam mais de um dia naquele lugar mas não reclamou afinal faria de tudo para comer do bom e do melhor o maior tempo possível.

Beth terminou de comer. A barriga estufada.
Souto de repente levantou de sua cadeira e falou: "Beth, o que acha de a gente ir explorar um pouco? Além disso acho que estou precisando treinar."

Beth levantou, animada com a ideia.
"Só se for agora!"

"Quem chegar por último é um filho de Slowbro!"

Os dois saíram correndo, apostando corrida para ver quem chegava primeiro no objetivo.

⏰⏰⏰

Beth invocou os pokémons para saírem das pokebolas. "Hora de pegar um pouco de ar pessoal!"

Estavam cercados por grama e Miltanks as quais ocasionalmente soltavam mooos aleatórios. Não muito longe uma floresta de árvores expandia-se.

Jumpluff, Butterfree e Tyrogue apareceram no campo de batalha.

Souto também fez o mesmo: "Hora do treino família!"

Aipom, Munchlax e Dunsparce apareceram no campo.

Beth pegou sua pokédex do bolso da bermuda e apontou em direção do peculiar pokémon com asas que nunca tinha visto a olhos vivos antes na vida.

"Dunsparce, o pokémon serpente terrestre. Seu tipo é normal. Um pokémon extremamente raro. Quando encontrado ele foge, escavando a terra com sua cauda e adentrando o solo. É capaz de voar em alturas baixas usando suas pequenas asas."

Ao ler a descrição da pokédex, Beth falou:" Então você é realmente um especialista em tipos normal."

"Ué, achou que eu tava mentido?"

Beth tinha dificuldades em entender o porquê, de todos os tipos possíveis, alguém se especializaria em normal.

Existe gente pra tudo nesse mundo.

"Não... bom, vamos iniciar a batalha. Qual formato você prefere?"

"Três versus três, vai ser mais divertido desse jeito."

Beth nunca tinha feito uma batalha tripla na vida e aquilo a deixou ainda mais animada.

"Okay, lá vou eu. Jumpluff, Disparo de Sementes no Aipom. Tyrogue, Soco Projétil em direção do Munchlax. Butterfree lance o Pó Atordoante no Dunsparce."

Souto retribuiu: "Aipom, contra ataque com Ataque Estelar. Munchlax, Mega Soco. Dunsparce, Cavar."

Os disparos de sementes de Jumpluff se chocaram com as estrelas de Aipom. O soco de Munchlax e Tyrogue se chocaram em uma disputa de força bruta. Dunsparce adentrou o chão de terra, desviando do pó atordoante de Butterfree.

Ele é forte, pensou Beth percebendo o motivo pelo qual o menino já tinha várias insígnias de ginásio.

"Seus pokémons são fortes... mas não irei vacilar!"

"Veremos", respondeu Souto consumido pela euforia da batalha.

Os minutos voaram como o vento, e logo já passaram duas horas em que os dois treinadores batalhavam. Os pokémons de ambos os lados começavam a dar sinais de exaustão, mas todos se recusavam a serem os primeiros a caírem.

Uma menina, Beth chutou um máximo de 7 anos de idade, havia aparecido sentada sob o cercado de madeira, assistindo a batalha enquanto comia uma maçã. Vestia uma vestido lilás e tinha um cordão com um sino de ouro no pescoço. Seu cabelo estava amarrado em duas tranças que caiam pela sua bochecha. Em seu colo, um Mareep.

"Chega por hoje", disse Beth.

Souto concordou: "Vocês são bastante resistentes, acho que poderíamos ficar aqui o dia inteiro nesse ritmo."

Ao sinal dos treinadores, os pokémons finalmente desabaram no chão, ofegantes e cansados.

Beth pegou alguns frascos de potion e deu na boca de cada de um de seus pokémons para recuperarem a energia. Souto fez o mesmo com os seus.

Beth ia virar em direção de Souto, quando olhou a vegetação próxima da floresta se mover. Sentiu como se estivesse sendo observada.

Um pokémon selvagem, pensou curiosa para saber de qual espécie seria o bisbilhoteiro. Provavelmente estava assistindo a batalha aquele tempo inteiro.

"Uau ço, oceis são bem fortes mesmo hein", ouviu uma voz de criança falar.

A pequena menina que observava a batalha finalmente havia falado. O seu Mareep pareceu concordar com ela: "Mareeeeep", soltou a ovelha elétrica.

"Obrigado", disse Beth.

A menina tocava na lã do pokémon, acariciando.

"Sabe, meu sonho é também ser uma treinadora pokémon, mas como tenho que ajudar minha mãe na fazenda provavelmente nunca poderei partir em uma jornada", disse ela melancólica "Além disso minha mãe não tem dinheiro pra bancar, então eu me conformo em só assistir de longe."

Beth sentiu empatia com a menina ao lembrar que havia passado pela mesma situação que ela quando decidiu fugir de casa para seguir o seu sonho.

"Nunca desista dos seus sonhos, quem sabe um dia você também possa realizá-los."

"MAGNÓLIA, HORA DE FAZER SEU DEVER DE CASA MENINA, SAI DO SERENO", um grito ecoou pela fazenda. De fora da casa a mãe da garota gritava, tentando chamar atenção.

"Tenho que ir, tchauzinho."

Ela desceu de cima da cerca e se preparou para ir para casa. Então, a menina saiu correndo junto com seu Mareep.

Beth deitou no chão do gramado e olhou as nuvens se movimentarem pelo distante céu azul.

Seus pokémons andavam livremente fazendo sabe-se lá o que. Os de Souto também.
Souto deitou e olhou para o céu.

Os dois ficaram tentando atribuir formas de pokémon às nuvens que passeavam no céu.

"Aquela parece um Pidgey."

"Aquela um Geodude."

Os dois continuaram com a brincadeira até o pôr do sol finalmente chegar. O mugido das Miltanks cantavam em um coral. A brisa fresca soprava pequenas fagulhas de mato flutuantes.

⏰⏰⏰

Os passos de seus perseguidores ainda poderiam ser escutados através de sua audição.
Na floresta, o som dos pokémons selvagens se escondendo era a única coisa que o fazia sentir menos solitário.

Enquanto fugia suas enormes garras deixavam marcas no chão. Sabia que o localizaram através daquele rastro, então deveria ser mais cuidadoso.

A lua cheia iluminava um céu sem estrelas.
Logo chegaria na área montanhosa. Nela, finalmente alcançaria seu esconderijo.

Enquanto permanecesse nele estaria são e salvo. Porém, estava extremamente cansado de fugir e se esconder.

Enquanto estivesse sendo perseguido ele não teria paz. Seus irmãos, presos em uma jaula, clamavam por ajuda e ele era o único que poderia os libertar da garra daquele humano lunático.

Aguçou a sua audição e ouviu:
"Tenho certeza que se continuarmos por aqui logo encontraremos ele."

"Espero mesmo, estou cansado de levar esporros do chefe, você sabe o quanto ele pode ser petulante quando está descontente."

" É o que dizem: tal pai tal filho..."

Os dois riram.

Acelerou os passos.

Logo chegou na sua caverna. Entrou pelo buraco escondido pelos pedregulhos.
Estava escuro dentro dela, àquela hora até mesmo os Zubats que a habitavam haviam saído para tormar um pouco de ar.
Não podia fazer nada além de lamentar-se.

Beth Copper.

Se aquele pokémon verde, conhecido como viajante do tempo, estivesse correto, aquela era a sua única esperança.

Seu futuro e dos seus irmãos estavam nas mãos daquela humana, e não tem nada que podia fazer a respeito daquilo.

⏰⏰⏰

Beth acordou suada. Havia tido mais um daqueles sonhos estranhos, tão lividos que às vezes começava a duvidar de sua sanidade.
No colchão ao seu lado, dentro daquele quarto, Souto roncava.

Provavelmente tá tendo um sonho normal, pensou com inveja. Nem lembrava mais quando fora a última vez que não tinha um pesadelo.

Levantou do colchão e caminhou pela casa escurecida. Todos dormiam. Saiu pela porta e observou os campos gramados. Outrora dominado por Miltanks, agora estava vazio.

O vento gélido noturno soprava seus cabelos ruivos. Caminhou pelas redondezas sem destino fixo.

Ficou alguns minutos olhando para o nada, quando subitamente avistou um pokémon sair correndo de dentro da casa. Carregava em seu dentes um grande pedaço de queijo redondo enquanto corria furtivamente.

O que?, sua mente estava processando o que estava vendo.

Curiosa, decidiu seguir o pokémon soturnamente sem ser avistada, imaginando em que local iria parar.

Cruzou campos e pastos, acabou pulando a cerca que cercava a propriedade e fora parar perto de uma floresta.

Beth olhou enquanto o pokémon entrava no meio da selva e desaparecia.

Aquele ponto não sabia mais o que estava fazendo. Só queria saber qual destino o pequeno ladrão alcançaria, mesmo que para isso tivesse que desafiar o senso comum.
Então, entrou dentro da floresta. Estava escuro. Pegou sua DexGear e ligou sua função de lanterna.

Ao seu redor, árvores e arbustos. Imaginou que se não tivesse vestindo pijama, àquela hora, sua perna estaria toda riscada.
Sentiu uma neblina envolver as redondezas. Deu um passo para trás, recuando. Finalmente a realidade iluminava sua mente.

Estava sozinha em uma floresta escura, longe de tudo e de todos.

Colocou as mãos no bolso.

Droga. Notou que não tinha trazido suas pokebolas consigo.

De dentro da escuridão surgiram olhos fantasmagóricos. Então, mãos e línguas. Estava cercada.

Os seus olhos começaram a pesar. Estava com tanto sono que imaginou que poderia dormir ali mesmo em pé.

Não posso dormir!

Seu instinto lhe dizia que se fechasse seus olhos e mergulhasse no sono coisas bastante ruins aconteceriam.

Mordeu sua língua com tanta força que sentiu o gosto do sangue na boca.

"Ai", arfou de dor.

Era doloroso mas ao menos daquela forma conseguiria permanecer acordada.

Quando achou que não aguentaria mais permanecer com os olhos abertos, um súbito rugido surgiu da escuridão, espantando os fantasmas.

Ela só não sabia se aquilo era um sinalbom ou ruim.

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CHOCADO

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