43. Táxi Voador


Beth olhava enquanto aquela figura descia do alto do céu e começava a pousar no local no qual ela estava.

Souto e Joy também estavam ao seu lado.
Quando a imagem começou a ficar mais perto da vista ela conseguiu distinguir do que se tratava.

Um enorme pokémon batia suas asas enquanto voava pelo céu. Montado em cima dele estava um homem, porém, essa não era a coisa mais estranha a ser notada. Nas garras do pokémon voador havia, o que parecia ser, a estrutura de um carro sem rodas.

Beth retirou sua DexGear do bolso de sua bermuda para tentar descobrir informações sobre aquele pokémon.

Apontou o aparelho na direção do céu.

"Skarmory, o pokémon pássaro armadura. Seu tipo é voador e metálico. Suas asas residentes aparentam ser pesadas, porém, são ocas e leves, permitindo que esse pokémon voe livremente pelo céu a uma velocidade de aproximadamente 180 km/h."
 
A

pós verificar a informação escrita, voltou a guardar a DexGear. 

O Pokémon finalmente posou no chão.

Olhando de perto o objeto carregado pelo pokémon ela percebeu que realmente se assemelhava a um táxi.

Um homem desceu das costas do pokémon e foi caminhando em direção deles. Vestia roupas de couro grosso e um óculos de aviador. 

"Joy, quanto tempo! Como andam as coisas no centro pokémon?", o homem cortejou a enfermeira.

"Ah Jill, você sabe, as mesmas coisas de sempre... Treinadores descuidados, pokémons debilitados, envenenados, paralisados, esses jovens nunca mudam", respondeu Joy com um sorriso resplandecente.

"Então, recebi sua chamada e não sei se entendi direito", disse ele enquanto passava os olhos para Beth e Souto. "Você quer que eu leve esses jovens até Nova Ecruteak?"

"Sim."

Ele pareceu refletir por um momento, coçando seus cabelos já ralos da calvice. 

"Bom, acho que eu estava indo para aquela direção mesmo..." 

Beth interrompeu a conversa se sentindo extremamente ultrajada. 

"Espera aí! Quando você disse que tinha um jeito para nós chegarmos em Ecruteak estava se referindo a essa coisa?", indagou Beth enquanto olhava para o Skarmory parado perto do veículo sem rodas. 

"Sim. Essa coisa é chamada de táxi voador, um serviço de transporte muito popular na região Galar mas que aos poucos está se expandindo para as outras regiões. Em Johto, por exemplo, a espécie de pokémon utilizado para o serviço é o Skarmory. " 

Beth indagou: "Mas é seguro?" 

O homem a respondeu: "Posso lhe garantir que é 100% seguro. Já faz um ano que comecei a trabalhar com o serviço de táxi voador e não relatei nenhum problema. Apesar de ainda estar na fase de testes e restringido apenas ao transporte de produtos, estou fazendo essa exceção pois foi um pedido pessoal de Joy, uma apreciada amiga minha."

Joy ficou vermelha. Em seguida, respondeu: "E é de extrema importância! Estou realmente preocupada com a saúde mental de Jasmine. Ela já demonstra sinais de depressão profunda e não posso deixar o estado dela piorar." A expressão de preocupação no rosto de Joy se intensificou. "A líder de ginásio é uma figura importante da cidade e a sua ausência implica em problemas em todos setores, desde o turismo até a o comercial. Sem falar que depois da noticia do retorno da equipe rocket-". Ela ia continuar mas parou ao perceber estar tocando no tópico que ainda era um tabu. 

Ela suspirou após desabafar tudo. 

"Você tem que levar esses dois jovens até a cidade de Ecruteak não só por mim, mas por toda Olivine. Eles são a nossa única esperança." 

Ao ouvir aquilo Beth se sentiu um pouco pressionada. Tudo bem que havia se voluntariado para ir atrás do sino dos espíritos por vontade própria, mas ouvir da boca da mulher que ela era a única esperança da cidade adicionava outra dose de tensão à aventura. 

Eu tenho que fazer isso! 

Havia tido muito trabalho para chegar até aquela cidade e não a deixaria sem ter certeza que conseguiria a sua segunda insígnia de ginásio. 

Ela olhou para Souto, que estava calado enquanto olhava seu Aipom subir em cima do Skarmory repousado tentando chamar atenção da enorme ave metálica. 

"O que você acha Souto, até agora está calado...", perguntou Beth. 

O garoto olhou na direção dos três. 
Ele deu de ombros. "O que vocês decidirem está bom para mim." 

Beth acenou para o homem em concordância. 

"Está decidido!"

O homem, então, se dirigiu em direção do veiculo, abrindo a porte para os dois. 
Beth e Souto entraram e se assentaram no banco dos passageiros. Era macio e confortável. 

Ao fechar a porta, ele subiu em cima do Skarmory parado. O Pokémon voou e agarrou com suas garras na barra de ferro no capo. 

Ele começou a bater suas asas metálicas, alçando o táxi para o céu. 

Beth e Souto viraram em direção da janela de vidro e viram a enfermeira Joy acenar com os braços em despedida. 

"BOA SORTE!", gritou ela. 

E vamos precisar. 

Os dois olhavam enquanto Olivine se tornava minúscula a medida em que eles subiam para o céu, quase alcançado as nuvens. Os prédios e as ruas da cidade se tornavam minúsculos e, logo, a paisagem urbana dava lugar à vista para estradas de terra e grandes áreas florestadas que compunham a rota 39.

Pegou o mapa em sua mochila e o abriu.
 
"Aqui!", apontou ela. 

Souto aproximou sua cabeça para enxergar o que ela apontava. 

"O mapa diz que se seguirmos pelas rotas 29 e 28 chegaremos em Ecruteak."

"Isso eu já sei, afinal eu já passei por lá..." 
Em seguida, olhou para ele. Lembrou das insígnias que ele tinha mostrado. "Ah, é verdade, esqueci que você já tem a insígnia de lá..." A curiosidade a consumiu. "Como é que estão as coisas por lá? Quer dizer, você sabe, depois do cataclisma..." 

Era de conhecimento comum em Johto sobre a grande tragédia que afligiu a região à apenas um anos atrás. Um grande cataclisma causado por atividade sísmica incomum causara terremotos que atingiram as cidades centrais Johto. As principais atingidas foram Goldenrod, Violet e Ecruteak. 

Os terremotos não causaram muitos danos em Goldenrod e Violet, porém, em Ecruteak, a tragédia alcançou escalas alarmantes. Casas e edifícios foram destruidos, soterrando os moradores e os matando. Ambas a torre queimada e a torre do sino, pontos turísticos de Ecruteak e partes integrais da história e cultura da região Johto, uma vez a creditadas como sendo moradia dos lendários pokémon Ho-oh e Lugia, foram derrubadas e reduzidas a escombros. 

Grande parte da população havia sido morta em consequência do cataclisma, inclusive o seu líder de ginásio, Morty. Desde então a cidade ganhara o apelido de "Ecruteak, a cidade a fantasma" pois, segundo alguns boatos que corriam, alguns espíritos de moradores não resgatados ainda rondavam pela grande neblina que envolvera os restos do cemitério a céu aberto formado pela destruição. 
Beth lembrava muito bem o pânico e comoção nacional que se formara. Os jornais e programas de TV não falavam de outra coisa. 

A última reportagem que assistira na TV tinha dito que os sobreviventes da tragédia haviam se juntado para reconstruir uma nova cidade com o nome de Nova Ecruteak, em homenagem a antiga. 

"Está bem, eu quero dizer... Pra uma cidade que foi reduzida à cinzas. Eles ainda estão construindo as novas casas das pessoas. O centro pokémon de lá ainda é improvisado e eles não tem todos os equipamentos necessários para tratar os pokémon. No momento está mais para uma vila do que uma cidade", explicou Souto. "Algumas casas são construídas de madeira e a região ainda está tomada pela floresta. Mas acredito que no futuro eles com certeza conseguirão se erguer novamente."

Uma pergunta surgiu na mente de Beth.
"E quem é o líder de ginásio? Quer dizer, depois de Morty ter morrido com certeza eles devem ter eleito um novo líder." 

"É isso-". Souto ia dizer algo mas começou a rir de repente. "Acho melhor não falar pra não estragar a surpresa." 

Beth franziu a testa. "Que seja." 

Voltou a olhar pelas janelas enquanto observava as árvores e as matas se expandirem ao horizonte. 

Quando ficou entendiada, ela abriu a janela para pegar um vento. 

O vento fresco que entrou fez seu cabelo esvoaçar. O sol ainda brilhava no céu, indicando que ainda estava de manhã. O som das asas do Skarmory se movimentando pelo ar era confortante. 

"QUANTO TEMPO VAI LEVAR PARA NÓS CHEGARMOS EM ECRUTEAK?", berrou ela tentando fazer com que Jill ouvisse do alto do Skarmory.

"Considerando que ainda tenho uma parada, acredito que dois dias", respondeu ele no mesmo tom. 

Só isso?, pensou ela. Se estivesse andando Beth acreditava que na melhor das hipóteses levaria 15 dias para chegar no destino, e na pior das hipóteses uns 30.

Ela repousou na poltrona do táxi e relaxou, enquanto olhava pelo horizonte as nuvens do céu azul de Johto se movimentarem lentamente nas mais diversas formas. 

⏰⏰⏰

Beth observava enquanto o sol começava a se por no céu, gradualmente trocando as cores amarelas pelo escuro, quando ouviu a sua DexGear tocar. 

Pegou o dispositivo do bolso de sua bermuda e atendeu com voz de tédio: "Alô... Quem fala..." 

"Beth! Sou eu, Freddy." 

Ouvir aquela voz fez Beth sair do estado catatonico. 

"Freddy!? Como estão as coisas ai em Goldenrod?" 

"Bem, eu acho. Eu tô treinando todo o dia com meus pokémons e acredito que em breve estarei pronto para enfrentar Kris novamente. Totodile e Ledyba parecem bem confiantes." 

"Que legal", respondeu Beth. "E a Dorothy?" 

"Ela já partiu em direção de Violet em busca da sua segunda insígnia. Coitada, ela ainda acha que vive em Galar. Eu até tentei explicar pra ela que as rotas de Johto são bem precárias em comparação com Galar mas ela nem ouviu. Já até consigo ouvir os gritinhos dela ao descobrir que vai ter que por aqueles pezinhos na lama. "

Ouviu ele rir através da ligação. 
Beth também rir ao imaginar aquela patricinha dando piti ao avistar um pokémon inseto em alguma rota. 

"E você?", perguntou ele. 

Beth explicou toda a situação. 

"Nossa, mas pelo ao menos você vai pra Ecruteak... Ou pelo ao menos o que restou. Lá ainda tem um ginásio se não me engano... Mas não sei nada sobre o líder novo." 

A ligação começou a falhar. 

"Acho que o sinal tá começando a sumir, vou desligar." 

"Tchau Beth. Espero que você consiga o sino dos espíritos." 

"Tchau." 

Beth desligou o aparelho. 

Seus olhos começaram a pesar. 

Um Noctowl passou voando ao lado da janela do táxi voador, girando a sua cabeça e murmurando: "Noooooc Nooooc." 

Beth bocejou. Olhou para Souto ao seu lado o qual ouvia músicas em fones de ouvido de olhos fechados. 

Beth encostou sua cabeça de volta ao banco e olhou para o céu estrelado, esperando seus olhos apagarem. 

⏰⏰⏰

Ela não podia se mover, apenas assistia tudo como uma tragédia inevitável. 

O chão ao seu redor se movia violentamente. Casas eram derrubadas e torres desmoronavam. O som infernal de gritos rompiam por toda a parte. Pessoas corriam desesperadas tentando escapar da cova que as perseguiam. 

Tudo ficou escuro. 

Uma neblina gélida a envolveu. 

Na escuridão, olhos escarlate a encaravam. 
Ela acordou ofegante com o som de um apito estridente. 

Percebeu que durante o sono havia apoiado sua cabeça no peito de Souto, o qual ainda dormia. 

Rapidamente mudou de posição ao sentir a vermelhidão dominar a pele de seu rosto. 
Ela mecheu no braço dele tentando o acordar. 

Ele lentamente abriu os olhos ainda sonolentos. 

"O que foi?" 

"Jill está apitando, deve ser algo importante." 

Os dois abriram a janela do táxi para ouvir o que o condutor tinha para falar. 

"Acordem. Chegamos na minha parada, terei que pegar algumas encomendas e depois partimos. Não sei quanto tempo vai demorar então não posso garantir nada para vocês."

Beth olhou para baixo. Avistou uma grande área de pastagem dominada por Miltanks. 

"Onde estamos examente?" 

Ele, então, respondeu: "A fazenda Moomoo." 

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Rip Morty. Pq todo mundo tá morrendo nessa fanfic? Hashtag #MedoDoFuturo. Que sonho bizarro foi esse da Beth? Essa história está cada vez mais misteriosa... Não esqueçam de comentar as suas teorias ^-^

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