29. Subterrâneo

"Tempo esgotado!", anunciou o Slowking. Ao ouvir o comando do pokémon, cada participante, de suas bancadas, interromperam as suas respectivas ações.

Agora, cada prato estava posicionado em cima das mesas, apenas a espera do início da fase de avaliação.

"Os avaliadores começarão a degustar cada prato a fim de pontuar aqueles que mais sobressaíram entre vocês." O Slowking olhou para os nervosos participantes. "Espero que tenham caprichado, pois os avaliadores estão morrendo de fome. E eu também, confesso. Mal posso esperar para o programa terminar para devorar o resto de todas essas comidas apetitosas preparadas por vocês."

Os participantes riram.

Dorothy pegou o controle e desligou a TV.

"Ei, eu tava assistindo!", reclamou Freddy. Ele estava com uma cara rabugenta. "Por que você desligou?"

Beth assistia tudo do outro lado do sofá, entediada. 

"Aquele programa já estava me dando sono. Sério, reality show de culinário em pleno domingo?", respondeu ela, enquanto jogava o controle para o alto e o aparava com a mão.

O garoto deu de ombros. "Não tem nada melhor pra fazer."

"Essa cidade deve ter algum lugar interessante... to cansada de só ficar trancada nessa mansão 24 horas por dia. Preciso de um pouco de ar fresco."

"A essa hora da noite a maioria dos locais está fechado... espera ai, a não ser..."

A menina o fitou, atenta.
"A não ser o quê? Desembucha."
"Bom... existe um lugar."

Ela levantou do sofá e deu um pulo.

"Então o que a gente está esperando! Vamos lá, seja aonde for."

Freddy parecia estar em dúvida. 
"Bom, eu já fui lá algumas vezes... mas não é um lugar que você pode chamar de, como eu digo... seguro."

Ela deu de ombros. 

"Não me importo. Só quero comer uma boa porção de batata fritas." Ela balançou a alça de sua camisola. "Você também, né, Beth?"

Ela olhou para si, a forçando a participar da conversa.

"Um lanche ou outro não faria mal", respondeu Beth sinceramente. Estava com fome e também cansada de permanecer naquele casarão o tempo inteiro. 
Beth estava nervosa com a batalha a qual enfrentaria. Em apenas um dia, estaria cara a cara com Kris Crystal, a líder de ginásio de Goldenrod. Para desocupar os pensamentos ansiosos os quais dominavam a sua mente ela faria qualquer coisa. 

O menino suspirou, em sinal de que haviam vencido.

"Okay, mas nós vamos ter que ir andando porque o Leoncio já terminou o expediente de trabalho" disse ele, sorrindo. "Não façam barulho para não acordar a Luciene. Vão trocar de roupa."

✳️✳️✳️

Os dois aguardavam no corredor a garota se trocar. 

"Achei que você tinha acabado desmaiando ai dentro...", disse Beth olhando para a garota. Seu rosto estava maquiado com uma camada de base de cor bege e suas sobrancelhas pinceladas por um forte lápis de olho. Os lábios haviam sido pincelados por um batom de intensa cor rosa shock.

E sua roupa não estava atrás. Ela vestia uma mini saia acompanhada por grande moletom cinza. 

Beth revirou os olhos. "Esse tempo todo se maquiando?"

Dorothy fechou a porta do seu quarto. 

"Preciso caprichar no visual para poder virar o centro das atenções. Afinal, se não for pra causar eu nem saio de casa." Ela riu. "Espera ai... não me diga que nunca passou maquiagem na vida?"

Beth deu de ombros. "Perda de tempo."

Ela apenas havia retirado seu pijama e vestido a sua roupa de treinadora, a qual havia sido lavada por uma empregada da família.

Freddy andava de um lado para o outro, nervoso. Ele parou. "Vamos logo." 

As duas o seguiriam.

Os três desceram as escadas da mansão, tomando cuidado para não fazer nenhum barulho e acordar a governanta que dormia.

Ao chegarem no jardim, caminharam em direção do portão de grades, o qual se encontrava fechado.

"Vamos ter que pular", avisou Freddy. 

Dorothy revirou os olhos. "Fala sério. Até parece que eu vou pular esse muro." Ela retirou uma pokébola de sua bolsinha e a acionou. "Saia, Flygon."

Um curioso pokémon se materializou no campo.

A garota subiu nas costas do pokémon o qual, em seguida, começou a voar pelo céu. Em questão de segundos, a garota estava do outro lado das grades, os fitando.

"Como eu não pensei nisso!?", reclamou Freddy, carrancudo. 
Freddy e Beth seguiram o exemplo de Dorothy e fizeram o mesmo. Logo, o Ledyba e o Butterfree foram convocados para fora de suas pokébolas.

Beth agarrou em seu Butterfree. Os dois sairam voando, atravessando os portões e parando ao lado de Dorothy.

Quando ela olhou, viu que Dorothy caia em gargalhadas.

"Qual o motivo dos risos?", perguntou Beth, consternada.
A garota apontou para frente. Beth viu. 

Freddy era carregado por seu pequeno Ledyba. O pokémon tentava a todos os custos carregar o garoto, porém fracassava. Freddy estava vermelho enquanto seus pés eram levantados apenas a alguns palmos do chão.

Beth teve vontade de rir também, porém, ficou com pena.

"Flygon, ajuda ele", ordenou Dorothy após se recuperar da crise de risos.

O pokémon partira voando em direção do garoto.

Beth aproveitou para pegar sua DexGear e consultar as informações sobre ele.

Ela apontou a câmera do aparelho para o pokémon. Em seguida, as informações apareceram na tela.

"Flygon, o pokémon místico.

Conhecido como o espírito do deserto, esse pokémon se esconde em tempestades de areias causadas pelo bater de suas asas."

Dragão e Terrestre. Ela achou aquela combinação de tipo o tanto quanto curiosa. Guardou sua DexGear.

"Isso foi... embaraçoso", disse

Freddy ao pousar no chão.

Os três retornaram seus respectivos pokémons de volta para as pokébolas e partiram pelas ruas noturnas de Goldenrod.

✳️✳️✳️

A escada a qual desceram dara em um túnel subterrâneo. O lugar estava praticamente deserto, a não ser por pequenos grupos de punks que fumavam maços de cigarros enquanto conversavam.

Eles vestiam calças de couro e jaquetas do mesmo material. O cabelo da maioria deles era penteado em formato de moicano de mais variadas cores chamativas. 

As paredes de cimento do túnel eram pichadas por diversas caricaturas. A frente, um largo corredor contornado por várias lojas fechadas era projetado diante de Beth. 

Enquanto caminhavam pelo túnel, os três olhavam para todos os lados, atônitos e temerosos.
"Que lugar é esse?", perguntou Dorothy enquanto se cobria com seu moletom. "Sabe... quando disse que queria sair pra algum lugar eu não pensava exatamente em ir numa boca de fumo."

"Esse é o túnel subterrâneo de Goldenrod", explicou ele. "Aqui existem, ou pelo ao menos costumava existir, vários tipos de lojas, antes do lugar ser interditado por um bom tempo. A maioria dos comércios que existiam aqui mudaram de local com a interdição." 

Beth seguia atrás deles prestando atenção em tudo que era dito. 

"Quando voltaram a liberar o local apenas umas pequenas lojas restaram. Além disso, o túnel virou um ponto de escontro pra vândalos, drogados, bêbados, e todo esse tipo de gente", disse Freddy. 

"E você trouxe a gente aqui pra que exatamente?", indagou Dorothy com uma cara entojada. 
"Eu avisei que não era um local seguro, mesmo assim vocês concordaram em vir." Beth teve de concordar. "Existe uma lanchonete por aqui, eu já frequentei ela uma vez e parecia ser de boas."

"Bom, espero que vala a pena mesmo, pois eu não volto a pisar nesse lugar nem morta."

Os três chegaram no estabelecimento em questão. A sua frente, eram possíveis de se ver pelas vidraças várias mesas ocupadas por clientes provando dos mais variados tipos de lanches. Na sua entrada, havia uma imagem ilustrativa de uma Girafarig usando um chapéu com o slogan: "Girafarig's Lanchonete. Entregamos por delivery."

Eles adentraram o recinto.

Acharam uma mesa desocupada e sentaram-se. 

Freddy olhara para o portfólio com o menu sobre a mesa. Beth fez o mesmo.

Uma garçonete fora os atender.  

"Bem vindos ao Girafarig's, já decidiram o que irão pedir?", perguntou a garçonete, sorridente.

Ela vestia um vestido preto curto e justo, o qual deixava visível o contorno de seus enormes peitos. Em sua cabeça, havia uma tiara em formato de orelhas de Pikachu. 

Beth entendeu na hora o tipo de clientela que costumava visitar aquele lugar. 

"Iremos querer porções de batata fritas, x-burgers e coca-coca para três", pediu ele. "Também gostariamos de sorvete. Chocolate para mim." Ele olhou para as outras duas garotas. "Qual vocês vão querer."

"Chocolate também", respondeu Beth. 

Dorothy estava enrolando uma mecha de cabelo no dedo quando respondeu: "Morango". 

A garçonete anotou tudo em um caderno de notas. 
"Anotadinho. Apenas aguardem, em instantes estarei trazendo o pedido", falou ela.

E partira em direção de outra mesa. 

"Não sabia que você costumava visitar esse tipo de lugar, primo", disse Dorothy, sorrindo maléficamente. 

O garoto ficou vermelho como um tomate. 

"N-n-não é como se e-e-e-eu viesse aqui frequentemente. A-a-apenas encontrei por acaso", ele tentou se justificar. 

Freddy cobrira a sua face com o menu para esconder a vergonha.
Os três começaram a trocar conversas aleatórias. A garçonete voltara com bandejas contendo o pedido feito. 

"Aqui está. Bon appetit", falou ela após depositar as bandejas sobre a mesa. Em seguida, partira para longe. 

Beth começou a devorar as batatas fritas. Ela mergulhava as batatas nos copinhos contendo molho. Ela misturara o ketchup com maionese, depois provou com molho barbecue, e por último molho verde. 

As batatas fritas haviam terminado. 

"Delícia", disse Freddy após provar a última que sobrou. 
Beth pegou o litro de refrigerante e se serviu com um copo cheio de coca. Ao terminar, ela suspirou. 

Em seguida, vieram os x-burgers. 
Beth gemeu de prazer ao moder o seu hamburger e sentir a explosão de sabores formada por carne, queijo derretido, alface, tomates e mussarela, cobertos pelo pão. 

"Vou parar por aqui, senão vou acabe virando um Wailord", disse Dorothy deixando o seu x-burger pela metade na mesa. 

Freddy não perdera tempo e devorara o hamburger dela após terminar o seu. 

A barriga de Beth estava estufada, porém, ela acreditava que ainda havia espaço para o sorvete. 

"Freddy", falou subitamente Beth enquanto levava uma colher de sorvete de chocolate a sua boca. 

"O quê."

"É uma coisa que estava em dúvida mas não tinha coragem de perguntar."

"Diga."

"Aonde estão os seus pais?", perguntou. 

O silêncio dominou a mesa. 

"Bom, eles vivem viajando por ai, seja a trabalho ou passando férias. Quase nunca vejo eles em casa." O garoto comia enquanto falava. "Às vezes acho que eles até esqueceram que tiveram um filho..."

Dorothy, que até então estava calada, se inseriu na conversa. 

"Os meus tios são muito ocupados, você sabe, como empresários de grande notoriedade e influência eles vivem viajando a compromissos." Continuou: "Queria que meus pais fossem assim. Eu não posso dar um passo fora de casa que eles enchem o meu saco. Quase tiveram um infarto quando disse que viajaria sozinha para cá, vocês acreditam."

"É...", respondeu Freddy. A expressão do garoto havia mudado subitamente para pânico. "Vish", soltou ele. 

Beth olhou para trás de sua mesa e vira a razão da reação do garoto. Ela semicerrou os olhos. 
Adentrando as portas da lanchonete, Harold, seu arqui-inimigo, caminhava sorrateiramente pelo salão. Acompanhado dele estavam outros dois garotos com expressões semelhantes. Aquele mesmo semblante de superioridade e arrogante que tanto conhecia. 

Ele enxergou a mesa aonde estavam e sorriu de ponta a ponta. Caminhou em direção a eles. 

"Ora ora ora", disse ele. "Vocês estão sentindo esse cheiro de Magikarp no ar? Me pergunto de onde vem..." Ele fez um gesto de cheirar o ar com seu nariz. 

Beth já estava prevendo a palhaçada. 

Ele olhou ela com os olhos abertos, cinicamente. 

"Oh, não vi você. Quem diria, Beth Copper, a filha do pescador, em carne e ossos amigos. E que visual tenebroso esse seu, diria eu. "

Os outros dois garotos riram. 
Beth vira um resquício de riso também no rosto de Dorothy. 

Ela deve estar amando isso, pensou. 

"Ha ha ha, seu humor está afiado como sempre, Harold Panaca Bronze", respondeu Beth. "Aposto que deve ter pago esses dois ai para rir das suas piadas sem graça. Afinal, nenhuma pessoa em sã consciência aturaria você de graça, apenas seus pais e olhe lá."

Ele virou para Freddy, encolhido em sua cadeira. 

"Você... não me digam que estão em um encontro? Desculpe atrapalhar os pombinhos."

Beth sorriu. 

"Confesso eu estou surpresa de ver você aqui. A última vez que nos encontramos você afirmou que ganharia a insígnia de Goldenrod... a não ser, espera ai!" Beth vira pela expressão feita pelo garoto que havia tocado na ferida. "Não me diga que você não conseguiu derrotar a líder de ginásio!?"

"Tisc, isso é apenas questão de tempo. Amanhã irei desafiar ela novamente, mas dessa vez tenho uma carta na manga."

"Sei", respondeu ironicamente. 

"Se dúvida de mim então eu desafio você para uma batalha! Vamos decidir de uma vez por todas quem é o mais forte treinador de New Bark."

Todos no recinto olhavam para a cena. 

Beth levantou de sua cadeira, preparada para aceitar o desafio. 

"Eu tenho uma ideia melhor", falou subitamente Dorothy enquanto limpava a sua boca com um guardanapo de papel. 
Harold olhou para ela com desdém. "Quem é você para se intrometer em uma conversa que não te diz respeito?"

"Dorothy HighCastle, alguém que você adoraria conhecer." Ela também levantou da mesa.

"Bom... eu estava pensando... para aumentar a diversão, que tal uma batalha em dupla?" 

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