19. O Ataque dos Ariados

Beth olhava os Pokémons presos nas redes. Contando melhor, ela pôde calcular que haviam três Caterpies, dois Weedles e o Pokémon que não havia reconhecido.

"Beth...", disse Freddy. "Você acha que aquele Pokémon é o que chocou do ovo?"
"Não sei... mas todas as dicas apontam que sim", respondeu. "Primeiro precisamos libertar eles de lá."
Ele acenou a cabeça em entendimento.

Beth pegou sua pokébola do bolso e chamou seu Hoppip para fora da pokébola. O Pokémon logo se materializou, planando no ar com suas hélices de folhas.

"Vai, Ledyba." Olhou Freddy chamar o seu Pokémon para fora da pokébola. O inseto também se materializou no campo.
"Hoppip, preciso que você liberte aqueles Pokémons da teia", explicou Beth.

"Ledyba, ajude ela", Freddy a seguiu no comando.
Assim, os dois Pokémons voadores começaram a seguir o caminho para a copa das árvores. A chuva ainda caia, os molhando enquanto voavam em direção do grupo de Pokémons.

"Como eles foram parar lá?", perguntou Freddy enquanto assistiam os Pokémons subirem pelo céu.

Eles resolveram tirar um dia de descanso, pensou em falar ironicamente. "Acho que eles caíram na emboscada de algum Pokémon."

E ela sabia muito bem qual Pokémon provavelmente os tinha prendido. 

Ariados.

O Hoppip e o Ledyba enfim alcançaram a rede.

"Hoppip, liberta eles dai", ordenou Beth.

O Hoppip usou as suas hélices para cortar a teia de aranha. Beth olhava enquanto o pokémon tentava arrancar as linhas com as suas folhas afiadas.

No final, aconteceu o contrário. O Pokémon acabou se prendendo na teia, se juntando aos demais que continuavam se debatendo nela.

Que legal. Agora tinha um problema adicional a resolver por culpa da estupidez de seu Hoppip.
Freddy olhou o seu semblante, em seguida disse: "Não se preocupa. Eu liberto eles." Então, ordenou. "Ledyba, Ataque Estelar."

O Pokémon começou a lançar o golpe em formato de estrelas brilhantes na direção da rede. O golpe desmantelou alguns fios, porém ainda haviam muitos.
"Continue", gritou Freddy.
Beth olhava enquanto o pokémon lançava os golpes consecutivamente, tentando cortar a grande rede que prendia os Pokémons.

Ainda vai demorar, notou ela.
A chuva começava a diminuir.
De repente, um calafrio subiu a sua espinha.

Que sensação é essa?
Ela cobriu seu corpo com os braços tentando espantar a frieira que a acometera subitamente.
O Ledyba continuava a lançar o Ataque Estelar

De repente, o pokémon fora acertado por várias redes de teias que brotaram do nada. Logo ficara coberto por uma grande quantidade de linhas, o impossibilitando de se mover.

"De onde...", começou Freddy, porém, parou ao olhar em volta.
Beth fora a próxima a perceber que estavam cercados.
Por todos os lados, Ariados emergiam enquanto teciam teias que os baixavam verticalmente do alto. 

"Freddy...", falou Beth, cuidadosamente. "Não faça movimentos bruscos."
O menino engoliu o seco e começou a tremer.

Ótimo.
Estavam em uma enrascada. Seus Pokémons estavam imobilizados e estavam cercados por todos os lados.

Beth olhou os Pokémons e contou. Haviam cinco deles.

Ela olhou para cima. A Hoppip e o Ledyba continuavam imobilizados. Só restava o Totodile, no entanto, havia um porém. O Pokémon pertencia ao garoto que tremia, incontrolável. Beth não achava que ele estava em condições mentais para lidar com aquela situação.

"Freddy...", sussurrou ela. "Me passa a sua pokébola com o Totodile. Lentamente, para não assustar eles."

Na verdade, nós devemos estar com mais medo deles do que o contrário, pensou ela.
O menino lentamente enfiou a mão em seu bolso e pegou a pokébola.

"Ótimo, agora passa"
Ele caminhou calmamente e passou a pokébola com suas mãos, tremendo, para a mão de Beth. Porém, no meio do caminho, ele deixou ela cair no chão.

"Aí", soltou ele.
Os Ariados agiram todos de uma vez. Então, os dois estavam imobilizados por várias camadas grossas de teias.

Agora é o fim, pensou.

Não havia nenhuma alternativa plausível para escaparem daquela situação. Só poderiam rezar.
Espero que eles não gostem de carne de humano, pensou. Se eles pegassem apenas os pokémons e os deixassem livres isso já seria bom o suficiente.

O menino começou a gritar.
Ainda tem mais essa.

O grupo de Ariados começou a se agitar. Em seguida, apontaram suas presas para os dois e lançaram várias agulhas venenosas.

Esse é o fim.
Beth olhou para cima. O Hoppip se agitava, tentando se livrar da teia. Porém, o pokémon pequeno não tinha a força necessária para se livrar das amarras.
Beth fora atingida pelas agulhas e berrou de dor. Ela caiu no chão, imobilizada. 

Espelhados pelo seu corpo, cravados, estavam vários espinhos afiados. Sangue começava a jorrar dos locais onde o golpe atingira. 

O sangue estava com uma coloração roxa.

Deve ser veneno.

A treinadora começou a ficar zonza. Sua cabeça girou e, logo, tudo virou uma espiral de imagens embaçadas.

Não esperava morrer dessa forma, pensou. 

"Beth, eu não estou me sentindo muito bem... ", ouviu Freddy falar ao seu lado. Provavelmente, também fora acertado pelo golpe. 
Ela forçou a visão.

O grupo de Ariados, de repente, estava atacando os Pokémons presos na rede.

O que está acontecendo? 
Ela ouviu o som de disparos. Em seguida, o atrito de corpos.
Ela apagou brevemente.
Quando abriu os olhos novamente, viu um Cartepie correndo para longe.

O que está acontecendo?
A escuridão voltou. 
Despertou brevemente. Estava sendo arrastada pelo chão.
Enquanto sua visão turva se acostumava com a claridade, ela olhava o chão de terra e folhagem se mover, enquanto era arrastada pelo chão da floresta.

Será que estou delirando? 

Sua visão escureceu novamente.

✳️✳️✳️

Q

uando acordou estava em um quarto escuro, iluminado apenas por um vela quase gasta. Sua visão se acostumou com o escuro.
Esfregou os olhos, confusa e meio grogue. 

Lentamente, saiu das cobertas e levantou da cama.

Ao lado da cama havia uma pequena mesinha. Sobre ela estava uma xícara com um copo pela metade com um líquido o qual não conseguira identificar.

Onde estou?

Será que havia morrido e aquele lugar era para onde os mortos iam para esperar seu julgamento?

Não quero ir para o inferno.

Olhou por baixo de sua camisa. Os ferimentos tinham cicatrizado e estavam cobertos por ataduras feitas de folhas. 

Lentamente, caminhou pelo quarto e vira seu chapéu jogado em um canto.

A casa era feita de madeira velha. Nas paredes, existiam vários buracos, cujos a vista dava direto em uma área florestada.

Ainda estou viva, tranquilizou-se ao olhar que ainda estava na floresta aonde havia apagado.
Ela abriu a porta de madeira do quarto.

Adentrou um cômodo que parecia ser uma mistura de sala de estar com cozinha.

No centro, existia uma mesa de madeira gasta, com cadeiras do mesmo material. Sentados ao redor da mesa, estava uma velhinha com aspecto de bruxa e o garoto.

"Beth, finalmente acordou!", falou ele com a boca cheia.
"Que lugar... é esse?", indagou, confusa.
Foi a velhinha que falou: "Sente-se aqui minha filha, ainda está fraca e confusa pelo envenenamento. Venha, coma alguns biscoitos e beba um pouco de leite."

Beth olhou desconfiada para Freddy.
"Pode confiar nela. Afinal, ela salvou a gente", disse ele após modiscar mais um pedaço de biscoito.

Beth foi até a direção da mesa e o fez.

Ao se sentar na cadeira, a velhinha passou para ela um prato com biscoitos marrons e um copo de leite.
Beth bebeu o leite. Em seguida, comeu um pedaço de biscoito.

Gengibre.

"Então... alguém pode me explicar o que diabos aconteceu?", falou ela.

A velhinha a olhou. Beth percebeu que seus cabelos eram grisalhos e ela vestia um tipo de robe feita de um pano marrom desgastado.
"Estava eu, tranquila em minha humilde casa, quando de repente, meu Girafarig começa a se agitar, como para me avisar que alguém muito perto estava em perigo", explicou ela. "Então, pego meu cajado e começo a desbravar a floresta inundada sobre a chuva. Não fazia a menor ideia sobre o que se tratava mas, você sabe, meu Girafarig tem poderes místicos de premonição. Agora imagine, eu chego em uma cena em que um bando de Ariados maldosos estão atacando pobres crianças e usando Pokémons inocentes para seus atos nefastos. Não tive nenhuma escolha, a não ser reagir. "

Beth bebeu um pouco do leite quente.

"Ainda bem que cheguei antes do pior acontecer. Vocês dois aí correram grande risco de vida, principalmente você, garota. Seus ferimentos foram tão graves, quase temi que minhas habilidades medicinais não fossem o suficiente para a salvar. "

Beth olhou para a mesa.
Aquela era a terceira vez que se metia em uma situação arriscada. Mas ela não tinha culpa, afinal, o universo parecia sempre conspirar contra o seu favor.

Ser uma protagonista é uma tarefa árdua, pensou ela.

"Por sorte, pus todos aqueles Ariados para correrem. Mas claro que não teria conseguido sozinha. Aquele pequeno Pokémon verde colaborou muito para que tudo desse certo." 

Que Pokémon?

Não perguntou.

"Aonde estão os nossos Pokémons?", perguntou.
"Estão lá fora, brincando. "
Beth se lembrou de algo.

"Aquele pokémon que eu não reconheci... por acaso..."

Freddy disse, a interrompendo: "Acho que é o mesmo do ovo. Tenho uma teoria de qual Pokémon possa ser, mas para confirmar preciso da minha pokédex."

Beth levantou da mesa, determinada.
"Preciso vê-lo."

Ela saiu pela porta do casebre.
A floresta estava molhada, no entanto havia parado de chover. O céu ainda estava nublado e cinzento, porém o sol ainda podia ser avistado timidamente, escondido pelas nuvens.

O Tododile de Freddy brincava de disparar água no Ledyba, que voava pelo céu tentando escapar do jato de água.

O Girafarig, o qual a velha havia falado, estava comendo mato do chão. 

Um Skiploom veio voando em sua direção.

"Plom Plom", grunhiu o pokémon, animado.

Seu corpo era verde e sua cabeça tinha o formato de uma flor amarela, a qual usava para planar.

Beth ficou confusa.
A mulher saiu pela porta e parou ao seu lado, enquanto segurava seu cajado.

"Essa pequena aí me ajudou muito. Se não fosse por seu Disparo de Sementes não conseguiríamos libertar os outros pokémons da rede."

Entendo, pensou Beth. Seu Hoppip deveria ter evoluido enquanto ela estava sendo atacada. Beth se lembrou de ter lido em um lugar que alguns pokémons evoluem em situações como essa.

Ela olhou ao redor.

Viu o pokémon que estava preso nas teias. Ele estava praticando alguns golpes com o punho em um tronco de árvore. Sua aparência era de um humanoide e quase lembrava uma criança de cinco anos. 

Vendo seus movimentos, Beth lembrara dos filmes de lutas marciais que seu pai costumava assistir. 

Deve ser um tipo lutador. 
"Esse pequeno aí não para nunca, he he", disse a velha. "Desde que chegou aqui ele não para de praticar golpes de luta. E pensar que, se não fosse por meu Girafarig o colocar para dormir, ele teria corrido atrás dos Ariados para arrumar encrenca."

O Pokémon continuava dando murros no tronco de árvore.
"Terminei de comer. Minha barriga está cheia", ouviu Freddy falar pela janela. "Temos que ir, vai que um bandido rouba as nossas coisas..."

Ele estava certo.

✳️✳️✳️

A

pós Beth pegar seu chapéu no quarto e terminar de comer seus biscoitos com leite, ela chamou seus pokémons de volta para pokébola.

"Você pequenino, vem comigo", disse Beth para o pequeno Pokémon. Ele a olhou com olhos inocentes.

Beth pegou a última pokébola que roubara de Elm e tocou calmamente no pokémon.
A bola se agitou e piscou por alguns segundos. Em seguida, ela ficou estatística, informando que a captura fora um sucesso.

Mais um para equipe.

Freddy veio correndo de dentro da casa e parara na sua frente. "Tudo certo."

A mulher chamou o seu Girafarig, que comia algumas folhas de um arbusto qualquer.

"Minha querida, guie esses pobres treinadores até o caminho pelo qual eles almejam chegar. Essas crianças já passaram por coisas demais para um dia só. Não queremos que mais nada os acometa, certo?"

O Girafarig acenou com suas duas cabeças em concordância.
Ao chegarem à orla da floresta, os dois acenaram para a velhinha, a qual os olhava deixar o lugar da porta de sua casa.

"Sejam cuidadosos e que a luz os guie pelo caminho ao qual terão que caminhar", despediu-se ela. "São muitos os perigos e desafios que ainda existarão pela frente. Até lá, tomem muito cuidado." 
Beth teve a impressão que ela olhou diretamente para si quando disse aquilo.

Seus pelos do braço eriçaram.
Não gostava daquilo. Era como se a mulher soubesse mais de sua vida do que ela própria.
Beth deu as costas e deixou a perturbação de lado.

✳️✳️✳️

O

acampamento estava da mesma forma que o deixaram.

Ainda bem que ninguém roubou nada.

Beth agradeceu pelo Girafarig ter os guiado pelo caminho.
"Obrigado por nos ajudar. Sempre terei uma dívida com você por ter me ajudado", disse ela para o pokémon Psíquico.
"Girafarigggg", respondeu o pokémon, em resposta.

"Tchau amigona", Freddy deu um beijo no pelo do Pokémon. "Obrigado por salvar a minha vida. Se não fosse por você eu nem estaria aqui, eu acho. Então valeu."

Depois da despedida, o pokémon começou a rumar pela floresta novamente.

Beth entrou na tenda e começou a pegar suas coisas.

Deveriam retomar a caminhada o quanto antes, afinal, ainda estavam muito longe de seu destino. E, além disso, naquele dia percebeu que caminhar pelas rotas poderia ser mais perigoso do que pensava.

"Beth, vem aqui", Freddy a chamou do lado de fora.
Beth saiu da barraca com a sua mochila.

"O quê?", perguntou com os braços crusados.

"Chama o pokémon para fora, vamos ver de qual espécie ele é."
Beth de repente ficou animada. A fala da velhinha a tinha perturbado tanto que até esquecera da sua curiosidade para descobrir qual era aquele pokémon.

"Saia", chamou ele para fora da pokébola.

Ele se materializou.

"Ty Ty."

Freddy apontou sua pokédex para o pokémon. Em seguida, começou a ler o texto da enciclopédia.
"Tyrogue, o Pokémon briguento. Para aprimorar as suas habilidades de luta, ele vai desafiar qualquer um que aparecer pela sua frente com seu forte espírito competitivo", leu ele. "Um pokémon do tipo lutador!". Ele guardou a pokédex.

Após organizarem todas as coisas, os dois voltaram a tomar o caminho pela rota 36. Depois daquele dia surreal, Beth se sentiu aliviada por finalmente voltar a caminhar em direção do seu objetivo. 

Afinal, ainda restavam oito insígnias  de ginásio a serem coletadas. Apenas obtendo todas finalmente conseguiria realizar seu sonho. 

Participar da Liga Pokémon. 

~~~~~~~~~~~~~~~

Muita coisa aconteceu nesse capítulo mds. O Hoppip evoluiu para Skiploom, a Beth quase morreu (de novo), Beth quebrando a quarta parede e o pokémon que chocou do ovo finalmente foi revelado. E ai, o que acham do Tyrogue? (Cadê o meu Eevee bipede T-T) Eu mal posso esperar para ver como a nossa vilã-heroina vai treinar ele. Nos vemos no próximo capítulo. 

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top