17. Pesadelo

Quantos dias deveriam ter passado desde que partira de Violet?

Não faço a menor ideia, pensou ela. A verdade é que parara de contar depois do terceiro dia.
A rota 36 parecia não ter fim. Não importava quantos passos davam, a paisagem sempre era a mesma.
As mesmas árvores, os mesmos campos gramados, a mesma estrada de terra. Não aparecia nada de novo, não importava quanto progresso faziam.

Beth até começava a achar que estavam andando em círculos.
"Logo vai anoitecer", disse Freddy ao seu lado. Ele guiava sua bicicleta com a mão pois estava exausto de pedalar.

Beth olhou para o céu. O azul celestial já começava a dar sinais da passagem do dia para a noite.
"Vamos parar e armar a tenda", disse Beth, por fim, dando o sinal de parada daquele dia.

Os dois pararam no meio do caminho e foram procurar uma área à beira da estrada para acampar.
"Você arma a tenda enquanto eu faço a fogueira", disse Beth.
Após jogar sua mochila no chão, começou a flexionar suas costas, que estavam doloridas por passar muito tempo carregando peso.
Elas estralaram.
"Aí", soltou Beth.
"Que foi?", indagou Freddy olhando para ela. Reparou que ele começava a armar a tenda portátil que havia retirado de sua mochila.

"Nada. Apenas me aquecendo."
Após o aquecimento, Beth começou a desbravar a floresta ao redor, em busca de gravetos para produzir a fogueira.
As matas ao redor da rota eram compostas por longos e espaçados pinheiros, das mais variadas espécies. O clima era mais temperado e frio, se comparado ao clima ameno e caloroso de Violet.
Beth começou a procurar gravetos e pedaços de galhos caídos pelo chão.

Enquanto procurava, não podia deixar de pensar no seu próximo desafio de ginásio.
Como será?
Perguntava se conseguiria enfrentar a líder de ginásio de Goldenrod e conseguir a sua primeira insígnia ou falharia, como acontecera com Falkner.
Sequer sei o nome dela.

Lembrou-se que deveria perguntar para Freddy mais informações sobre a líder.
Sabia que ela era uma atriz famosa, ou algo assim. Porém, nunca foi ligada nessas coisas para saber sobre esse mundo do entretenimento.
Meu pai saberia, pensou ela. Seu pai era aficionado por TV, com certeza teria alguma informação sobre ela.

Quando fora pegar o próximo graveto, Beth levou um susto.
Havia um pequeno Spinarak entre a folhagem do chão.
Rapidamente, recolheu a mão para não ser picada.

Essa foi por pouco.

Olhou para o céu.

Sobre as copas dos pinheiros, a lua enfim trocara de lugar com o sol. Havia passado tanto tempo mergulhada em seus próprios pensamentos que não vira o tempo passar.

Um Noctowl passou voando e guinchou pelo céu.

Preciso voltar.

✳️✳️✳️

B

eth colocou as carnes no pedaço de pau. Em seguida, colocou o espeto sobre a fogueira, esperando assar.

Olhou para Freddy, acocado no chão.

O garoto comia de seu espeto de carne assado com pressa. Ela o entendia bem. Afinal, passar grande parte do dia caminhando e comendo apenas duas vezes por dia impactava qualquer um.
Essa era uma das coisas que ninguém comentava sobre ser um treinador Pokémon. Eles passavam grande parte do dia com a barriga roncando e com a fome de um Snorlax, quando não estavam exaustos e zonzos demais para se importar.

Sua carne havia pegado o ponto.
Ela mordeu.

A carne estava mole ao tocar o dente e apetitosa.

Do jeito que eu gosto.

Não sabia como seria sua vida depois que a carne de Tauros em conserva acabasse.

Espero que dê até chegarmos em Goldenrod.

Pensar naquilo tinha a lembrado de uma coisa.

"Ei, Freddy..", falou Beth fitando o garoto. Ele lambia o seu espeto, agora vazio. "Você conhece a líder de ginásio de Goldenrod? "

Ele lambeu mais uma vez o pedaço de pau de uma maneira nojenta.

"A antiga ou a nova?", perguntou ele.

"Não a Whitney, a que ficou no lugar dela."

Beth sabia que Whitney havia deixado o comando do ginásio de Goldenrod para se tornar membra da elite dos quatro. Porém, ainda não sabia nada sobre a sua substituta.

"O nome dela é Kris Crystal", disse ele. "Ela é bem jovem. A maioria das pessoas de Johto a conhecem por seus filmes estrelados. Você sabe, ela é uma atriz bem famosa."

"Nunca ouvi falar."

Ele levantou as sobrancelhas.
"Ela vive aparecendo nos programas de TV, dando entrevistas e essas coisas que os famosos normalmente fazem." Ele, enfim, largou o espeto.

"Existem boatos de que ela e o Gold são amigos, e alguns dizem que até possuem um relacionamento, mas não sei confirmar se sim ou não."
Beth comeu outro pedaço de carne.

"Qual o tipo em que ela é especialista? "

"Nenhum, na verdade. Mas ela usa um Clefabe e Meganium durante as batalhas de ginásio."
Aí está algo que não se vê todo dia.
Freddy continuou a falar: "As batalhas em Goldenrod tem a fama de serem verdadeiros espetáculos. O público que vai assistir as batalhas é muito grande, os desafios de ginásio sempre são lotados de gente nas arquibancadas." 

Isso a intimidava, um pouco. Ainda se lembrava de sua batalha contra Falkner e dos treinadores que a zoaram durante a derrota.
Imagina com centenas de pessoas, pensou temerosa.
Ela mordiscou mais uma vez a refeição.

✳️✳️✳️

D

entro da barraca de acampamento, o clima estava morno, ao contrário do frio mórbido que fazia do lado de fora.

Beth conseguia ouvir o som que os Pokémons selvagens faziam através da noite. Imaginava vários Rattatas passeando pelas matas, curiosos, mas ao mesmo tempo com medo, em adentrar o local e começar a fuçar pelo espaço.

Beth abriu sua mochila e retirou de lá seu ovo.

O abraçou e colocou por debaixo das cobertas.

"Beth", ouviu Freddy falar do outro lado da barraca. "Qual tipo pokémon vai nascer desse ovo?"
Naquele ponto ele já deveria estar acostumado ao fato de ela dormir com a esfera quase toda a noite, e finalmente tomou coragem para perguntar sobre, supôs Beth.
Ela virou e o olhou.

"Não sei... o dono não informou de qual tipo de Pokémon esse ovo foi chocado", mentiu. 
Ela bocejou de sono.

"Vou dormir... boa noite."
"Boa noite", respondeu ele. 

✳️✳️✳️

A

floresta estava da mesma forma como se lembrara.
De repente, a neblina começou a preencher todo o espaço. A sensação de desolação, fria e cinza, dominou o seu corpo.
Não conseguia respirar direito. Seus músculos começaram a pesar, seus ombros caiam.
Então, estava ajoelhada no chão, afundando naquela escuridão.

Levantou a cabeça.

No meio da escuridão da floresta, dois olhos a fitaram. Eram de uma cor escarlate e carregavam consigo toda a tristeza do mundo.
Beth acordou suada e ofegante.
Sua respiração logo voltou a normalizar, ao perceber que era um sonho. Ou melhor, pesadelo.
Esse pesadelo de novo, pensou ela. Não era a primeira vez que aquilo acontecia.

Do lado de fora da barraca ainda estava escuro, porém, os primeiros sinais do dia começavam a se tornar visíveis.
Ela notou o som de água caindo na tenda.

Está chovendo.
Deitou novamente, tentando buscar forças para dormir.
Beth remexeu de um lado para o outro. Porém, o sono não vinha.

Preciso do meu ovo.
Ela estendeu sua mão ao redor do chão em busca da esfera. Ao invés disso, sua mão tocou uma textura quebradiça e molhada. Quando a trouxe de volta, sua mão carregava consigo um pedaço de casca de ovo partida.

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FINALMENTE NASCEU, ALELUIAAAAAA. Qual Pokémon será que é? Não morra de curiosidade pois no próximo capítulo será revelado. :D

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