10. Vs. Falkner, parte I

Beth admirava o céu estrelado, da janela do seu quarto.

Uma leve brisa noturna fora soprada e balançou seus longos cabelos de um tom moranga, fazendo os balançar levemente.

Se pegava pensando em seus pais. Será que estão vendo o mesmo céu estrelado?, indagou-se. Com certeza deveriam estar preocupados com seu desaparecimento, não duvidava.

Em sua cabeça estava passando um filme, recapitulando tudo que havia acontecido naquele dia.

Fora nas redondezas da rota 32 que tudo acontecera.

O Pokémon misterioso, a Equipe Rocket, de repente tudo parecia estar distante.

Ela sabia que deveria estar preocupada, e até em choque, por aquilo, mas, por incrível que pareça, o seu desafio de ginásio era o que a deixava mais temerosa.

Será que eu não tenho sensibilidade nenhuma? , pensou ela.

Sua batalha contra Falkner estava agendada para o próximo dia e ainda não havia elaborado estratégia nenhuma para o combate. O seu plano de capturar um novo Pokémon fora arruinado pelos acontecimentos que se seguiram e, ainda por cima, havia gastado uma Pokébola a toa.

Não teria outro jeito.

Teria usar seu Hoppip e esperar que algum tipo de milagre acontecesse.

Se aquele metido do Harold conseguiu vencer usando um pokémon do tipo grama eu também consigo!, pensou. Ele havia conseguido derrotar o líder com seu Bayleef, que evoluíra de sua Chikorita. De alguma forma, o fato de ele ter conseguido evoluir o seu Pokémon tão rapidamente a deixou mais furiosa ainda.

Ela fechou as janelas do seu quarto. Em seguida, fora seu deitar na sua cama.

Beth ficou rolando de um lado para o outro, porém o sono não chegava. Estava ansiosa demais para pregar seus olhos e dormir.

Então, fora pegar o seu ovo em sua mochila e deitou com ele agarrado entre os seus braços.

Ela gostava de dormir agarrada com ele. O ovo era morno e, às vezes, podia sentir algo remexer lá dentro.

Espero que nasça logo.

O sono finalmente a acometeu.

Beth apagou.

⏰⏰⏰

"Eles não vão acreditar", disse Beth enquanto mordiscava uma rosquinha.

"Mas nós temos que tentar! Afinal, se a Equipe Rocket está de volta as autoridades de Johto tem que saber...", sussurrou Freddy do outro lado da mesa, insistindo.  De alguma forma aquilo parecia o deixar mais estúpido do que já era.

O grande salão do refeitório da hospedaria estava cheio naquele dia. Era quase como se mais treinadores houvessem chegado na cidade recentemente.

Ao terminar de comer a rosquinha, Beth respondeu: "Tá bom então, mas depois não diz que eu não avisei! Tenho certeza que vai ser uma perda de tempo." E tinha mesmo. "Nós podemos passar lá antes de chegar ao ginásio."

"Ginásio?", indagou ele, intrigado. "Ah, quase me esqueci. A sua batalha contra o Falkner é hoje. Boa sorte."

E vou precisar mesmo, pensou ela.

Olhou para seu Hoppip que se alimentava de um tipo de ração para Pokémons. Em sua companhia estava o Tododile de Freddy e o Ledyba que o garoto havia capturado na floresta.

Esperava que tudo desse certo.

⏰⏰⏰

Os dois pararam em frente da delegacia.

"Está pronto?", perguntou Beth.

"Sim. Vamos lá", respondeu Freddy.

Beth foi na frente, logo seguida por ele. Ao chegarem em frente da delegacia, as portas automaticamente se abriram, fechando-se assim que os dois estavam do lado de dentro.

Seguiram por um longo caminho enfeitado por um grande tapete de cor vermelha. A passagem era enfeitada por diversos arbustos e estátuas do que, pareciam ser, vários Arcanine.

Chegaram no saguão do local. Havia algumas pessoas conversando em mesinhas de atendimento, sendo atendidas por funcionários.

Sentaram em duas cadeiras de espera enquanto esperavam alguns dos atendimentos serem liberados.

Uma mulher saiu de um dos pontos. Em seguida, o funcionário uniformizado que estava a atendendo gritou: "PRÓXIMO!"

Beth e Freddy foram ao encontro dele.

Beth sentou na cadeira e Freddy ficou logo ao seu lado, em pé.

O homem os olhou por trás de seu óculos.

"O que trás duas crianças treinadoras até mim? ", indagou ele.

Beth suspirou fundo e, então, começou a contar tudo, detalhe por detalhe.

Ao terminar de ouvir, ele riu.

"Ai ai, essa juventude... Cada vez com a imaginação mais fértil." Ele recobrou a postura. "Se vieram me incomodar com histórias fantasiosas peço que saiam, pois tenho problemas de verdade para atender."

"Mas é verdade!", exclamou Freddy ao seu lado.

O homem o fitou.

"Então vocês querem que eu realmente acredite que viram dois membros da Equipe Rocket em uma floresta qualquer, em pleno dia?", zombou ele. "E ainda por cima envolvendo um pokémon misterioso que não pôde ser identificado por uma Pokédex?"

Beth confirmou com a cabeça.

"Agradeço vocês por terem melhorado um pouco meu dia com uma boa dose de humor, porém eu tenho muito trabalho a fazer."

Então é isso, pensou Beth. Sabia que seria uma total perda de tempo.

Fez o movimento para levantar quando foi surpreendida por ele: "Espera ai... Sua face não é estranha para mim, aguarde um momento."

E agora, pensou Beth alarmada. Será que as câmeras do laboratório do professor Elm haviam a pegado e estava sendo procurada pela polícia?

Ele mexeu em algumas gavetas da mesa em frente onde sentava e pareceu pegar algo.

"Aqui! Agora eu sei de onde já vi a sua face."

Beth congelou.

Freddy a olhou com as sobrancelhas franzidas.

O homem mostrou o panfleto que havia pegado.

Ferrou.

No papel havia uma foto sua em que estava sorrindo ao lado de seu pai, enquanto carregavam consigo uma rede cheia de Magikarps.

"Procura-se garota desaparecida com idade entre os 14 aos 15 anos! Caso a tenho visto, ligue para o 5273-5272. Seus pais estão desesperados." E seu nome estava logo abaixo, em grande tamanho: Beth Copper.

Não sabia se ficava mais espantada pelo fato de seus pais a estarem procurando ou pela foto horrível que eles escolheram para por no panfleto. Pelo ao menos não estava sendo procurada pelo roubo.

Freddy olhava tudo calmamente.

Para sua sorte, a foto era um pouco antiga e seu cabelo estava desgrenhado e quase não se parecia com o seu atual. Porém, a face era a mesma.

"Não sou eu! Meu nome sequer é Beth...", mentiu ela. "Me chamo Lorelei." Usou o primeiro nome que veio a mente.

O homem olhou para seu rosto e, em seguida para, o rosto na foto.

"Bom, se não é você acho que deve ter uma irmã gêmea perdida por ai."

Ele não acredita, pensou Beth alarmada. Precisava por mais verdade na sua história.

"Acho que sim, ha ha. Acho que meu irmão também deve ter algum gêmeo perdido por ai!" Olhou para Freddy esperando que ele tivesse entendido o recado. "Não é mesmo, irmão?"

Ele a olhava incrédulo. Então, pareceu entender o que esperava dele.

Freddy logo falou ironicamente: "Ah, essa minha irmã Lorelei é muito engraçada mesmo. Estou morrendo de rir."

O homem olhou desconfiado e, em seguida, disse: "Já que não é você, cuidem logo de sair daqui antes que eu chame os seguranças", disse ele zangado.

Beth rapidamente deixou a cadeira e apressou os passos para sair logo dali. Freddy a seguia, olhando para baixo.

⏰⏰⏰

Enquanto seguiam o caminho para o ginásio, Freddy resolveu quebrar o silêncio.

"Beth... Eu sei que aquela na foto era você. Mas não vou ficar questionando o que você fez, afinal, se você fugiu de casa com certeza havia um motivo para isso. Apenas não vou me meter, tudo bem? "

Beth olhou para ele, supressa.

"Realmente existiu um motivo pelo qual eu fugi de casa", explicou ela. "Eu queria ser uma treinadora pokémon, mas minha família não me apoiava, então..."

"Não precisa explicar. Sério", respondeu Freddy a interrompendo. "Eu entendo."

Aquela conversa se encerrou ali.

Beth avistou os contornos do Ginásio aparecem no horizonte. O pequeno estádio com o grande nome escrito "Ginásio" logo apareceu em sua frente.

Os dois correram para adentrar o lugar.

⏰⏰⏰

"Phanpy, Rolo Compressor!", ordenou o treinador.

O Phanpy rolava pelo campo de batalha, acertando o Pidgeotto consecutivamente em cheio com o golpe super efetivo.

"Sortudo!", exclamou a treinadora ao lado de Beth na arquibancada. "Um golpe crítico."

Beth olhou para cena, sem fazer a mínima ideia do que seria um golpe crítico.

O Pidgeotto desmaiou.

"Pidgeotto está fora de combate, declaro Declan como vencedor da batalha." Em seguida levantou a bandeira vermelha, informando que o duelo chegara ao fim.

Falkner foi atrás de seu Pokémon desmaiado no chão. Ele deu em seu bico um pouco do líquido de um frasco que carregava consigo.

Deve ser um Revive, pensou Beth.

Em alguns segundos o pokémon estava saudável, como se não tivesse batalhado a pouco tempo.

Falkner levantou e se dirigiu em direção do treinador que comemorava junto de seu Pokémon.

Após congratular o treinador e o entregar a insígnia do ginásio, Falkner voltou para sua posição original.

O juiz gritou no seu megafone: "Próximo desafiante, Beth Copper."

É agora.

Beth se dirigiu para as escadas da arquibancada e desceu.

A descida pareceu demorar uma eternidade. Logo chegou na arena.

"Boa sorte!", ouviu Freddy gritar de longe.

Parou em frente ao local onde o treinador deveria ficar. Fitou Falkner a olhar do outro lado da arena. Seu Pidgeotto estava posicionado logo a sua frente, batendo asas no ar.

Sentiu como se vários Butterfrees estivessem batendo asas em seu estômago naquele momento de tanto nervosismo.

O juiz falou no megafone: "A batalha aqui realizada seguirá as regras de 1 versus 1, sem direito a troca ou ao uso de itens em batalha." Em seguida ele apitou. "Que comece a batalha!"

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Glossário de Golpes:

Rolo compressor: Tipo Rocha. O Pokémon ataca o adversário, rolando e o acertando continuadamente. O golpe torna-se mais poderoso cada vez que acerta.

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