Quando penso em poesia feita por mulheres e para mulheres não posso deixar de lembrar de Cora Coralina. Essa poetisa incrível que foi impedida de aprender a ler e escrever pelo pai e depois pelo marido. Ela aprendeu escondido. E escrevia suas poesias onde podia. No saco de pão da padaria. No embrulho do mercado ou da farmácia. Só aos 76 anos teve seu primeiro livro publicado. Mesmo escrevendo poemas desde a adolescência.

Eu vejo uma história como essa e entendo como sou privilegiada. Nasci em um momento que pude estudar. Escolher a profissão que eu quisesse. Trabalhar. E ao mesmo tempo as exigências sobre as mulheres são tão velhas e as mesmas: não vai casar? Não vai ter filhos? Vai abandonar a casa para trabalhar?

Os dilemas, as dores e as alegrias de ser mulher se acumulam. E só nós, com útero ou sem útero, sabemos o que cada cicatriz conta, canta ou emudece.

Então, te convido a refletir sobre tudo isso nesses poemas simples. De uma alma simples. Quebrando as correntes de uma feminilidade artificial imposta pela sociedade.