4. Em uma terra distante

    Era estranho não ter Severus em casa, quase como se uma parte dela estivesse longe, mas tudo parecia ser mais pacífico. Era horrível apenas receber suas cartas, e junto ao fato de que Lily também estava com ele ainda tornava sua situação mais crítica, ela não tinha muitos amigos em sua escola. Quando o Natal chegou e ele veio visitar seu pai, brigou com ele por trazer doces mágicos e a festa foi realmente tensa ao invés de ser calorosa. E assim seu irmão preferiu passar a Páscoa na escola. O verão não foi melhor, Severus ainda a amava e gostava de correr com ela, ele fez questão de deixar isso claro. Mas ele parecia mal longe de seus amigos e da comida boa que sua família não tinha condições de comprar. Isso sem levar em conta o como esse verão seu pai parecia realmente fingir não ter mais um filho, apenas ignorando sua existência.

"Sim Mione, os bruxos realmente têm vassouras e seus próprios esportes e usam vassouras." Respondeu Severus para mais uma das suas milhões de dúvidas, era tão tranquilizador perguntar coisas apenas para ver seu sorriso lembrando das boas coisas. "Você fez muitos amigos, não fez? Por que não me conta um pouco sobre eles?" Ele realmente havia desviado do assunto de amizade na maioria das vezes, mas ela tinha a esperança de que ele responderia dessa vez "Eu não fiz muitos, mas alguns garotos do meu ano sentam comigo e eu visito muito a biblioteca com Lily todos os fins de semana" Disse o mais velho como se escondesse algo, mas Hermione não percebeu ou talvez tenha apenas ignorado. " Dizem que a biblioteca de Hogwarts é uma das maiores da Grã-Bretanha, ou pelo menos o que Hogwarts: Uma história diz. Também diz que o castelo é magnífico, por que eu não posso ir logo?". Ela tagarelou animada pensando que os castelos que ela sempre sonhou quando criança realmente existiam. "Tudo no seu tempo, em um ano você também estará lá"

Eles foram dar uma volta pelo bairro, em julho o Sol era gostoso de se pegar e as flores não estavam enterradas em neve. "Mione! Você cresceu muito, olha seu cabelo como está lindo" Gritou Lily enquanto girava sua melhor amiga nos braços. "Eu também senti sua falta, você diz que eu cresci, mas não foram nem dois dedos" Hermione respondeu enquanto comparava a altura das duas e mostrava como ela alcançava apenas o nariz dela. "Todos sabemos que Hermione é muito pequena, e você também Lily, eu sou alto de verdade" Sonhou Severus que realmente havia crescido no tempo que estavam fora, chegando à altura de sua própria mãe. "Isso é injusto, todos sabem que homens são mais altos que as mulheres, meu livro diz que o cromossomo Y traz a informação de que você vai crescer mais" Brigou sua irmã enquanto pegava a mão de suas duas pessoas favoritas e os levava para dar uma volta até o balanço que eles marcaram como seu. "Hermione, por que você gosta tanto de subir nessas árvores?" Gritou o mais velho que está embaixo da árvore "Como você não gosta? Essa sempre foi minha árvore favorita e agora eu não sou mais um gatinho assustado e consigo subir nela" Riu Hermione enquanto voltava para o chão, a melhor parte de subir na árvore era ouvir Severus gritando para ela descer.

Mas o verão não dura para sempre, logo ela estava sozinha outra vez, apenas ela, seus livros e sua mãe. Seu pai às vezes sumia por semanas a fio e mais de uma vez Hermione ouviu-o falando com outras mulheres no telefone em frente ao mercado da cidade quando sua mãe lhe mandava comprar pão. Era estranho como ele parou de bater em sua mãe repentinamente, mas ela não queria saber o motivo, era o suficiente que ele tivesse percebido que não era algo bom. Sentia muita falta do pai amoroso que um dia ela teve, que a levava para comer caramelos e limpava seus machucados. Mas então algo muito estranho começou a acontecer, Hermione tinha muitos pesadelos, muitos deles. Eles sempre eram parecidos em algum ponto, e às vezes alguns pareciam mais memórias que qualquer coisa. Com 11 anos ela nunca havia sido perseguida por um Troll, mas ela tinha certeza de que havia acontecido, era muito claro.

Um barulho alto, ela estava correndo muito e suas pernas começaram a doer de tanto correr, algo estava a perseguindo. Uma cobra muito grande, com seus dentes afiados rastejando até ela, alguém com olhos vermelhos a encara, ela sente arrepios, quem é ele? "O que temos aqui? A pequena sangue-ruim do menino-que-sobreviveu, você não tem vergonha de aparecer assim diante de mim" Ela não sabia o que responder a ele, quem é menino-que-sobreviveu? Ela estava assustada, e só queria ir embora, ela não podia correr com a cobra a segurando e o animal começou a apertá-la. "Por favor, eu não fiz nada, me perdoe por favor" Ela estava chorando, ela é uma chorona nata, seu pai sempre fez questão de dizer isso a ela. "Você está mesmo implorando? Você não é corajosa realmente, talvez você possa merecer perdão" Ele disse enquanto a cobra a soltava, ela ainda tinha medo, mas já conseguia se acalmar um pouco. "Se bem que, um sangue-ruim não merece viver. Pode ir Nagini" E então ela acordou

Os sonhos continuaram aparecendo às vezes, mas desde o pesadelo da cobra eles pareciam não ter tanta frequência. Mas ela contou para sua mãe, e ela ficou surpresa e com medo. "Por favor não, por favor, ela não merece isso" Eileen começou a sussurrar enquanto abraçava sua filha. "O que a mãe? É algo muito sério?" Perguntou Hermione enquanto retribuía o abraço "Meu amor, talvez você seja vidente, é algo raro, mas alguns bruxos nascem com esse dom. E geralmente na sua idade eles tem muitos pesadelos vividos, quase como memórias de suas antigas vidas" A bruxa mais velha respondeu enquanto tentava respirar de forma mais calma. "Mas por que isso é algo ruim, por que pessoas não gostariam de saber o futuro?" Era realmente estranho, saber que o futuro te garante a chance de mudá-lo, não era algo ruim. "Porque as pessoas têm inveja de seus poderes e os caçam, por isso é algo raro, porque a muitos anos atrás muitos morreram graças a cobiça de terceiros" Sua mãe parecia quase um fantasma de tão branca "Lembre-se de nunca contar isso a ninguém, é perigoso demais"

Por que ela nasceu com tantas maldições sobre ela? Ela nasceu como uma garota, assim não podendo trabalhar fora e precisando de um bom casamento, depois como uma bruxa e agora mesmo entre as bruxas ela seria perseguida. Talvez ela não tenha nascido para ser feliz e amada como ela imagino, quem sabe ela seja bonita o suficiente para conseguir um marido que a quisesse e ignorasse tudo isso. Mas ela não queria um marido, ela não precisava que alguém cuidasse dela, mesmo que todos acreditassem nisso. Hermione era uma menina muito inteligente, ela agora que parou para pensar, talvez ela conseguisse usar seu dom para viver sozinha. Porém ela não precisava pensar nisso agora, como uma criança ainda havia muito tempo para pensar no futuro. E assim ela decidiu que talvez fosse melhor ela dar um tempo a seus pensamentos e ir ler Hogwarts: Uma história.

Os pesadelos pararam completamente após ela contar aquilo para Severus e Lily, o Natal foi rápido e com nada realmente interessante acontecendo, apenas o de sempre, muitos doces e algumas risadas. Seu pai não apareceu para as festas, mas pelo menos assim não havia como ele estragá-las com seus ataques de raiva e violência. E logo mais ambos os alunos já tiveram que retornar para a escola, de volta a segurança, e foi quando seu pai resolveu aparecer para atormentar sua vida outra vez. Ele chegou em uma segunda-feira, muito bêbado para dar dinheiro para sua mãe, ela deveria ficar trancada em seu quarto até de manhã, mas quando ouviu os barulhos de tapas ela não pode ficar quieta. Ela correu até eles para pedir para que ele parasse. "Hermione, saia já daqui eu sou uma adulta e você deveria me respeitar e ficar em seu quarto como eu mandei" Eileen repreendeu sua filha enquanto o casal a encarava "Seja grata a pessoa que alimenta sua boca respondona e saia do quarto" Gritou Tobias enquanto a encarava "Eu não sou mais um bebê, eu sei que você não deveria bater em mamãe, o que você pensaria se alguém batesse em mim?" Hermione retrucou enquanto encarava seus pais.

"Você teria merecido com essa sua atitude de confronto, mas se você fosse uma dama como a que você foi educada para ser, talvez eu até te trouxesse de volta para casa" Debochou Tobias enquanto observava sua filha abaixar o olhar, uma mulher nunca o ofenderia, muito menos ela. "Bem, eu fui educada por mamãe para ser o que eu quero, e ela foi a única responsável por me criar, ou talvez Severus também tenha a ajudado" Ela disse como se constatasse algo ao invés de supor, ela fazia muito tempo perdeu o medo de seu pai. "Hermione, vá para o seu quarto agora, Tobias, deixe-me trancá-la e eu já volto, por favor" E com isso Eileen pegou a mão de sua filha e a puxou até o quarto da criança, ela logo fecharia a porta "Trate de tomar cuidado com a sua língua afiada, ela não vai te levar a bons lugares" E com isso ela trancou a porta que só seria aberta novamente na manhã seguinte quando seu pai tivesse ido embora. Naquela noite Hermione ouviu mais barulho do que em qualquer outro dia.

O tempo foi rápido em passar, e já era verão outra vez. Talvez esse verão fosse o melhor pior verão de todos, ele era incrível porque ela sabia que assim que ele acabasse ela poderia passear pelo seu tão sonhado castelo, mas ao mesmo tempo ele era ruim justamente por ela querer que ele acabasse logo. O dia de comprar seus materiais foi incrível, Severus que lhe deu o dinheiro já que ele ficou com todo dinheiro que sua mãe deu para ele comprar seus materiais. Ela conseguiu comprar as coisas novas, não tendo que economizar comprando coisas de segunda mão. "Vamos Lily, por favor, vamos comigo na loja de varinhas, eu não quero ir sozinha" Tagarelou Hermione enquanto a puxava para o lugar que ela estava mais nervosa em ir, comprar uma varinha seria emocionante. "Bom dia Srta...?" "Hermione, Hermione Snape" Ela se apressou em responder, não querendo parecer mal-educada. "Você tem um irmão mais velho, Severus, não é? Bem, me chamo Olivaras e sou um artesão de varinhas" O senhor explicou para a bruxinha recém introduzida naquele mundo. "Sim, meu irmão é Severus. Prazer senhor Olivaras, podemos por favor começar?" E assim ela testou varinha por varinha até finalmente poder chamar uma de sua, ela pagou e partiu com Lily para a sorveteria. Tomar um sorvete após as compras virou uma tradição entre Severus e Lily. E eles achavam necessário introduzir Hermione nessa tradição.

Após o sorvete eles encontraram alguns colegas de Severus, eles não pareciam ser seus amigos. "Oi Ranhoso, quem é essa ai com você? " Um menino de óculos disse, ele era bem bonito. "Com certeza não é sua namorada, ele claramente não teria uma " Comentou o menino com os cabelos mais cumpridos. "Não é da sua conta Black se eu namoro, cuide da sua vida que eu e minha irmã estamos indo embora" Mas os garotos não iam o deixar escapar tão facilmente. "Por que você nunca nos disse que tinha uma irmãzinha? Você tem certeza de que sua mãe não trai seu pai? Olhe o nariz dela e o seu, o dela não parece que tem um rato no interior." Zombou o garoto moreno de óculos outra vez, ele e seu amigo começaram a rir. "Potter, eu só não digo que você nasceu por acidente porque seus pais são velhos demais para se pegarem sem desejarem um filho." Com isso ambos os garotos ficaram com raiva e se aproximaram de Severus com a intenção clara de sujar as mãos. Pegando sua chance, Severus agarrou a mão de Hermione e a puxou até onde a família de Lily estava. "Quem são eles? Por que eles te chamaram de Ranhoso?" Ela perguntou enquanto era arrastada. "Eles não são ninguém importante, agora vamos, temos que ir para casa antes que mamãe comece a se preocupar".

As compras realmente terminaram e eles tiveram que voltar. O resto do verão foi tranquilo, com seu pai fora de casa quase todos os dias aparecendo apenas para deixar dinheiro. Talvez ele tivesse um pouco de compaixão por seus filhos, ou talvez não quisesse ser preso por negligência. "Vem Sev, sobe na árvore como homenagem a minha ida para Hogwarts" Hermione disse rindo de seu irmão enquanto subia mais nos galhos "Você sabe como eu não gosto de altura, desce daí" Ele resmungou com seu tom tipicamente rabugento, enquanto dava sua mão para ajudá-la a descer o tronco. "Mione, em qual casa você acha que estará? Comigo na Grifinória ou com seu irmão na Sonserina? Perguntou Lily que estava sentada observando a gatinha descendo de seu trono, ou árvore dependendo do ponto de vista. "Bem, eu acho que estarei aonde for para eu ficar" Respondeu Hermione enquanto se sentava ao lado de sua amiga de infância. "Com certeza será Corvinal do jeito que ela é" Comentou Severus.

A plataforma era realmente linda, eles foram para lá após se despedir de sua mãe, ela ficaria bem, ou era o que todos desejavam. A locomotiva vermelha era magnífica de uma forma que a pequena Hermione não conhecia palavras bonitas o suficiente para descrevê-la. Severus e Lily a ajudaram a arrumar suas coisas em uma cabine e queria se sentar com ela, mas ela sentia a necessidade de tentar ficar por si só. "Podem ir se encontrar com seus amigos, eu acho que vai ser bom para mim ficar só para conhecer pessoas da minha idade" E assim eles a deixaram sozinha na cabine, em 1973 ela começaria sua jornada como bruxa. Bem, talvez primeiro ela devesse lidar com a viagem no Expresso de Hogwarts. 


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