2. Árvores e magia

    "Mione, acorda, hoje é o último dia antes da escola, combinamos com Lily de ir ao balanço com ela" Se passaram alguns meses desde o incidente da magia acidental, no qual eles se tornaram amigos de Lily e Petúnia, chegando a as apresentar para seus pais. Severus começaria amanhã na escola trouxa da vizinhança tendo que deixar sua irmã todos os dias no período da manhã. "Calma, é cedo ainda" Respondeu a menina virando para o outro lado.

"Severus, desça aqui agora" Ouviu-se o grito de Tobias Snape pela casa. "Sim pai, o que você precisa?" Disse o garotinho enquanto ia descendo rapidamente as escadas. "Lembre de se arrumar no horário certo, caso contrário você irá sozinho para a escola, sem desculpas" E então ele sentiu aquele cheiro que tanto o perturbou desde o incidente a alguns meses, álcool, logo cedo e ele já estava bebendo. Com isso Severus preferiu não voltar para seu quarto, subir escadas realmente cansa. Ele foi procurar sua mãe que estava na cozinha fazendo o café. "Bom dia, querido, você quer torradas?" Seu filho acenou com a cabeça e ela pediu para que ele fosse pegar a manteiga para fazer suas torradas.

Os dias na escola primária foram rápidos, mesmo que na primeira semana ele tivesse que ir sozinho para a escola porque acordou tarde. Severus sentia falta de tomar café da manhã com a família, ou de ajudar Hermione a lavar a louça após o almoço. Finalmente as férias de inverno chegaram, logo também seria seu aniversário, mas naquela tarde de inverno frio em janeiro ele havia prometido ir com sua irmã ver o rio congelado. "Sev eu estou indo, suas pernas são maiores que as minhas, tenha calma por favor " Falou a mais nova enquanto pegava a mão de Severus.

"Olha aquela árvore, ela é tão grande, eu quero subir" Hermione se emocionou com o tamanho da árvore sem nenhuma folha, como ela ouviu sua mãe contar, as folhas eram caducas caindo nas estações frias. Severus se apressou para ajudar sua irmã a subir, ela podia ser a mais paciente dos dois, mas com certeza também era a mais teimosa e conseguia o que queria. "Farei pezinho, você sobe e segura no galho" E foi o que aconteceu, ela se segurou, mas houve um peque imprevisto, ela não conseguia subir e ficou pendurada. "Sev por favor me ajuda a subir, eu não alcanço, é muito alto" Ela gritou balançando suas perninhas desesperada, suas mãos iam escorregar e ela cairia no chão. "Calma, não é tão alto, nós podemos fazer isso. Respire fundo e vai dar tudo certo" Tentou acalmar o maior entre os dois, mas no fundo ele também estava desesperado. Ela era tão frágil e vivia machucada sendo muito imprudente.

"Oi Sev, o que está acontecendo?" Se ouviram vozes se aproximando, era Lily com Petúnia a reboque. Assim que viram a situação elas começaram a rir enquanto Hermione ficava vermelha e pedia ajuda, Petúnia com seus 9 anos era alta o suficiente para alcançar a menina de 5 anos e colocá-la no chão. "Mione, você parecia uma gatinha assustada naquela árvore" Brincou Petúnia enquanto olhava para o lago congelado "Ei! Eu não parecia uma gatinha assustada não" Retrucou Hermione inchando suas bochechas para simular raiva "Querida irmãzinha, você com certeza parece uma gatinha assustada" Riu Severus enquanto fugia dos tapas que ela tentava dar por chamá-la assim "Vamos gatinha assustada, eu quero brincar de pega-pega"

Já se passaram anos desde que Severus e Hermione conheceram Lily e Petúnia, já eram as férias de verão de 1970, ano no qual Severus fez seus 10 anos. Hermione havia crescido bastante, com seus 8 anos ela era uma menina realmente fofa com suas trancinhas e cabelo preto. "Sev, eu queria te perguntar uma coisa" Falou Hermione enquanto fechava o livro que estava lendo a alguns minutos. "O que é Mione? Se for me pedir doces você sabe que não temos dinheiro para comprar"

"Não era isso, é só que... coisas estranhas andam acontecendo" Disse ela um pouco baixo para seu tom normal. "Estranhas como? Do tipo você não se machucar correndo por aí?" Ele zombou de sua irmã para não perder o costume. "Não, estranhas no sentido de mágicas, coisas que não tem explicação" Explicou Hermione para seu irmão, ele parecia mais pálido que o normal. "Mione, isso é algo sério para você ficar brincando sobre, magia não existe e tire essas coisas da sua cabeça" Severus gritou para ela, ele quase nunca discutia sério com o membro mais jovem da família. "Eu estou falando sério Sev, eu estava com Lily ontem no parque e aconteceu algo muito anormal"

O dia era ensolarado e Hermione resolveu sair sozinha para passear pela vizinhança, com 8 anos ela ganhou autorização para poder passear sozinha. Ela resolveu ir para o balanço, seu lugar favorito de todos, onde ela ia para pensar e ficar sozinha. "Bom dia Lily, o que você está fazendo aqui?" Ela se apressou em dizer para a invasora de seu santuário. "Eu estava abrindo as flores com meus pensamentos" A resposta da ruiva era um tanto estranha, como se abre uma flor com um pensamento? "Me mostre isso, eu gostaria de entender o seu ponto" E então o estranho aconteceu, o botão de flor realmente se abriu sem sequer um dedo encostar na folha. "O termo certo é desabrochar e isso é tão incrível, eu quero tentar também" Retrucou Hermione sentando-se ao lado de sua amiga no chão. "É engraçado como você se importa mais comigo usando termos errados que com eu fazendo coisas estranhas"

"Aí Sev eu tentei fazer a mesma coisa e funcionou, eu fiquei assustada" Ela disse. "E quando eu estou com raivas as coisas caem no chão? E quando eu estou triste e começa a ventar? Eu sou um monstro?" Hermione completou a história sobre as peculiaridades que sempre a cercaram. "Eu acho que eu, você e mamãe precisamos ter uma conversa muito séria" Severus falou enquanto abraçava sua irmã.

Mais tarde naquele mesmo dia após o jantar eles se reuniram na sala para ter uma conversa muito importante. "Severus, Hermione, eu sou uma bruxa e vocês também" Eileen disse de uma vez, como se jogasse um copo de água frio no rosto de seus filhos. "Como assim mamãe? Bruxos? Eu não sou uma bruxa, talvez Sev sim com esse nariz dele, mas o meu é lindo igual ao seu" Disse Hermione entre uma resposta séria e uma piada com o nariz romano de seu irmão, mesmo que secretamente ela achasse o nariz bonito. "Meu amor, bruxos não são como os contos de fadas, bruxos são pessoas que fazem magia. Bruxos geralmente passam sua magia para seus filhos" Respondeu a mãe ignorando completamente a ofensa direcionada ao nariz de seu filho. "Então papai também é um bruxo?"

"Não é tão fácil assim amor, Tobias não é mágico como nós três, não o deixe pegar você falando sobre magia, ele não gosta disso. Existia alguma chance de vocês nascerem sem magia" Eileen estava realmente preocupada, era o momento de contar tudo, mas ao mesmo tempo ela queria protegê-los de seu pai preconceituoso. "Tem como alguém fazer magia sem ter pais mágicos? Eu acho que os pais de Lily não são mágicos" Hermione estava realmente curiosa sobre isso, era engraçado como como funcionava a magia. "Isso é um nascido-trouxa, alguém sem pais mágicos que tem magia. Você tem certeza de que seus pais não fazem magia?" Hermione apenas acenou com a cabeça, era realmente incrível a ideia de ser mágica, e sua melhor amiga também era. Mas então foi a vez de Eileen dar uma informação importantíssima antes de que Hermione transformasse a conversa em um interrogatório "Os bruxos têm sua própria escola de magia, vocês receberão uma carta para lá no seu aniversário de 11 anos" Quando ouviu isso os olhos da sua filha caçula brilharam, ela pode estudar magia. "Vamos todos circulando, é hora de dormir"

*Aviso de violência doméstica*
Por que ela cortou a conversa tão repentinamente? Hermione estava tão curiosa sobre isso, ela queria aprender mais sobre. Mas então ela percebeu o barulho vindo da porta, era seu pai abrindo. Ela sentiu todos os seus pelos arrepiarem, já era tarde então provavelmente ele devia estar bêbado. Desde que ela se lembra ele bebe quase sempre, quando ele bebe todos da família sofrem as consequências. "Eu realmente ouvi isso?" Resmungou senhor Snape. "É realmente triste saber que minha família é uma pequena ninhada de ratos conspiradores. Aberrações, e eu achando que pelo menos a pequena Hermione seria normal" Ele disse se aproximando perigosamente de sua esposa, ela e seu filho nunca escapavam de suas surras quando estava bêbado, Hermione costumava apenas ser trancada em seu quarto até o dia seguinte.

Nunca fez realmente muito sentido como Tobias tratava sua filha, ele não batia nela tanto quanto batia neles. Severus sempre teve ciúmes dela, sua família sempre girou em torno dela desde que era uma bebê, mas como culpá-la quando ela era tão frágil? Talvez seu pai também sentisse que ela quebraria a qualquer contato. No dia em que seu pai bateu nela parecia que ele batia em sua alma, e quando ele batia em sua mãe também doía no fundo de seu ser. "Papai, por favor se acalme, não é culpa dela se ela é assim, mamãe é boa e gentil. Você não precisa fazer isso" Hermione começou a chorar alto, com seus ótimos pulmões desde criança ela conseguia chorar por bastante tempo antes de precisar respirar. "Silêncio sua feiticeira traiçoeira, sempre com esses olhinhos e o rosto de minha mãe você quase me enganou. Mas uma coisinha como você não enganaria um homem como eu"

Nisso o homem abaixou e pegou a menininha pelo cabelo, levando seu rosto em direção ao seu próprio. "Eu sinto muito, me solta está doendo muito" Ela estava quase parando de ter os pés no chão com seu pai a agarrando tanto. "Pirralhinha enganadora, não ache que pode me enfeitiçar com suas palavrinhas bonitas. Você sabe quantas vezes eu bati em Severus por você se machucar? Todos aqui nos preocupando para você no final ser apenas uma rata possuída pelo mal" Seu pai puxou a menininha para a cama a jogando-a ali, ele tirou seu cinto e levantou a blusa de Hermione. "Você vai levar uma cintada para cada vez que eu me preocupei com você" E ele começou a contar, um, dois, três... dez...

"Pare Tobias com isso por favor, ela não tem nenhuma culpa, ela é apenas uma criança" Disse Eileen enquanto se jogava em sua filha, ela pegou-a e deu sua mãe para Severus "Coloque-a na cama enquanto eu converso com seu pai, por favor Sev, se puder fazer uma bandagem nela" Assim que a porta clicou Tobias saio da cama na qual minutos atrás batia na menininha e encarou a mulher com a qual era casado. "Por que eu lhe propus em casamento Eileen? Tudo ia tão bem, duas crianças, um herdeiro para a propriedade e uma menina linda que conseguiria um bom marido. E então eu descubro suas maldições, duas crianças tão amaldiçoadas quanto você" O homem disse de uma forma suspeitosamente calma, como se não estivesse batendo em sua filha a alguns minutos atrás "Eu pretendia te contar, mas eu tive medo de você me deixar, eu não toco em minha varinha desde que sei da gravidez de Severus. Isso não é uma maldição realmente meu amor, é uma dádiva"

"Eu não quero ser seu amor, eu só não largo você e essas crianças porque seria realmente horrível para minha reputação." Ele então se aproximou da mulher que algum dia o amou e deu um grande tapa nela. "Isso me lembra tanto a primeira vez que ensinei a Severus seu lugar, ele não queria comer e foi apenas dar um tapa que ele comeu tudo." E ele deu outro tapa nela, e mais um "Eileen querida, o que você acha de um novo bebê? É uma pena que você só de a vida a monstros, sua aberrações" Com isso ele se afastou, pegou seu pijama e foi para o banheiro tomar seu banho. A mãe logo se levantou e foi se arrumar para dormir também, chorar não a levaria a lugar algum, ela tinha dois filhos que precisavam dela.

No quarto de Hermione as crianças ouviram a voz de seus pais brigando, ambos irmãos estavam abraçados e Severus passava seus dedos pelo cabelo da irmã mais nova. "Relaxa, vai dar tudo certo, deixe-me ver suas costas" Quando ele levantou a blusa ele viu muito sangue, com certeza ela teria cicatrizes, ela com certeza não merecia aquilo. E foi naquele momento, com os gritos de sua mãe ao fundo e sua irmã chorosa e machucada em seus braços que ele decidiu que seu pai teria o seu merecido.

Quando acordou no dia seguinte Severus não viu Hermione em seus braços, onde ela estava? Ele desceu para o andar de baixo correndo e não havia ninguém lá, ele olhou o relógio na parede e eram 9 horas. Ela saiu de casa por medo ou ela estava escondida em algum lugar? Ele subiu as escadas outra vez e ouviu barulhos vindo do quarto de seus pais, se aproximando da porta ele viu uma cena comovente, a pequena garotinha com uma bandeja de comida colocada sobre seu pai, dando-lhe um beijo para que acordasse. "Eu sinto muito pai, eu não queria estressar o senhor, você é tão ocupado. Por favor não bata mais em Sev por minha culpa" Ela claramente não entendia que a culpa de tudo aquilo não era sua

"Por que você me acordou? Minha cabeça está latejando, sai já daqui" Tobias já gritava logo de manhã, não querendo esperar mais ela correu do quarto. E acabou trombando com seu irmão escondido atrás da porta. "Bom dia Sev, você quer ir comigo encontrar Lily?" Disse Hermione colocando um grande sorriso no rosto, mesmo que ele parecesse vacilante. Seu irmão negou com a cabeça, hoje seu pai estaria de folga e ele não queria deixar sua mãe sozinha. Mas se pelo menos sua irmãzinha estivesse fora e segura brincando com Lily ele ficaria um pouco mais calmo. "Não Mione, mas não se preocupe em brincar o dia todo, se quiser levar um pouco de comida com você para não precisar vir almoçar" Ele disse de uma forma tão carinhosa quanto podia. "Tudo bem, mas só se você me ajudar a arrumar as coisas" Ela falou enquanto corria para chegar na cozinha antes de Severus.

Quando abriu os armários e percebeu que não havia nada para comer o filho mais velho da casa se preocupou, a algum tempo eles estavam sem tanto dinheiro, mas não ao ponto de não terem alimentos. "Mione, a comida que você deu a papai era tudo que sobrou no armário?" Ele perguntou enquanto olhava para os olhos dela. "Bem aquela comida é a que eu guardo no meu quarto para quando fico trancada. Eu sei que não deveria comer durante meus castigos, mas é muito tempo" Disse ela abaixando a cabeça com as orelhas queimando. A comida realmente acabou, como ele mediaria isso, sua irmã já era mais magra do que deveria. "Pergunte a Lily se você pode ir almoçar na casa dela, agora vá" Severus resmungou enquanto abria a porta, ele deu um adeus para ela e Hermione saiu correndo para seu ponto de encontro.

Quando finalmente alcançou o lugar e avistou Lily ela se jogou em seus braços, a ruiva levou um susto caindo no chão com Hermione sobre ela. "Ei Srta. Snape, você agora decidiu começar a agredir sua melhor amiga?" Resmungou enquanto se sentava e sacudia a grama de suas roupas. "Eu peço desculpas Lily, ontem aconteceram tantas coisas e eu estou tão assustada, eu realmente sinto muito" Hermione falou enquanto se sentava e abraçava sua melhor amiga, algum tempo depois lágrimas começaram a cair de seus olhos. "Ontem eu perguntei a Sev sobre a magia, e então minha mãe me contou que ela e meu irmão também são mágicos. Mas papai ouviu, e bem... Eu sou um monstro, não sou?" A morena disse enquanto segurava as roupas da mais velha com mais força. "Claro que não, você é um anjo Mione, você não machucaria uma mosca se quer" Respondeu Lilian enquanto esfregava suas costas tentando apaziguar as lágrimas.

Naquele dia Hermione almoçou com Lily e sua família, seus pais eram realmente gentis e Petúnia acabou por fazê-la contar a ela também o que havia acontecido. E assim as irmãs Evans descobriram sobre a escola de magia que crianças bruxas iam, ambas ficaram animadas e as meninas passaram a tarde fantasiando sobre como seria essa escola. Quando já era noite os pais de Lily se ofereceram para levá-la em casa, chegando na residência Snape seu pai já dormia e ela foi recebida por Severus e Eileen que disseram estar preocupados e a fizeram ir tomar banho. "Obrigada por cuidarem dela hoje por mim, foi realmente gentil da vossa parte" Agradeceu Eileen enquanto se despedia, tudo estava começando a ir bem.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top