18. Tranças e Sirius
Os últimos dias de Hermione estavam sendo um tanto estranhos, ela não sabia o que era, mas com certeza não era normal. Ela estava aproveitando muito o tempo que lhe restava de férias, era bom poder ler seus romances chiclete sem ter que se preocupar com lições. Entretanto nos últimos dias ela estava muito mal humorada, chegando a discutir com Lily até. Ela achava que sua reação por sua melhor amiga se tornar monitora da Grifinória não foi muito gentil. Mais tarde no mesmo dia ela teve muita dor de cabeça e preferiu ir se deitar logo após o pôr do Sol. Mas o mais assustador daquilo tudo foi quando ela acordou no dia seguinte com sangue nos lençóis e em sua roupa. Ela deu um grito que acabou por chamar a atenção de sua mãe, que foi correndo ver o motivo do desespero. “Hermione, o que foi? Aconteceu alguma coisa?” Eileen logo se aproximou de sua filha que estava apontando para a roupa de cama suja. “Eu acordei e estava tudo sujo de sangue, eu juro que não sei o que aconteceu.” Hermione disse com medo de um castigo, embora sua mãe quase nunca desse, ela estava acostumada a sempre justificar seus erros.
Alguns instantes depois, Severus também adentrou o quarto tentando descobrir o que fez sua irmã berrar. “Tá tudo bem? Você está machucada?” O irmão mais velho arregalou os olhos quando viu o sangue em sua cama. “Ela está ótima, mas eu preciso ter uma conversa com ela” Eileen disse com um tom que não permitia negociações. Ele parecia receoso em deixá-la lá com todo aquele sangue, mas sua mãe estava muito séria então não havia muito que pudesse fazer. “Meu amor, acho que você precisa de um banho. Vamos lá, assim que você acabar me chame” A mais velha aconselhou assim que seu filho mais velho saiu do quarto, Hermione acenou com a cabeça se levantando e indo para o banheiro. Quando terminou de se lavar na banheira sua mãe lhe deu um pano esquisito para ela colocar na calcinha e pediu para ela se sentar na cama. “Sabe, eu achava que você era muito nova, mas você já é quase uma mulher. Não tem mais como adiarmos essa conversa. Você sabe de onde vem os bebês?” Aquela com certeza foi a conversa mais constrangedora da vida de Hermione. Ela sabia que era importante e já ouviu seus colegas de casa falarem a mesma coisa, mas ouvir aquelas coisas de sua mãe era muito mais vergonhoso. A pior parte foi saber que toda a vizinhança ficou sabendo disso no dia seguinte.
“Vamos lá Mione, isso não é algo tão horrível. Acontece com todas as mulheres” Lily disse a ela no dia seguinte após uma discussão com sua mãe por ela ter espalhado sobre sua menstruação. “Mesmo assim, ela não tinha direito de sair por aí contando, aposto que a essa altura até Walburga Black sabe sobre isso” A sonserina comentou para sua amiga, ela nunca gostou de ter sua privacidade violada, muito menos por sua própria mãe. “Com certeza sua sogra vai ficar feliz com isso, talvez ela até te dê um bolo” Evans brincou com sua melhor amiga que corou e desviou o olhar para baixo. “Claro que não, por que ela me daria um bolo por isso? E ela não é minha sogra” Hermione respondeu como se fosse óbvio que aquilo não era algo que merecesse um bolo, como a própria ruiva disse, acontece com todas as moças. “Bem, isso significa que você é fértil e pode dar um monte de netos para ela” Com o comentário de Lily a garota já corada conseguiu ficar mais vermelha. “Por que todo mundo acha que vou ficar com Reg no fim?” A menina disse batendo a mão na testa. “Talvez porque ficar com o amor de infância seja um clichê muito fofo em histórias”.
Finalmente o dia primeiro de setembro chegou, isso era ótimo, ela estava ficando com saudades de Hogwarts. Sua mãe até a ajudou a trançar seus cabelos antes de eles saírem para a escola, colocando nele uma bela fita vermelha. Esse ano foi mais tranquilo ir até a estação, já que Severus já era grande o suficiente para ir com ela sozinho. “E aí? Ansioso para o quinto ano?” Hermione perguntou enquanto eles iam em direção a parede entre a estação 9 e 10. “Bastante, a coisa dos NOMs deixa até o melhor dos bruxos estressado” O mais velho respondeu para sua irmãzinha, que logo correu para a parede e atravessou, com ele indo logo atrás. “É mesmo, eu tinha esquecido disso, você pretende seguir quais matérias?" A jovem perguntou com ambos já indo para o trem vermelho. “Eu não sei, mas com certeza eu pretendo continuar com poções” Claro que ele ia continuar, todos sabiam da história de amor de Severus Snape com as benditas poções. Às vezes ele passava mais tempo com elas que com a própria irmã. “Disso eu sei né, mas eu acho que talvez você devesse continuar com feitiços também” Ela respondeu antes de dar um último abraço e sair correndo para procurar Reg pela estação.
“Bom dia Sr. e Sra. Black” Hermione cumprimentou assim que viu os pais de seu melhor amigo. Ambos estavam de costas quando ela chegou e se viraram para cumprimentá-la, assim que viraram Walburga arregalou os olhos. Uma atitude estranha vinda de uma mulher puro-sangue. “Bom dia Srta. Snape” Foi Orion quem respondeu, vendo sua esposa tentar se recompor. “Sim, bom dia, como você está?” A mais nova estava sozinha, até Regulus estava a encarando de um jeito meio estranho, ela esqueceu de escovar o cabelo? “Tudo sim, e desculpe se estiver sendo rude, mas por que vocês estão me encarando tanto?” Com essa frase o mais novo até desviou o olhar para baixo, como se ficasse com vergonha de encarar. Mas seus pais mantiveram a postura como os bons aristocratas que eram. “Quem fez essas tranças em você?” Foi uma pergunta um tanto aleatória a que Walburga fez, mas era falta de educação não responder. “Minha mãe, por quê?” A família trocou olhares e era quase como se Órion mandasse seu filho responder apenas com sua expressão. “Bem… é que há uma tradição de que quando uma bruxa se torna apta a dar herdeiros se trança seu cabelo com uma fita vermelha”
Por que esse tipo de tradição existe? Era tão vergonhoso que todos soubessem disso, era realmente importante isso no mundo bruxo? "Tudo bem, mas eu preciso perguntar, por que para os bruxos isso parece tão mais importante que para os trouxas?" Foi Hermione terminar de perguntar que Sra. Black pareceu ficar estranha, mas a mulher parecia disposta a responder sua pergunta. "Trouxas não tem tradições fortes de magia ancestral, para nós bruxos isso significa que uma mulher está apta a receber os antigos conjuntos de livros sobre magia familiar" Com essa resposta Hermione pareceu realmente feliz, ela ganharia livros de magia familiar. Bem, se sua mãe tiver algum livro para dar para ela. "Bem Mione, vamos entrar no trem, caso contrário vamos nos atrasar" Ela acenou com a cabeça enquanto seguia Regulus pela estação até chegarem no trem. Ele ajudou-a com as malas já que havia crescido o suficiente para ser forte para cuidar das bagagens sozinho. "Sabe, eu sinto que esse ano vai ser ótimo. Espero ir em muitos passeios e conseguir tirar boas notas. Aliás, quais eletivas você escolheu?" A garota indagou enquanto se sentava no compartimento e sorria para seu melhor amigo. "Eu escolhi Trato das Criaturas Mágicas e Adivinhação, parece ser legal estudar unicórnios e prever o futuro" Ela nunca achou que prever o futuro fosse algo bom, sua mãe a proibiu de fazer Adivinhação com medo de que descobrissem seu 'talento'. Mas ela tinha certeza que não faria de qualquer forma. "Eu escolhi Trato das Criaturas Mágicas e Aritmância, esse ano não vamos compartilhar uma aula, quem vai te manter na linha?"
O expresso de Hogwarts era sempre divertido, Mary se juntou logo em seguida, mas teve que ir embora para encontrar uma amiga. Era bom passar a viagem com Regulus, colocar fofocas em dia e comentar sobre suas famílias. Mas em algum momento ela decidiu que devia ir atrás de Mary, ela quase sempre parecia ser excluída com a amizade forte e latente entre ela e Regulus. “Eu vou buscar Mary, tente não se meter em problemas enquanto eu não volto” Após essa fala Hermione se levantou e saiu do vagão, ela teve que andar apenas alguns passos antes de encontrar algo estranho. Ela sabia que aquele era o vagão dos Marotos, mas por que ela podia ouvir a voz de Lily vindo lá de dentro? “Sabe, eu achei que vocês tivessem superado essa rivalidade ridícula." Com certeza era a voz de Lily que ressoava de dentro do vagão, o que pode ter acontecido. “Evans, veja meu ponto, foi Ranhoso quem começou. Ele chamou Peter de gordo preguiçoso, isso claramente é um insulto!” James retrucou em uma voz realmente alta, Hermione começou a questionar se deveria entrar e tentar resolver a briga, já que ela agora era amiga de Remus e Sirius. “Deixe para lá James, vamos embora” Foi Black quem tentou apaziguar a briga, começando a abrir a porta da cabine e vendo a sonserina parada lá.
“Sabe Sirius, você está muito estranho desde o ano passado, você parece estar ignorando o quão babaca Snape é. Sinceramente, você acha justo ele chamar Peter assim?” O herdeiro Potter continuou a discussão, como se não se importasse minimamente com a opinião de seu melhor amigo. “Se acalma, eu concordo com Sirius, vamos embora, Hermione já está na porta. Tenho certeza que ela pode dar uma bela lição em seu irmão encrenqueiro.” Com isso o garoto de óculos que ainda não havia a visto virou para ela e deu um sorriso debochado. “Bom dia Srta. Snape, seus cabelos estão tão lindos hoje. Não sabia que você era fã de tradições bruxas. Se bem que você anda muito com seus amigos sonserinos” O adolescente de olhos castanhos sorriu ainda mais após terminar aquela frase, como se tivesse dito algo genial. “Obrigada, e eu sinto muito por Sev falando porcarias. Bom dia Black, bom dia Lupin” Hermione escolheu ignorar a provocação e simplesmente agir de forma educada, os 3 marotos no compartimento trocaram olhares e logo saíram do vagão.
“Sev, o que é isso de xingar Pettigrew por aí?” A irmã mais nova perguntou assim que os grifinórios foram embora. “Não é da sua conta, pegue seu nariz bonito e vá cuidar da sua vida” Severus respondeu de uma forma muito grosseira, ela ficou realmente com raiva da resposta dele, mas não teve a chance de retrucar. “Severus Snape, tenha respeito com sua irmã. É compreensível se irritar com Potter, mas a pobre Mione não tem nada haver com suas brigas estúpidas" Lilian interveio, fazendo com que o mais velho dos irmãos abaixasse a cabeça com vergonha de sua atitude. “Sinto muito Hermione, o tal Pettigrew apenas acabou por esbarrar em mim no trem e me irritei” O garoto admitiu parecendo finalmente ficar um pouco embaraçado com sua atitude completamente grosseira. “Você não devia se desculpar comigo e sim com Peter” Ela sabia que ele nunca se desculparia com o menino, mas ela precisava tentar, não custava nada. Entretanto, assim que tudo se acalmou ela teve que ir embora, concluir seu objetivo inicial, encontrar Mary.
Ela teve que andar muito pouco antes de encontrar sua MacDonald com sua ‘amiga’. Hermione não chamaria um Lufa-Lufa do quarto ano que ela beija de amiga, mas Mary aparentemente sim. Ambas as amigas voltaram juntas para encontrar Regulus dormindo no compartimento, ele era fofo dormindo. Logo o trem estava se aproximando da escola e eles tiveram que acordar Black. “Calma mãe, eu estou só me despedindo do sonho, vou levantar”. As duas estalaram em risadas quando ele disse aquilo, era engraçado imaginar um garoto como ele tentando convencer sua mãe a se despedir de seus sonhos. Entretanto com as risadas ele acordou e quando percebeu o que aconteceu começou a pedir desculpas desesperadamente enquanto corria para trocar suas vestes. “Eu acho que também vou trocar de roupa, a gente está quase chegando” E assim as amigas se separaram para irem se arrumarem para finalmente retornarem a maravilha que era a escola de Hogwarts.
Ela foi em uma carruagem com seus dois amigos, ela achava muito fofa a tradição dos primeiros anos nos barquinhos, mas as carruagens eram bem mais rápidas e confortáveis. Hermione entrou no salão principal com um enorme sorriso no rosto, era tão bom estar de volta a segurança do lugar. Ela cumprimentou todas as suas colegas de quarto e achou engraçada a reação delas as suas belas tranças com fitas. Marlene também acenou para ela, já que elas não tinham tido a sorte de se encontrar no trem. “Eu estou com o pressentimento de que algo especial vai acontecer esse ano” Regulus disse para ela enquanto ambos se sentaram em seus lugares a muito tempo escolhidos. “Você exagera muito, o que a gente pode achar aqui? Lobisomens? Me poupe, não vai acontecer nada demais” Hermione sabia que não deveria tocar no assunto lobisomens, mas parecia uma boa ideia fazer a ideia de ter algum na escola muito absurda. “Eu ainda sinto que esse ano vai ser especial, e não vai ser seu ceticismo que vai mudar isso” Ele comentou enquanto o discurso do diretor acabava e a comida finalmente era servida na mesa.
Ela caminhava pelos corredores com Regulus em direção a seus dormitórios, o dia de chegada era sempre muito cansativo. “Acho que talvez você devesse ficar com os livros de magia familiar de minha mãe” Seu melhor amigo comentou como se fosse algo trivial de se dizer. “Como? Claro que não, os tomos da família Black são sagrados, nenhum mestiço pode tocar neles, você sabe disso” Hermione respondeu quase como se o sonserino estivesse falando que matou alguém. “Minha mãe te considera uma filha, certeza que ela vai te dar os livros. Não é como se ela pudesse dá-los a mim ou a Sirius de qualquer forma, a tradição é dar a mulheres.” Ela sabia isso é claro, mas os livros deveriam ficar ou com Bellatrix ou com Narcissa, não com uma mestiça que sequer fazia parte da família. Mas Hermione não estava disposta a discutir com ele. “Você está certo, os livros são dela de qualquer forma, ela pode me dar ou até queimá-los" Dessa vez foi Regulus quem arregalou os olhos com a menção a queimar livros tão preciosos.
Quando chegaram as masmorras eles puderam ouvir um murmúrio suave, quase como o som de um… beijo. Mas os dois optaram por simplesmente ignorar e seguir em direção aos seus dormitórios. Bem, isso teria sido o certo a se fazer, mas Hermione era um pouco curiosa demais. E assim que Regulus desejou uma boa noite e entrou para o dormitório Hermione foi investigar. Ela conseguiu distinguir uma voz, era a voz de Remus Lupin. “Sirius, por favor, você sabe que eu não gosto de ser só um amigo que te beija. Você devia ter coragem de segurar minha mão” Meu Deus, Lupin e Black estavam ficando. Eles estavam trocando beijos. Remus e Sirius se pegam durante a noite. Ela deu um suspiro surpreso. “Quem está aí? Eu sei que alguém ouviu a gente, sai já daí” Ela ouviu a voz de um Sirius irritado e saiu correndo de volta para seu dormitório, amanhã seria outro dia e quem sabe ela conseguisse questionar Lupin sobre isso. Mas por enquanto ela precisava descansar, essa foi uma revelação e tanto.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top