16. Granger


  "Corra, até que suas pernas não aguentem mais. Você precisa correr enquanto conseguir respirar ou vai deixar toda essa vida para trás". Era estranho lembrar das palavras de Harry ao certo, a essa altura do campeonato ela já não o via há vários meses. Hermione estava com tanta fome que não sabia ao certo o quanto de sua dor de cabeça era fome e o quanto era esgotamento. Estar na mão de Bellatrix por tantos meses a fez começar a não entender mais o que era tristeza e o que era raiva. Hermione sabia que devia ter corrido mais rápido, mas ela já a muito tempo mal se aguentava em pé. Desde que Voldemort retornou em seu 4 ano tudo aquilo parecia um pesadelo interminável, como se alguma divindade quisesse a punir por ser quem ela era. Ela ainda podia sentir as mãos de Crouch sobre a sua pele, enquanto trilhava um caminho de dor e sangue que a assombrarão para sempre. Ela se lembrava claramente do dia em que foi parar nas mãos daquele homem repugnante.

"Harry, nós precisamos comer alguma coisa, eu vou desmaiar" Como ela se arrependia daquela decisão, mas não era sua culpa, ela estava esgotada. "Claro, Mione, mas vamos juntos" E eles foram juntos, desde que Ron os deixou eles se sentiam mais próximos, com irmãos. Era estranha aquela nostalgia, Harry sempre a trouxe tranquilidade, mas nessa situação era só melancólico. Quando eles chegaram ao mercado de Godric 's Hollow tudo parecia muito silencioso, eles caminharam bem vagarosamente até um mercado e assim que pegaram tudo foram até o cemitério ver os senhores Potter. Havia uma grande estátua no centro, um monumento aos salvadores do mundo mágico, bem, os antigos salvadores. "Sabe, eu queria poder conhecer seus pais, aposto que James deve ter sido tão gentil quanto você" Hermione disse enquanto abraçava seu melhor amigo, tentando lhe dar o consolo que ela sabia que era impossível. "Com certeza, aposto que se você nascesse na época dele você seriam amigos, embora eu ache que minha mãe gostaria mais de você" Foi o comentário de Harry, era engraçado conversar sobre os pais dele.

Ela demorou muito a descobrir, mas Harry naquela noite lhe deu uma pista do que o destino guardava para ela. Eles continuaram a conversar, era legal se imaginar nos anos 70, eles brincaram sobre com quem se casariam e tudo. "Bem, se eu voltasse no tempo eu acho que ficaria com Remus, ele com certeza é o melhor Maroto" E Harry revirou os olhos de uma forma um tanto graciosa. "Isso é injusto, na época de meus pais não havia garotas bonitas" E eles riram um pouco sobre isso. "Nada te impede de ficar com um cara, segundo as fotos Regulus Black era bem gostoso" Harry corou com aquilo, era muito estranho conversar sobre pessoas que já morreram ou eram velhas o suficiente para serem seus pais. "Bem, nós poderíamos perguntar aos meus pais se Voldemort não os tivesse..." Ele foi cortado em sua frase com um barulho de aparatação, ela o pegou pela mão, o puxando para junto de si, lançando um escudo entre eles e o Comensal da Morte. "Que sorte a minha, Harry Potter e sua sangue-ruim juntos e fracos" Foi a voz de Crouch que ela ouviu.

Ele não havia morrido quando foi descoberto se passando por Alastor, ele conseguiu fugir e se esconder, agora ele trabalhava caçando nascidos trouxas e os entregando no ministério. Embora é claro, Hermione soubesse que se ela fosse pega ela não seria entregue ao ministério e sim a morte. "Corra Harry, por favor" E eles correram, entretanto Crouch também sabia correr rápido, eles correram por 15 minutos antes de ela finalmente ser alcançada. "Parece que a ratinha não sabe realmente fugir dos gatos, que peninha" Ela conseguiu ver o desespero nos olhos de Harry "Vai embora Harry" Ela gritou enquanto se debatia nos braços do seu captor, quando ela finalmente ouviu o estalo de aparatação de seu amigo de olhos verdes ela se acalmou um pouco. "Oh, você tirou o prêmio grande de minhas mãos sua vagabunda nojenta" Bartô disse enquanto a dava um tapa e ria de seu rosto vermelho. "Harry matará seu líder, você verá seu porco" Foi sua resposta ao velho nojento em sua frente. Naquela noite, quando adentraram as portas da casa de Crouch ela soube que talvez fosse melhor ela ter mantido seus insultos para si. O cheiro de seu sangue era metalico e ouvir sussuros sobre como ele realmente tinha aspecto de lama como a superstição dizia era no mínimo horrível.

Quanto tempo se passou desde que o sangue se tornou algo comum de se ver em sua pele? Provavelmente dois meses segundo suas contas, embora fosse fácil se perder entre tantos gritos e dor. Hermione sabia que hoje era o dia de conhecer Voldemort, e que babaquice, esse homem prepotente botou um tabu em seu nome. Mas ela não tinha mais medo de nada no mundo, Sra. Lestrange a fez conhecer o inferno em vida. "Vamos sujinha, a gente não quer deixar meu senhor esperando, queremos?" As perguntas retóricas de Bellatrix eram com certeza uma prova de sua insanidade, mais de uma vez ela surtou por Hermione não responder uma pergunta que não precisa de respostas. "Não, nós não queremos, eu sinto muito" Era horrível para seu leão interior ter que fechar os olhos e só concordar com aquela maluca, mas que outra escolha ela tinha? "Você anda tão doce ultimamente, talvez Crouch esteja certo, você merece uma caminha" Era estranho ouvir como ambos a tratavam como um animal de estimação, por que seus pais não lhe deram um cachorrinho na infância?

"Srta. Granger, você sabe o que Potter anda planejando para você?" Talvez ele planeje me tirar desse fim do mundo, ela teve vontade de dizer mas ainda tinha um pouco de apreço por sua garganta. "Não faço ideia" E o homem sem nariz abriu o sorriso mais macabro que ela já chegou a presenciar. "Ele planeja te matar, não me olhe assim, ele precisa do coração de uma virgem" Que engraçado, zomba da vida amorosa de outras pessoas enquanto você próprio parece um defunto. "Eu não me importaria de morrer por Harry" E Voldemort parecia mais divertido ainda, quase como se ela tivesse feito uma piada muito boa. " Mas você se importaria de viver por ele?" Aquilo era uma pergunta bem estranha, levando em conta que agora mesmo o que a mantia viva era esperança de Harry ganhar a guerra. "Eu vivo pela resistência, e Harry é a resistência, então sim, eu vivo por ele" Mas sua conversa foi interrompida por uma Bellatrix ofegante que entrou correndo pela porta "Potter... ele... na sala" Outro sorriso estranho, o medo percorreu toda sua corrente sanguínea e nervos, por favor Harry, viva por nós.

Gritos, ela ouviu milhões de gritos, ela sabia quem eram os donos daqueles gritos agudos e ensurdecedores, Harry e Ron. "Por favor, não mate ele, seu sangue é tão puro quanto o seu" Ela conseguiu ouvir Harry implorar, mas suas súplicas foram cortadas pela risada insana de Bellatrix em uma de suas crises. "Oh querido, eu não me importo com seu sangue, até sua amiga sangue ruim sangra vermelho. Avada Kedavra." Hermione conseguiu escutar um baque no chão. "Sua ridícula, que você queime no fogo pela eternidade" Foi a vez de ouvir o grito de Harry. Ron, ele realmente não estava mais nesse mundo, isso era tão estranho de se pensar. Ron sempre esteve lá, mesmo que longe ele estava vivo. Ela sentiu calor em suas bochechas e preferiu se sentar para chorar no chão, que agora tinha um colchão, para que não caísse caso dormisse chorando.

Acordar era sempre estranho quando você vive em um cativeiro, ela sempre achava que estava na casa de seus pais por alguns breves segundos antes de perceber onde realmente ela estava. Quando finalmente teve coragem de se sentar ela pode ouvir um sussurro familiar. "Bom dia Srta. Granger" Professor Snape! Ela nunca pensou que ficaria feliz em ouvir a voz do homem que a atormentou tanto durante a adolescência. "Professor, o que você está fazendo aqui?" Ela viu o homem revirar seus olhos, com certeza pensando o quanto ela podia ser uma sabe-tudo mesmo vivendo em um lugar tão ruim. "Bem, até onde me lembro ainda sou um Comensal da Morte, eu também cuido dos prisioneiros às vezes. Embora nunca de você, já que Lestrange e Crouch parecem querer passar todo tempo que tem com você" Ela sabe muito bem disso, eles parecem divertidos em cortá-la ou contar suas vidas miseráveis sem ela nunca ter perguntado. "Ok, pode me dar minha comida e ir, por favor me deixa em paz"

Severus fez o que ela pediu, ele apenas deixou a comida naquele chão e se afastou como quem não quer nada. Ela pôde passar a tarde toda sozinha, ela não ouviu sequer passos pelos corredores que costumavam ser inundados por Comensais da Morte. Mas aquela tranquilidade mais a assustou que a consolou, se eles pegaram Harry no dia anterior isso pode significar que agora estão fazendo a execução pública dele. "Mione minha querida, você por aqui?" Essa voz a fez arrepiar, ela sabia quem era, o homem alto com um sotaque russo forte assim só poderia ser Antonin Dolohov. O homem do departamento de mistérios, responsável pela sua maior cicatriz, diferente de Crouch e Bellatrix que pareciam claramente loucos por conta de Azkaban. Aquele comensal da morte não era maluco como os outros dois, ele era apenas mal e ficaria feliz em ferir qualquer um. "Sinto muito Sr. Dolohov, eu não queria incomodar" Ela se sentia tão mal toda vez que implorava, Hermione Granger não implorava, ela não chorava, ela não chegava atrasada e também tinha medo de altura. Ela nunca gostaria de perder sua essência, mas situações desesperadas trazem ações desesperadas.

"Você está abaixando a cabeça? No final das contas Snape estava certo, Bella ainda consegue quebrar as pessoas" Ela sabia que aquele discurso era uma referência bem pobre ao incidente dos Longbottom, incidente não, atentado. "Sei como é, todos parecem realmente impressionados com isso" O homem finalmente sorriu, seu sorriso era feio, não tanto quanto o de Voldemort, mas mesmo assim era feio. "Oh querida, eu tenho algo importante para te contar" Mas ele não pode continuar a falar enquanto um Bellatrix com um sorriso de orelha a orelha entrou pelo quarto adentro. "Você não sabe o que aconteceu hoje, finalmente nosso senhor derrotou Potter" Isso quer dizer que Harry morreu, Ron e Harry não estavam mais nesse plano. Ela sabia que isso podia acontecer, mas no fundo ela sempre imaginou que o bem triunfaria sobre o mal. "Que cara é essa? Você não está feliz? Agora eu tenho todo tempo do mundo para ficar com você" Bellatrix continuou como se aquilo fosse algum tipo real de consolo. "Vá se ferrar, ele morreu, não aja como se isso fosse um consolo real." Seu temperamento finalmente explodiu, mas Lestrange e nem Dolohov pareciam bravos com ela. Eles simplismente preferiram sair como se nada tivesse acontecido, mais tarde ela descobriu que naquela noite foi a comemoração da vitória deles, eles não teriam tempo de tortura-la.

Crouch e Bellatrix realmente a tratavam como um cachorrinho, em algum momento ambos podiam ser ouvidos discutindo de quem era a vez de brincar com ela. E muitas vezes a deixavam com fome e em algum lugar úmido unicamente para se divertir com seu sofrimento. Foi um alívio descobrir que Voldemort se cansou de suas brigas infantis voltadas a sangue ruim de Potter e simplesmente mandou Snape cuidar dela. "Sabe Srta. Granger, eu acho que para esse problema nós temos apenas uma solução" Ela ouviu Severus dizer a ela um dia enquanto levava seu prato de comida habitual. "Pode me falar, eu faria tudo por uma nova chance" Ele encarou seus olhos corajosos, como se soubesse daquela coisa que todos sabiam menos ela. "Até mesmo morrer?" Seu coração congelou. "Morrer?" Snape olhou bem fundo em seus olhos, como se procurasse as palavras certas para explicar uma matéria muito complexa. "Voldemort soube sobre um plano de Dumbledore, ele queria poder te fazer nascer como outra pessoa, em 1961" Sua mente deu um estalo, Harry sabia sobre esse plano, claro que sabia, por isso ele parecia estranho em sua conversa sobre os Marotos, ele sabia que aquilo poderia se tornar real. "Eu posso te ajudar com o ritual, em troca de apenas uma coisa" O que Snape poderia querer? Ele nem sequer se lembraria dela nessa nova vida. "O que?" Ele pareceu hesitar por um momento. "Seja feliz, a vida é mais que guerra Hermione"

Era um ritual estranho, mas todo ritual antigo é estranho. Eles recitaram palavras em latim e escreveram runas especiais naquela madrugada. Severus a fez saber que no dia seguinte era seu aniversário, amanhã ela completava 19 anos, seria irônico morrer em seu aniversário. "Sabe algo estranho Srta. Granger, o ritual vai apagar suas memórias" Como assim? Como eles esperam que ela salve o mundo sem se lembrar de nada que aconteceu antes? Eles eram loucos? "Como eu vou salvar o mundo sem memórias?" Ela perguntou, era uma dúvida realmente importante a ser feita levando em conta que ela estava abdicando de sua vida. "Você não precisa se lembrar para fazer o certo, além do mais, eu acho que gostaria de ter tido uma irmãzinha" Ele gostaria de ter uma irmã? O que isso tem haver com tudo isso? "Como assim? Pare de me confundir" Snape simplesmente soltou a frase: "Em sua nova vida você será Hermione Snape, a filha mais nova de Eileen e Tobias Snape" Aquilo foi realmente surpreendente, mas não havia porque voltar atrás agora, o ritual está quase completo. Não havia mais nada que ela tivesse nesse mundo, talvez Hermione Snape pudesse ter um futuro brilhante.

Ela tomou aquela poção com um gosto, a pior parte de engolir aquilo foi sentir o cabelo de Snape descer por sua garganta. Por que era necessário um fio de cabelo de alguém já vivo naquela época? Quando deu meia noite ela sabia que aquela era a hora que ela morreria, ela não podia fazer muito mais. "Eu prometo cuidar de você dessa vez" Ela ouviu Severus sussurrar enquanto dava um abraço de adeus. "Nessa vida eu com certeza não te considero um herói, mas dessa vez você vai, eu juro. Eu sei que posso fazer isso" O homem deu um sorriso e beijou seus cabelos falando a última frase que Hermione Granger pôde ouvir. "Podemos fazer isso".

Tudo era escuro e então tudo parece estranhamente borrado, muitas luzes em todos os lugares e nada parece nítido o suficiente. Choro, o som de um bebê recém-nascido afeta todo o ambiente. "É uma menina, ela nasceu um pouco magra, mas saudável o suficiente." Disse a médica que fez o parto passando o bebê para sua mãe. Bem-vinda a vida Hermione Snape, uma bebê com pulmões bons demais, uma criança muito frágil, uma vidente e uma fã admirável de Quadribol. Mesmo que nenhum deles ainda soubesse disso, todos os Snapes já sabiam que a pequena Hermione era o raio de sol daquela família.

A Hermione e o Harry erraram todas as suas suposições sobre viver com os Marotos, e bem, finalmente o título da fanfic começou a ter sentido. Por favor tente comentar seus pensamentos sobre a história, isso me ajuda a saber em que pontos eu estou pecando. E o primeiro pedaço do último parágrafo é o primeiro parágrafo do prólogo, achei uma boa referência.  E feliz dia das bruxas, mesmo que você seja potterhead então o dia não seja muito bom. Descansem em paz Lily e James

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