Capítulo 13
Lya conhece os narnianos
- Minharainhaémuitobomtever!- Um esquilo falou rapidamente, quase sendo incompreensível, ele saiu do meio minitauros que estavam atrás de Caspian.- Sou farfalhante!
Farfalhante era um esquilo de tamanho
incomum, muito maior do que os esquilos comuns que Lya estava acostumada a ver. Sua presença imponente entre os demais animais de Nárnia era notável. Embora grande, ele mantinha a agilidade típica dos esquilos, movendo-se com destreza e rapidez, características que os esquilos geralmente possuem. No entanto, essa combinação de tamanho e agilidade podia ser um desafio para a comunicação, especialmente considerando que os esquilos eram conhecidos por sua natureza tagarela. Misturar rapidez com um gosto por falar muitas vezes podia complicar, mas Farfalhante parecia lidar com isso com maestria, mesmo sendo maior e mais falante que a maioria dos seus companheiros.
- Farfalhante? É? - Lya riu com animação, observando atentamente o esquilo com pelos alaranjados.- O nome faz Jus a você!
O olhar do animal ficou doce e gentil, ele concordava que suas palavras pareciam refletir em sua personalidade.
- Gostaria de uma noz? - o esquilo ofereceu, estendendo uma pequena noz em direção a Lya, com um brilho travesso nos olhos. Mas Lya, sorrindo, recusou com gentileza: "Por agora não, mas mais tarde aceitarei com apreço".- E uma música?
A música parecia uma boa ideia naquele momento e Lya não ousou rejeitar.
E ficou feliz quando os narnianos quiseram dedicar uma canção a ela. A melodia alegre e barulhenta ressoava pelos bosques de Nárnia, ecoando a devoção dos habitantes à sua rainha. Lya se perguntava como os outros não acordavam com a música, afinal, ela não estava tão longe deles. Não poderia ter ido tão longe assim. Enquanto a canção ecoava, Lya se entregava à dançar com os faunos, abraçar as raposas, compartilhou uma noz com Farfalhante, rodopiou e pulou ao lado de Caspian. Entre um gesto e outro, ela encontrou um momento para trocar o curativo do caça-trufas, mostrando sua preocupação com o bem-estar do texugo. No entanto, um anão negro chamou sua atenção. Ele parecia o único a não se divertir, sua expressão carregada de irritação. Lya se aproximou do anão, curvando-se para ficar ao seu nível, observando atentamente as expressões sombrias em seu rosto enrugado.
- O que há com você? - Sua voz era suave, carregada de preocupação genuína.
O anão, inicialmente relutante, respondeu com um resmungo mal-humorado, mas rapidamente corrigiu sua postura ao perceber a identidade da pessoa diante dele.
- Majestade, desculpe, sou Nicblak.- disse Nicblak, com sua estatura pequena e barba emaranhada, tinha olhos escuros que brilhavam com uma mistura de desconfiança e determinação, revelando as marcas de uma vida cheia de desafios.
- O anão negro! - Lya murmurou, era o amigo de Trumpkin. Lya acabou recordando as histórias antigas e os dias sombrios em que salvaram vários anões do trabalho escravo sob a tirania de uma Feiticeira. - Houve uma fé...
- Todos assimulam, a gente com a feiticeira branca. - Nicblak suspirou, interrompendo-a, revelando a sombra do passado que ainda pairava sobre ele. - Todos dizem isso, acham que ainda a sirvo.
- Que nojo! - Lya expressou seu repúdio com uma careta de desgosto, negando com a cabeça. - Ela não! Está é uma outra história.
Com paciência, a jovem rainha explicou a história para Nicblak, compartilhando os detalhes do dia em questão.
Após contar a história completa para Nicblak, Lya notou a expressão curiosa e irritadiça do anão, refletindo sobre cada palavra que compartilhava.
- Mas nós, anões negros, apreciamos trabalho mais do que tudo. - O pequeno falou, com uma expressão séria e decidido. Os traços de seu rosto, marcados pela vida dura. - Não acho que precisavam ser salvos!
Conhecidos por sua dedicação ao trabalho e suas próprias batalhas, os anões negros valorizavam a independência e a força de vontade, mesmo em circunstâncias adversas.
- Não se usa anões como empregados, Nicblak! - Lya respondeu com firmeza, seus olhos refletindo a compaixão que sentia pelas criaturas que precisavam de ajuda. Sua voz, suave mas com convicção de seus valores. - Eles passavam fome, e precisavam voltar para suas famílias e suas casas.
Nicblak, pensativo por alguns segundos, preferiu ficar calado, e sua expressão irritadiça retornou abruptamente.
- Por que está mal-humorado desta vez? - A menina virou-se para o pequeno, sentado à sua frente. Seus olhos azuis, sondavam os do anão em busca de compreensão.
- Não concordo com um Telmarino como nosso futuro rei. - Disse ele em um resmungo. - O escolheram para o cargo sem nem pensar na hipótese de nos trair, e se estiverem apenas nos usando para levar até o maldito Miraz?
- Caspian? - Lya riu, observando o jovem dançando e brindando com Caça-trufas seus olhos brilharam com a cena. - Ele é o rei certo para vocês.
- Só diz isso porque gosta dele. - Resmungou Nicblak novamente, o que deixou Lya um tanto tímida, suas bochechas corando levemente diante da acusação.
Agora, refletindo sobre a amizade que compartilhava com Caspian, Lya não sentia seu coração palpitar como imaginava.
- É um amigo querido. - Disse ela com um pequeno sorriso no rosto, tentando dissipar o clima. - Quando conhecer Pedro, verás que ambos são muito parecidos, e entenderás por que Caspian seria um bom Rei! - Lya pensou em Pedro e sentiu seu coração palpitar agora, uma mistura de nostalgia e esperança preenchendo seu peito. - Se ele também aprender a ser um pouco mais calmo como Eddie, será o rei perfeito! - A menção a Edmundo trouxe mais uma onda de emoção, suas lembranças do passado se mesclando com as expectativas para o futuro.
- Discordo! - O anão se levantou com a cara fechada, seus olhos faiscando com a teimosia característica de sua raça. - Ocorreu tudo bem para vocês porque não são Telmarinos; já esse aí tem o sangue de Caspian I nas veias, uma herança que pode trazer mais perigo para nossa terra.
O olhar teimose de Nicblak refletia a profunda preocupação com o futuro incerto de Nárnia, uma terra que testemunhara muitas batalhas e percas. Seus traços rígidos denotavam uma convicção arraigada em suas crenças, um senso de proteção que transcendia as diferenças políticas e étnicas.
Lya, compreendendo a gravidade das palavras do anão, ponderou sobre a responsabilidade que recaía sobre Caspian, um jovem que carregava o peso de uma linhagem nobre e suja, mas com esperança em ter um reino unido como antes.
- Nicblak, compreendo seus receios. - Lya falou com gentileza. - Mas devemos dar a Caspian a chance de provar sua lealdade e seu compromisso com Nárnia. Ele os trouxe esperança em tempos sombrios, não é?
Apesar das reservas de Nicblak, a mensagem de Lya ecoou em seu coração, penetrando além das barreiras da desconfiança e do medo. Enquanto observava os narnianos celebrando ao redor da fogueira, uma chama de esperança parecia reacender em seu íntimo, iluminando as sombras da incerteza.
O anão contemplou o cenário diante de si: faunos dançavam com alegria, os esquilos tagarelavam animadamente e até mesmo os ursos pareciam mais joviais naquela noite. O clima festivo envolveu todos os presentes, como se a presença de Caspian e Lya tivesse trazido uma nova luz para Nárnia, dissipando as trevas que ameaçavam consumir a terra. Nicblak não pôde deixar de se sentir contagiado pela energia positiva que permeava o ambiente. Era como se, por um breve momento, as diferenças e as desconfianças fossem substituídas pela promessa de um amanhã mais brilhante.
- Darei uma chance ao Telmarino. - Nicblak finalmente cedeu, sua expressão suavizando-se em um gesto de resignação. - Mas estarei de olho nele, majestade. Não permitirei que nossa terra seja traída novamente.
Lya assentiu com gratidão, reconhecendo o compromisso do anão com seu povo.
Lya estendeu a mão para Nicblak, que, inicialmente, pareceu confuso e receoso diante do gesto inesperado.
- O que quer? - Perguntou ele com certa grosseria, expressando sua desconfiança.
- Não seja grosseiro! - A loira reclamou, bufando e, em seguida, balançou a mão novamente, convidando-o a se juntar à festa.
Mesmo relutante, Nicblak cedeu ao convite, segurando a mão da jovem. Com cuidado e um tanto já arrependido. ele se deixou ser conduzido por Lya até o meio da celebração. Entre narnianos, a música animada preenchia o ar, e as risadas ecoavam pelo bosque.
No meio da dança, Lya foi alvo das brincadeiras dos faunos, que a pegavam e a giravam com entusiasmo. No início, ela ficou tonta, mas logo se entregou à diversão, sentindo as mãos amigáveis deslizando por suas costas e apreciando a alegria contagiante do momento.
Em determinado momento, alguém a segurou com cuidado. Ao levantar o olhar, Lya se deparou com Caspian, que estava bem próximo.
- Vem. - O jovem segurou sua mão, e os dois se afastaram, deixando para trás a agitação da festa. Lya, curiosa, tentou olhar para trás, e logo os gritos irritados de Nicblak revelaram sua localização: os faunos o levantavam, e ele protestava com indignação.
Rindo alto da situação, Lya se deixou levar pela mão de Caspian.
- Me conte tudo!- Caspian sorria com a curiosidade brilhando em seus olhos enquanto se sentava ao lado de Lya na grama. - Eu não me canso de aprender sobre Nárnia.
Lya riu suavemente, sentindo-se à vontade na presença de Caspian.
- Acho que você sabe até mais dela do que eu própria! - Brincou ela, enquanto se acomodava na grama macia. O aroma fresco da grama envolvia-os, e ela se deliciava com aquele ar puro. - A primeira vez que fui até o acampamento de Aslam, o cheiro da grama foi a primeira coisa que me deixou encantada.-Lya pegou um punhado de grama entre os dedos, sentindo sua textura suave e vibrante.- A grama daqui é tão verde quanto a grama do quintal do meu tio - comentou, compartilhando uma conexão entre os mundos que conhecera.
Caspian olhou para as mãos de Lya, agora sujas de terra, com uma expressão curiosa.
- Você sempre amou Nárnia? - Perguntou ele, observando as marcas da jornada da garota.
- Amo Nárnia desde que me lembro..- respondeu ela, com um pequeno sorriso, perdida em memórias. - Havia a mãe Castor e seu marido, o Sr. Castor! Você teria adorado eles.
Ela fazia um chá quente tão bom! e o Sr. Castor odiava os dias de banhos. - Lya riu com carinho. - Mas era um ótimo construtor e amigo.
Caspian não pôde deixar de notar o cheiro de lama seca que vinha de Lya e não resistiu a uma piada:
- Aprendeu com ele a não se banhar? - Brincou Caspian, percebendo o aroma terroso, Plummer envergonhada começou a corar. - O cheiro não está tão forte assim, não precisa se envergonhar.
- Caí em um poço de lama hoje cedo. Passei horas no rio, mas esse cheiro não sai por nada!- reclamou a garota, escondendo o rosto envergonhada.
Caspian ofereceu uma solução gentil:
- Temos roupas quentes aqui e você pode tomar banho no riacho amanhã cedo. Tudo bem? - Propôs ele, olhando para Lya com compreensão.
Ela confirmou com um aceno, sentindo-se grata pela gentileza de Caspian.
- Conte mais sobre a antiga Nárnia - pediu ele, ansioso por ouvir mais sobre o passado daquele mundo encantado.
Lya, evitando agora encarar o príncipe, começou a contar sobre o lobo Maugrim, o fantástico Tumnus, e seu melhor amigo, o senhor Raposa. Ela compartilhou as histórias dos companheiros que perderam em batalhas, e até mesmo falou sobre sua experiência de voar em um grifo majestoso. Cada narrativa transportava Caspian para os cantos mais remotos e mágicos de Nárnia, deixando-o maravilhado com o mundo que agora começava a conhecer mais profundamente.
Com tantas histórias fascinantes, ambos acabaram sendo vencidos pelo sono ali mesmo, na grama fresca com seu aroma único. Enquanto o cansaço também dominava os outros narnianos, os faunos saíram em busca de Caspian e Lya. Encontraram-nos em um sono profundo, sorriram uns para os outros e, com cuidado, carregaram suas majestades até as cabanas improvisadas, onde poderiam descansar em segurança.
•| ⊱✿⊰ |•
Lya acordou com os primeiros raios de sol, sentindo-se revigorada após uma noite tranquila. Ao se espreguiçar e olhar para o lado, surpreendeu-se ao encontrar Caspian ainda dormindo na mesma cabana. O coração da jovem acelerou enquanto ela tentava recordar os eventos que os levaram a compartilhar o mesmo espaço.
Saindo da cabana com cautela, Lya mergulhou em pensamentos, envolta em questionamentos sobre a jornada até ali. Desitraida se debateu com Nicblak e Caça-trufas.
- Me desculpem, senhores. Não os vi!- Lya falou, ainda um pouco perdida.
- Parece assustada, majestade. - O Texugo segurou suas mãos geladas, oferecendo conforto.
- E ainda está com cheiro de lama! - Resmungou Nicblak com sinceridade.
- Caspian mencionou um riacho por aqui. Podem me levar até lá? - Lya cheirou o próprio braço e fez uma careta, expressando desagrado.
- Não conte comigo. - Nicblak virou-se e afastou-se com seu jeito ríspido.
- Eu levo. - O Texugo prontamente ofereceu sua ajuda, lançando um olhar significativo para Nicblak antes do anão se afastar. - Nicblak, peça a Farfalhante conversar com Ripchip. Diga a ele e aos amigos para consertar um dos vestidos e trazerem-nos depois de prontos.
O anão acenou em entendimento e seguiu seu caminho.
- Ripchip? - Lya questionou, buscando em suas memórias.
- Pode ser que não o tenha o visto devido ao seu tamanho. É pequeno, mas é muito habilidoso com a espada, assim como todos de sua raça, tambem são excelentes costureiros. - O Texugo esclareceu. - Mas pode ter certeza de que ele se apresentará devidamente.
Lya desfrutou do banho no riacho, onde a água era surpreendentemente mais quente do que a do rio. Ela se permitiu saborear o momento de tranquilidade e solidão, deixando a água limpar não apenas seu corpo, mas também sua mente. Enquanto a água escorria por seu corpo, Lya ponderava sobre o despertar dos Pevensie, questionando-se se já estariam acordados. A ideia de ter encontrado Caspian antes dos outros a deixava ansiosa, preocupada com a reação dos amigos. Respirando fundo, ela saiu da água e se enrolou no pano fornecido pelo Texugo, sentindo-se revigorada e pronta para enfrentar o que estivesse por vir.
O som das patas rápidas de Farfalhante a trouxe de volta à realidade, e o esquilo animado entregou o vestido preparado para ela. Era um vestido rosa com linhas esverdeadas, confeccionado em seda impecável, uma obra-prima dos anões. Lya segurou o vestido com admiração, deslumbrada com a beleza da peça.
- É lindo! - Murmurou, emocionada.
- Ripchip quis fazer tudo sozinho! A espada do tamanho de uma agulha é bem útil. - Farfalhante explicou enquanto se preparava para partir. - Aquele espertalhão quer conversar com você antes de irmos ao encontro dos Reis e Rainhas.
Lya assentiu com a cabeça, agradecendo ao esquilo, e, depois que ele partiu, vestiu o belo tecido com cuidado, sentindo-se como uma verdadeira rainha de Nárnia.
O centro do acampamento estava vivo com a agitação de todos se preparando para o novo dia. Lya, procurando Ripchip, imaginava que ele fosse um anão, considerando a descrição de que ele era pequeno.
Caspian emergiu da cabana já vestido, seus olhos se surpreenderam com o novo traje de Lya à distância. Ele se aproximou, vendo-a de longe, e um sorriso brincalhão dançou em seus lábios ao comentar sobre o vestido.
- Até que não ficou ruim. - Sua voz carregava uma brincadeira, enquanto observava com admirar o traje da jovem.
- Caspian! - Lya respondeu com um tom de repreensão, seguido por uma risada leve.
- Na verdade, ficou perfeito, afinal, foi obra minha! - Uma voz surgiu do chão, surpreendendo Lya.
Procurando ao redor, finalmente avistou um rato, um pouco maior do que os comuns, caminhando habilmente sobre duas patas, olhando-a com curiosidade.
- Então, você é o Ripchip! - Lya se abaixou e estendeu a mão para cumprimentá-lo, e ele a aceitou com a patinha, exibindo um ar encantado. - O que ouvi sobre você não faz justiça à sua presença!
- O que dizem?! - Ripchip, empolgado, tirou a espada da cintura, pronto para ouvir as histórias.
- Dizem que você é muito pequeno! Extremamente baixo. - Lya confessou, quase sorrindo pela brincadeira. - Mas agora que te vejo, nunca vi um rato tão grande!
Ripchip, lisonjeado pelas palavras da rainha, fez uma pequena reverência e encarou Caspian, esperando que ele compartilhasse da opinião dela.
- Ah, claro. Você é muito grande. - Caspian segurou o riso, contribuindo para o clima descontraído.
O rato, agora cheio de confiança, estufou o peito diante dos elogios, sentindo-se valorizado pela atenção que recebia.
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