O meio-3
Tarde de 03 de maio de 1920
Clube 25
Os corpos se chocando dentro daquele pequeno espaço fazia com que seu corpo tremesse a cada atrito e claro, o rei não só pressentia como achava adorável o fato de você está com medo.
Mais um acerto no rosto de um e no estômago de outro, os homens continuavam a lutar enquanto envolta os outros vibravam em meio ao cheiro de cigarro forte e gritos erguendo nos punhos cédulas de dinheiro.
"Eu só quero sair daqui." -- Pensou conforme um pouco de sangue respingou em sua direção fazendo com que fechasse os olhos e o Kibutsuji continuou ali, como se nada estivesse acontecendo, até que um homem de pele escura e fios médios se aproximou, seus olhos verdes intensos e a face debochada como se estivesse prestes a matar alguém por pura diversão.
-- Ele chegou -- O homem sussurrou e Muzan deslizou o dedos por sua coxa as apertando.
-- Vou recebê-lo no escritório. Vamos querida? -- Fez um sinal com as mãos deixando claro que deveria se levantar e assim você fez, andando atrás dele e na frente do desconhecido que mais parecia certificar-se de que não fugiria.
Ao chegar no local adentraram nessa mesma ordem e Muzan te manteve nos braços, o certo cliente foi encaminhando ao escritório minutos depois e sua visão chegou a embaçar quando o viu, sua respiração ficou densa e acima de tudo seu olhar baixo enquanto tentava conter o temor e obviamente que o rei detestou. Se deveria temer alguém, esse alguém era ele. Como podia estar tremendo de medo por um simples homem?
A resposta para essa pergunta é simples: Kenji da família Monoma um político em acessão que pode não aparentar por seu bom porte, mas é um homem extremamente cruel e quem vê cara não vê coração.
A maioria das casas de Yoshiwara não o aceitam mais, justamente por sua perversidade, mas, para Hina o que importa é o dinheiro independente do quanto suas garotas sofreriam nas mãos dele. Houve casos de algumas serem mortas, lê-se assassinadas durante o ato e tem aquelas que voltavam para a casa completamente desesperadas e você foi uma delas, ainda lembra das marcas de asfixia e as correntes em seus pulsos além das marcas que deixaram suas costas em carne viva tudo por que reagiu. Não queria morrer e lutou por sua vida e agora estando ali de frente para o agressor deixava tudo pior, mesmo que não soubesse do fato de que a parte do escritório que correspondia a Muzan sempre era mais escura e não dava para te reconhecer.
-- Senhor M, fico feliz que me recebeu. -- Só de ouvir a voz uma lágrima muda escorreu por seu rosto.
-- Hum.
-- Eu tenho informações valiosas sobre algumas casas em Kyoto e sei que está procurando expandir seus negócios, além do mas meu escritório está disposto a exportar seu produto para Londres.
-- E imagino que queria metade disso. -- A voz densa de Muzan não te preocupou, não podendo dizer o mesmo de Kenji.
-- Eu tenho uma ideia melhor. Quero abrir um novo negócio, ouvi dizer que puteiros estão dando muito dinheiro, fora as informações interessantes que se pode conseguir. -- Riu tentando apartar o clima tenso e você apenas viu o charuto do Kibutsuji ser acesso pelo homem de olhos verdes e o leve tilintar que capturou seu momento enquanto Muzan alisou sua coxa chegando próximo a sua bunda por baixo do tecido soltando levemente a fumaça rente aos lábios.
-- Até onde sei está banido do distrito da luz vermelha. O que te faz achar que alguém vai ceder a essa proposta?
-- E nem preciso, é só comprar putas aos montes e a adorável Hina nunca me negou uma visita. -- Muzan tragou mais uma vez antes de estalar os dedos.
-- Karaku acompanhe Kenji para fora, coloque-o no ring. Quero ver como se sai. -- A voz de Muzan deixava clara a ordem e você só viu quando o castanho se levantou alarmado.
-- Não foi esse o combinado.
-- Você não diz o quê é ou o que deixa de ser. Quem determina algo aqui sou eu, Sekido coloque Gyokko para lutar com ele.
Você viu quando o homem de olhos verdes sorriu cheio de malícia.
-- Não pode fazer isso! Eu sou um homem impor... -- A voz sumiu diante o tapa na cara dado por Sekido.
-- O mestre não mandou você falar e acho bom começar a andar. -- O barulho da arma destravando e sendo encostada nas costas daquele que te causou tanto pavor não pareceu aliviar em nada sua cabeça pesada.
-- Karaku, chame Aizetsu e levem-na para o hotel.
O homem assentiu e assim que ficaram sozinhos ele fez com que sentasse na mesa de frente para ele a mão esquerda foi até o seu belo rosto limpando a marca da lágrima e ficando de pé, agora entre as suas pernas.
-- Gostaria de assistir a luta? -- Esfregou suas coxas, você piscou diversas vezes.
-- Está me dando escolha? -- Curvou os lábios lentamente, sentindo o pescoço ser agarrado e um roçar nos seus lábios.
-- Sempre que for uma boa garota, e até agora teve escolhas demais não acha? -- Suas mãos serpentearam pelo colete se agarrando ali e olhando no fundo dos olhos dele, pela primeira vez desde todo o ocorrido e dessa vez, sem medo. Suas pernas circularam o quadril dele que puxou sua cintura de encontro ao próprio corpo.
-- Eu não quero ver. Nunca mais. -- Tentou não ser tão óbvia a respeito do homem que saiu desta sala, mas, a inteligência de Muzan sempre foi aguçada.
-- Você vai para o hotel e está livre para andar por todas as dependências, exceto pelo andar dos meus luas e quando eu chegar. Acho bom que seja bem receptiva.
Apenas assentiu pondo um meio sorriso nos lábios e dando um selinho no canto da boca dele. Batidas soaram a porta e logo após o famigerado entre, você foi direcionada a dupla de olhos azuis e verde.
-- Sn está em sua responsabilidade. O que acontecer com ela, ocorrerá duas vezes com vocês. -- Ambos assentiram antes de te levar embora daquele local, seu coração palpitava em desespero, em um silêncio ansioso de quem não via a hora de estar de volta ao hotel.
[...]
Faziam exatas duas horas que Sn tinha deixado o local enquanto Muzan assistia Kenji levar uma surra, Gyokko não pegou leve e foi possível ouvir o barulho do braço do outro quebrando. O rei estava minimamente entediado quando um estouro em frente ao clube chamou atenção e a invasão seguinte fez com que muitos se assustassem, os tiros trocados fizeram com que Kibutsuji fosse para o escritório tranquilamente esperando que Gyokko fosse ao seu encontro.
-- Quem são?
-- Seus inimigos rei. -- O Kibutsuji abriu o armário atrás de si pegando a top gan, passou outra arma para o Kizuki e sorriu. -- Avise aos outros que não deve sobrar ninguém.
O brilho cruel nos olhos do líder fez com que Gyokko respirasse pesado, conhecia muito bem a sede de sangue incontida de seu patrão.
༺══༻
Yoriichi respirava fundo a cada passo dado sentia que estava dando voltas em torno de si mesmo.
-- Aquele desgraçado. -- Sussurrou enquanto Surya massageava as costas calmamente.
-- Se acalme Yiichi -- Beijou o topo dia fios alheios e ele respirou profundamente.
-- Preciso que tente descobrir algo com a garota.
-- Sn ainda não voltou.
-- Mas uma hora ocorrerá, os luas seis se esconderam antes que eu pudesse tocar neles e a Oiran daquela casa afirma não saber nada. -- Cruzou os braços, recebendo Surya que sentou no colo.
-- Era de se esperar. Os Kizukis são difíceis de pegar por um motivo e eu posso apertar a Oiran daquela casa se você quiser. -- Sorriu de forma doce.
-- Não. Espere o retorno da garota e seja sutil, não podemos ter mais erros já bastam todas as mortes.
Ela suspirou massageando os ombros do maior.
-- Não foi você quem puxou o gatilho Yiichi.
-- Mas permiti que Muzan escapasse, então não deixa de ser culpa minha. -- Ele apertou a mão dela, estava aflito por dentro e por fora mantinha a expressão de sempre. Chegava a ser inexplicável a sensação de impotência que percorria o corpo toda vez que dava com os burros n'água ao caçar o maior criminoso do Japão.
-- Eu não vou entrar em detalhes com você a respeito disso, mas precisa deixar esse pensamento de lado. Você salvou inúmeras idas quando escolheu não correr atrás daquele desgraçado e se continuar agindo assim, como vai concluir o seu trabalho sem que a vingança queira te dominar? -- Surya possuía razão, mas no momento o Tsugikuni não escutaria nada além do som de seus pensamentos que insistiam em dizer que falhou. Falhou como chefe, em proteger aquela que precisavam, falhou como marido e acima de tudo falhou como pai para aquela que ao menos conheceu esse mundo. O peso que sentia fazia com que seu corpo desejasse se arrastar no chão, mas a vontade de trazer justiça aos que merecem e a certeza de que com o fim do Kibutsuji muitas famílias não sofreriam mais, era o que o mantinha de pé.
-- Vou tentar descobrir tudo com a garota. -- Surya respondeu, bastava observar o olhar cheio de carinho e ainda assim cheio de dor que ela mantinha as convicções de que faria de tudo para ajudá-lo.
-- Só tome cuidado, ficarei fora por uma semana para não levantar suspeita, já que a maldita dona desses estabelecimento joga de ambos os lados.
A mulher riu de leve beijando a bochecha alheia:
-- Não se preocupe com ela, pois quando chegar a hora eu vou fazer questão de extirpa-la lentamente. -- Sorriu com malícia fazendo com que Yoriichi ponderasse se realmente deveria deixá-la castigar a mulher, visto que a natureza de Surya conseguia ser tão cruel quanto a de um lua.
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