O meio-1
02 de maio de 1920
Mansão Kibutsuji
Como foi que aquilo começou, será que foi quando Muzan ainda jovem assumiu os negócios do pai perdendo sua humanidade aos poucos ou simplesmente dando razão ao seu lado cruel?
Será que assistir parte da família morrer por problemas financeiros e agiotagem influenciou em suas escolhas?
A resposta é um provável não.
O rei como foi apelidado estava em seu escritório revendo os documentos entregues por Gyokko o homem responsável pelo setor financeiro dos Kibutsuji e era realmente incrível ver o quanto se podia lucrar com as drogas mesmo que as vezes precisasse forçar o usuário a se viciar. Os bordéis também não ficavam para trás davam um lucro massivo e Daki e Gyutaro eram bons administradores um vez que o Garoto por não ter uma aparência agradável aos olhos dos demais era temido e um excelente cobrador, já Daki uma cortesã e tanto, sempre arrancando dos clientes até o último segredo e com isso pilhas de suas fortunas - Uma verdadeira estelionatária - fora os outros a que ofereciam proteção em troca de dinheiro, ou seja, negócios perfeitos e uma vida pacata.
E essa sensação fazia com que o rei ficasse ansioso, no fim das contas precisava da violência, do caos e de tudo que esses sentimentos rodeiam para sentir-se vivo.
Uma sensação terrível que por muita das vezes cria um rastro de destruição levando inúmeras vidas de inocentes.
Muzan soltou a fumaça que pairou pelo local se recordando de como foi acordar, três dias depois de ser operado por Rui seu lua favorito sendo supervisionado por Enmu o verdadeiro médico dos kizukis e descobrir que a garota que o salvou ainda estava ali, já que Kokushibo concluiu que não deveriam matá-la antes de ter uma resposta e estava certo. Durante a curta recuperação o líder ficou sabendo de suas perguntas a respeito de seu estado de saúde e isso o agradou tanto quanto o fato de seu braço direito ter mandado a esposa comprar roupas para você.
-- Não liberte-a ainda, mas deixe-a livre o suficiente para perambular por meus domínios. -- Ele simplesmente ordenou e foi esse o real motivo de ter ficado tanto tempo na mansão, mas veja pelo lado bom. Nesse tempo não foi obrigada a servir ninguém, por mais que detestasse a ideia de estar presa ainda assim era melhor do que ter que vender seu corpo obrigatoriamente.
O Kibutsuji terminou os trabalhos mais cedo do que esperava e depois de alguns copos de whisky 's subiu para o quarto onde a banheira quente já estava a espera e agora olhava para reflexo no espelho lembrando do seu olhar que aos poucos passou de morto e sem emoções para um reflexo da luxúria que ele mesmo destilou. Os dedos esguios tocaram a marca de mordida no ombro pensando o que faria contigo á noite e você não estava nem mesmo preparada. Por hora Muzan se importou em ficar extremamente belo, teria uma reunião com a família Samako em breve, uma das muitas que poderiam lhe ser útil devido a sua classificação social e óbvio que como um homem poderoso sempre procurava expandir seus negócios e os navios de Samako seriam extremamente úteis em sua nova empreitada, novamente seus olhos adoráveis e perdidos vieram a tona e uma ideia completamente controversa veio a mente dele. A vontade de por o desejo em prática ecoou e sorrindo resolveu mudar os planos, você teria mais trabalho do que imaginou e caminharia sobre a trilha que lhe foi imposta, afinal ninguém recusa a proposta de um rei.
[...]
No clube você acordou por volta das treze horas, estava tão cansada que mal conseguiu se erguer da cama. Outros já haviam te deixado assim, mas não pelo mesmo motivo que ele.
-- Finalmente acordou Sn. -- Surya te olhou de maneira doce.
-- Eu não... -- Desviou o olhar alisando os cabelos. -- Apenas me desculpe.
A morena se aproximou com panos quentes e um recipiente adequado além de uma jarra, ela cuidou de seus braços e pernas aliviando a dormência dos músculos fosse pelo sono ou pela exaustiva atividade da madrugada.
-- Fiquei sabendo que ele retornará á noite. -- Tais palavras te deixaram com os olhos arregalados.
-- Isso significa que o senhor Kibutsuji virá me ver?
-- Ver é pouco. -- Surya comentou enquanto te ajudava a levantar colocando um roupão em seu corpo e te guiava até o banheiro. -- Aquela mocreia da Hina está estufando os peitos que não tem e pagando sermão para todas as meninas dizendo que deveriam ser como você e agarrar um homem bem poderoso.
Você sorriu de escárnio.
-- Isso é uma piada de muito mal gosto, há meninas aqui que saem com homens poderosos há anos e são cortesãs tão benquistas que até saíram daqui para permanecer somente com eles. Fora que foi dessa forma que o Lótus ficou tão reconhecido e agora eu, ou como ela prefere apelidar: "a puta desgraçada" sou um exemplo? Se bem que sempre fui não é mesmo? -- Essa era a primeira vez que Surya te ouvia desabafar amargamente, na verdade era a primeira vez que o fazia e enquanto te deixava sozinha para que fizesse suas necessidades e depois adentrasse a banheira, a morena só se aproximou quando ouviu o barulho da água ficando do lado externo da porta.
-- Eu... Sinto muito Sn. -- Ela mencionou atraindo a sua atenção que não disse uma palavra. -- Sabe, muitas de nós tínhamos inveja de você no começo por ser tão procurada, mas não fazíamos ideia do que você passava. -- Você dobrou os joelhos os abraçando sabia exatamente do que ela estava falando.
-- Pelo menos acabou. -- Sussurrou e nem se deu conta de que suas lágrimas desciam por seu rosto, seria um eterno pássaro ferido com lembranças amargas demais para serem esquecidas.
-- Vou trazer sua refeição não se esforce. -- Fungando mais uma vez, aproveitou a banheira afundando e prendendo a respiração até não aguentar mais, imaginando que ninguém sentiria falta se por exemplo se afogasse. Nunca em sua vida ansiou pela morre, nem mesmo quando foi estuprada, torturada ou esquecida, sempre sentiu em seu âmago que deveria possuir a liberdade antes de respirar uma última vez.
Sua vontade de se libertar falava mais alto do que qualquer outra coisa, mesmo que a morte pudesse ser incrivelmente tentadora.
Surya não demorou a voltar, entretanto veio correndo com os olhos um pouco arregalados e abrindo a portando do quarto. Você andava devagar, suas pernas estavam funcionando muito melhor mesmo que o meio delas, coxas e seios ainda estivessem doloridos.
-- Sn coma rápido por favor. -- A bandeja que foi posta em sua cama trazia uma refeição completa e reforçada além de sobremesa e bebida.
-- É muita comida.
-- Coma o máximo que aguentar. Recebemos um aviso de que um kizuki virá te buscar então aproveite seu descanso.
-- Por Deus. -- Você se pôs a comer imediatamente, mal mastigando entre um porção. Estava bebendo seu chá quando a porta do quarto foi novamente aberta:
-- Minha querida Sn, o senhor Kibutsuji mandou isso para você! Ande sua inútil venha pegar com cuidado o presente da cortesã. -- Hina chamou por Surya que simplesmente revirou os olhos.
-- Não fale assim com ela por favor. -- Você pediu, os olhos da cafetina só faltaram te queimar, mas o que poderia fazer se o próprio Muzan deixou claro que você se tornou intocável? Certamente que tinha amor a vida o suficiente para respeitar a vontade do homem mais poderoso que conhecia.
-- Claro querida, apenas ajude-a Surya ele já deve está a caminho. -- Hina saiu após a acompanhante pegar o vestido e você sentiu suas palmas suarem.
-- Deus Sn você viu como ela se mordeu de ódio? Caramba os boatos que ouvi em relação ao seu cliente são verdadeiros.
Você a encarou confusa.
-- Sn você precisa ficar mais atenta. Ouvi dizer que se tornou intocável até mesmo para a dona do clube.
Por um minuto não soube o que dizer e muito menos como proceder. Ser intocável significava que não teria mais que "trabalhar"? Que ninguém viria até a casa queixar-se da sua falta de 'ânimo' ou que nunca mais tocaria em você?
Só esses pensamentos te faziam suar frio e uma dor sem motivo ressurgisse em seu corpo, como se uma agulha espetasse sua coluna deixando-a cada vez mais instável.
-- Seu treinamento deve começar amanhã, mas sei que ainda se lembra dos ensinamentos que teve não é mesmo? -- Ainda inerte assentiu.
-- Sem problemas, não quero que arque com as consequências por minha insubordinação.
Surya suspirou ao te ouvir, apesar de tudo você era uma pessoa boa demais para estar ali.
-- Sn você não compreende a sua posição. Aqui dentro a sua palavra é lei agora, não se trata de passar por cima das ordens de Hina e sim que nem ela mesma tem poder mais sobre você. Agora vamos ao que interessa, antes que venham te buscar e não esteja apresentável o suficiente pois ai sim teremos problemas.
Você se apressou a ir para o banheiro escovar os dentes e manter-se extremamente limpa para por as rupas que viriam a seguir.
Suas cochas receberam meias de seda assim como a peça íntima era lindíssima e longe do tradicional utilizado por baixo dos quimonos, depois disso calçou os saltos pretos afivelados conferindo a aparência no espelho, nunca esteve tão linda. Surya te ajudou a por o vestido em tom preto com detalhes dourados que pareciam flores presas ao longo do tecido, a manga curta sustentava um corte expondo um pouco dos ombros, seus cabelos foram presos e enquanto fazia sua própria maquiagem a mulher fechou o zíper do vestido.
Uma plumagem preta foi presa em seu adereço de cabelo ficando um pouco alta e do lado direito, as luvas em tom dourado forma postas e a bolsa da cor do vestido lhe foi entregue. Por fim recebeu colares e brincos e um casaco de plumagem foi posto em seus ombros, serviria para esconder cada parte do tecido além de te aquecer se a noite estivesse fria.
-- Ande um pouco para se acostumar com o peso. -- Surya sugeriu já pegando o borrifador de perfume e você o fez. Chegou a dar duas voltas sendo levemente perfumada e depois sorriu.
-- Estará aqui quando eu voltar?
Ela desviou o olhar e antes que respondesse Hina abriu a porta.
-- Está lindíssima minha querida. -- Se aproximou pegando suas mãos. -- Agora preste atenção, não beba mais que o necessário, não cometa gafe e faça tudo o que ele mandar pois, se for devolvida sobre a circunstância e perda desse título recente eu mesma me encarregarei de você.
A face da mulher nem tremia ao te ameaçar apenas esboçava um sorriso mínimo de quem estava e passando um bom conselho. Agora vamos, você olhou para a Hina e comprimiu de leve os lábios.
-- Será que posso pedir algo? -- A cafetina te olhou incrédula.
-- Não abuse da sorte Sn.
-- Só quero pedir que Surya esteja aqui quando eu voltar.
A mulher revirou os olhos.
-- Ela estará, agora desça e não me apronte. -- Você respirou fundo saindo do quarto e de esguelha viu quando Surya te desejou boa sorte em um sussurro.
A porta da casa foi aberta e seus olhos tentaram demonstrar tranquilidade enquanto o motorista do carro de luxo mantinha a porta do passageiro aberta, você adentrou sem quaisquer ressalvas e a todo momento apertava a bolsa em seu colo, o trajeto foi feito em um silêncio mortal para seus pensamentos duvidosos enquanto sentia tudo em si alterado como se todos os seus sentidos estivessem em alerta máximo.
O cais do porto bem movimentado há distância enquanto seus olhos se fixavam na barca á frente, a porta do carro foi aberta e sua respiração pesou.
-- Venha senhorita, me acompanhe. -- Sua mão trêmula foi de encontro a do motorista enquanto ele te guiava para dentro do local, apesar do mar se dado como perigo devido às guerras, ainda haviam alguns comerciantes que pareciam estar na era do comércio pelo mar e bastava olhar ao redor e perto das docagens que veria as caixas e sacas de farinha/açúcar, entretanto, seu destino estava muitos metros á frente e a escuridão do mar te fazia desejar que essa sensação de medo acabasse de uma vez.
[...]
Seus olhos não acreditavam no que viam, mesmo escuro tratava-se de uma bela ilha. Não precisou andar muito visto que outro carro já estava a espera você o adentrou e dessa vez o cheiro forte de cigarro se fez presente, assim como o olhar carmesim daquele que te observava minunciosamente.
-- Fez uma boa viagem? -- Tragou mais uma vez e você piscou lentamente.
-- Fiz sim. -- Se limitou a resonder.
-- E o que achou da minha escolha?
-- Tudo é muito bonito e confortável. Obrigada. -- Respondeu rapidamente tendo a certeza de que ele estava falando do seu vestido.
-- Excelente. Tire o casaco para que eu possa vê-lo melhor.
Apesar de desconfortável abriu a peça lentamente revelando o belo vestido preto com detalhes dourados.
Ele tragou mais uma vez enquanto a mão fria foi de encontro ao seu ombro semicoberto deslizando o dedo por sua clavícula.
-- Voltará somente para a próxima semana. -- Avisou pegando-a desprevenida.
-- Mas não trouxe meus pertences.
-- E nem precisará.
Você nem se deu conta de que estavam todo esse tempo na estrada, só contemplou momentos depois a mansão tradicional pintada de branco a sua frente.
O Kibutsuji desceu primeiro e a porta foi aberta para você que apenas aceitou a mão seguida do braço cavaleiro e assim subiram os degraus afortunados daquele ambiente requintado, na porta do local puderam ouvir o barulho da música alta e conversas e o mordomo que se apressou em pegar seu casaco assim como o de Muzan e o chapéu.
Ele passou a desfilar com você pelos locais, uma mulher de beleza única, que chamava atenção por seus olhos fora do padrão sua altura e expressões faciais. O objetivo do homem estava bem a frente um homem de olhos escuros e cabelos grisalhos, bom porte e perfume forte, a barba recém feita e os trajes tão caros quanto os de Muzan.
-- Kibutsuji que bom vê-lo. -- Os olhos do homem desceram por seu corpo cima a baixo se concentrando em suas curvas. -- E pelo visto veio bem acompanhado.
Se levantando o homem estendeu a mão para você que olhou discretamente para Muzan que com um olhar ortogou que cedesse a destra ao qual foi beijada por cima da luva.
-- Encantado com uma beleza tão interessante. Aposto que deve ter um belo nome.
-- Samako, você deveria tomar cuidado ou posso interpretar como uma cantada a minha acompanhante. -- Apesar de galante e bem apossado conhecia o nível do Kibutsuji ao ponto de se retrair.
-- Não me leve tão a sério, apenas queria descontrair. -- Gargalhou, entretanto Muzan não moveu um músculo e o homem pigarreou.
-- Então vamos aos negócios, mas antes que tal relaxar no salão de jogos reservei o melhor whisky envelhecido e um charuto de cem mil Yenes.
-- Hunf. Vamos ao escritório.
-- Claro, senhor Kibutsuji. -- Limpou o suor com o lenço e enquanto Muzan o seguia arrastando você lentamente pela cintura e nesse meio tempo seus olhos atentos puderam ver mais do que deveria, reconheceu em uma das mesas de jogos Kokushibo e ao lado dele Nakime com um leque nas mãos, uma de suas mãos apertou a bolsa e seus pensamentos não paravam de ecoar que provavelmente havia mais deles aqui.
No escritório você assistiu a conversa inteira sem a compreender divagando sobre o que realmente estava fazendo ali além de ser um tipo de bibelô/troféu. Um brinde de taças e um riso leve de Samako te dispersou.
-- Que essa parceria dure anos.
-- Tudo dependerá de como vai agir daqui pra frente Samako Yuta. -- Muzan o olhava de cima com arrogância.
-- Então será secular! -- Tentou descontrair não obtendo sucesso. -- Bom -- Limpou o suor novamente. -- Passe a noite aqui como compensação por essa demora, há uma suíte vaga. Infelizmente o quarto master estava indisponível quando aluguei essa mansão, uma gafe não informarem a respeito desse requisito na casa de festa.
Muzan nada disse apenas se levantou e estendeu a mão para você, que apenas aceitou e ambos retornaram para o salão de jogos.
-- Vamos tomar um drink. -- Você apenas o seguiu e sentou na bancada indicada e Muzan pediu duas bebidas. O whisky mais caro para si e champanhe para você. -- Dê o que ela quiser.
O Kibutsuji saiu de seu lado te deixando só e você pela primeira vez respirou profundamente, achava o fato de estar ao lado dele bem pesado por não saber como agir e tudo somado a um ambiente desconhecido piorava a sua situação.
-- O que deseja senhorita? -- O barman perguntou, você olhou para os lados desconfiada como se procurasse por Muzan torcendo para não estar sendo observada.
-- Me vê um copo d'água por favor.
-- Claro -- Ele sorriu achando estranho o pedido, mas cumpriu.
Algumas mulheres com roupas de garçonete passaram servindo canapés e você pegou alguns para degustar, quando a água acabou pediu um suco que logo identificou ser de melancia e de certa forma o barman estava te achando uma gracinha.
Apesar do olhar sem um brilho sequer era uma mulher linda e simples, acompanhada do homem mais poderoso daquele salão para quem o conhecia, você olhou para ele e esperou que chegasse perto e Sussurrou:
-- Pode me dizer onde fica o banheiro?
-- Oh claro. Suba as escadas e vire a primeira a direita tem um banheiro privativo.
-- Mas isso não te trará problemas?
-- Não senhorita, esse lugar pertence ao rei. Fique a vontade.
Você não entendeu muito bem, mas agradeceu antes de ir em direção as escadas, os homens estavam apostos na escada de olho em cada um que passava e nada disseram ou se moveram quando você subiu e adentrou o banheiro se aliviou e lavou as mãos se encarando no espelho.
-- Foco Sn, você está bem. -- Sussurrou para si mesma saindo do banheiro após lavar as mãos e ao virar no corredor para retornar ás escadas seus olhos correram por uma das inúmeras portas abertas, sendo capaz de vislumbrar um homem de fios rosados com os metacarpos sujos de sangue limpando a mão em uma toalha, havia outro desmaiado no chão e muito sangue em volta e um terceiro parado ao lado limpando os leques.
-- Fizemos muita sujeita Akaza-dono, era só ter degolado ele como eu falei. -- O sorriso no rosto gentil te deixou um pouco indignada e os olhos arco-íris que contemplavam a beleza e de relance viram os seus.
Meu deus me proteja -- Seus pensamentos gritaram enquanto tomava rumo mesmo que o loiro se aproximasse da porta.
-- É muito feio espionar senhorita. O mestre vai acabar te punindo por isso. -- Riu de leve.
Seus passos apressados e o suor em suas palmas, deixavam claro que não estava bem, sua respiração pesada quando voltou ao bar e se sentou na cadeira.
-- Pode me ver um gin e uma água por favor? -- Sussurrou tirando um lenço de seda bem dobrado da pequena bolsa e de maneira delicada esfregando na pele para conter o nervosismo. Você bebeu o gin primeiro e depois o copo d'água e decidiu que não consumiria mais nada para não correr o risco de ter que ir ao banheiro de novo.
Sua respiração pesou mais uma vez antes de se levantar esse afastar sentindo que provavelmente alguém te observava e ainda assim seguiu para o salão de jogos observando as mulheres bem vestidas ao lados dos homens e as outras e outros que serviam canapés e drinks fora os responsáveis por cada mesa.
Questionamentos como: será que todas são acompanhantes? Ou ainda afirmações como: "Todos que estão aqui são perigosos?"
Surgiram em sua mente te impedindo de focar no par de olhos que pareciam te devorar desde que adentrou o salão acompanhada do rei.
Samako estava prestes a quebrar a regra, aparentemente o perigo é mais gostoso e o medo da morte excitante o suficiente para que fosse até você. os dedos do homem deslizaram por sua luva de tecido caro se fechando gentilmente no seu braço esquerdo lhe assustando.
-- Como uma dama tão bonita está sozinha? Permita-me -- soltou seu braço e estendeu a mão em sua direção e você ficou na dúvida se deveria ou não aceitar. Veja bem, aquele que te trouxe deixou claro que não deveriam encostar em você.
-- Agradeço, mas não me sinto bem para dançar. -- Respondeu calmamente se afastou minimamente para não chamar atenção e claro que não gostou de ser recusado, mas o que poderia fazer não é mesmo?
Sn vagou pelo salão tranquilamente assistindo as partidas de jogos havia aceitado uma das taças de bebida alcoólica ao qual não fez questão alguma de degustar e em determinado momento sentiu quando alguém tocou seu braço distanciando qualquer tipo de pensamentos.
-- Espero que esteja armada. -- O sussurro te desconcertou. -- Não vire apenas finja que essa é uma conversa amistosa com uma desconhecida.
Você assentiu.
-- Não trouxe nada.
Ela te ofereceu um cigarro e você aceitou tranquilamente.
-- Deveria aprender a se proteger, principalmente na sua função agora, divirta-se.
Nakime embelezou o salão com sua presença caminhando tranquilamente enquanto você voltou a observar ao redor e notou que o kibutsuji não estava presente em lugar nenhum. Novamente Samako se aproximou parando ao seu lado.
-- Não conhece ninguém não é mesmo? -- Você soprou a fumaça do cigarro olhando-o tranquilamente.
-- Se está procurando por Muzan ele está ocupado.
-- Não procuro por ninguém. -- Respondeu rapidamente o fazendo sorrir.
-- Finalmente resolveu se entreter, tem uma bela voz senhorita?
-- Nethuns. -- Você foi rápida em responder visto que o homem não sairia de seu pé.
-- Estrangeiro... Interessante.
Tudo o que queria era revirar os olhos, mas manteve-se impassível diante do homem. Apesar do sobrenome e feições você era tão japonesa quanto qualquer outro.
-- Me diga senhor Samako o que espera conseguir com a minha companhia? -- Sempre direta não se incomodava com a possível confusão do homem ele não era seu acompanhante então pouco importa.
-- Uma dança e uma boa conversa enquanto Muza não vem fazer jûs a sua beleza. Permita-me. -- Novamente te estendeu a mão e dessa vez você aceitou indo com ele até a pista de dança sentindo o perfume do homem invadindo suas vias nasais e torcendo para que não desse problema. A presença de Samako era realmente agradável com conversas cheias de tributos sobre ti e algumas a respeito de patrimônios aos quais ignorou solenemente, já estava acostumada a lidar com isso.
As horas foram se passando e você chegou a cansar de tanto dançar, comer e beber. Com o tempo de despediu de Samako que desejou bem mais de sua presença inclusive te convidando para um dos quartos.
Sua capacidade de sair pela tangente como muitos diriam era formidável, uma vez que desviou do assunto com destreza e agora se encontrava no bar comendo canapés e bebendo água. Um homem de fios castanhos escuros e olhos azuis se aproximou.
-- Boa noite senhorita, o senhor Kibutsuji pediu para que me acompanhe. -- Você olhou para o barman que apenas sorriu e assim seguiu caminho com o homem.
O silêncio para ti sempre tornava-se desesperador e por isso resolveu quebra-lo:
-- Pode me dizer onde estamos indo?
-- Para o seu quarto, o rei percebeu que está entediada. -- Uma pequena mentira, entretanto, muito válida.
-- Oh, me desculpe por isso. Senhor...?
-- Não precisa. Sou Aizetsu e a senhorita é muito refinada para alguém da sua c... -- Ele emudeceu entendendo a gafe que cometeu.
-- Sinto muito, não queria ofender.
-- Tudo bem, não é como se estivesse errado.
-- Bom quem sou eu para julgar pela função que exerce.
-- Se diz isso seu trabalho deve ser perigoso.
-- De fato senhorita. -- Adentraram o elevador ao qual ele apertou o último botão.
-- Senhor Aizetsu poderia me dizer como é o seu chefe diariamente? -- A pergunta provinha da sua falta de curiosidade a respeito dele, apenas queria passar o tempo.
-- Se está querendo descobrir quando ele irá liberá-la, sinto muito mas não tenho essa informação.
Você desviou o olhar por ser meio óbvia.
-- Na verdade eu só queria conversar um pouco e passar o tempo. -- Afirmou tranquilamente.
-- Nesse caso me conte o que achou das bebidas.
-- Muito boa e os canapés também.
-- Que bom. Acredita que não provei nada até agora?
-- E ainda não passou mal por estar a tanto tempo sem comer? -- Sua pergunta foi feita no momento em que o elevador parou.
-- Não necessariamente, eu comi só que algo mais básico. Agora senhorita tenha um bom descanso.
Você foi guiada para fora do elevador enquanto ele retornava para o primeiro andar. Seus olhos se fixaram na porta dupla a frente sem saber se realmente era uma boa ideia a abrir, entretanto não havia outro lugar para ir. Respirando fundo você abriu a porta se deparando com um ambiente em puro requinte, tão opulento que chegava a te fazer questionar com poderia existir alguém com anto dinheiro.
Sua primeira reação após se deslumbrar foi adentrar e ir até a varanda nem se dando conta que ao lado direito da porta sentado em uma poltrona o homem de orbes carmesim te observava. Sn era uma mulher de gosto simples e ao invés de vascular o ambiente coo ele imaginou, deixou a pequena bolsa na poltrona ao lado e abriu as portas da varanda indo até lá e apreciando a vista.
-- Que lugar bonito -- comentou a si mesma. O barulho da porta se fechando com força chamou sua atenção que, em um leve pulo saiu do local dando de cara com Muzan de pé ao lado de um aparador pegando um cigarro no bolso do paletó.
-- Eu não mordo Sn, pelo menos não agora. -- Você se aproximou.
-- Amanhã temos um almoço importante, te quero pronta as onze em ponto. -- Você concordou. -- Tem alguma dúvida? -- A forma como a fumaça saia dos lábios alheio te hipnotizava e os dedos tocando o cigarro também, depois de bater a ponta no cinzeiro e o apagar, encheu um copo de vinho e te ofereceu.
-- Não obrigada, sobre a sua pergunta apenas as minhas vestes que podem não condizer com suas expectativas.
Ele emitiu um famigerado 'hunf' de satisfação enquanto mantinha um leve sorriso nos lábios.
-- Isso é irrelevante. -- Mais uma golada no vinho enquanto te encarava e se aproximava de ti, com a esquerda segurou seus fios pela nuca e sua boca foi invadida apenas para que sentisse o forte sabor alcoólico. Seus dedos serpentearam pelo abdômen até que o ar faltou e vis-à-vis ele mordeu o seu inferior.
-- Fique de joelhos. -- A ordem saiu tão melodiosa que você não tardou a obedecer, o copo de vinho estava nas mãos dele e o olhar fixo em ti, seus lábios fora apertados pelo polegar frio devido ao contato com a taça e seus dedos abriram a calça alheia lentamente, não demorando a expor o falo e o engolindo calmamente.
Muzan aprovou o seu comportamento, entretanto, desprezava a sua gentileza e foi por esse motivo que agarrou em seus fios se forçando para sua boca indo firme e te fazendo desesperadamente buscar por um ar enquanto o observava consumir o vinho em meio ao ato. Sem trégua ou sequer pausas te levou a cansar sentindo o apertar e principalmente por fazê-lo querer mais e mais até que se derramou em sua garganta se afastando e ajeitando as roupas. O Kibutsuji colocou o copo sobre a mesa e te ajudou a levantar.
-- Tomo um banho e não saia desse quarto. -- Você tentou desviar o olhar, porém, foi impossível. Principalmente quando o viu pegar a arma, a munição e um charuto caro e cortado.
Sem dúvida alguma você não queria estar ali.
[...]
As horas foram passando e você não tinha mais o que fazer, depois do banho limitou-se a explorar o quarto e varanda, mexeu em literalmente tudo antes de se dedicar a ler um bom — nem tanto assim — livro.
Portas abertas com pressa ao ponto de te assustar, dessa vez não fizeram tanto efeito e sim o olhar feroz que ressoou.
Você seria a presa perfeita da noite e ele estava ali para torná-la possível.
Muzan tirou as luvas sobre sua atenção, a fisionomia claramente elevada enquanto fechava as portas e tudo em ti ecoava ao observa-lo. O sangue no traje dele e nos pulsos estavam secos e ele bem demais para ser o proprietário, o colete foi jogado ao chão e a esquerda se prendeu ao nó do seu roupão te puxando e o desfazendo e te olhando de cima a baixo.
-- Tire -- Foi a primeira das muitas exigências que faria ao longo da noite e sem cortar a conexão você obedeceu.
Foi enforcada enquanto ele respirou próximo a si e mordia de leve o seu queixo. -- Fique de quatro na cama e não se mova.
A saliva chegava a descer com dificuldade só de pensar no que ele poderia te fazer e assim se posicionou. Apesar de sua obediência Muzan estava irritado e queria algo ou alguém em quem descontar, o fato de não bater de frente com ele sequer uma vez o intrigava e quando te invadiu foi seco, preciso e impensado, fazendo seu corpo não preparado arcar com as consequências. Essa noite, começou como todas as outras em que passou e isso acabava com o rei, que agora prestes a gozar não tinha te ouvido dar um pio. Taí o motivo de ser tão castigada por Hina.
Os homens não queriam uma simples boneca bonita, queriam a ilusão de serem bons o suficiente para uma mulher com o qual não se importavam e toda vez que você deixava de gemer, revirar os olhos e simplesmente servia o seu corpo lhes afirmavam o quão incapazes são jogava o ego deles no chão e infelizmente o ego de um homem poderoso é algo que costuma ser inflado numa sociedade tão hipócrita. Então imagine o descaso tremendo que cometia de acordo com eles, estando sobre seus cuidados. Um verdadeiro sacrilégio, mas o rei não poderia permitir e por esse motivo respirou pesado puxando seus cabelos e se curvando sobre se corpo.
-- Você nunca aprende não é? Quero te ouvir gritar, agora venha por cima e talvez seja de prazer.
Saiu de dentro de você se ajeitando na cama, você se aproximou subindo no colo dele e descendo lentamente, não esperou pelos próprios limites cavalgando no ritmo que ele demonstrou desde a primeira vez que esteve com você e seus seios balançando de frente a ele foram um deleite sendo tomados com gosto. Muzan os chupou, mordiscou ambas as laterais além de espalmar sua bunda até te sentir molhar e acima de tudo arfar, jogando seu corpo na cama e mantendo suas pernas bem abertas se movendo com força enquanto sentia suas mãos deslizarem pelas costas o arranhando, você o apertou firme e ele gemeu apertando uma de suas coxas com tanta vontade que parecia quebrar e tatuar, em meio a sequência seu corpo todo tremeu denunciando seu ápice repentino se misturando com o dele dentro de você.
Não foi dita uma palavra ele apenas se levantou catou o colete, fechou a camisa social e a calça te deixando naquela cama sozinha, pelo menos dessa vez não foi você a sair...
Muzan andava pelos corredores em direção aos seus luas tranquilamente, ao abrir as portas do salão deu de cara com Douma sendo segurado pelo colarinho por Akaza e Kokushibo que aprontava a arma para a cabeça do terceiro.
O rei simplesmente ignorou indo até Nakime e mandando que o seguisse para fora.
-- Vá até o quarto da garota e de algo para que ela não engravide. -- A morena assentiu enquanto ele fumava o charuto. -- Certifique-se de que tenha tudo o que quer e que esteja inteira até a hora do almoço.
A mulher apenas seguiu o caminho indicado enquanto Muzan retornava para a sala tendo os pensamentos em você, uma mulher fascinante pelo simples fato de esconder bem o que pensa e o que sente, além de ser extremamente obediente e dócil algo que ele em partes detestava e principalmente por foder muito bem.
E em breve se tornaria um vício, ao melhor, ele assumiria essa predileção por você a si mesmo.
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Ogasawara não é uma ilha tão pequena, entretanto o salão ao qual a festa estava sendo sediada era de conhecimento público. Todos sabiam que aquele lugar pertencia a um homem extremamente rico e imponente, um ser praticamente intangível que nunca foi visto como um inimigo e agora Yoriichi escutava atentamente através do telefone as informações dadas por seu infiltrado. O agora comissário fechou o sobretudo e encarou os colegas que esperavam ansiosos pelas ordens.
-- Vocês irão para Ogasawara disfarçados de compradores o caixa nos forneceu dez mil dólares já que o Kibutsuji só trabalha com a moeda estrangeira para ser mais fácil de circular e não ser achado, e essa reunião nunca aconteceu. Não falem com ninguém pois se forem capturados estarei de mãos atadas. -- Ambos concordaram enquanto o líder saia do local faltava uma hora para o amanhecer e o clube ainda estava aberto.
[...]
Hina era uma mulher muito esperta, não é atoa que conhecia Muzan Kibutsuji e ao mesmo tempo Yoriichi Tsugikuni e ficou sabendo de um através do outro pois, ambos queriam informação e não há lugar melhor para se conseguir do que o famigerado puteiro mais chique e procurado da cidade. Mesmo que Muzan tenha pisado pela primeira vez em seu bordel para deitar-se com Sn, isso não diferente fato de que já a visitou antes em um outro lugar querendo informações e Yoriichi foi bem além, colocando uma das suas lá dentro então era fácil entrar sem ser visto ou sequer reconhecido.
-- Senhor Suzuki que prazer vê-lo. -- A voz de Hina soou enquanto ele fingiu costume.
-- Vim ver Surya. -- Comentou enquanto ela sorriu.
-- Claro mandá-la-ei para o quarto de sempre. -- O homem tirou um bolo de dinheiro e deixou sobre a mesa, depois baixou lentamente o óculos escuro vendo o olhar ferino dela sobre as notas.
-- Espero que Surya esteja sendo bem tratada. Conheço a fundo sua reputação e a forma como trata duas mercadorias. -- A última palavra saiu com tremendo desgosto deixando a cafetina desconfortável, com Muzan Hina sentia medo, mas com ele ia além, como se compreendesse que o homem a sua frente, apesar de gentil era mortal.
-- Ah sim, tem trabalhado nos bares e as vezes atende a clientela. As exóticas são sempre muito requisitadas, mas nunca foi punida.
-- E para o bem do seu estabelecimento espero que continue assim. -- Sem esperar por uma resposta ele seguiu as escadas até o segundo andar adentrando o quarto de sempre e se sentando na poltrona. Não demorou para que Surya chegasse ao local e sorrisse ao trancar a porta e vasculhar o quarto procurando qualquer sinal de uma possível espionagem.
-- Me diga Yoriichi, quando vou sair daqui? -- A mulher respirou fundo tirando a peruca que usava, seus cabelos pretos contratavam com sua pele escura, uma vez que Surya vinha do sudeste da Ásia.
-- Falta bem pouco para pegarmos ele. -- Yoriichi se deu ao trabalho de tirar os óculos e por um envelope sobre a mesa. -- Preciso que consiga informações, sei que o diretor adjunto te frequentado esse clube e há um possível traidor entre nós.
A mulher se aproximou do envelope de papel pegando a peça e abrindo, ali havia algumas informações de pessoas importantes que poderia usar como suborno.
-- Não acha que está indo longe demais? Quer dizer somos os mocinhos e isso aqui ferra a vida de muita gente. -- Ergueu o envelope encarando o chefe.
-- Há meios que justificam o fim Hana e sabe tão bem quanto eu que nenhum deles é inocente. Com a queda de Muzan muitos poderosos tiraram um tempo para descansar e até mesmo poderemos melhorar esse local.
Ela riu tendo o nome verdadeiro pronunciado.
-- Eu não quero melhorar nada, apenas me permita violentar aquela desgraçada como ela fez com muitas das meninas, estarei planejando um belo acervo de torturas físicas e mentais para que entenda o erro que comentou.
Yoriichi respirou pesado.
-- Você mesmo Afirmou que somos a lei e quer agir como eles? Se decida de uma vez.
-- Eu jamais seria capaz de tocar em um fio de cabelo de qualquer outro ser humano, mas Hina deixou de ser isso a muito tempo. Se não vai me deixar matá-la pelo menos garanta que terei algumas horas sozinhas com ela.
O castanho encarou o envelope sobre a mesa e depois os olhos da mulher que chegavam a brilhar com a possibilidade da vingança.
-- Só tome cuidado, ela tem as costas bem quentes e ninguém no governo sabe que você trabalha pra mim. Esse tipo de escândalo seria abafado com mortes desnecessárias então, faça tudo no sigilo.
A mulher sorriu o abraçando e depois se afastou.
-- É por isso que eu gosto de trabalhar com você. -- Piscou. -- Agora, vamos encenar essa situação direito.
Yoriichi sorriu, algumas escolhas podem parecer fáceis, mas acarretam em derradeiras confusões que podem vir a envolver mais inocentes do que desejam, infelizmente você é uma delas.
Pré-revisado, não esperem romance nessa fic...
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