O início-1
Bem vindos, a fanfic apresenta um ambiente ficcional envolvendo a cidade de Yoshiwara em meio a década de 20. Boa leitura.
20 de janeiro de 1920
Cidade de Yoshiwara
Um clima ameno em uma noite comum e pouco estrelada, onde em uma viela escura qualquer outra vida se perdia, um lugar aonde muitos passaram e se recusaram a parar, mesmo que tivessem ouvido o barulho de disparo há algumas horas atrás, pois essa é a realidade de Yoshiwara depois do aumento da violência em plenos anos vinte.
O barulho do seu salto ecoava pela pista, o corpo um pouco dolorido devido ao último cliente que atendeu, um político que exigiu a sua presença e só de pensar nisso desejava chegar em casa e tomar um banho até que sua pele fosse arrancada. Você odiava o seu trabalho e a sua vida e se recordava do que aconteceu em todas as vezes que tentou fugir ou sair do mundo da prostituição.
Tragando um cigarro qualquer e despejando aquilo que anos a frente poderia lhe gerar uma doença você suspirou após sentir a fumaça quente sair por suas narinas. As ruas desertas te deixando em alerta devido ao fato de que sempre teria que redobrar o cuidado, seu medo não residia na noite em si e sim naqueles que se aproveitavam dela, virando a um esquina que costumava pegar para chegar em casa sentiu a ar pesado além de ouvir o som de um veículo passar por você, odiava quando os clientes faziam com que ficasse até mais tarde, mas não tinha como recusar, não quando a marca da Lótus residia em sua pele e por pior que fosse a sensação de não ter liberdade ainda era mais acessível viver desse jeito enquanto estava no distrito da luz vermelha.
-- Ei vadia quando é o programa? -- Ignorou a pergunta adiantando os passos, sabia que o carro estava te seguindo com calma como um predador a espera do momento correto para atacar. A porta abriu e você tratou de enfiar a mão embaixo da saia média que usava tirando de lá um canivete curto. -- Eu falei com você vagabunda! -- Nem esperou que o homem chegasse mais perto, saiu correndo adentrando ao beco -o mesmo beco- onde ele "um homem qualquer" jazia praticamente morto. Seu pés tropeçaram no corpo caindo logo atrás e se arrastando notando que o homem que te perseguia não estava sozinho e não demorou muito a notarem a poça de sangue no chão.
-- Não vale a pena, vamos encontrar outra puta barata. -- Essa era a sua realidade, não valer nada doía muito. Estática e com a respiração falha você permaneceu ali sentada sentindo seus pelos eriçados pelo medo do que poderia ter ocorrido e o pior de tudo isso é que ainda seria culpada por seus donos, sim donos.
Sn Nethuns nasceu no distrito da prostituição, em uma casa famosa onde sua mãe era uma acompanhante em ascensão, entretanto quando você tinha doze anos a casa foi embargada devido a denúncias de tráfico de drogas e todas as que serviam naquele ambiente foram presas, como criança e filha de uma acompanhante muito querida por homens com dinheiro, sua mãe ficou livre. Mas não durou muito.
Logo Louise Wakasa fora assassinada por ciúmes tornando-se apenas mais uma para a estatística enquanto a ti restou assumir a dívida que diziam ser dela se tornando uma empregada do Lótus, limpando os quartos e ajudando as meninas após o atendimento além de limpar as mesas de café do andar inferior.
Até aquele dia, o fatídico dia onde deixou de ser um simples adolescente para tornar-se uma mulher contra a sua vontade e depois dali, passou a servir, fazendo o mesmo trabalho que por muitas vezes te dava pavor e nunca houve uma opção.
Suas mãos tremeram te arrancando das lembranças e assim se ergueu notando pela primeira vez o corpo caído a sua frente. A pele extremamente pálida e os fios castanhos escuros curtos, se aproximou lentamente seus olhos foram rápidos em capturar os sapatos caros e a calça bem cortada assim como a fina corrente de ouro que saia do bolso do colete expondo o relógio de luxo. As mãos do homem estavam enluvadas e a arma na destra, a ponta do seu salto encostou no pulso dele conferindo se estava morto.
"Se estiver mesmo morto não sentirá falta dos pertences, quem sabe assim eu consiga barganhar uma saída desse lugar?" -- Seus pensamentos ecoaram antes de mover a ponta do salto rente ao pulso.
"Não, profanar os pertences de um morto é um ato terrível!" -- Se repudiou abaixando de novo e tocando a pele fria, levou dois dedos até a garganta já que não dava para sentir o pulsar das veias pelo pulso e foi nessa hora que ele abriu os olhos, apesar de amedrontador nunca viu um pupilas tão belas, desviando novamente o olhar entendeu o motivo da respiração falha. Havia um ferimento no peito, provavelmente algum órgão fora perfurado.
-- Por Deus você precisa de um médico vou levá-l...
-- NÃO! -- Apesar da voz altiva ele não gritou. -- Me leve até a mansão Kibuts.. -- E assim desmaiou te deixando aflita.
Uma coisa é ver o corpo de um homem morto em um beco, outra era sentir o fio da vida deixar a existência de um ser com o qual teve contato mesmo que fosse mínimo. Sem sabe o que fazer e com as mãos trêmulas sendo tingidas pelo sangue dele você procurou por informações sobre o homem desvanecido.
E não encontrou nada, mas a frente viu um chapéu pisado no chão e pelo tecido concluiu ser dele, mesmo que a iluminação na viela se desse pela lua e uma lâmpada do fim da rua, praticamente engatinhando pegou a peça retornando ao lado do homem, vasculhando entre as camadas de tecido até ver a pequena etiqueta na parte inferior interna da aba.
Kibutsuji
-- Foi isso que ele quis dizer! -- Mediu novamente a pulsação e com seu canivete cortou parte do paletó e camisa branca abrindo os botões do colete social e tentando pressionar o ferimento para enfim ter suporte para levantá-lo e claro, teve de tirar os saltos, com muito custo arrastou o corpo do homem com praticamente o dobro do seu peso para fora daquele local.
[...]
A surpresa residia não só no fato de um táxi ter aceitado a corrida, como não ter feito perguntas e acima de tudo ter ido o mais rápido possível e talvez isso se deva ao nome, pois, assim que você mencionou os Kibutsuji ele atendeu sem pestanejar e agora você se encontrava diante de uma mansão. O taxista de muito bom grado se dispôs a pedir ajuda e só viu quando uma empregada abriu a porta e minutos depois três homens estavam ao redor do carro te observando pressionar o ferimento e abrindo a porta do carro.
-- Cuidado, não sei se posso soltar. -- Foi tudo o que disse ainda atormentada pelo sangue que e por todo o momento e situação que com a qual estava lidando.
Um homem de longos cabelos castanhos quase marsala te encarou, possuía uma tatuagem na testa bem visível e outra que subia pelo pescoço.
-- Sem problemas tirem os dois do carro. -- Percebeu que os outros não passavam de seguranças que puxaram o homem com calma te carregando junto.
Você não fazia ideia do quanto poderia vir a se arrepender, não havia salvado um cidadão comum e sim aquele que mudaria sua vida completamente fosse para o bem ou para o mal.
༺══༻
Em uma semana naquele lugar foi tratada como uma verdadeira dama, seu passado e presente não importavam e ainda assim a sensação do sangue em suas mãos se remetiam aos seus traumas que por algumas noites te deixavam sem dormir;
Em um mês ficou preocupada. Se não trabalhasse para pagar a dívida no Lótus, nunca seria livre, entretanto, ela sempre aumentava e nunca estavam satisfeitos com seus serviços;
E em três meses compreendeu que nem tão cedo sairia dali. Suspirando encarou o jardim pela janela da mansão tão bonito que parecia um sonho, chegou até a se perguntar se havia morrido para ter tanta sorte, mas ao tentar ir embora entendeu que não passava de mais uma prisão. Um local onde não exigiam nada de você.
Não por enquanto.
Espero que estejam gostando, a Sn é maior de idade só para não ficar confuso. Até o próximo ;*
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