E o fim -2
Último capítulo apresentado em formato datado, estando pré-revisado boa leitura.
21 de Junho de 1920
Shibuya, em uma loja luxuosa em meio a violência
A loja estava fechada para a sorte de qualquer um que costumava adentrar o local que agora parecia com uma pintura de horror e quando um Lua morre, o alto escalão é chamado para resolver.
O leque estava na frente do rosto tapando o nariz, os fios platinados perfeito do assassino implacável e sanguinário conhecido como superior dois, aquele por quem elas pereciam diante da beleza de um olhar extremamente raro, um homem sem caráter algum e com muitos recursos para um torturador. Ao seu lado, um jovem tão bonito quanto, possuindo cabelos castanhos escuros e olhos intensamente vermelhos, seu nome, Sekido, mais conhecido como Lua superior quatro.
-- Parece que alguém vai morrer. -- Foi o sussurro do irritado Sekido que ecoou enquanto Douma riu lentamente caminhando pelo local ensanguentado, desviando para que não sujasse seu belo e caro sapato.
-- Relaxa Sekido é para isso que estou aqui e sente isso? -- Douma baixou o leque e respirou fundo, em meio ao cheiro de sangue era perceptível um odor bem mais agradável ao qual fazia os olhos arco-íris brilharem. -- Isso é perfume de mulher.
Mordeu o lábio inferior, à face entorpecida pelo prazer do simples pensamento, levando o Lua quatro a revirar os olhos, não gostava de trabalhar com Douma, mas era o seu superior e não poderia fazer nada a respeito disso.
-- Vá com Karaku atrás de informações nos estabelecimentos próximos e deixe que Karaku fale, do contrário os outros podem ficar assustados, depois mande os inferiores virem limpar essa bagunça, esse cheiro podre está me dando nos nervos. -- Apesar das palavras sérias, mantinha o sorriso singelo nos lábios.
"Que filho da puta." Foi o que Sekido pensou enquanto assentia saía da loja em silêncio.
-- Em pensar que eu gostava tanto da sua arte Gyokko-kun -- Apoiou o pé esquerdo na face do homem morto, virando-a para o lado. -- Mas tenho que admitir, a bela dama que fez isso me deixou em êxtase, não vejo a hora de poder brincar com ela. -- Abanou o leque uma única vez antes de tapar o sorriso malicioso: -- E me desculpe mestre, mas essa assassina não irá para as suas mãos.
Ao fim de tais palavras o homem deixou o ambiente com sua face angelical, a caçada realmente começou.
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23 de Junho de 1920
Chegava a ser engraçado o quando você se sentia bem em meio aos luas, mesmo não os conhecendo oi sequer lhe dirigindo a palavra, exceto por Aizetsu, Nakime e Daki que hora ou outra conversavam com você.
-- Sabem o que fazer. -- As palavras de Muzan fizeram com que o grupo assentisse e saíssem da mesa. Você continuou ali um tanto quanto confusa quando ele se aproximou e te ofereceu a mão.
-- Querida, vamos dar uma volta. -- Sem poder recusar, você concordou, por incrível que pareça ele estava mais silencioso do que nos outros dias, mas, não desconfiava de você. Afinal de contas te manteve por perto todo esse tempo e sempre sendo vigiada e te olhando com desejo, ele te guiou para fora da mansão Kibutsuji.
[...]
Sn jamais imaginou que pisaria naquele local novamente, o rosto antes sereno, agora estava em pane ao ponto de apertar a própria coxa, algo que não passou despercebido por ele.
-- Não terá de entrar aqui, só preciso de um a informação, fique quieta e no carro, agora se for até lá... Talvez me seja útil. -- O Kibutsuji saiu do carro indo em direção ao bordel, Sn respirou fundo diversas vezes imaginando como agiria a respeito, as palavras de Muzan logo ecoaram na mente gasta que apenas decretou o fim.
"Se estou segura, não tem motivos para ter medo, não é?" Pensando desse jeito, desceu do carro calmamente, respirou fundo e seguiu até a entrada do bordel e ao pisar no local sentiu como se uma corrente fria passasse por todo o corpo, todos os sentimentos e sensações ruins que lhe adoravam a respeito do lugar pareciam eclodir conforme andou até o centro e virando para os lados sentindo a vertigem acometer vislumbrou a mesa e o homem responsável por sua nova vida ao lado da cafetina implacável.
-- Não imaginei que fosse vir. -- Ele bateu na própria perna duas vezes e você foi até lá, se sentando no colo sem dizer uma palavra. -- Continue Hina.
A destra de Muzan percorreu por suas costas até passar por seu traseiro e apertar sua coxa. A cafetina não parava de te olhar, estava em uma posição cobiçada e pelo olhar de perdida não estava aproveitando direito.
" Que desperdício." Hina pensou.
-- Bom senhor Kibutsuji, eu tenho uma lista de garotas que estão com seus respectivos clientes fora do bordel.
-- Então acho bom você colocar essa cabeça para funcionar e encontrar aquela que fugiu. -- O rei pegou um charuto e olhou para Sn, que entendeu de imediato que deveria acender, e assim passou os dedos pelo paletó até encontrar o isqueiro e cumprir com a função.
-- E por que tem tanta certeza de que a fugitiva é da minha casa?
-- Seu passado te persegue e para piorar você aceita qualquer uma desde que tenha buceta. Eu não divido nada que essa rata esteja infiltrada aqui desde cedo, bem debaixo do seu nariz e nunca conseguiu diferenciar, fora que... -- encarou a mulher que engoliu em seco -- Nada nessa cidade acontece seu que eu saiba.
-- Mandarei a informação assim que...
-- Comunicará a Nakime, irá pessoalmente até ela, você tem vinte e quatro horas, antes que eu abra a temporada de caça. Vamos Sn. -- Sem entender nada, a garota se levantou e somente seguiu os passos de Muzan, que se sentia cada vez mais próximo de pegar aquele que estava tentando frustrar seus negócios.
[...]
O carro novamente parou, dessa vez distante demais da cidade e próximo a uma colina, onde a floresta vendinha e intocável residia. Muzan ordenou que descesse e ao seu lado caminhou em silêncio queria ver qual seria a sua reação e quando pararam em frente a uma casa mediana, ampla o suficiente para uma família de quatro pessoas, seus olhos ficaram confusos, as paredes brancas contrapondo com as janelas de madeira em uma arquitetura tipicamente japonesa. Tudo tão simples e bonito, no jardim possuíam muitas tulipas e rosas-vermelhas entre outras flores, mas o tom sempre variava entre o vermelho sangue e o tom mais claro, o caminho de pedrinhas que levava até a porta era rodeado por grama viva.
-- Que lugar é esse? -- Sn sussurrou sentindo a destra dele enlaçar os dedos finos e os puxar em direção à porta.
-- Você não queria um local só seu? Então entre. -- Seus olhos piscaram diversas vezes sem acreditar nas palavras dele, mas sabia que dizia a verdade e por esse motivo fez como ordenou. A casa ampla e com móveis tapados com um lençol branco, tudo extremamente limpo, olhou para o rosto dele que concordou com o que sabia que pediria e assim subiu correndo as escadas em direção ao segundo andar adentrando na primeira porta onde havia um quarto vazio e na seguinte um banheiro, por fim viu uma porta no final corredor e adentrou com tudo dando de cara com um quarto amplo todo trabalhado em madeira, os abajures nas cômodas laterais mesmo abaixo dos lençóis era possível ver a silhueta e ao abrir calmamente sorriu ao ver que apesar da arquitetura ser tradicional os objetos se pareciam mais com os do quarto em que ficava na mansão do Kibutsuji, quando terminou de puxar os lençóis contemplou tudo, desde o piso polido até a cômoda de frente para cama com um enorme espelho preso nela, a cama com cabeceira e pés trançados, lençóis pretos e um conjunto de travesseiro com adornos dourados, passou a mão sentindo a sedosidade e assim seguiu para a porta ao lado do armário onde o biombo em marfim com flores em tom turquesa e a sua volta uma espécie de boiserie com acabamento dourado, parecia ter saído de uma pintura rica e ao abrir aquela porta e deparou com um banheiro todo branquinho e amplo com uma banheira de porcelana além de um ofurô ao fundo dividido por portas de bambu, no entanto, as janelas davam uma vista incrível daquele local. Quando saiu deu de cara com Muzan encostado na parede.
-- É lindo. -- Sussurrou indo até as portas de vidro observando a janela.
-- Hum... -- O rei pegou um charuto acendendo-o lentamente.
-- Não sei o que dizer, além de agradecer. -- Ele riu se aproximando e puxando seu corpo e olhando no fundo dos seus olhos.
-- Isso você faz na cama e muito bem. -- Sorriu faceiro. -- Agora eu quero uma informação que só você pode me dar. -- Tirou os sapatos se sentando na ponta da cama calmamente, dessa vez não precisou bater na coxa para que entendesse onde deveria sentar, simplesmente um olhar fez com que seguisse até ele sentando ali.
-- O que deseja saber?
A fumaça foi dispersa no ar.
-- O quanto conhece das acompanhantes de Hina?
-- Estou lá desde os dezesseis, então, responderei o que desejar. -- A situação para Sn era desconfortável, mas não mentiria, pelo menos por enquanto.
-- Tão novinha... -- Ele alisou sua coxa esquerda. -- Agora me diga qual delas não costuma sair daquele bordel ou trabalhar de acompanhante.
A mulher ponderou um pouco, forçando a mente tentando recordar cada uma que já passou por ela e as conversas na hora das refeições ou banhos em conjunto.
-- Ani também conhecida como Lady Kashimo, tem um cliente fixo que costuma ir até ela e Surya que foi designada por Hina para ser a minha ajudante, mas antes de mim ela ficava responsável pelas limpezas, assim como Aurora que cuida da cozinha e Aiko, Mahina e Naoto da faxina pesada. Esses últimos quatro não tem acompanhantes, são jovens demais.-- Respondeu calmamente e ele memorizou não só sua face, como os nomes fornecidos.
-- Apenas essas?
-- Das que conheço e mais trabalharam para fora sim.
-- Muito bom. -- Deu um tapinha leve na sua coxa fazendo com que se levantasse e assim foi até a cômoda de frente para a cama apagando o charuto no cinzeiro que ali estava e você não tinha percebido, o Kibutsuji tirou o blazer e começou a abrir os botões do colete e um pouco curiosa você se aproximou.
-- Elas serão castigadas? -- Havia tomado mais coragem do que imaginou e ele encarou, a face singela, a destra logo indo no pescoço o apertando sem cortar a conexão de olhares, forçando-a se aproximar mais e apoiar ambas as mãos no colete aberto, sentindo a textura fina da blusa e corpo trabalhado.
-- Isso não deveria ser uma preocupação pra você não acha. -- Roçou a ponta do nariz no pescoço, sentindo o perfume da pele suave misturado ao tabaco entre os dedos, quando seus olhares voltaram a se encontrar soube de imediato o que deveria fazer, não seria difícil, talvez esgotasse suas energias, principalmente quando ficou de joelhos por ele o ouvindo gemer rouco preenchendo arduamente sua boca, mas quando estava completamente nua após ele abrir seu vestido em meios as mordidas que deixou no seu ombro e foi atirada naquela cama soube que não sairiam dali tão cedo...
A respiração estava cansada assim como seus cabelos grudados ao corpo, Muzan permanecia praticamente intacto deitado na cama com o um dos braços atrás da cabeça, conforme fumava e absorvia todas as ideias terríveis que logo se transformariam em um belo recado para quem tentasse o desafiar.
-- Sairei do país por algumas semanas, está terminantemente proibida de sair dessa casa entendeu? -- Você o encarou um pouco confusa e concordou em um sim mudo, mesmo que fosse sair ele não saberia, pelo restante do dia Muzan ficou ao seu lado mais calado do que tudo, te observando quando foi para a cozinha preparar uma boa refeição para ambos, gostou também do seu hábito de leitura, principalmente enquanto ele bebia e dedilhava o piano que logo mais foi palco para que seu corpo estivesse bem prostrado e sendo reivindicando junto ao anoitecer, e após o jantar o levou até a porta.
-- Faça uma boa viagem. -- Entregou delicadamente o chapéu que ele costumava usar e foi agarrada de maneira brusca, os lábios dominados brevemente para só então o assistir partir.
O tempo sempre foi cruel contigo, mas, pela primeira vez, sentia-se tranquila. Com o passar dos dias e a ausência de Muzan, pela primeira vez teve tempo para si mesmo em um local onde se sentia segura, aqui Sn sentiu o peito ecoar com as batidas, pois, nesse tempo em que estaria sozinha, seria livre.
Na primeira semana se habituou a casa e a cozinha, notando que nunca faltava nada e inclusive deixavam leite fresco na garrafa pela manhã de um dia específico na semana, outra coisa que percebeu desde que o Kibutsuji foi embora, foi que suas roupas estavam todas no armário e na primeira gaveta da cômoda havia uma quantidade significativa de dinheiro, além de um documento ao qual você não tinha conhecimento, com os dias correndo lentamente se permitiu se redescobrir, passou a cuidar do jardim que a cada dia parecia mais bonito. Leu diversos livros e até mesmo aprendeu a tocar piano, visto que havia um na sala de leitura e quando passou a se sentir sozinha foi que recebeu uma visita inesperada.
Estaria mentindo se dissesse que não sentia saudade dele, mas não em um quesito romântico ou sexual e sim por estar acostumada com a movimentação da mansão Kibutsuji, mas ao olhar aqueles fios pretos e o olhar da castanha que sorria ao te ver só pode se sentir aliviada.
-- Senhora Nakime, que surpresa. -- Sorriu.
-- Imagina para mim, achei que estivesse na mansão, mas aqui é bem melhor. -- Piscou adentrando o local e sentando na poltrona sem ser convidada.
-- Foi um presente do seu mestre.
-- Eu sei, você é oficialmente a mulher dele querida, fora que precisa se prevenir. Até agora não tomou o remédio e espero que tenha a arma junto de você.
Seu sorriso morreu, havia esquecido dessa pendência e sinceramente o sabor não é dos melhores. Entretanto, não queria trazer um filho a esse mundo, principalmente pelas condições que se encontrava, no fundo, temia que se um dia gerasse uma vida ela fosse propriedade de Hina e com isso passasse pelo mesmo horror que passou.
Deixando os pensamentos negativos de lado, encarou Nakime.
-- Você já conferiu suas regras? -- Assentiu se recordando da última vez que ocorreu, estava na mansão e digamos que Muzan Kibutsuji se aproveitou e muito da situação.
-- Então vamos logo com esse chá. -- As palavras de Nakime te deixaram um pouco aflita e se estivesse grávida?
-- Posso fazer uma pergunta indelicada? -- Sussurrou levando-a até a cozinha.
-- Fique a vontade.
-- O que aconteceria se eu estivesse grávida? -- Nakime se surpreendeu, não imaginou que chegaria a tanto. -- Eu não estou... Só é uma curiosidade.
-- Hum... -- A morena começou a fazer o chá. -- Nesse caso eu teria o prazer de encobrir, afinal não aceito que matem crianças, mas o mestre... Talvez ele fosse completamente contra.
-- Entendo. -- Foi tudo o que respondeu.
-- Nesse casa tome o chá para evitar problemas. É uma mulher com um futuro inteiro pela frente. -- Nakime colocou o pires com o líquido a frente e ela não hesitou em beber, sentindo aquele amargor na garganta e respirando fundo.
-- Não entendo o motivo dele ter me escolhido ou de tanta cortesia. -- Apesar de estar se sentindo livre, ainda se mantinha arisca devido à vida que teve anteriormente, e a morena alisou a face angelical com cuidado.
-- Você é um anjo no meio desse inferno, é fácil se perder pelas falsas demonstrações de bondade mesmo que não compreenda e isso basta, para um homem cruel. -- A morena respirou fundo sorrindo, a vida nunca lhe foi boa, mas estava acostuma e tirou proveito de cada infortúnio que lhe ocorreu no passado, se transformando na mulher que hoje era tão temida. -- Entenda Sn, você não precisa de uma grande função como eu, Daki e todos ou outros para isso meu mestre já tem os Luas, foi escolhida por ele e pode encarar como uma deliciosa e proveitosa distração ou simplesmente um belo bibelô ao qual ele se encantou e resolveu ter. E meu mestre sempre tem tudo o que quer, por isso te dei a arma para aprender a se defender e utilize até mesmo com ele se necessário.
-- E isso não seria uma traição? -- Perguntou um pouco nervosa, levando a mais velha a gargalhar.
-- Garota, ele apenas se viciaria ainda mais por você.
A conversa seguiu para um rumo diferente, com Nakime confiante contando sobre produção de algodão e rotas de fuga pelos campos de arroz onde esperava que Sn gravasse, em contrapartida, perguntou sobre seus dias e obteve como resposta uma pequena lista de afazeres domésticos e cuidados que para muitos eram entediantes e para ela, compreendia que tudo era tão novo para você. No fim daquela noite a morena foi embora e avisou que retornaria assim que possível, te deixando sozinha em meio aquele casarão e após o preparo de um bom chá e um banho, observando as estrelas, a mulher pegou no sono.
Voltando ao dia em que Muzan deixou a casa satisfeito e com o seu cheiro entorpecido no paletó caro, o homem retornou ao estabelecimento de Hina, agora com os nomes que você de bom grado disponibilizou. O rei adentrou o estabelecimento confiante, Hina engoliu em seco a presença do homem, sabendo que seu tempo acabou, Muzan opor outro lado sorria de maneira amável assustando mais ainda a mulher, ele apenas se sentou na cadeira aguardando.
-- Eu reuni os nomes, são ao todo seis garotas.
-- E quais delas saíram há menos de mês.
-- Apenas duas -- Hina respondeu e o Kibutsuji bateu os dedos na mesa.
-- Passe para cá o documento. -- Assim que foi entregue Muzan deixou o local, ao adentrar o carro três luas estavam a espera, o homem leu o documento lentamente prestando atenção aos nomes e quando acabou encarou os subordinados rasgando o documento em três partes.
-- Urogi vá encontrar com Douma, Gyutaro para o leste, Urami encontre com Akaza no sul e Aizetsu cuide da Sn.
Ao fim das ordens os luas saíram calmamente do local, o rei foi de encontro a Kokushibo, tinha mais informações e as aproveitaria muito bem.
Os meses subsequentes foram de total escuridão para você, mas enquanto passava sem notícias do rei até o presente momento que Nakime pisou em sua casa, Muzan estava a todo vapor, falindo empresas que lhe deviam, surrando aqueles que lhe deviam, ao melhor, esse era o trabalho dos luas e aí, sim, assassinando cada peixe grande que desviou dinheiro.
E no atual momento atual fumava um cigarro enquanto Douma ao lado de Sekido relatava o que foi feito e visto, aparentemente o Lua dois tentou por todo esse tempo ir atrás da mulher que fez isso, mesmo quando Urogi levou as informações e descobriam seu nome, não foi o suficiente para encontrá-la.
-- Essa tal Surya é muito escorregadia, parece ter sumido do mapa. -- Sussurrou -- Peço que me deixe cuidar dela pessoalmente, essa mulher me encanta. -- Muzan revirou os olhos, sabia bem que no significado das palavras do Douma só poderia imperar a crueldade e gostava disso.
-- Faça como bem entender e Sekido mande Karaku vigiar aquele bordel. Se essa mulher for burra o suficiente para voltar, peguem ela e não a mate, não até que ela conte tudo e sirva como uma bela isca. -- Douma não gostou da escolha do mestre, entretanto espertava que ele reconsiderasse e o deixasse brincar com Surya.
A caçada passou a ser intensa, uma vez que sem o dinheiro que Gyokko lavava com tanta habilidade, a fortuna de Muzan se restringiu de forma que ele não mexeria em seus bens, pessoas para por no crime organizado, ainda assim não era o suficiente para tirá-lo do conforto, afinal havia muitos contratos e muitas vendas que continuavam a enriquecer o rei do crime. Yoriichi, por outro lado, havia perdido a contagem de quantos homens sucumbiram nessa guerra invisível, uma vez que tentavam mantar a população cega nesse caos, foi quando Surya compreendeu que continuariam correndo atrás do próprio rabo se não tomassem medidas mais drásticas, não como uma morte comum e sim uma bela distração.
Aqueles que faziam parte da caçada principal estavam unidos em uma local de escolta distante do centro.
-- Talvez eu deva voltar. -- A voz da única mulher saiu em um sussurro atraindo atenção de Yoriichi.
-- Se fizer morrerá. -- Afirmou levando-a sorrir.
-- Não necessariamente, apenas devemos agir certo. -- Ela arqueou a sobrancelha duas vezes, atraindo atenção do líder que esperou: -- Talvez eu deva retornar, não sozinha.
Foi o suficiente para que ele entendesse e corroborasse com o plano que aos poucos fora explicado.
01 de Julho de 1920
Sn acordou um pouco cansada, sentindo o corpo pesado, se arrastou para fora da cama e decidiu que pela primeira vez aproveitaria o mar. A casa ficava de frente para uma bela encosta marítima onde os vales por trás da morada pareciam esculpidos em um papel saído diretamente de um livro de fantasia. Tudo tão belo que a deixava encantada, por horas apreciando o mar, desceu as escadas após toda a higiene já feita, usando apenas um robe por cima do conjunto íntimo, não teria ninguém ali mesmo, então por que se privar?
Abrindo as portas que davam para o jardim e passando por ele desaguou na simples escada de madeira angulada, o dia estava tão bonito e sentia-se tão bem, mesmo que estivesse com o corpo tão pesado, mas ao tocar na areia pela primeira vez sentiu o peito doer batendo forte.
Essa era sensação de liberdade que sempre buscou.
Primeiro deitou na areia contemplando a sensação pinicante dos grãos na pele, depois seguiu se levantou e encarou o mar e se deixando levar correu até as ondas curtas que quebravam com tanta suavidade que pareciam esperar pela presença da mulher. Sn sentiu o formigar das águas frias batendo contra os tornozelos desnudos conforme levantava o robe e ousou um pouco mais dando um leve gritinho conforme a água ia cobrindo o corpo, procurou estar em uma distância segura e curta da areia para se apoiar se necessário e ali se aventurou, a face levemente molhava pelas gotas salpicadas e o cabelo um pouco desgrenhado devido a esse mesmo motivo, rodopiou na água e até mesmo pensou em deitar, mas desistiu ao sentir o arrastar leve das ondas. Os olhos se fixaram no céu bonito e límpido antes de voltar a si e quando encarou a areia mais uma vez viu que tinha companhia.
Um temor percorreu o corpo lembrando das palavras de Muzan e com isso saiu lentamente d'água.
-- Bom dia senhorita Sn. -- A voz de Aizetsu chamou-lhe atenção.
-- Bom dia, o que faz aqui? -- Notou que o moreno desviou os olhos azuis um pouco envergonhado antes de te responder e só compreendeu o motivo quando percebeu que as vestes estavam transparentes e com isso tapou o busto com as mãos.
--Vim verificar se está tudo bem. -- Afirmou levando-a sorriu.
-- Eu estou bem, gostaria de tomar um café? -- Ele negou, uma vez que Muzan não havia delegado permissão para adentrar a casa de Sn.
Ela não o questionou, apenas retornou para casa sentindo-se revigorada e um pouco confusa pela vigia repentina, mas, Aizetsu era tão calado que chegava a incomodá-la por querer conversar.
E a cada novo dia Sn compreendia que aquela havia se tornado sua nova prisão, em uma versão aberta e longe de tantas ordens, mas até quando?
17 de agosto de 1920
Gyokko não tinha apenas dinheiro em sua posse, não era apenas o contador do rei do crime, o artista, como se considerava, possuía inúmeras apólices de seguro e documentos que seriam de fácil interceptação de empresas médias, uma vez que eram necessários sempre que tratava dos negócios do mestre em outros países, nada do que ocorreu em Shibuya vazou, mas a loja de cristais e quadros tão finos, em uma manhã qualquer foi simplesmente demolida, sem deixar vestígios ou atrair atenção de qualquer ser humano curioso.
No atual momento Akaza havia arrebentado seis investigadores enquanto Kokushibo continuava a esperar pela ordem de Muzan, Karaku e Urogi ficaram de olho no bordel e pelas luas não serem vistas com frequência seria mais fácil assumi a posição de cliente, não sabiam de fato como era a mulher que deveria procurar somente tinham o nome, não poderiam simplesmente chegar e tratar direto com ela, pois seria suspeito e como isso estavam há praticamente um mês frequentando aquele local e se deitando com as meninas em uma espécie de rodízio, para Hina isso significa mais dinheiro e é claro que Surya, através de sua esperteza os vigiou, sempre se ocupando com clientes cada vez mais estranhos para que não houvesse tempo para eles, mas infelizmente o dia dela chegou.
Karaku e Urogi sabiam que se tratava da mulher por simplesmente ser a última, também conseguiram encontrar naquela casa uma cortesã que não se importasse de delatar outra igual, agora em um dos quartos, mais precisamente no quarto que Surya costumava ambos a encaravam, a mulher perceptiva do jeito que era maldou o fato de terem dois ali e resolveu agir com a mais pura incoerência.
-- Não costumo atender dois clientes. -- Karaku sorriu se aproximando dela já pondo as mãos na cintura da mulher, chegava a ser um desperdício ter que espancar alguém tão bonita.
-- Abre uma exceção meu bem, valemos a pena, muito à pena. -- A voz do moreno de olhos verdes ecoou enquanto ele beijava o pescoço, logo Urogi se juntou e Surya sorriu, mesmo que fosse matá-los se divertiria primeiro.
Depois do ato e com ela vestida bastou um olhar entre eles para saber que não ficaria tudo tão calmo, Karaku foi o primeiro a desferir um soco na barriga dela e sorrir com a reação alheia.
-- Uma pena... Tão gostosa e terá um final terrível.
Surya gargalhou retribuindo o ataque derrubando Urogi no chão.
-- Acha mesmo que será fácil? -- Ambos sabiam que não poderiam falhar, do contrário Muzan os mataria e agora ambos iam contra a mulher que se defendia plenamente dos ataques se amaldiçoando por não deixar as lâminas próximas.
O objetivo nunca foi matá-la e sim entregar nas mãos do carrasco que em breve, acabaria com sua vida. O Lua superior dois só não imaginava que seu fim viria pelas mãos da mesma mulher ao qual tentou subjugar, através de uma fina agulha que bastou tocar-lhe a pele enquanto o veneno do ¹Fugu fazia efeito.
28 de setembro de 1920
Algumas casas de entretenimento foram fechadas, assim como comércios que segundo o capitão faziam parte dos domínios do rei, a maioria das fronteiras estava fechada e agora era só uma questão de tempo até conseguir arrancar o demônio da toca.
Alguns de seus subordinados haviam perecido durante a caçada, assim como os homens de bem que fizeram seu melhor, só não imaginavam que seria uma mulher a matar o homem que mais tarde foi identificado como Douma Fubuki, responsável pelas exportações de grãos para fora do país, após a morte dele, dois irmãos foram presos, ambos da família Hantegu e um esquadrão ainda estava atrás dos outros, principalmente após encontrar resquícios daquele que carbonizou tantos corpos dos afiliados em meio a uma patrulha, Gyutaro era bem esperto e não seria tão fácil de capturá-lo, não quando o homem vivia para proteger a irã e ambos sabiam se esconder como ninguém.
16 de Outubro de 1920
Sn respirava calmamente encarando o céu, estando um pouco chuvoso e com bastante nuvens, não chegava a assustá-la mais deixava bem apreensiva, como se estivesse avisando que algo não estava bem, Aizetsu em todo esse tempo esteve pelas redondezas tornando-se uma espécie de "amigo" sempre passavam as tardes juntos e ele às vezes contava um pouco de si e de seus irmãos, em contrapartida havia conhecido bem mais sobre a mulher que se tornou o vício do mestre.
Faltava pouco para escurecer de vez quando o moreno bateu a sua porta, pelo olhar mais entristecido que o normal você soube que algo aconteceu, mas ele não explicou, afinal como deixaria implícito que seus irmãos Karaku e Urogi foram presos e que Sekido estava foragido? Era melhor ficar em silêncio, ainda assim você tentou consolá-lo mesmo sem ter conhecimento do ocorrido.
No fim o moreno decidiu que aceitaria o seu convite para jantar e fazia tempo que não se sentia tão bem acompanhada, sendo ele o seu vigia e segurança praticamente pessoal...
A madrugada trouxe mais uma surpresa a você, o rei que agora a observava de longe sem saber o que faria, primeiro estava irritado por tentarem acabar com seu império do crime, segundo que a vontade de se vingar corroía até os ossos e por esse motivo que se recusava a deixar o país, não sem antes acabar com aqueles que estragaram sua vida.
O Kibutsuji se aproximou calmamente encarando seu semblante sereno, tão linda e calmo, era disso que ele precisava em uma noite tão turbulenta. A coberta aos poucos foi retirada do seu corpo conforme se moveu lentamente, os olhos despertando lentamente encarando a face do homem que logo a consumiria até a última gota de energia.
Vocês estavam sobre a cama, Muzan possuía alguns documentos sobre as mãos enquanto a doce mulher simplesmente dedilhava seu peito.
-- Nakime esteve aqui? -- Perguntou por alto sem desgrudar o olhar dos papéis.
-- Sim. -- Respondeu calmamente se erguendo um pouco e segurando a coberta para tapar a nudez.
-- E te instruiu bem, espero. -- Agora observava seu rosto, enquanto se recordava do que a morena mencionou e assim apenas assentiu.
-- Ótimo. -- Os documentos foram deixados de lado e você o encarou subindo sobre ele calmamente sentando sobre o quadril. -- Tenho um último trabalho a fazer e talvez precise dos seus dons. -- Muzan segurou suas mãos beijando e mordendo seu pulso e você se questionou mentalmente, afinal que dons eram esses?
-- Não precisa ficar em dúvida, na hora certa você saberá como agir. -- E assim te virou na cama, aproveitaria até a última gota de prazer que pudesse, pois, depois, planejava causar o maior caos que o país já viu.
[...]
No dia seguinte Sn acordou sozinha e um pouco cansada, afinal fazia muito tempo que não o via, entretanto, o bilhete sobre a cômoda deixou claro qual deveria ser o próximo passo. Sobre o papel deixou uma pequena chave:
Se precisar abra a parede e leve a maleta.
Se questionou incontáveis vezes a respeito, até mesmo a curiosidade afirmava que deveria bisbilhotar a própria casa, mas o simples fato de ser apenas um grande Se a impedia.
Voltando aos seus afazeres domésticos, sorriu ao encarar a pequena horta que tinha no jardim, pois, durante todo o tempo em que Aizetsu te vigiou você pediu diversas mudas e plantas e obviamente que ele mandava trazer, assim ficava mais fácil e trazia uma certa paz a forma como estava vivendo mesmo que entendesse que agora, de alguma forma fazia parte dos planos de emergência do rei, só não fazia ideia de qual ou como.
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30 de Outubro de 1920
Centro de Yoshiwara
Inúmeros estabelecimentos pegavam fogo, inclusive a base da polícia, das mãos enluvadas do Kibutsuji pingavam sangue e o lado direito da costela doía bastante, ainda assim sorria pelo estrago causado, se houvesse sobrado alguém para contar história e fosse esperto o suficiente deixaria que o medo o dominasse e assim se afastaria, se fosso estúpido o suficiente para seguir em frente seria morto e o império aos poucos seria reerguido, Muzan avistou a mulher com a arma na mão e uma faca na outra ao qual guardou.
-- O trabalho sempre sobra pra mim. -- E assim atirou na direção do rei que sorriu ao se abrigar atrás de um muro, Nakime surgiu por trás dela e a mesma se virou lutando contra a lua, Kokushibo não estava diferente dando trabalho para aqueles que tentavam contra si e Akaza bem, já havia assassinado bem mais do que ele esperava só na base dos punhos. Foi quando o olhar calmo e genuíno de um homem, bem semelhante ao seu lua mais forte, atirou, nada certeiro, pois, infelizmente, a cede de vingança havia alcançado o coração do mais justo. Queria que o rei sofresse tanto quando ele sofreu por todos esses anos infernais em busca de justiça, mais um tiro que pegou no ombro de Muzan que tentou revidar errando e assim se aproximou do carro, já havia acabado por ali, principalmente quando viu a mulher de fios enrolados empalar as mãos da morena que lhe servia no telhado de uma casa deixando claro que não a mataria e tanto Kokushibo quanto Akaza serem detidos, respirando fundo adentrou o veículo, sentindo o corpo quente devido ao sangramento que apenas parecia aumentar e após ligar o carro não se importou com nada
-- VAI! PEGA ELE DE UMA VEZ! -- Ouviu a voz da mulher que estava no telhado e bastou que olhasse pelo retrovisor para ver o general correndo até o veículo mais próximo, quando a distância diminuiu passaram a trocar tiros de maneira displicente e não importava que estivesse prestes a ser morto, que seu corpo estivesse completamente ensanguentado dentro do carro por seu último trabalho, a destra ainda segurava firme no volante, Muzan tinha certeza de que suas luas estavam mortos, os que sobraram foram pegos ou fugiram, mas, sabia que Sn estava intacta e talvez até mesmo lhe fosse útil, gerando em Muzan algo similar a satisfação por deixar a mulher por último. Afinal, tudo o que interessa é ver sua adorável e doce garota.
O carro continuava sendo seguido e seria fácil derrubá-lo na casa, poderia seguir para a própria mansão, mas a rota de fuga daquele lugar nem de longe era tão boa, diferente da que construiu na casa em Sn estava morando, conseguindo uma distância um pouco maior continuou dirigindo até atravessar as colinas e descer sem se preocupar batendo com a lateral do carona no muro da casa, Muzan saiu rapidamente segurando a arma em uma mão enquanto a outra estancava o ferimento, o barulho chamou atenção de Sn que desceu as escadas rapidamente após observar da varanda superior o carro batido e ao abrir a casa viu o homem ferido e ensanguentado que passou por ela e mandou que trancasse a casa. Ainda inerte obedeceu.
-- Cadê a chave? -- Ele a encarou seriamente conforme apagava a luz do ambiente. -- Suba e apague as luzes agora!
Sem ter como contestar, você foi, apagando tudo e fechando as janelas, tirou a chave da cômoda e o observou tatear a parede, sujando tudo com sangue. Muzan abriu as gavetas pegando as roupas em busca de algo que pudesse estancar o ferimento e por mais trêmula que estivesse tentou ajudar não queria ser o motivo de sua morte, após um curativo prévio ouviram barulhos no andar debaixo e ele te empurrou. Abriu a segunda gaveta e tirou uma pistola de lá, te entregou e jogou a Top Gun na cama pegando a outra, a chave foi encaixada em um buraco próximo à cômoda e logo depois a decoração da parede começou a afundar, uma porta era aberta aos poucos e o homem caminhou até ela, deixaria os documentos para depois, afinal eles estavam bem guardados no fundo falso da gaveta, o homem rapidamente te puxou beijando sua boca com vontade.
-- Fique aqui e garanta que não me sigam, quando acabar sabe o que fazer tem mais uma chave com você. -- Seu semblante vacilou com o curto entendimento, ele queria que lutasse por ele? Que você... morresse tentando? O coração acelerou, as poucas vezes em que se defendeu foi por que tentaram contra a sua vida e não para agir dessa maneira. O corpo ficou tento conforme o barulho cessou até que a porta foi arrebentada com um chute e em um grito fino de susto segurou a arma apontando na direção da porta, mas não atirou, não sabia se deveria. Ainda se recordava das palavras de Nakime.
A luz foi acesa e pode ver o homem fardado com a arma em mãos apontando em sua direção.
-- Você não é o meu alvo, abaixa essa arma antes que perca a sua vida garota. -- A voz dele era tão calma e você não o escutou continuou apontando enquanto a respiração dele pesou, naquele momento o Tsugikuni entendeu que você não passava de uma mera distração conforme andava na direção da sua mira sem abaixar a arma que apontava para o seu coração e estando de frente segurou na pistola a puxando de suas mãos. O homem analisou o local concluindo que o Kibutsuji não estava ali. -- Abra a porta do banheiro. -- Você o fez calmamente.
-- Entre -- Seu coração vacilou enquanto obedecia e a porta foi trancada por fora. O Olhar de Yoriichi caçou cada pedaço daquele quarto como uma pantera em busca de sua presa, analisando as manchas de sangue e quando compreendeu que havia outra entrada ali, nem se preocupou em saber como abriria, guardou a própria arma e com a pistola que deveria ser sua atirou quantas vezes fosse necessária para abrir a porta, quando finalmente conseguiu notou o túnel que por ali se estendia, com um sorriso nos lábio e a calmaria de uma manhã iluminada o homem adentrou aquele túnel se morresse ali, seria matando aquele que acabou com tantas vidas.
Uma alma se manteve pura diante de tanto podridão,
mas a que preço?
¹Fugu - peixe japonês venenoso.
Muito obrigada por acompanharem a obra, nos vemos no epílogo. ♡
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