Capítulo 3

MARIA ÂNGELA

Estou a quase uma hora dentro do carro, com meus conectores de ouvido no último volume e sinto que vou morrer de tédio.

Não tem mais nada de interessante para ver em nenhuma rede social e o sinal de internet some completamente quando atravessamos a Chapada dos Veadeiros. Melhora quando chegamos perto do campus, com internet à satélite, mas no meio do cerrado, ainda que depois dos anos de melhoria na conectividade no país e das estações de trem da Planalto, não tem nada para fazer, além de tentar aprender a mexer minha perna biônica em ângulos estranhos e aleatórios, como faço com a de carne.

Outros carros passam na rodovia, mais rápidos do que o meu. Meu motorista e eu tentamos ver quem está dentro, se eu conheço o aluno... Aquela estrada vai só para dentro da Planalto Central, então tenho certeza que é uma pessoa que vou ter contato. Descubro dois novos pontos de sensibilidade na coxa de metal, perto do joelho e quase abro a porta e me jogo, só pela emoção.

Não consigo colocar esse plano em prática. Os prédios da Planalto Central finalmente surgem no horizonte e solto um gritinho de alívio que assusta meu motorista. A Planalto é imensa, como um gigante se erguendo no meio da chapada onde antes só tinha árvores e poeira. Como Brasília, foi construída no meio do nada, mas ainda uns quilômetros depois.

Gosto disso nessa escola. É como um microcosmos afastado de tudo, onde meu nome é conhecido em todos os corredores, por todas as pessoas.

São três prédios, lado a lado. O do centro é envidraçado do primeiro ao décimo segundo andar, por um tipo de vidro que não reflete a luz do Sol, funcionando como uma pequena usina solar elétrica vertical, aquecendo a água e gerando energia. Ou algo do tipo, nunca me importei em guardar tudo certinho quando fiz meu tour no primeiro ano. Aquele sistema impede o campus de virar uma ilha de calor, pioneiro no país e nasceu dentro dos projetos científicos da própria Planalto. Os outros dois prédios são de pedra e de um polímero metálico qualquer, que ajuda a regular a temperatura.

Os jardins, as quadras esportivas, as áreas comuns para alunos, os dormitórios... Como senti falta.

Tem uma fila imensa de carros na entrada do campus, já que, aparentemente, é muito difícil passar o código digital de identificação do aplicativo no leitor e abrir as catracas de vidro blindado. Maurício, meu motorista desde que eu tinha dez anos, parece tão impaciente quanto eu e resmunga até que conseguimos entrar na avenida particular da Planalto, atrás de uma fila de estudantes que também chegam das férias.

A avenida se estende por uns bons metros até a fonte com a estátua de Adelaide Pinheiro, a líder de um dos movimentos sociais da Revolução de 23, que foi assassinada com um tiro na testa no meio da manifestação e virou heroína nacional. É uma estátua bonita e no dia da morte dela, em setembro, a escola para tudo para uma homenagem.

Maurício estaciona diante das portas de vidro na entrada, foscas, mas que deixam visíveis alguns alunos adiantados passando no corredor. Coloco os óculos de Sol redondos e saio do carro, meus cabelos escuros e lisos balançando. O ar abafado de Goiás me faz respirar fundo, um biquinho no rosto e pego a mochila de coisas pessoais no banco do passageiro. Alguns alunos viram o rosto para me encarar com adoração, murmurando em seus grupinhos de amigos.

Meu motorista me ajuda a tirar as malas do bagageiro e se despede, dizendo que vai avisar meus pais que cheguei bem.

Empilho as malas para conseguir carregar tudo de uma vez e deslizo até as portas de vidro automáticas, a perna biônica estalando como sempre faz. Ar condicionado e paredes geladas de metal me fazem arrepiar.

O corredor principal, largo e cheio de portas de madeira branca e vidro, segue para o interior do prédio, mas os laterais levam aos prédios de pedra, outras salas de aula, as quadras e os dormitórios de todos os anos. Sigo pelo corredor para os quartos do segundo ano, ansiosa para ver qual vai ser o meu, que compartilho com Laís, minha melhor amiga. O número do quarto, a lista de matérias do ano, os comitês das festas, tudo estava no e-mail dos alunos uma semana depois do ano novo. Todos os alunos tem que estar no campus dez dias antes da volta às aulas oficial em fevereiro, para escolher suas optativas, fazer o exame físico, pegar o material e organizar os horários dos professores, mas a escola abre desde a metade de janeiro, para pais como os meus, que precisam se livrar dos filhos o mais cedo possível. Por motivos de negócios.

Ser filha de um banqueiro bilionário tem dessas.

O que não é incomum, com tantos filhos de políticos e outros ricos estudando na Planalto. A escola já está cheia de gente.

"MARIIIA!" Um grito estridente ecoa no corredor, alto o suficiente para que todo o mundo escute. Eu estremeço e sorrio, porque sei quem é.

Adoro quando gritam meu primeiro nome.

Fábio, um dos meus melhores amigos, surge provavelmente de trás de uma lixeira no corredor, correndo e com os braços abertos. Só dá tempo de soltar minhas malas antes que ele passe os braços por baixo das minhas axilas e me levante no ar, girando. Sem querer, chuto sua canela com a perna biônica e consigo sentir o metal tremendo contra minha coxa.

— Desculpa, desculpa!

— Cacete, porque você me odeia? — Ri Fabio e me coloca no chão com cara de dor. Ele tira o cabelo do rosto, jogando o topete liso e escuro para trás e coça a perna, onde eu devo ter atingido.

— Te adoro, você sabe que é difícil controlar! — Chio, pegando as bagagens de novo. Uma ideia genial passa na minha mente e sorrio, manhosa. — Me ajuda a levar as malas?

Os olhos já pequenos do Fábio somem no rosto quando ele sorri.

— Ajudo, qual o número do teu quarto?"

— Me colocaram no 43, quarto ou quinto andar, nem fodendo que eu vou levar tudo isso sozinha pra lá! — Xingo, indignada. — Acha que é um andar bom? Vou fazer um fuzuê se os banheiros do andar forem uma bosta!

— É o pessoal do segundo ano, deveria ser bem melhor do que o do ano passado! Os meus pelo menos são ótimos, mas pode ser que é por que ainda não chegaram nem 50 pessoas na Planalto. E principalmente, nenhum bolsista. — Divaga Fábio, colocando minha mala de mão debaixo do braço e andando ao meu lado.

— Capaz, vou preparar o chilique.

— Sabe se a Laís já chegou? — Pergunta ele. — A filha da puta não responde minhas mensagens há três dias, acho que ela morreu.

— Menor ideia, mas se tivesse morrido eu saberia. Deve ter fugido com macho pra não enfrentar outro ano!

— Não duvido, é a cara da Laís! — Fábio revira os olhos. Ele é neto de empresários da tecnologia chineses, os Shanyou e seus olhos somem de novo no rosto de bochechas altas, quando ele faz uma careta.

A gente caminha pelos corredores quase vazios, papeando. Conheço tão bem a Planalto agora que não preciso mais das placas de indicação. Tem gente sentada de bobeira no jardim dos dormitórios, usando a internet e fugindo do Sol escaldante do verão no Brasil.

Ninguém é obrigado a usar o uniforme verde florestal e branco ainda, mas muita gente já usa. Horroroso, na minha opinião, mas quando a massa de adolescentes nos tons da bandeira passa pelos corredores, me sinto menos estúpida. Um pouquinho.

Pegamos o elevador de vidro rápido, saltando no quinto andar. O corredor parece o de um hospital, branco e prata metálico com decoração moderna. Os canos de água e ventilação serpenteiam propositalmente pelo teto. Há um carpete cinza percorrendo o chão e o imenso quadro de avisos digital fica do lado do elevador. O quarto 43 é um dos primeiros, o que me deixa perto dos banheiros, à direita do andar. Digito a chave que mandaram no e-mail e a porta abre rápido, mostrando o nome completo do dono da chave. Maria Ângela de Alonso Buarque. O quarto está completamente vazio, sem vida e só com as roupas de cama comuns. Laís realmente não chegou ainda.

— Nem me convidou pra Cabo Frio esse ano, magoei. — Resmunga Fábio, em tom de alfinetagem, enquanto deixa minhas malas em cima de uma das camas de solteiro.

— Não teve nada direito, foi meu fim de ano mais sem graça, não convidei ninguém. — Revirou os olhos, mentindo e coloco as duas mãos nos quadris, jogando os cabelos por cima do ombro. Chamei a Laís para ir e foi incrível. Mas Fábio não precisa saber que não vai ser convidado em hipótese nenhuma. — Preciso compensar com as festas dentro da Planalto, ou talvez dê uma bela surtada esse semestre!

— Você sempre compensa quando lidera os comitês. — Fábio ri. — Ainda assim tô magoado, deveria te ajudar a deixar as coisas mais interessantes. Eu te chamei pra Maceió nas férias de julho!

— Te adoro, em julho eu vou pra Los Angeles, aí vem comigo e a gente deixa tudo quite. — Convido, estalando a língua, metida. Minhas sobrancelhas se unem, incitando Fábio.

Ele sabe que não é verdade, mas mesmo assim continua:

— Amo, vai ter que me aguentar falando inglês mal com os gringos. — Comenta como se não soubesse, abrindo as malas uma por uma.

Fábio demora um tempinho a mais na mala que tem os equipamentos de manutenção da minha perna e deixa ela embaixo da cama. Sinto que ele pensa que eu me importo se alguém ver, mas não me importo. A perna está no meu corpo e estou propositalmente de saia, não é como se eu quisesse esconder. Chega a ser engraçado quando olham.

— Eu aguento, relaxa. — Concordo, umedecendo os lábios com a língua. — Preciso arrumar as coisas direito e viver vinte dias antes de começar alguma coisa aqui dentro, mas vai ser um ano foda, certeza.

Se Laís não chegar rápido, acho que vou fingir uma cólica e fazer ele se afastar durante o tempo que for preciso.

Fábio se encosta na parede mais próxima e solta uma risadinha.

— É, certeza.

ELIESER

Eu estava com a sensação de que não tinha chão embaixo dos pés.

Felizmente, todos os 50 bolsistas que acabam de desembarcar do trem expresso (tão tecnológico que poderia ser uma nave espacial, as portas abrindo com um suspiro por causa do amortecimento pressurizado), claramente também se sentiam assim.

A Planalto Central consegue ser ainda mais imponente do que eu achava. Imensa de alta, com quadras de esportes até onde consigo ver e um descampado infinito se estendendo pela chapada, cheio de plantas baixas e coloridas, é fácil a construção mais avançada de todo o país. E é linda.

Quando o bando de adolescentes apavorados desce do vagão, acompanhados dos vários assistentes da Planalto que foram nos buscar no aeroporto, tem um grupo de jovens mais velhos, alinhados iguais estátuas, uniformizados com as cores da Planalto e sorrindo meio sem graça. Veteranos recebendo os novatos.

Eles dividem os bolsistas por região do país e os jovens mais velhos ficam com a função de levar os grupos para um tour pelo campus, onde provavelmente vamos perder o resto da tarde. Dois dos veteranos se aproximam dos bolsistas nordestinos, onde eu me encaixo e uma garota de olhos grandes e escuros, pele preta bem retinta e cabelos crespos volumosos, diz:

— Vai demorar pra ver tudo, lá dentro é o maior furdunço, nem dá pra entender direito onde a gente tá indo, mas depois de uns meses vocês acostumam! — A voz dela tem um forte sotaque que eu não consigo distinguir de onde é. Ela aponta para o trem com a cabeça. — Vão levar as malas de vocês pro quarto, os assistentes, então não se preocupem. A gente precisa levar todo mundo para fazer o código de identificação hoje, que serve pra tudo aqui dentro, então peguem seus registros universais e o número de inscrição do vestibular. Qualquer dúvida é só perguntar, não precisam ter medo não! Meu nome é Gislaine, tô no segundo ano e também sou bolsista, igual vocês. Vamo começar logo, que esse lugar é imenso!

A garota e o outro aluno que dão o tour, ele com uma cara de tédio infinito e olhos azuis leitosos, levam meu grupo pelos corredores centrais do prédio, enquanto outros grupos seguem por outros caminhos. Gislaine começa a falar, então me esforço para não deixar meu queixo cair quando entramos no salão central de pé direito alto e ouvir o que a garota diz.

— O térreo tem umas 20 salas de aula, no estilo ambiente, ou seja, quem muda de sala são vocês e não os professores. Todas são enormes! Normalmente esse andar é reservado pras matérias da base comum curricular, português, física, essas coisas. As turmas têm 25, 30 pessoas, as salas são em auditório ou laboratórios, depende da matéria. Vocês só vão ter noção do que é quando tiverem a primeira semana de aula, juro, mas vamos entrar em uma pra vocês verem como é doido! — A veterana puxou minha turma, abrindo caminho no meio dos alunos que passeavam pelo corredor, curiosos com a carne fresca.

Gislaine destranca a porta de vidro e metal de uma das salas no corredor e entra. Enquanto a sigo, percebo que o bebedouro do corredor, ao lado da porta, mais parece um drone prateado preso na parede e me controlo para não experimentar a água ali mesmo, já que nem sei qual botão apertar.

Entramos na sala e tropeço no primeiro degrau antes de entrar no cômodo. Com certeza vou me estabacar no chão qualquer dia, se todas são iguais. A sala em si é linda, um anfiteatro, descendo uns bons cinco metros para dentro da terra, em madeira clara e com grandes mesas compridas de banco estofado. No centro do anfiteatro, um palanque e uma mesa simples, de frente para uma parede de tela touch, onde o logo da Planalto brilha. As janelas são altas e as cortinas escuras. Parece uma faculdade estrangeira, do tipo que só se vê em filmes.

Todos os novatos parecem assombrados, os olhos brilhantes de surpresa, eu entre eles. Mal consigo crer que agora estudo em um lugar como esse. Seguro a vontade de chorar que quase me vence.

— Foda né? Ah, vocês vão adorar quando começar a funcionar! — Ri Gislaine, rodopiando no próprio eixo. Ela puxa todo mundo pelos ombros para sair e a turma se adianta, correndo. É difícil acompanhar ela, parece que está sempre ligada no 220.

Seguimos pelo corredor comprido, enquanto a veterana aponta as salas dos primeiros anos, falando nomes de professores que eu não chego a guardar. Chegamos no fim do corredor, onde as placas dizem "restaurante". Ali, tem um salão ainda mais alto que o corredor, cheio de mesas e cadeiras de vidro e madeira e um self-service à direita.

— Aqui, chamam de restaurante, mas é tipo uma cantina normal de escola. Eles mandam o cardápio por e-mail no começo da semana e o self-service tem tudo na bancada, você pega o que quiser e pede para o drone de entrega levar, então vocês escaneiam seu código no aplicativo e não precisam pagar. Eles vão repondo, sempre. Os horários também estão no e-mail de vocês, prestem atenção! Isso aqui fica uma bagunça no almoço, vocês não têm ideia!

Todos os bolsistas riem baixinho com o tom de Gislaine e fica um burburinho. Eu presto atenção nas luzes do teto, mornas e brilhando forte demais e nas janelas largas que dão vista para as quadras externas. O segundo veterano, que não se apresentou, apressa todo o grupo para atravessar o restaurante e saímos em um pátio de paralelepípedos e grama baixa. O pátio principal, pelo que disseram. Um bafo de calor tropical bate no meu rosto e sinto que começo a suar.

Levam o grupo para visitar as quadras poliesportivas, passando nas pequenas vielas entre as redes. Tem cinco quadras com marcação para vários esportes comuns, áreas para atletismo, ciclismo, além de uma quadra de vôlei de areia — intocada a um bom tempo —, várias de tênis e piscinas olímpicas cobertas ou não. A Planalto Central é campeã em formar atletas e em ano de olimpíadas, é comum que as comissões técnicas oficiais fechem essas quadras daqui para treinar.

Meus olhos brilharam olhando para elas.

É por isso que quis tanto entrar nessa escola, a mera possibilidade de fazer parte da seleção brasileira ou de um time grande, logo que saísse da Planalto, me fazia querer gritar e rir como um doido. Jogar uma copa do mundo, uma olimpíada...

Posso sonhar agora, já estou dentro.

— Tem uns bosques no fundo da Planalto, são falsos, plantaram tudo. Alguns professores fazem as aulas lá e os alunos podem passar o tempo, fora do horário de aula e tudo o mais. — Gislaine diz, enquanto leva o grupo pelo resto do campus. — Fica cheio de gente em tempo de provas, a biblioteca ou o seu quarto é melhor se você realmente quer se concentrar. Se você quer zoar com os amigos, vale a pena.

O tour continua até voltarmos para os prédios da Planalto, cruzando com o grupo de bolsistas do Sul no caminho. Os veteranos nos levam até os elevadores de vidro e metal no centro da escola, cinco no total e organizam todo mundo em um deles. Pelo que Gislaine diz, cada elevador leva vinte pessoas, mais ou menos, e é mais rápido do que os da maioria dos prédios comuns. Sinto a pressão cair enquanto sobem, mas menos do que esperava. A cada andar diminui o número de salas para as matérias da base e aumenta as salas para as oficinas e optativas. Mostram a enfermaria, a área do jornal da Planalto, as salas com acústica para músicos, as oficinas de trabalhos manuais, os vários comitês de festas. Cada vez que sobe um andar eu fico com um frio na barriga ainda maior. Não consigo entender direito onde estou e as placas de indicações se embaralham na minha mente, acho que por causa da fome. Ainda vou ter tempo para aprender como andar ali.

No fim do tour, quando o Sol desce e tudo fica escuro e gelado, nos levam para os prédios mais baixos na lateral da Planalto, onde estão os dormitórios e deixam cada um na porta do seu quarto, primeiro no dormitório feminino e depois no masculino. Gislaine explica que todo mundo deve prestar atenção no quadro de avisos eletrônico perto do elevador, que as coisas importantes da diretoria aparecem lá, mas que dava para ler no site do jornal da Planalto ou no e-mail também.

Eu sou morador do quarto 25, no primeiro andar do prédio. A única janela tem vista para as quadras de atletismo no fundo e o quarto inteiro é meio vazio e sem vida, só com um armário pequeno de cada lado, a escrivaninha, um espelho grande e a cama. Os banheiros compartilhados me incomodam um pouco, mas posso lidar com aquilo depois. Minhas malas já estão em cima de uma das camas, no lado direito e tem malas de outra pessoa na cama do lado. Eu começo a arrumar minhas coisas e tento tirar o ar estranho de vazio no ambiente.

Decido arrumar as roupas primeiro e me assusto ao ver o uniforme completo da Planalto esperando por mim na primeira gaveta. A cor não é muito bonita, mas não me importo. Coloco a camiseta branca e o blazer verde bandeira sobre os ombros e me admiro no espelho. A sensação de vestir o uniforme é incrível, não só porque me deixa mais masculino, mas também por quê representa todas as minhas vitórias.

Então, a porta do quarto abre com um flush e um garoto de cabelos lisos e escuros, pele bronzeada e um sorriso meio psicopata no rosto entra.

— Oi. — Diz ele.

— Oi.

— Sou Pedro Henrique, de Cuiabá, bolsista e tu?

— Elieser, de Fortaleza, também sou bolsista.

— Tu ficou bem de uniforme. Eu achei. — Comenta Pedro, apontando para mim. Meu companheiro de quarto me cumprimenta com um toque de mão e três tapinhas nas costas.

— Valeu.

Um silêncio estranho e pesado fica no quarto, enquanto cada um arruma suas coisas nas escrivaninhas e nos armários. Pedro até tenta perguntar se eu tinha escolhido as optativas, mas a conversa não anda por quê nenhum dos dois tem certeza do que vai escolher, além da iniciação em esportes. Penso que para primeiro contato com alguém que vai passar pelo menos um ano dormindo no mesmo quarto que eu, não é tão ruim assim.

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Oii meus milhos pra pipoca, tudo bem com vocês? Finalmente apresentamos todos os personagens, em seus diferentes pontos de vistas. Mas dá para perceber que a Planalto em si é um ponto importante para todos eles, de diferentes formas. Espero que estejam gostando, tanto dos personagens quanto da Planalto, que é quase um deles. Coloquem suas opiniões e teorias nos comentários e deixem seu votinho! Volto daqui a quinze dias!

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