ESPECIAL - KILLER

Emoções ilícitas

Explosões engarrafadas

Intoxicando você (intoxicando você)

Agora você já sabe a verdade

Eu sou seu sétimo pecado


OBS: as mensagens trocadas entre o Killer e a Milenah estarão em negrito e entre aspas.

Boa leitura💖🥰  


Eu encarei as informações de contato que tinha em mãos quando finalmente consegui parar de rir do Kid. Ele era teimoso e vinha testando a paciência da Merindah com uma regularidade que começava a me preocupar. Mas ela parecia ser bem compreensiva aos motivos dele para isso.

— Hm, Milenah... — eu me sentei em frente ao computador, usando as informações que tinha em mão para ter uma visão geral da minha cliente. — Loja de roupas é...

Eu corri os olhos pela descrição da loja, percebendo o porquê ela estava tão preocupada e irritada.

— Vamos trabalhar. Quanto antes começar, antes termino. — Eu encarei a tela do computador, me sentando e entrando em contato com ela.

"Olá, você pode me chamar de Kamazo, eu vou cuidar do seu contrato."

Eu esperei pacientemente pela resposta, fazendo alguns pequenos ajustes no sistema de biometria que o Kenway havia enviado naquela manhã.

"Oi, pode me chamar de Milenah. Então, como isso funciona?"

Eu sorri para a tela ao ver que ela parecia ser bem objetiva.

"O que está acontecendo, exatamente? Quanto mais eu souber, melhor."

"Estou sendo roubada. Alguém vem roubando meus clientes de alguma forma. Eu recebo mensagens com reclamações de que o produto não foi como prometido e fotos provando isso, além de comprovantes de compra. Apesar dos meus dados e do meu nome estarem na nota, eu não tenho nada a ver com esses pedidos. Fora os pedidos que não foram entregues e eu tenho que reembolsar algo que nem ao menos recebi. Eu não sei mais o que fazer... Eu tentei fazer uma denúncia, mas ninguém acredita em mim, acham que estou dando algum tipo de golpe."

Eu realmente senti pena dela. Não era nada agradável ser acusado de algo, ainda mais algo que está destruindo sua reputação e seus sonhos. Eu tinha o Instagram da loja de Milenah aberto na minha tela e passava os olhos pelas peças. O Ferraz Atelier tinha peças bonitas e com um toque personalizado que me chamaram a atenção. Ela também tinha um link que me mandaria para o site da loja.

— Hm, bem estruturado, intuitivo... — eu corri os olhos pelo site, tudo parecia em ordem. — Hm, vamos fazer uma compra e ver o que acontece.

— Hm, gostei desse... — Aestus surgiu atrás de mim, exibindo um sorriso e apontando para uma jaqueta feminina com um bordado bem detalhado e trabalhado de rosas nas mangas.

— É muito bonita. — Eu sorri, adicionando o item ao carrinho e finalizando a compra com um cartão de crédito provisório.

— Desde quando você compra roupas pela internet? — Mallacht colocou uma xícara de chá ao meu lado enquanto nós três examinávamos com atenção o site. Novamente, nada fora do comum.

— Trabalho. — Ele fez uma expressão curiosa enquanto eu voltava a encarar a tela. — Viram algo fora do comum?

Ambos balançaram a cabeça em negação e minhas esperanças de que tivesse apenas me distraído se foram.

"Certo, isso parece ser mais complicado do que eu imaginei..."

"Mas ainda pode resolver?"

— Eu posso qualquer coisa. — Eu sorri para a tela.

"Alguém fez aquele site para você, estou certo?"

"Sim, eu vou te enviar o contato dele. É um conhecido meu."

— Péssima ideia, moça. Isso a gente pede para uma empresa, mesmo que pequena. — Eu encarei o número de telefone que ela havia acabado de me enviar e menos de cinco minutos depois eu tinha toda a informação que precisava naquele momento.

"Onde o conheceu?"

"Desculpe, mas como isso vai ajudar?"

"Só confie em mim."

Nos dados que consegui, o que incluía redes sociais, eu via uma clara mudança no estilo de vida de nosso caro programador. De um momento para outro ele passou a ostentar um estilo mais caro e fotos com uma 'sócia'.

Levou algum tempo até que Milenah me respondesse, me contando que ele morava no mesmo prédio que ela, quase vizinhos de porta. Aproveitei para perguntar sobre sua loja, lendo com atenção sua trajetória de uma vendedora de personalizados de porta em porta para uma pequena loja de Instagram até finalmente se tornar o pequeno fenômeno que era agora. O site tinha pouco mais de seis meses e nos últimos três ela vinha tendo esse enorme prejuízo.

— Interessante... Acho que já sei o que pode ser. — Eu me ajeitei em minha cadeira, arrumando a postura e puxando o teclado para mim antes de começar a trabalhar.

"Infelizmente, eu vou ter que derrubar o seu site por alguns dias para poder resolver esse problema. O seu Instagram deve ficar fora do ar por algumas horas, mas não se preocupe, quando voltar estará tão seguro que nem o FBI poderá o hackear."

"Ficarei no aguardo então kkkk "

Eu quase podia a ver sorrindo e duvidando da minha promessa, mas com as coisas que tínhamos, realmente, nem o FBI teria como hackear aquilo.

— As pessoas realmente não sabem que não se deve confiar em qualquer um? — Mallacht deixou uma porção de massa italiana sobre a minha mesa, rindo da minha expressão de curiosidade. — A Merindah conhece um restaurante...

Eu sorri. Ela era mesmo melhor do que a gente nessa coisa de comprar pela internet.

— Bem, nem todo mundo é como a gente... Desconfiado de tudo. Tenho certeza de que esse merda deve ter cobrado uma nota por um site bonito assim. Além do mais, nem todo profissional tem um belo e caro diploma para exibir. — Mallacht concordou com um aceno. Nós, melhor do que ninguém, sabíamos que um diploma não quer dizer muita coisa no nosso ramo. — Ela parece ser bem cuidadosa, troca a senha de acesso das redes sociais a cada três meses, não usa redes públicas no celular ou notebook, tem um bom firewall pago...

— Ela só não contava com um belo filho da puta, né... — eu concordei com um aceno e ele riu. — Bem, boa sorte... Vai precisar.

Eu suspirei, puxando para mim a comida e encarando a tela antes me levantar e ir para o sofá, procurando por algo na tevê.

Uma música alta me acordou, fazendo com que eu voltasse meus olhos para a escada.

— De novo? — Aestus saiu da cozinha, abrindo um pequeno sorriso antes que o som se interrompesse e Kid começasse a reclamar. — Vamos acabar perdendo a Merindah assim.

— Ele vai precisar de mais do que gritos, reclamações e música alta pra me fazer ir embora. — Eu sorri ao vê-la surgir no alto da escada com um par de caixas de som em suas mãos. — Para você. Quando ele ficar entediado e eu não estiver trabalhando, pode devolver a ele.

— Pode deixar. — Eu sorri ouvindo Kid me chamar. — Vou arrumar uma série para ele sossegar.

— Diga a ele que ele pode escolher, isso ou um sedativo na bunda. — Ela sorriu de um jeito levemente cruel que me fez rir enquanto subia as escadas.

***

Eu suspirei, encarando a tela onde um dos nossos programas tentava corrigir o erro no site do Ferraz Atelier.

— Parece entediado. — Aestus riu, voltando os olhos para a escada quando uma música começou. — Hm, não parece ser o estilo do Kid.

— É, eu dei pra Merindah o celular dele e ensinei ela a usar o nosso programa para controlar eletrônicos. — Eu sorri, ouvindo Kid me xingar e Aestus rir. — Até que essa guerrinha dos dois é divertida.

— Como acha que isso termina? — Aestus se sentou em sua mesa, puxando para si um headset e o colocando no pescoço antes de rir da minha expressão confusa. — Sabe, como naqueles filmes onde duas pessoas se odeiam, mas na verdade se amam.

— Ah, isso. Não acho que eles se odeiem, só gostam de provocar um ao outro... — eu parei, pensando por alguns instantes. — É, posso não ser muito experiente em romance e etecetera, mas pensando bem, isso vai acabar terminando em romance.

— Ou no mínimo em uma transa. Nós sabemos que o Kid não é exatamente bom em relacionamentos, principalmente os amorosos. — Mallacht se juntou a nós, descendo as escadas. — A Merindah estava o encarando como se quisesse o asfixiar com o travesseiro.

— Não, ela seria mais requintada. — Eu ri ao ver os xingamentos de Kid na tela do celular antes de voltar meus olhos para o computador, vendo o programa terminar sua tarefa. — Droga. Isso vai me dar mais dor de cabeça do que imaginei.

— Qual o problema? — Mallacht encarou a tela sobre meu ombro e via o site voltar ao ar. — Interessante, como ele está fazendo isso?

— Deve ter algum programa. Merda, essas coisas só podem ser desativadas de perto. — Eu respirei profundamente, me preparando para mandar uma mensagem para Milenah. — Se eu precisar sair-

— Ficamos de babá do Kid. — Aestus sorriu para mim enquanto eu entrava em contato com Milenah e já preparava meu 'material de trabalho'.

"Eu preciso te encontrar, em um lugar público obviamente e preciso que seja a uns 3 km de onde fica a sua casa. Aparentemente, seu amigo programador está usando algum tipo de programa para manter o controle sobre o site e para resolver isso preciso estar em um raio de 3 km de distância."

"Eu tenho outra opção?"

"Perder sua loja e reputação."

"Okay, entendi. Vou te mandar o endereço de um café. Quando quer me encontrar lá?"

"O mais rápido possível."

Milenah me enviou o endereço e eu praguejei. Ficava do outro lado da cidade, eu levaria pelo menos uma hora para chegar até lá. Eu suspirei, colocando minhas coisas na mochila e subindo as escadas para me arrumar.

Duas horas depois, graças a um irritado Kid, eu estava estacionando em frente a um café e pelas amplas janelas eu podia ver os poucos clientes do estabelecimento. Eu entrei, olhando ao redor e procurando pela minha cliente.

Milenah estava sentada em uma das diversas mesas de madeira escura, olhando algo em seu celular. A perfeita visão da girl boss moderna, não com um terninho de cores pasteis ou algo assim, mas com jeans claro rasgado, uma camiseta rosa e óculos de armação dourada.

— Senhorita Ferraz? — eu parei a sua frente, afastando a mascará preta do meu rosto e sorrindo para ela. Ela me encarou por alguns instantes, parecendo confusa. — Você me conhece como Kamazo.

— Nossa. Eu... bem, é um prazer. — Ela exibiu um pequeno sorriso enquanto eu me sentava à sua frente. — E agora?

— Agora, — eu coloquei a mochila na cadeira ao meu lado e tirei o notebook dela — eu vou dar uma desagradável surpresa ao nosso amigo.

Eu exibi um pequeno e divertido sorriso para ela antes de acenar para a garçonete e pedir um chá gelado.

— Merda. — Milenah levantou os olhos para mim enquanto eu encarava a tela do notebook e minha irritação crescia.

— Algum problema? — Eu voltei meus olhos para ela antes de suspirar.

— Eu preciso que todos os aparelhos dele estejam ligados... Infelizmente, um está desligado e eu vou ter que esperar, pacientemente, até que ele ligue. — Eu respirei profundamente, deixando o notebook de lado por alguns momentos e me permitindo apreciar a paisagem.

Do nosso grupo, eu era o mais sociável, o que saía para fazer compras, que lidava com as pessoas que iam até o Victoria para prestar algum serviço e o mais racional, até a Merindah aparecer.

Eu olhei ao redor, sentindo um leve incomodo pelo silêncio quase constrangedor que envolveu nossa mesa. Mas eu não iria interrompê-lo, afinal eu era um hacker potencialmente perigoso e ela, minha cliente.

— Então... — Milenah tomou um gole do café, evitando me encarar. — Que clima louco esses dias, não é? Uma hora está um calor insuportável, noutra uma tempestade...

Ela exibiu um sorriso sem graça quando me encarou e eu sorri.

— Terrível. — Eu me lembrei das situações incomuns causadas pela quebra do ar-condicionado do Victoria. — Meu ar-condicionado quebrou e estou com uma visitante. Digamos que tem acontecido várias situações inusitadas, algumas delas estranhamente divertidas.

— Como podem ser divertidas? — ela me encarou curiosa.

— É complicado de explicar. Pelo menos sem dar informações demais. — Eu sorri, dando ombros. Regra um dessa vida: não dê informações pessoais.

— Hm, então, podemos conversar ou mantemos a lei do silêncio? — Eu ri.

— Podemos conversar. Só não posso garantir que irei responder a suas perguntas. — Ela sorriu, pensando provavelmente em que pergunta me faria. — Então, que tal me contar algo sobre sua loja. Eu pesquisei sobre sua trajetória, foi surpreendente.

— Obrigada. Admito que não foi fácil, mas sabe... no fim das contas valeu a pena. — Ela tinha um sorriso no rosto que aos poucos foi esmaecendo. — Bem, até esse momento.

— Não se preocupe, as coisas vão se resolver logo. Tudo, nosso serviço é completo, logo sua reputação também vai estar reestabelecida. — Eu sorri para ela e Milenah pareceu ficar feliz. — Bem, enquanto esperamos, que tal alguma conversa trivial sobre filmes, séries ou sei lá o que pessoas normais fazem.

Ela riu e concordou com um aceno enquanto eu acenava novamente para a garçonete e nós engatávamos em uma conversa totalmente casual.

— Então cada peça é realmente única? — Eu encarei Milenah, que apoiou o rosto a uma das mãos e sorriu.

— Quase. Eu sempre mando fazer umas três ou quatro peças com o mesmo bordado. Mas como são feitos à mão eles nunca ficam exatamente iguais e eu não exijo isso, então as peças se tornam únicas. — Milenah pegou o celular me mostrando os novos desenhos.

— Hm, gostei desse. — Eu sorri ao ver o desenho de uma ampulheta de onde caíam caveiras no lugar da areia. — Pensa em colocar ela no quê?

— Ainda não sei, uma saia talvez... ou uma peça mais unissex. — Ela sorriu antes que o notebook apitasse. — Hora de trabalhar?

— Sim. E vou ter que pedir que desligue o seu telefone, vai ser mais seguro para nós. — Eu sorri para ela antes de puxar o notebook para mim e começar a trabalhar.

Eu tinha que admitir, o cara tinha um bom programa. Mas ele não era eu. Eu tinha a leve noção de que horas tinham se passado desde a minha chegada e que o anoitecer estava chegando. E apesar da minha alta concentração no meu trabalho, eu tinha uma percepção de que Milenah estava no mínimo entediada.

— Desculpe por te prender aqui. — Eu levantei os olhos para ela por um momento, exibindo um sorriso. Milenah sorriu, fazendo um gesto de indiferença antes de empurrar na minha direção uma xícara com um expresso.

— Estou entediada, mas não posso reclamar. Aproveito para resolver outras coisas. — Ela apontou para o caderninho onde vinha escrevendo desde que eu comecei. — Mas, isso ainda vai demorar?

Eu neguei com um aceno, abrindo um pequeno e cruel sorriso. Tudo estava pronto, faltava apenas a última parte.

— Não sei onde o seu amigo está, mas acho que você vai saber o que eu fiz assim que o encontrar. — Eu sorri, apertando um último botão e fechando o notebook, o empurrando para o lado e puxando a xícara para mim. — Agora esperamos alguns minutos e podemos nos despedir.

Milenah sorriu e novamente aquele silêncio voltou.

— Então... gosta de plantas? — sério que isso foi a melhor coisa que eu pensei? Milenah riu.

— É, eu gosto, mas não sou exatamente uma... amante. E você? — Ela bebericou um pouco de seja lá qual a bebida que ela estava tomando, me olhando sobre a xícara.

— Dão muito trabalho. — Ela riu e eu sorri. Okay, Killer, não faça isso. Já basta o Kid com a Merindah. — Prefiro um computador... talvez plantas virtuais.

Ela riu, me encarando por alguns instantes enquanto o notebook me dava um último alerta, confirmando que a primeira parte do trabalho e a mais difícil estava concluída.

— Bem, acho que agora nos despedimos. — Eu comecei a guardar as coisas na bolsa antes de voltar os olhos para ela. Milenah empurrou para mim o pacote com o dinheiro, exibindo um sorriso quando eu tirei uma nota do pacote e a coloquei sobre a mesa, pagando os cafés.

— É... bem... — ela se levantou, arrumando a bolsa lateral e voltando os olhos para mim, pensando por alguns instantes. — Vamos nos encontrar de novo?

— Eu creio que não, senhorita Ferraz. — Eu sorri para ela, ajeitando a mochila.

— Pode me chamar de Milenah. Senhorita Ferraz é meio... estranho. — Ela sorriu e eu me vi tentado a ignorar cada pedacinho que dizia que eu devia ser racional. — Mas e se eu quisesse te encontrar de novo, para tomar um café e conversar?

— Não acho que seja uma boa ideia ter um encontro com o hacker que acabou de destruir todos os eletrônicos dos seus dois vizinhos. — Eu ofereci um sorriso para ela, a acompanhando até a saída da loja.

— E se fosse um encontro com o cara por trás desse hacker... talvez sem expor demais o lado pessoal que pode te colocar em risco. — Ela sorriu e eu a encarei por um instante a mais. Merda, ela é bonita pra caralho, divertida e esperta, uma combinação fatal.

— Hm... — Ela arrumou um cacho enquanto esperava pela minha resposta. — Você deve desistir depois do segundo encontro, mas vai ser divertido.

— O que te faz pensar que eu desisto tão fácil assim? — Ela abriu um pequeno sorriso debochado para mim.

Touché. — Ela riu e eu sorri. — Okay, segundo encontro em um local a sua escolha, você tem bom gosto.

Eu olhei para a placa do café atrás de mim e ela fez o mesmo.

— E pode me chamar de Killer. — Eu estiquei minha mão para ela, vendo a mão dela praticamente sumir envolta pela minha. — Vou te mandar uma mensagem depois, pode ser.

— Claro. — Ela sorriu, arrumando os óculos antes que eu me afastasse um passo em direção a moto. — Então... Até nosso próximo encontro, Killer.

Eu ri do tom dela antes de subir na motocicleta e colocar o capacete, acenando para ela uma última vez e partindo de volta para casa. Ótimo, quando foi que todos nós perdemos o juízo e começamos a nos envolver com as 'clientes'?


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