04 ◞♡ produção independente

O sol começava a se pôr enquanto Scarlett ajeitava a câmera no tripé improvisado. Estava na estrada com John Walker há uma semana, gravando material para seu documentário. Conseguir a autorização dele para o projeto havia sido surpreendentemente fácil. Ela ainda lembrava do sorriso presunçoso quando ele respondeu: "Um filme sobre mim? Claro. As pessoas precisam saber quem eu sou."

A verdade era que John Walker adorava ser o centro das atenções. Para ele, era um sonho ser retratado como herói. Para Scarlett, uma oportunidade única de explorar o homem por trás do escudo. No entanto, o que parecia ser o início de um trabalho simples havia rapidamente se tornado... um desafio, para dizer o mínimo.

Scarlett ajustava o microfone quando Walker, ainda em trajes de combate, surgiu carregando um enorme cooler.

— Ei, Scarlett! Dá pra ir buscar um café pra mim? Ah, e não esquece de ver se a minha jaqueta tá no carro.

Ela o encarou, confusa.

— Um café? John, eu não sou sua assistente pessoal. Estou aqui pra fazer o documentário, lembra?

— É tudo parte do trabalho, não é? — Ele deu um sorriso despreocupado, colocando o cooler no chão. —  Bem, isso inclui manter as coisas funcionando pra mim.

Scarlett ajustava o microfone quando Walker, ainda em trajes de combate, surgiu carregando um enorme cooler.

— Ei, Scarlett! Dá pra ir buscar um café pra mim? Ah, e não esquece de ver se a minha jaqueta tá no carro.

Ela o encarou, confusa.

— Um café? John, eu não sou sua assistente pessoal. Estou aqui pra fazer o documentário, lembra?

— É tudo parte do trabalho, não é? — Ele deu um sorriso despreocupado, colocando o cooler no chão. — Você quer captar a essência do que é ser John Walker, certo? Bem, isso inclui manter as coisas funcionando pra mim.

De repente, a voz animada de Lamar Hoskins quebrou o ar:

— John! Temos algo grande.

Scarlett ergueu os olhos da câmera, imediatamente curiosa. Lamar caminhava rápido em direção a eles, com um tablet na mão e uma expressão séria.

— O que foi, Lamar? — Walker perguntou, endireitando-se. Ele parecia interessado, talvez pela primeira vez desde que Scarlett começara a filmar.

— Os Apátridas. Recebemos informações de que eles estão organizando um novo ataque. Estão recrutando mais pessoas, e isso pode explodir em breve.

O clima mudou instantaneamente. Walker ficou em alerta, o rosto assumindo um ar de determinação que Scarlett ainda não tinha capturado antes. Ela discretamente apertou o botão de gravação, feliz por finalmente estar registrando algo mais substancial do que discursos ensaiados ou pedidos de café.

— Onde? — Walker perguntou, a voz baixa e tensa.

Lamar entregou o tablet para ele, mostrando um mapa marcado com pontos vermelhos.

— Estão se concentrando aqui — disse Lamar, apontando para um dos pontos. — Relatórios indicam movimentação pesada.

— Então não podemos esperar — respondeu Walker. Ele olhou para Scarlett, que estava imóvel atrás da câmera. — Está gravando isso?

— Claro que sim — ela respondeu com um sorriso satisfeito, sem tirar os olhos da tela.

— Ótimo. As pessoas precisam ver isso — disse ele, colocando o tablet de lado e ajustando o escudo no braço. — Precisam saber que estamos fazendo a diferença.

Lamar, menos preocupado com a câmera e mais focado na missão, interrompeu:

— John, isso é sério. Não é sobre mostrar para as pessoas. Precisamos estar preparados.

Scarlett manteve a câmera focada nos dois, capturando o contraste perfeito: Walker, obcecado com a ideia de ser visto como herói, e Lamar, tentando lembrar a ele que a realidade era mais complicada do que as câmeras poderiam capturar.

— Então vamos. — Walker começou a caminhar na direção do carro, como se a decisão já tivesse sido tomada. 

Ela não respondeu, apenas segurou o sorriso enquanto guardava a câmera. Finalmente, algo interessante estava acontecendo. Se os Apátridas fossem metade do que os rumores diziam, essa gravação poderia ser o ponto de virada do documentário.

Scarlett seguiu os dois, o equipamento nos braços e a mente fervilhando de ideias. Ela sabia que, por trás da bravata de Walker, algo muito mais complexo estava se desenrolando — e ela estava determinada a capturar cada segundo disso.

O som de gritos e metal colidindo preenchia o ar enquanto Scarlett pedalava furiosamente em direção ao caos. A câmera balançava no suporte improvisado que ela tinha amarrado ao guidão da bicicleta, mas ela ainda tentava ajustar o foco enquanto acompanhava a ação.

No centro da confusão, John Walker lutava corpo a corpo com Karli Morgenthau. A líder dos Apátridas esquivava-se com agilidade, desarmando Walker momentaneamente com um chute bem calculado. Lamar corria em círculos, tentando oferecer apoio sem entrar diretamente na linha de ataque.

De repente, duas figuras familiares apareceram na cena. Sam Wilson planava pelo céu com suas asas mecânicas, enquanto Joaquín Torres o seguia em terra firme, tentando coordenar a situação.

— Ótimo, mais gente para complicar as coisas — Scarlett murmurou para si mesma, ajustando a câmera e tentando manter o equilíbrio na bicicleta enquanto filmava.

Mas então algo a fez frear tão bruscamente que quase caiu.

Entre os combatentes, uma figura alta e familiar surgiu, entrando diretamente na briga: Bucky Barnes.

— Não pode ser... — Scarlett sussurrou, os olhos arregalados.

Vestido de preto, com o braço de metal reluzindo à luz do sol, Bucky movia-se com uma precisão quase sobrenatural. Ele bloqueava os ataques de Karli com facilidade, alternando entre defender Walker e tentar imobilizar a líder dos Apátridas.

— Bucky?! — Scarlett exclamou, esquecendo-se momentaneamente da câmera enquanto a bicicleta balançava perigosamente.

Ele não a ouviu. Ou talvez estivesse deliberadamente ignorando tudo ao seu redor, focado na batalha.

Karli desferiu um chute no peito de Walker, que cambaleou para trás, mas antes que ela pudesse seguir com o ataque, Bucky interceptou, segurando o braço dela com uma força que parecia impossível.

— Isso termina agora, Karli! — ele rosnou, seus olhos fixos nela.

Karli respondeu com um sorriso frio e um movimento rápido, libertando-se da pegada dele e girando para um golpe certeiro no lado esquerdo do rosto de Bucky. Ele cambaleou, mas tentou se recuperar, apenas para ser atacado simultaneamente por dois Apátridas que surgiram de surpresa.

No caos, Sam e Torres também foram derrubados do caminhão, aterrissando com força no asfalto. Walker tentava subir novamente, mas Karli o derrubou com um chute giratório que o lançou ao chão. O escudo ricocheteou, caindo longe do alcance dele.

Bucky, apesar de sua resistência, estava sendo sobrecarregado. Um soco após o outro, ele tentava se defender, mas os Apátridas eram rápidos e coordenados. Finalmente, ele foi atingido por um golpe conjunto no abdômen e no rosto, caindo pesadamente no chão.

Os Apátridas pegaram o controle do caminhão e aceleraram, desaparecendo na estrada enquanto os outros ficavam para trás, feridos e derrotados.

Scarlett, que observava a cena de longe, não perdeu tempo. Ela abandonou a bicicleta e correu em direção ao local onde Bucky estava, ainda segurando a câmera. Ele estava deitado no chão, respirando com dificuldade, o braço de metal apoiado no asfalto. O cabelo caía desordenadamente sobre seu rosto, sujo de poeira e sangue.

— Bucky? — Scarlett chamou, a câmera focando nele enquanto ela se aproximava.

Ele abriu os olhos com um gemido, claramente irritado, mas sua expressão mudou para incredulidade quando viu quem estava ali.

— O que... — Ele engasgou com as palavras, tentando se levantar. — O que diabos você está fazendo aqui?

Scarlett hesitou por um momento, mas manteve a câmera firme, focando na expressão exausta e incrédula dele.

— Gravando. — Ela respondeu como se fosse óbvio. — Você acha que eu ia perder isso?

Gravando? — Ele repetiu, a voz cheia de indignação. — Você está... filmando?!

— É o meu trabalho! — Scarlett respondeu defensivamente, abaixando-se ao lado dele enquanto ainda segurava a câmera. — E, sinceramente, ninguém me avisou que você fazia isso!

Bucky fechou os olhos por um momento, tentando reunir forças. Ele finalmente conseguiu se sentar, passando a mão boa pelo rosto.

— Isso não é da sua conta, Scarlett. Você devia estar em casa, não no meio de uma briga com super-soldados!

— E você devia estar me avisando que é um deles! — Ela rebateu, cruzando os braços e ignorando o olhar mortal que ele lançou para a lente da câmera.

Sam e Torres começaram a se aproximar lentamente, ambos feridos mas conscientes. Walker, mais afastado, estava tentando se recompor enquanto procurava pelo escudo. Ele finalmente o encontrou e o segurou firme antes de se virar para o grupo.

— Scarlett! — Walker chamou, o tom autoritário. — Vamos indo.

Scarlett hesitou por um segundo, mas começou a andar na direção dele, ainda segurando a câmera. Bucky, observando a cena, franziu a testa.

— Espera... — Ele murmurou, a incredulidade clara em sua voz. — Você está... com ele?

Scarlett parou e virou-se para ele, ajustando a alça da câmera em seu ombro.

— Ele me deu permissão para fazer um documentário sobre a vida dele, — respondeu ela, como se fosse óbvio. — E é o único motivo pelo qual eu estou aqui, aliás.

Bucky estreitou os olhos, sua expressão endurecendo.

— Essa é a pior ideia que você já teve. — A voz dele era firme, quase cortante. — Esse cara é um babaca, e você está se colocando em perigo à toa.

Scarlett soltou uma risada curta e seca, revirando os olhos enquanto ajustava a câmera no ombro.

— Obrigada pela preocupação, mas estou bem. Sei o que estou fazendo.

Bucky cruzou os braços, claramente insatisfeito.

— Sabe mesmo? Porque pelo que estou vendo, você está andando com um cara que mal sabe o que está fazendo e acha que pode carregar o escudo do Steve como se fosse um troféu.

Ela parou por um instante, olhando para ele com um ar desafiador.

— Não é como se eu estivesse aqui para julgar. Só estou contando uma história, Bucky. É o meu trabalho.

Ele balançou a cabeça, exalando um suspiro pesado.

Mas Scarlett já estava se afastando, caminhando em direção a Walker e Lamar, que a esperavam mais adiante. Bucky ficou parado, observando enquanto ela se juntava aos dois, a câmera firme em suas mãos, capturando cada movimento.

Ele não tentou impedi-la. Talvez, pensou consigo mesmo, fosse só o ressentimento falando mais alto — o peso amargo de ver alguém tentar substituir Steve Rogers, alguém que ele sabia, no fundo, que nunca estaria à altura.

Sam se aproximou devagar, notando o olhar sombrio no rosto de Bucky.

— Você vai ficar remoendo isso? — perguntou Sam, tentando aliviar o clima.

— Não estou remoendo nada, — respondeu Bucky, mas o tom em sua voz dizia o contrário. Ele deu de ombros, tentando se livrar da sensação incômoda. — Vamos sair daqui.

Sam lançou um último olhar na direção de Scarlett, Walker e Lamar antes de assentir, seguindo Bucky.

O caminho deles estava cheio de perguntas não respondidas, mas, para Bucky, uma delas parecia pesar mais que todas as outras: será que Scarlett sabia no que estava se metendo?

Scarlett apertava o volante com mais força do que gostaria, os olhos fixos na estrada à frente. Ela odiava dirigir, especialmente para outras pessoas. E agora, com Walker e Lamar no banco de trás, ela sentia que sua paciência estava no limite.

"Tudo pelo filme", pensou, tentando se consolar. Afinal, ela nem estava sendo paga por isso.

O carro avançava pela estrada tranquila quando, pelo retrovisor, algo chamou sua atenção. Dois homens caminhavam pela lateral da estrada. Mesmo à distância, ela reconheceu os rostos. Sam e Bucky.

. Talvez estivessem indo para o mesmo lugar que eles, provavelmente o aeroporto. Mas a pé? Isso era loucura. Eram muitos quilômetros.

Ainda assim, ela não sugeriu nada. Mantendo as mãos no volante e o pé firme no acelerador, Scarlett decidiu que não era problema dela.

— Pare o carro. — A voz autoritária de Walker ecoou de repente, tirando-a de seus pensamentos.

Ela franziu a testa, olhando para ele pelo retrovisor.

— O quê? Por quê?

Walker apontou para os dois na estrada, um sorriso calculista surgindo em seu rosto.

— Aqueles são Sam Wilson e Bucky Barnes. Melhores amigos de Steve Rogers. Se quisermos construir a imagem certa, ter eles como aliados é uma jogada inteligente.

Scarlett piscou, incrédula.

— Você só pode estar brincando.

— Não estou. — A resposta veio firme. Ele se inclinou para frente, batendo de leve no encosto do banco dela. — Para o carro.

Ela soltou um suspiro exasperado, mas obedeceu, pisando no freio e encostando no acostamento. Enquanto o carro diminuía a velocidade, ela lançou um olhar rápido para Lamar, que parecia estar tão desconfortável quanto ela com a situação, mas não disse nada.

— Isso é uma péssima ideia. — murmurou Scarlett enquanto Walker abria a porta do carro e descia com passos confiantes.

Bucky e Sam já os tinham notado, e Bucky, especialmente, parecia nada contente com a interrupção.

Scarlett observou pelo retrovisor enquanto Walker acenava para os dois, seu sorriso amistoso completamente artificial.

— Vocês estão indo para o aeroporto, certo? — Walker chamou, mantendo a voz alta e clara. — Podemos dar uma carona.

Sam trocou um olhar rápido com Bucky, que parecia à beira de rolar os olhos.

— Isso não é necessário. — Bucky respondeu, sua voz tão fria quanto o olhar que lançou para Walker.

— Não precisa ser necessário. — Walker insistiu, mantendo o sorriso. — Vamos lá, é o mínimo que podemos fazer, não é, Scarlett?

Ela suspirou novamente, se perguntando se aquele filme valia mesmo tanto esforço. Quando Bucky olhou para o carro e percebeu que Scarlett estava no volante, ele fez uma careta de surpresa.

— O que você está fazendo aqui? 

— Querem entrar ou não?

Sam finalmente deu de ombros.

— Bem, melhor do que andar até lá.

Scarlett deu uma última olhada pelo retrovisor, observando os três homens. O clima dentro do carro era quase sufocante de tão tenso, mas ela decidiu ignorar. Ligando o motor novamente, colocou o carro em movimento.

O silêncio desconfortável durou poucos minutos antes de uma música familiar começar a tocar no rádio. O ritmo animado preencheu o ambiente, e Scarlett sorriu, reconhecendo a melodia imediatamente.

— Eu adoro essa música! — ela exclamou, os dedos batucando o volante no ritmo da canção. Sem se importar com o olhar de reprovação de Walker, começou a cantar baixinho.

Sam levantou uma sobrancelha, surpreso, e depois sorriu ao reconhecer a música também.

— Sério? Você conhece essa? — perguntou, virando-se para ela com um brilho divertido nos olhos.

— Claro que conheço! É um clássico. — Scarlett respondeu, aumentando um pouco o volume do rádio.

Sam riu e começou a cantar junto, sua voz leve e descontraída. Em questão de segundos, os dois estavam em perfeita sintonia, acompanhando o refrão com entusiasmo.

No banco de trás, Bucky cruzou os braços, olhando pela janela com uma expressão de desgosto, enquanto Walker parecia cada vez mais irritado.

Finalmente, Walker se inclinou para frente, batendo na lateral do banco de Scarlett.

— Dá para abaixar o som? — ele pediu, com a voz firme. — Quero falar algo sério aqui.

Scarlett suspirou, revirando os olhos enquanto abaixava o volume do rádio.

No banco de trás, Bucky soltou um pequeno suspiro de alívio pelo fim da cantoria.

Walker pigarreou, tentando assumir um tom mais autoritário enquanto se inclinava um pouco para frente.

— Sabe, Sam, Bucky, vocês dois seriam grandes aliados para mim. Melhor ainda, seriam aliados para a América. Trabalhando juntos, podemos realmente fazer a diferença.

Bucky bufou, o olhar fixo na janela enquanto murmurava:

— Aqui vamos nós...

— Desculpa, o que foi que você disse? — Walker perguntou, virando o rosto para encará-lo.

Bucky finalmente olhou diretamente para Walker, sua expressão dura como pedra.

— Eu disse que você não é o Steve. E nem deveria tentar ser.

Walker cerrou os dentes, tentando manter a calma, mas sua voz soava mais afiada.

— Eu não estou tentando ser o Steve. Ninguém pode ser o Steve. Mas alguém precisa assumir o manto, e foi isso que o governo decidiu.

— O governo decidiu. — Bucky repetiu, com um riso curto e sem humor. — Que reconfortante.

Sam, sentindo o clima tenso, tentou intervir.

— Gente, vamos manter a calma, tá? A estrada é longa, e ninguém quer...

— Não, Wilson, deixa ele falar. — Walker interrompeu, sua paciência claramente se esgotando. — Eu sei que vocês têm problemas com isso, especialmente você, Barnes. Mas não é porque você era amigo dele que tem o direito de menosprezar o que estou tentando fazer.

Bucky se inclinou para frente, encarando Walker com intensidade.

— Amigo dele? Ele era mais do que um amigo, ele era um símbolo. Ele acreditava nas pessoas, no que era certo, e você... — ele apontou para Walker — está usando aquele escudo como se fosse um troféu, não como o legado que ele representa.

— O legado dele é algo que eu respeito profundamente. — Walker rebateu, sua voz mais alta agora. — Mas isso não significa que o mundo não precisa de um Capitão América.

Scarlett revirou os olhos enquanto a tensão aumentava.

— Ah, que maravilha... briga de ego em plena estrada. — murmurou para si mesma, mas Bucky ouviu.

De repente, ele bateu no encosto do banco dela, chamando sua atenção.

— Para o carro.

Scarlett olhou pelo retrovisor, confusa.

— O quê?

— Eu disse para parar o carro.

— Bucky, você não vai andar até o aeroporto. Isso é ridículo.

— É melhor do que continuar ouvindo isso. — ele insistiu, apontando com o polegar para Walker.

Scarlett apertou os lábios, visivelmente irritada, mas desacelerou o carro e encostou no acostamento.

Bucky abriu a porta com um movimento brusco, saindo do carro sem dizer mais nada. Sam suspirou profundamente, esfregando a testa. Sam não disse nada, apenas o seguiu. Ele ignorou totalmente John Walker mas deu um pequeno aceno para Scar.

Walker não disse nada enquanto os dois se afastavam pela estrada, mas sua expressão claramente mostrava sua frustração. Ela o encarou pelo retrovisor, sem esconder sua irritação. Ela deu partida novamente, agora com apenas dois passageiros no carro. E, no fundo, não sabia se devia estar aliviada ou ainda mais exasperada com toda aquela situação.

Dois dias depois, Nova York

Scarlett entrou no elevador do prédio, os ombros pesados de cansaço. Ela não tinha dormido direito em dias, a adrenalina de estar no meio de tudo aquilo, seguida pela constante tensão de filmar e tentar equilibrar tudo sozinha, estava começando a pesar. A luz fria do elevador iluminava seu rosto cansado, e ela tentou se manter firme, ainda apertando a câmera contra seu peito como se fosse a única coisa que a mantinha conectada ao trabalho que tinha feito até ali.

Quando as portas do elevador se abriram no andar de sua residencia, ela entrou sem perceber que não estava sozinha. O som do ambiente se fechando atrás dela fez com que ela olhasse para o canto, encontrando Bucky Barnes ali, parado e visivelmente cansado também.

Ele bufa assim que a vê, o olhar cansado mas desconfiado fixado nela. Scarlett não se surpreendeu ao ver que ele ainda parecia frustrado com a situação toda.

— Você... — Ele começou, sua voz dura. — Você ainda está sendo empregada para o Walker?

Scarlett estreitou os olhos, levantando uma sobrancelha. A expressão de Bucky era séria, mais uma vez passando aquela impressão de que ele estava pesando cada palavra antes de dizê-la. Ela não podia negar que ele estava visivelmente incomodado, talvez pelo fato de ver ela associada a alguém como Walker. Ele claramente não aprovava a ideia de um novo Capitão América, e muito menos de ver Scarlett trabalhando com ele.

— Não sou empregada dele, Bucky. — Scarlett respondeu, tentando manter a calma, mas sua voz transparecia o cansaço. — Eu só estou filmando, como sempre.

— Não sou empregada dele, Bucky. — Scarlett respondeu, tentando manter a calma, mas sua voz transparecia o cansaço. — Eu só estou filmando, como sempre.

Bucky deu um passo à frente, sua expressão impassível, mas os olhos dele transmitiam um cansaço profundo. A tensão nos ombros dele era quase palpável.

— Isso não é só sobre filme, Scarlett. Não é mais. — ele murmurou. — Isso é sobre uma série de decisões, de eventos que estão acontecendo e que não podem ser ignorados. Você realmente acha que isso vai terminar bem? Que você pode simplesmente continuar sendo a observadora?

Scarlett olhou para ele, respirando fundo, tentando não perder a paciência.

— Não estou tentando ser a observadora, Bucky. — disse, apertando a câmera contra o peito, como se fosse seu escudo contra o desgaste emocional. — Eu estou fazendo meu trabalho. Não estou aqui para me meter no meio dessa bagunça, mas você sabe o que é... Acontece que isso está acontecendo ao meu redor, e eu tenho que registrar, não posso simplesmente ignorar.

Bucky encarou ela por um momento, os olhos azuis dele examinando cada detalhe da expressão dela, como se estivesse tentando ver mais fundo, entender onde ela realmente estava em relação a tudo isso.

— E você acha que essa coisa com Walker vai ser só uma fase? Que você pode continuar filmando e... — ele parou, dando um passo para trás, como se a conversa o estivesse deixando ainda mais frustrado. — Não sei, Scarlett... isso não parece certo. Ele não tem o que é necessário para ser o Capitão América. Não o que Steve tinha.

Scarlett olhou para ele, silenciosa por um instante. Ela podia ver a dor nas palavras dele, o peso de ver alguém tão completamente diferente de Steve tentando preencher um papel que ele claramente acreditava ser insubstituível.

Ela finalmente suspirou, a exaustão transparecendo.

— Eu não sou a pessoa certa para decidir isso, Bucky. Eu só estou fazendo o meu trabalho. E vou continuar fazendo o meu trabalho.

As portas do elevador se abriram suavemente, interrompendo o silêncio pesado entre os dois. Scarlett deu um passo à frente, mas antes de sair, parou, olhando para ele com uma expressão mais suave, como se tivesse mais a dizer.

— Eu... — Ela hesitou por um momento, como se fosse um pensamento que não tinha certeza de querer compartilhar. — Eu li sobre você, quer dizer... sobre o Soldado Invernal.

Bucky congelou por um instante, o olhar frio se tornando ainda mais cauteloso. Ele não disse nada, mas os músculos de seu corpo ficaram tensos.

Scarlett respirou fundo, como se aquilo fosse um peso que ela precisasse tirar das costas.

— Quero dizer, sobre o que aconteceu. — ela corrigiu, ainda atrapalhada nas palavras. — Não sabia antes, e... me sinto ignorante por isso. Eu não tinha ideia do que você passou.

Ela olhou para ele, a sinceridade em seus olhos.

— Desculpa por isso. Eu realmente não sabia.

Por um momento, Bucky não disse nada. Ele a observava em silêncio, seus pensamentos turbilhonando, até que ele finalmente deu um leve aceno com a cabeça, aceitando a desculpa, mas com uma expressão ainda marcada pela complexidade da situação. Scarlett fez uma pausa e, sem esperar mais, caminhou em direção à saída. O peso das palavras ainda pairava no ar, mas ela sabia que tinha falado o que sentia.

Enquanto ela saía do prédio, Bucky ficou ali, ainda parado no mesmo lugar, refletindo sobre o que acabara de acontecer. O som das portas se fechando atrás dela ecoou em seus ouvidos, e ele ficou sozinho no elevador, com a consciência levemente pesada.

Ela não tinha noção da profundidade de tudo isso. Scarlett estava tão alheia à bagunça em que se metia, como se tudo ao seu redor fosse apenas um trabalho para ela. Mas Bucky sabia que nada disso era simples. 

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