05 ◞♡ espionagem barata
O som insistente do celular vibrou na mesa de cabeceira, arrancando Scarlett de um sono raso e nada reparador. Ela gemeu, afundando o rosto no travesseiro, tentando ignorar a realidade por mais alguns segundos.
A tela do notebook ainda estava aberta ao lado da cama, emitindo um brilho fraco que contrastava com a escuridão do quarto. O vídeo pausado mostrava uma cena tremida, o áudio cortado no meio de uma fala qualquer. Ela passou horas tentando editar aquilo na noite anterior—um corte brusco aqui, um ajuste de áudio ali—mas nada parecia bom o suficiente para transformar aquela bagunça em algo que pudesse ser chamado de filme.
O celular continuava tocando.
Scarlett soltou um ruído frustrado antes de esticar o braço para a mesa, tateando cegamente até encontrar o aparelho. Seus dedos tocaram um copo vazio, quase o derrubando, antes de finalmente pegar o telefone. Ela abriu um dos olhos só o suficiente para ver o nome na tela.
John Walker.
— Ah, pelo amor de Deus... — murmurou, a voz rouca pelo sono.
Ela atendeu, ainda deitada, pressionando o telefone contra a orelha.
— Se não for um incêndio, pode esperar mais umas três horas.
— Bom dia pra você também, Scarlet. — A voz de Walker soou absurdamente animada para aquele horário. — Onde você tá?
Ela fechou os olhos com força, tentando lembrar se ele tinha marcado algo para hoje. Nada veio à mente.
— Na cama. Onde qualquer ser humano normal deveria estar a essa hora.
— São seis e meia.
— Exato. — Ela suspirou e virou de lado, puxando o cobertor para cima. — Você tem noção do quanto eu dormi?
— Não faço ideia.
— Exato.
Walker riu baixo, como se estivesse se segurando para não zombar dela. Houve uma pausa do outro lado da linha, e Scarlett percebeu o tom mudar. Algo estava vindo.
— Olha, Scarlet, eu sei que você tá cansada. Mas eu tenho um favor pra te pedir.
Ela estreitou os olhos, sentindo a mudança na abordagem.
— Não gostei disso.
— Relaxa. Não é nada demais, só... um pequeno trabalho de observação.
Scarlett franziu a testa e se ajeitou na cama, a curiosidade vencendo a preguiça.
— Observação?
— Espionar.
Ela piscou. Depois soltou uma risada incrédula, apoiando o cotovelo no travesseiro.
— Ah, ótimo. Que ideia brilhante, Capitão América. — Sua voz pingava ironia. — E eu suponho que isso seja completamente legal e moralmente correto, certo?
— Você quer ou não quer um documentário de verdade? — Walker cortou, o tom mais firme. — Se você me ajudar, eu te ajudo. Informações privilegiadas, entrevistas exclusivas... um olhar de dentro da missão.
Ela mordeu o lábio, ponderando. Parte dela queria desligar na cara dele, mas... droga. Ter acesso direto a um material exclusivo era tentador.
— Eu só preciso que você fique de olho no Bucky e no Sam. Nada demais, só garantir que eu esteja sempre um passo à frente deles na investigação dos Apátridas.
Scarlett esfregou as têmporas, tentando processar a situação. Ela estava cansada demais para tomar uma decisão coerente.
— E por que exatamente você acha que eu conseguiria isso?
— Bucky parece gostar de você.
— Oi? — Ela quase engasgou com a própria saliva.
— Ele não te expulsou daquele elevador na porrada. Isso já quer dizer alguma coisa.
— Ele não gosta de mim. No máximo, me tolera. — Scarlett bufou.
— Ótimo. Melhor do que ele me tolera. — Walker deu uma risada.
Ela revirou os olhos, sentindo a irritação crescer.
— Isso não faz de mim uma espiã.
— Relaxa, Scarlet. Só pensa na proposta.
Ela suspirou pesadamente, apertando o celular contra a orelha.
— Eu digo que preciso de café antes de tomar qualquer decisão.
— Perfeito, te vejo em uma hora.
— O quê? Não, espera—
Mas a linha já estava muda.
Scarlett deixou o telefone cair no colchão e encarou o teto, exausta. Como foi que sua vida chegou a esse ponto?
Scarlett se sentia a própria espiã internacional—pelo menos, era isso que ela queria acreditar. Com um lookinho todo preto que deveria ser discreto, mas que, de alguma forma, a fazia parecer saída direto de um catálogo de moda para agentes secretos, ela tinha seguido Bucky e Sam por toda a manhã.
Ainda sem acreditar o motivo de realmente estar fazendo aquilo, mas repetia para si mesma que era pelo bem do filme.
Eles estavam sempre em movimento, conversando com pessoas suspeitas, trocando olhares conspiratórios... Ok, talvez ela estivesse exagerando um pouco, mas era difícil não se sentir dentro de um filme de ação quando se estava literalmente espionando.
Porém, para sua surpresa, a perseguição a levou a um lugar que ela não esperava: a delegacia.
Ela parou na calçada, franzindo a testa para o prédio.
— Ah, ótimo... — murmurou para si mesma.
Seu coração deu uma leve acelerada. Ela não gostava de delegacias. E, tecnicamente, invadir um espaço assim para espionar dois caras que claramente não gostavam de ser seguidos não era sua ideia de um bom plano.
Mas, bem, ela já tinha chegado até ali.
Respirando fundo, Scarlett ajustou o casaco e entrou, tentando parecer o mais discreta possível. O que, claro, era quase impossível, considerando o visual que escolheu. O casaco longo, as botas de salto baixo e os óculos escuros faziam com que ela parecesse estar encenando um filme de espionagem dos anos 70.
Ela deslizou para dentro da delegacia com passos medidos, os olhos escaneando o ambiente. Tentou caminhar de forma casual, como se tivesse um propósito ali, talvez esperando alguém, talvez uma policial de alto escalão... Ela só precisava passar despercebida.
Mas antes mesmo que pudesse se aprofundar no prédio, um vulto se moveu no canto de sua visão.
— Sério?
Scarlett congelou.
Ela ergueu o olhar lentamente, e ali estava ele.
Bucky Barnes, parado a poucos metros da porta, braços cruzados sobre o peito, a expressão indecifrável.
Scarlett engoliu em seco.
— Oi?
— Quer me dizer por que diabos você tá me seguindo como um cachorrinho?
Ela soltou uma risada nervosa.
— Seguindo você? Quem disse que estou te seguindo?
Bucky ergueu uma sobrancelha, apontando para si mesmo e depois para ela.
— Você. Tá. Literalmente. Aqui.
— Isso prova o quê? — Ela cruzou os braços, tentando manter a pose.
— Você nos seguiu a manhã toda e está aqui. — Ele inclinou a cabeça, estreitando os olhos. — No que parece um cosplay malfeito de Viúva Negra.
— Primeiro: obrigada. Segundo: eu só... estava na mesma rota que vocês. Coincidência. — Scarlett franziu os lábios.
— Coincidência? Você tropeçou e caiu direto dentro da delegacia que eu entrei? — Bucky bufou.
— Exatamente. — Ela sorriu de maneira exagerada. — As estatísticas para esse tipo de coisa são baixas, mas acontecem.
Bucky não teve nem tempo de responder antes que uma voz firme e profissional cortasse a conversa:
— Barnes, que conveniente. Preciso de você para uma sessão condicional antes de liberá-lo.
Scarlett se enrijeceu no mesmo instante. A psicóloga de Bucky. Doutora Raynor.
Scarlett forçou um sorriso ao encarar a mulher, uma figura que conhecia bem demais. Antes de se aventurar no mundo dos documentários e de ser coagida a um trabalho extra-oficial de espionagem por John Walker, ela passara um bom tempo trabalhando como recepcionista em um escritório. E, naquele escritório, uma das clientes recorrentes era justamente a Dra. Raynor.
A mulher a reconheceu de imediato.
— Scarlett. — Raynor arqueou uma sobrancelha. — Nunca imaginei te ver por aqui.
Scarlett manteve o sorriso no rosto, mesmo sentindo o peso do olhar analítico da psicóloga sobre si.
— Ah, pois é. Pequeno mundo, né?
— Pequeno demais, ao que parece. — Raynor estreitou os olhos, observando-a por um segundo a mais do que Scarlett achava confortável.
Bucky olhou de uma para outra, claramente impaciente.
Raynor limpou a garganta, chamando a atenção de ambos.
— Barnes, agora.
Bucky revirou os olhos, mas seguiu a psicóloga para uma sala no fundo da delegacia, deixando Scarlett sozinha no corredor. Ela soltou um longo suspiro.
Ser pega no pulo por Bucky já tinha sido ruim. Mas ser pega no pulo pela mulher que provavelmente tinha um diploma oficial para ler mentes? Muito pior. Talvez estivesse na hora de repensar essa carreira de espiã.
Scarlett saiu da delegacia sentindo um misto de alívio e frustração. O sol do meio-dia era incômodo, fazendo-a estreitar os olhos enquanto tentava decidir o que fazer a seguir. Antes que pudesse ir para qualquer lugar, no entanto, avistou duas figuras familiares esperando do lado de fora.
John Walker e Lamar Hoskins.
Ótimo. Porque seu dia não podia ficar pior.
— Bom trabalho lá dentro, Scarlet. — Walker disse com um sorriso satisfeito, cruzando os braços. — Você realmente está me mantendo bem informado.
Ela apenas assentiu com a cabeça, sentindo um nó apertar seu estômago. Se aquele era um elogio, não parecia valer muita coisa.
— Claro. — Sua voz saiu mais neutra do que pretendia.
Se estivesse sendo honesta, a sensação de fracasso a atingia em cheio. Ela não tinha conseguido nada de útil, apenas sido pega no flagra e se exposto completamente para Bucky e, pior ainda, para a psicóloga dele.
Walker, no entanto, parecia alheio à sua falta de entusiasmo.
— Ah, e caso esteja se perguntando como o Barnes saiu tão rápido de lá... — Ele inclinou ligeiramente a cabeça, um brilho orgulhoso no olhar. — Paguei para que a terapeuta o liberasse após a sessão condicional.
— Legal. — Scarlett deu de ombros, sem nem tentar fingir interesse.
— Só legal?
Ela bufou, esfregando os olhos cansados.
— O que quer que eu diga, Walker? Parabéns? Obrigada por manipular o sistema?
Lamar lançou um olhar cauteloso para Walker, mas o homem apenas riu, ignorando o sarcasmo evidente na voz dela.
— Você tem que admitir, Scarlet, eu facilitei a vida dele.
— Ah, tenho certeza de que ele vai te agradecer com um cartão de Natal.
Ela cruzou os braços, querendo encerrar aquela conversa o mais rápido possível. Seu estômago revirava com a sensação de que estava envolvida em algo que não queria. Algo que estava começando a fugir do seu controle.
Logo, os dois apareceram, claramente irritados. John Walker estava radiante com a ideia de ter "facilitado" as coisas para Bucky e Sam, mal conseguindo esconder o sorriso de satisfação.
— Viu só? Agora nós podemos todos trabalhar juntos. Vai ser muito mais fácil lutar contra os Apátridas agora. — Ele deu um passo à frente, como se quisesse garantir que sua ajuda fosse reconhecida.
Sam e Bucky trocaram um olhar, claramente desconfortáveis. Sam foi o primeiro a falar, a voz carregada de uma firmeza que não deixava margem para dúvida.
— Nós somos agentes livres, Walker. Não precisamos da sua "ajuda". — Ele deu de ombros, como se a situação fosse o mais normal possível.
Bucky, que até então estava calado, também se manifestou, com o tom de voz que indicava o quão pouco ele estava impressionado.
— Não fomos feitos para trabalhar em equipe com você. — Ele soltou uma risada curta e irônica.
Walker pareceu surpreso, mas se recompôs rapidamente. Antes que pudesse retrucar, Sam e Bucky já estavam se afastando, saindo pela porta da delegacia e ignorando qualquer tentação de responder aos comentários de Walker.
John ficou parado por alguns segundos, tentando entender a situação e, por fim, soltou um suspiro frustrado.
— Essa gente... — murmurou, balançando a cabeça.
Scarlett observou a cena, ainda sem acreditar na audácia de Walker, quando ele finalmente se virou para ela.
— Vai atrás deles, Scarlett. Agora. — A ordem foi direta, como se ele esperasse que ela simplesmente pulasse na ação sem questionar.
Ela estremeceu com a imposição de sua voz e, embora quisesse se rebelar, sabia que não tinha escolha. O brilho de frustração em seus olhos se misturava com a crescente sensação de estar se metendo em algo que não era só mais complicado, mas também perigoso.
— Eu não sou sua secretária, Walker. — Ela retrucou, a irritação transparecendo na voz.
— E eu não me importo. Agora vai. — Ele não estava nem um pouco interessado em discutir, só em ver os resultados.
Scarlett lançou-lhe um último olhar de desdém, antes de sair apressada atrás de Bucky e Sam, sua mente rodando enquanto tentava descobrir o que fazer. Ela sabia que, em algum ponto, ia precisar dar um basta em tudo isso. Mas não naquele momento. Não enquanto ainda estivesse presa ao jogo de Walker.
A loira correu atrás de Bucky e Sam, tentando não se perder de vista enquanto eles caminhavam pelas ruas. Quando finalmente os alcançou, Bucky a encarou com uma expressão irritada, claramente incomodado.
— Sério, Scarlett? Você de novo? — Ele parou, cruzando os braços, com o olhar cortante. — Não basta o que aconteceu hoje? Você realmente tem que ficar me seguindo o tempo todo?
Ela levantou uma sobrancelha, tentando manter a calma diante da postura de Bucky.
— Eu moro no mesmo prédio que você, Bucky. É óbvio que estamos indo na mesma direção. — Ela deu de ombros, como se fosse o comentário mais lógico do mundo.
Sam, que até então estava em silêncio, soltou uma risada divertida ao ouvir a troca entre os dois.
— Ah, claro! Eles estão com tesão acumulado! — Ele brincou, com um sorriso malicioso, olhando de um para o outro.
Bucky e Scarlett se entreolharam, claramente desconfortáveis com a ideia. Os dois falaram ao mesmo tempo, quase em uníssono:
— Eca!
Sam gargalhou ainda mais, se divertindo com a reação dos dois. Eles, no entanto, permaneceram sem saber o que fazer com a situação. Scarlett, desconcertada, tentou desviar o olhar, enquanto Bucky bufava, ainda irritado, mas tentando ignorar a provocação.
— Vamos logo, então. — Bucky tentou mudar de assunto, começando a andar mais rápido. — A última coisa que eu preciso agora é de você me seguindo para todo canto.
Scarlett, embora desconfortável, seguiu o ritmo, tentando ignorar o comentário de Sam. A situação estava cada vez mais estranha, e ela não sabia por quanto mais conseguiria lidar com aquilo sem explodir.
O elevador subia silenciosamente, mas o ar dentro dele parecia denso, carregado com uma tensão palpável. Scarlett e Bucky estavam lado a lado, mas nenhum dos dois ousava olhar diretamente para o outro. A sensação de desconforto era quase palpável, como se algo estivesse pairando entre eles, algo não dito, algo que nenhum dos dois queria admitir, mas que estava claro demais para ser ignorado.
Scarlett sentia o calor do corpo de Bucky ao seu lado, embora ele estivesse tão distante emocionalmente quanto possível. O cheiro de seu perfume leve misturava-se com o ar abafado do elevador, tornando o ambiente ainda mais opressor. A sensação de proximidade fazia seu coração acelerar, e ela não podia deixar de perceber o modo como ele se movia, a tensão nos músculos de seus braços, a rigidez em seu rosto.
Havia algo nele, algo que a fazia se sentir à flor da pele, como se ele estivesse a todo momento prestes a romper a linha tênue entre o controle e a explosão.
Bucky, por sua vez, estava ciente de cada movimento dela, cada respiração suave que ela dava. Sua presença ao lado dele o fazia sentir uma sensação de conflito interno, uma mistura de frustração e desejo reprimido. Ele queria dizer algo, fazer algo, mas não sabia o que. A proximidade deles parecia ter ampliado cada pequeno gesto, cada troca silenciosa de olhares furtivos que ninguém mais veria. A tensão entre eles se arrastava, tão pesada que era quase impossível ignorar.
Foi então que, sem aviso, a luz do elevador piscou e apagou completamente, mergulhando-os na escuridão. O único brilho visível era a fraca luz de segurança, que iluminava seus rostos de maneira tênue, criando sombras dramáticas que acentuavam a intensidade do momento. O silêncio foi quebrado apenas pelo som da respiração deles, ambos agora forçados a compartilhar um espaço estreito e apertado, sem qualquer distração.
O elevador parou com um tranco abrupto, causando uma sensação de incerteza, como se o mundo exterior tivesse desaparecido. Scarlett se pegou ofegante, o choque do momento e a escuridão incomodando ainda mais a tensão crescente entre ela e Bucky. Ela podia sentir o calor do corpo dele mais forte agora, a presença dele se tornando quase opressiva.
— Merda. — Bucky resmungou, tentando manter a calma, mas sua voz soava mais grave, mais intimidadora do que o normal.
Scarlett não conseguiu evitar a leve sensação de arrepios que percorreu sua espinha. Ela sentia que as paredes estavam se fechando, o espaço entre eles, que antes parecia grande o suficiente para respirar, agora parecia pequeno demais para os dois. O pequeno raio de luz fazia com que os contornos de seus rostos ficassem distorcidos, quase irreais. E, naquele momento, nenhuma palavra parecia suficiente para dissipar a tensão que se acumulava no ar.
O silêncio no elevador se estendeu por um tempo interminável até que Scarlett, impaciente, se aproximou da porta e bateu com os punhos nela, tentando abrir.
— O que você está fazendo? — Bucky rosnou, a irritação clara em sua voz. — Para de ser idiota, Scarlett! Esse prédio é velho, não vai funcionar.
Ela parou por um momento, sentindo um calafrio percorrer sua espinha com a firmeza de sua voz. A frustração era visível em seu rosto, mas ela não queria dar o braço a torcer. Com um suspiro derrotado, ela se afastou da porta e se sentou, cruzando os braços, tentando manter a compostura, embora soubesse que a tensão entre eles só aumentava.
Bucky, por sua vez, se sentou no canto oposto, ainda visivelmente irritado, mas com um olhar curioso que observava cada movimento de Scarlett. O clima estava carregado, e a luz fraca de segurança não fazia nada além de acentuar a sensação de prisão que se formava entre eles.
— Por que você tá me seguindo, Scarlett? — ele perguntou de novo, a voz mais baixa, mas ainda com um tom impaciente.
— O que você espera ouvir, Bucky? Que eu estou te seguindo porque gosto de você? — Ela deu de ombros, sua voz cortante, mas sua expressão carregava um leve toque de desafio.
Bucky a olhou por um instante, avaliando-a com os olhos azuis intensos, e então, com um sorriso de canto de boca, ele respondeu com um tom de voz mais baixo, mais provocador.
— Bem, se você realmente gostasse de mim, você faria mais do que me seguir. — Ele disse com um tom de voz quase depravado, a intenção clara em suas palavras. — Eu poderia te dar algumas ideias.
Scarlett arregalou os olhos, imediatamente sentindo a tensão aumentar. A combinação da luz fraca e da proximidade entre eles tornava aquele momento ainda mais desconfortável. Ela não sabia como reagir, mas a provocação de Bucky fez seu estômago se revirar, e um misto de raiva e excitação tomou conta dela.
— Eca, Bucky. — Ela resmungou, sentindo a irritação subir rapidamente. — Você é um idiota.
Ele riu baixo, o som sendo absorvido pela escuridão do elevador. Ele parecia achar graça da situação, como se estivesse se divertindo com o desconforto dela.
— Só digo o que penso. — Ele deu de ombros, ainda com o sorriso malicioso no rosto.
— Eu pensei que você me odiasse — disse, a voz quase desafiadora, embora um pouco mais suave.
Bucky não hesitou. Ele olhou para ela com um olhar quase divertido, como se fosse óbvio o que ele estava prestes a dizer.
— Eu te odeio, Scarlett. Você é insuportável. — Ele falou com uma sinceridade cortante, mas logo seu tom se suavizou, como se estivesse se divertindo com o desconforto dela. — Mas isso não quer dizer que não tenha nada de quente em você.
Scarlett franziu a testa, surpreso pela mudança de tom, mas ele continuou, sem dar espaço para que ela reagisse.
— As roupinhas que você usa, como fica brava... tem algo de... atraente nisso. — A voz dele ficou mais baixa, mais rouca, e Scarlett teve dificuldade em entender se ele estava sendo sério ou apenas provocando.
Ela sentiu um calor instantâneo subir em suas bochechas, a mistura de raiva e surpresa transbordando enquanto ela o encarava. A tensão sexual entre os dois estava mais forte do que nunca, e agora ela se sentia completamente exposta, sem saber se deveria ficar brava ou simplesmente sair dali correndo.
Foi então que ele, com aquele sorriso malicioso, rompeu o silêncio.
— E você, Scarlett? Fica excitada quando me vê? — Ele perguntou, a voz carregada de provocação.
Scarlett imediatamente cruzou as pernas, tentando manter sua postura firme, e revirou os olhos, tentando ignorar o turbilhão de sensações conflitantes que se formavam dentro dela.
— Não — respondeu, com um tom seco e irritado, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
Bucky soltou uma risada alta, sem pudor, como se estivesse se divertindo imensamente com a reação dela.
— Ah, claro, claro — ele zombou, ainda rindo.
Scarlett deu um suspiro exasperado, sentindo seu rosto esquentar ainda mais com a risada dele. Ela não queria cair na provocação, mas algo dentro de si, uma parte que não conseguia controlar, estava começando a ceder à tensão que ele criava.
Bucky apenas a olhou, como se a provocação fosse a coisa mais natural do mundo. Ele sorriu de forma relaxada, sem pressa de se conter.
— Você está muito estressada, Scarlett — ele comentou, sua voz suave, quase como se estivesse analisando a situação.
Ela o encarou, desafiadora, como se ele tivesse acabado de tocar em um ponto fraco.
— Você também estáva, Bucky — respondeu, com um tom ácido.
Ele deu de ombros, como se não se importasse com o que ela dissesse. Mas, então, a expressão dele se suavizou de uma forma quase divertida.
— Ficar trancado num espaço pequeno com uma garota muda alguns pontos de vista — ele disse, o sorriso ainda no rosto, mas com um brilho diferente nos olhos.
Scarlett bufou, sentindo a frustração transbordar. Ela não ia cair naquilo, não importava o quanto ele tentasse.
— Você não conseguiria me desestressar nem se tentasse — ela disparou, o tom desdenhoso.
Bucky, porém, não parecia querer deixar aquilo passar tão facilmente. Ele se aproximou um pouco, o olhar fixo nela, como se soubesse que tinha acertado em cheio.
— Isso é um desafio? — Ele perguntou, o sorriso agora mais amplo, com um tom de diversão que ela não podia ignorar.
— Não — ela respondeu rapidamente, tentando manter a compostura, mas o calor que começava a crescer dentro do elevador parecia estar tornando tudo mais difícil.
O ar estava abafado, e o clima tenso entre eles só fazia tudo piorar. O ar condicionado, claro, não estava funcionando, e a sensação de sufocamento estava começando a ser insuportável. Scarlett sentiu o calor aumentar, a roupa apertada começando a incomodar mais do que nunca.
Ela suspirou, irritada, e com um movimento rápido, puxou a camiseta de manga longa para cima, ficando apenas com o top por baixo. O gesto foi quase automático, uma tentativa de se sentir mais confortável, mas no instante seguinte ela percebeu o que aquilo poderia significar na frente de Bucky.
Ele a observou, um sorriso irônico tomando forma em seus lábios, e ela logo percebeu o olhar que ele lançou para sua figura agora mais exposta.
— Agora você está provocando — ele comentou, a voz suave e cheia de um humor que ela não queria admitir que estava começando a perceber.
O clima entre eles continuava se intensificando, o calor não era apenas físico, mas carregava uma tensão palpável. Scarlett sentia a respiração mais acelerada, e Bucky parecia mais relaxado a cada segundo, como se gostasse da sensação de tê-la tão próxima e desconfortável. Ele não dizia nada por um momento, apenas observava, um sorriso ligeiramente de lado, como se estivesse aproveitando cada segundo daquele embate silencioso.
Scarlett tentou manter a calma, mas não podia negar a sensação de estar à mercê dele. E, de alguma forma, isso só a deixava mais irritada.
— Você... — ela começou, tentando retomar o controle. — Está insuportável, sabia?
Bucky se aproximou um pouco mais, sem pressa, como se estivesse saboreando o momento.
— Não estou te incomodando, estou apenas... constatando fatos. — Ele sorriu, seus olhos brilhando com aquele humor sarcástico. — Aliás, gostei da mudança no visual. Está mais... confortável assim.
Scarlett revirou os olhos, mas não conseguiu esconder um leve sorriso, ainda que relutante.
— Eu só queria um pouco de paz — ela resmungou, tentando manter o tom sério, mas sua voz traía uma leve falha.
Bucky se inclinou para frente, as palavras saindo como uma provocação:
— E você acha que vai ter paz estando trancada comigo em um elevador? Não conheço lugar mais propício para me vingar por todo o estresse que tem me causado nos últimos tempos. A música alta, me seguindo por ai...
Scarlett engoliu em seco, tentando se concentrar. Ela estava prestes a retorquir, mas então, de repente, as luzes piscam e voltam ao normal.
O barulho do elevador voltou ao normal, e o som do sistema de ventilação foi retomado com o ar condicionado, aliviando a sensação de abafamento. Ambos, sem querer, se afastaram imediatamente, como se o retorno à normalidade do ambiente tivesse dissolvido a tensão no ar.
Scarlett rapidamente se levantou, ajustando o top e puxando a camiseta para se cobrir novamente, embora sua respiração ainda estivesse mais rápida do que o normal. Bucky se endireitou, como se também tentasse voltar à sua postura habitual, mas o olhar entre eles ainda estava carregado de algo mais, algo que não podia ser ignorado.
Ambos saíram do elevador rapidamente e optaram por ir para seus devidos andares utilizando a escadaria, sem dizer mais nada, mas o silêncio agora estava mais carregado do que antes.
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