54. VASOS QUEBRADOS
˖࣪ ❛ VASOS QUEBRADOS
— 54 —
O SOL MERGULHOU baixo no céu, lançando um brilho dourado e quente sobre a casa dos Cullen. Kiara sentou-se na grama, sua pele bronzeada parecendo absorver a luz restante. Seu cabelo preto balançava suavemente com a brisa enquanto ela olhava para longe, pensando profundamente sobre Paul querer se juntar a sua matilha.
Kiara não podia negar a estranha mistura de emoções que giravam dentro dela. Por um lado, Paul era um lobo feroz e capaz, e sua lealdade era inquestionável. Por outro lado, ela não conseguia se livrar da memória de suas inúmeras discussões, suas garras quase se despedaçando em suas intermináveis batalhas de vontade.
Ela pensou em Rachel. Ela provavelmente deveria falar com a irmã antes de tomar qualquer decisão precipitada sobre o próximo destino. A imagem das bochechas encovadas de Paul a fez estremecer um pouco, sabendo que precisava dizer à irmã que não poderia excluir Paul de sua vida. Mesmo que ela não quisesse estar com ele, Kiara precisava que Rachel soubesse que ela não se importava se eles fossem amigos.
— Ei, Kiara? Posso sentar com você? — a voz suave de Bree Tanner interrompeu os pensamentos de Kiara. A jovem vampira estava a uma distância respeitável, seus olhos antes vermelhos agora mostrando tons dourados - uma prova de sua adaptação à dieta vegetariana que os Cullen insistiam.
— Claro, Bree. Venha, sente-se. — Kiara deu um tapinha na grama ao lado dela, mudando ligeiramente para dar mais espaço para a vampira recém-nascido que se sentou hesitante ao lado dela.
— Obrigada. — Bree murmurou, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha. — Como vai?
— Eu? Oh, estou bem. — Kiara respondeu com um leve sorriso, seu sarcasmo mal escondido. Ela sabia que Bree podia sentir a agitação dentro dela, mas apreciava que a vampira estava tentando proporcionar uma sensação de normalidade para ela. Foi uma distração bem-vinda do peso de seus próprios pensamentos.
Bree hesitou, percebendo claramente a tensão subjacente de Kiara. — Tem certeza?
— Realmente, estou bem. — assegurou-lhe Kiara, forçando um sorriso genuíno. — Só... Pensando em algumas coisas do pacote. Honestamente, você não precisa se preocupar com isso. Vem com toda essa coisa de 'alfa'...
— Ah, entendo. — Bree assentiu, entendendo que havia certos aspectos da vida da matilha que mesmo ela, como vampira, não conseguia compreender completamente. — Bem, se você quiser conversar sobre isso, estou aqui.
Os tons dourados do sol poente lançavam um brilho quente sobre Kiara e Bree enquanto elas se sentavam lado a lado, suas sombras se estendendo pela grama como uma ponte entre dois mundos. O som sutil da brisa soprando entre as árvores parecia trazer consigo sussurros de histórias não contadas, encorajando Kiara a quebrar o silêncio um pouco desconfortável que se instalou entre eles.
— Ei, Bree. — Kiara começou, sua voz tingida com uma pitada de incerteza. — Eu só queria me desculpar por não ter passado mais tempo com você ou por não conhecê-la melhor.
Ela olhou de soslaio para a jovem vampira, estudando a forma como a luz do sol dançava em seus olhos.
— Eu sei que você é importante para Seth, e eu deveria ter feito mais esforço.
As sobrancelhas de Bree se ergueram levemente em surpresa, mas ela rapidamente balançou a cabeça, descartando a necessidade de desculpas.
— Não se preocupe com isso, Kiara. Todos nós temos nossas próprias coisas acontecendo, certo? Além disso, você tem estado ocupada liderando sua matilha.
— É verdade. — admitiu Kiara, seu olhar voltando para o horizonte enquanto considerava o quanto sua vida havia mudado desde que se tornou uma metamorfa. — Mas eu ainda poderia ter tentado mais, sabe?
— Kiara, realmente não é grande coisa. — o tom de Bree era tranquilizador, como se fosse ela quem tentasse confortar Kiara, e não o contrário. — Além disso, há algo que também me preocupa e gostaria de falar com você sobre isso, se não se importar?
Isso despertou o interesse de Kiara. Ela provavelmente poderia contar nos dedos a quantidade de conversas que teve com Bree, e ficou surpresa que a vampira recém-criada estava se aproximando dela pedindo ajuda com alguma coisa, quando seus confidentes habituais eram Jasper e Alice.
— Realmente? — Kiara voltou sua atenção para Bree, com a curiosidade despertada. — O que é?
— Ok, então, você sabe como Seth e eu somos... Próximos, certo? — Bree perguntou hesitante, mordendo o lábio inferior. Kiara assentiu, bem consciente do vínculo que se formou entre as duas improváveis almas gêmeas. — Bem, estou preocupada em impedi-lo de atingir seu potencial. Quero dizer, quero ser mais do que amiga dele, mas não posso nem conhecer a mãe dele sem ficar preocupada com a possibilidade de cometer um deslize e atacá-la por sangue.
Uau.
Kiara não esperava que tudo isso saísse da pequena vampira. Seu coração doeu pela jovem vampira enquanto ela expressava suas preocupações, e ela não pôde deixar de sentir uma onda de proteção em relação a Bree e Seth.
— Bree... — ela disse gentilmente, colocando a mão em seu ombro. — É natural ter esses medos. Mas você é forte, e já chegou tão longe. Eu acredito em você, e sei que Seth também.
Bree sorriu, mas Kiara ainda podia ver que ela não tinha tanta certeza.
— Seus sentimentos são válidos, Bree. — Kiara a tranquilizou mais uma vez, com a voz suave, mas firme. — Mas olhe para você - você se adaptou ao estilo de vida de vampira vegetariana, e o vermelho dos seus olhos quase desapareceu, substituído por aquele lindo tom dourado. Além disso, quando você quiser conhecer a mãe de Seth, estarei lá com você. Posso intervir se for demais para você.
— Realmente? — Bree perguntou, sua voz cheia de surpresa e gratidão. — Você faria isso por mim?
— Claro. — respondeu Kiara sem hesitação. — Seth é minha matilha, e você está em nossa pequena família improvisada. Estamos todos juntos nisso, e quero ajudá-lo de qualquer maneira que puder.
— É estranho eu querer ficar com Seth, mas também não quero decepcioná-lo? — Bree mordeu o lábio, claramente refletindo sobre isso. — Eu definitivamente quero estar com ele, mas só não sei como ou se estou pronta...
Kiara não pôde deixar de rir, não de maneira cruel, enquanto balançava a cabeça. Na verdade, era revigorante conversar com a garota mais nova sobre sua paixão por Seth, aquele tipo de inocência que estava faltando em suas vidas há algum tempo. Kiara estava tentando reprimir o sorriso quando se virou para olhar para Bree.
— Não, não é nada estranho. Isso só mostra o quanto você se preocupa com ele. Mas escute, Bree, Seth será tudo o que você precisa que ele seja. Ele é um ótimo garoto, e é incrivelmente paciente e compreensivo.
Enquanto falava, Kiara pôde ver a tensão começando a diminuir nos ombros de Bree, sua postura ficando mais relaxada.
— Não se pressione. — ela aconselhou gentilmente. — Tudo sempre será sua escolha, e estamos todos aqui para apoiá-la, não importa o que aconteça. Olhe para mim e Rose, nós realmente passamos por tudo isso. Tudo será mais fácil, mas você não está sozinha em nada disso. E, além disso, estou aqui para manter Seth na linha se ele estragar as coisas.
— Obrigada, Kiara. — Bree sussurrou, seus olhos brilhando com apreciação e o início de uma nova confiança. Elas ficaram ali sentadas juntas, duas jovens de mundos muito diferentes encontrando consolo na companhia uma da outra enquanto o sol se punha no horizonte, banhando a paisagem com um brilho suave do crepúsculo.
Elas ficaram em silêncio por um tempo, Bree finalmente se permitindo ficar na presença da garota. Ela realmente não tinha passado muito tempo perto da alfa, mas já estava entendendo por que o resto da família gostava de falar com ela. Kiara era uma ouvinte e, mesmo com seu temperamento exaltado, ela sempre parecia saber o que precisava ser dito.
— Kiara, posso te contar uma coisa? — Bree perguntou hesitante, seus dedos arrancando preguiçosamente folhas de grama do chão.
— Claro. — respondeu Kiara, seu olhar focado nas tonalidades desbotadas do pôr do sol.
— Em outra vida, acho que você poderia ter sido minha irmã. — as palavras escaparam dos lábios de Bree em um sussurro calmo e melancólico, como se ela temesse que elas destruíssem a frágil paz que se estabelecera entre elas.
Kiara se virou para olhar para a jovem vampira sentado ao lado dela, seus olhos se arregalando ligeiramente de surpresa antes que um sorriso terno enfeitasse suas feições.
— Eu teria adorado isso, Bree. — ela disse suavemente, a sinceridade em sua voz inconfundível. — Ter uma irmã como você teria sido incrível.
O sorriso de Bree refletiu o de Kiara e, por um momento, elas simplesmente se deleitaram com o calor de sua conexão recém-descoberta. Era um pensamento estranho, com certeza – uma lobisomem e uma vampira, irmãs em outra vida – mas de alguma forma parecia certo, como se algum fio invisível tivesse unido seus destinos desde o início.
— Posso te perguntar mais alguma coisa? — arriscou Bree, com a voz mais forte agora.
— Diga. — Kiara encorajou, sua curiosidade despertada.
— Você vai me ensinar sobre sua cultura? Sobre a tribo Quileute e sua matilha? Para que eu possa entender melhor você e Seth? — Bree perguntou, seus olhos dourados brilhando de interesse.
A pergunta acalmou Kiara. Os Cullen sabiam sobre sua matilha, mas ela imaginou que nunca tinha pensado que Bree não tinha ideia sobre isso até recentemente. Mesmo assim, havia tanta coisa que os Cullen não sabiam ou não entendiam, que ela nem sequer considerou explicar para eles.
Rosalie já havia perguntado sobre suas tradições antes, mas poucos membros da família haviam perguntado sobre sua cultura além do que já sabiam ou precisavam saber. Uma onda de orgulho cresceu no peito de Kiara com o pedido, e ela assentiu ansiosamente.
— Eu ficaria honrada em compartilhar nossas histórias com você, Bree.
★
Kiara entrou, Bree logo atrás dela. Elas sorriram uma para a outra enquanto caminhavam em direção à sala principal, ouvindo a risada de Renesmee e o som suave das notas do piano ecoando pela casa.
Edward estava sentado ao piano, seus dedos dançando sem esforço pelas teclas, produzindo uma melodia que tocava as cordas do coração. Bella sentou-se à esquerda dele, com uma expressão de pura adoração enquanto observava seu marido brincar. Renesmee sentou-se no banco do piano entre eles, suas pequenas mãos imitando os movimentos de Edward em uma adorável demonstração de imitação.
Kiara não pôde deixar de sentir uma onda de calor ao acolher a família. Foi por isso que eles lutaram - por este momento. Para Renesmee poder sentar-se com sua família e simplesmente aproveitar a vida em que nasceu.
Perdida em seus pensamentos, Kiara não percebeu Rosalie se aproximando até sentir um toque suave na lateral de sua bochecha. Assustada, ela se virou para Rosalie, que tinha um sorriso terno no rosto. Foi um gesto tão terno, mas cheio de promessas não ditas, que nunca deixou de tirar o fôlego de Kiara.
Kiara se inclinou para o toque, permitindo-se ser envolvida pelo carinho de Rosalie e pelo calor que irradiava dela. Era uma visão da qual Kiara nunca se cansaria - Rosalie, seu amor, com seus olhos dourados suaves e calorosos enquanto olhavam para ela. Kiara se inclinou para o toque, deleitando-se com a carícia afetuosa, e soltou um suspiro de satisfação.
— Ei. — Rosalie sussurrou, sua voz quase inaudível por causa da música que enchia a sala. — Senti a sua falta.
— Eu também senti sua falta. — Kiara respondeu, encostando sua testa na de Rosalie. — Eu estava ensinando Bree sobre nossa cultura. Ela queria entender melhor a matilha.
— Isso é... Inesperado. Mas bom. — disse ela, com uma pitada de orgulho em seu tom.
Kiara sorriu, grata pelo apoio inabalável de Rosalie. Elas ficaram ali por um tempo, simplesmente curtindo a presença uma da outra em meio à sinfonia harmoniosa que ressoava no piano. Enquanto Renesmee ria e batia palmas de alegria com as melodias de seu pai, Kiara não pôde deixar de se maravilhar com a beleza de sua família pouco convencional.
Carlisle, sempre observador, juntou-se a eles com sua graça habitual.
— Como você está, Kiara? — ele perguntou em seu tom gentil. Para todos os outros, era uma pergunta inofensiva. Esme, Kiara e Carlisle sabiam diferente, e quando os dedos de Edward escorregaram e atingiram uma nota errada por um breve segundo, ela percebeu que ele tinha acabado de captar seus pensamentos sobre a conversa passada.
Ela olhou para ele, percebendo que ele evitou o olhar dela e tentou passar isso para Renesmee como um simples erro. Os olhos de Bella se franziram de surpresa, sabendo que ele geralmente era tão preciso em seus movimentos, mas ela também riu disso.
— Estou ótima. — Kiara respondeu, seus olhos fixos nos de Carlisle enquanto ela silenciosamente implorava para ele calar a boca e não perguntar mais nada que pudesse parecer suspeito. O homem sorriu calorosamente para ela e assentiu antes de voltar para o lado de Esme.
Mas mesmo quando Kiara sorriu de volta para ele, uma sensação de formigamento subiu por sua espinha, enviando um arrepio pelos seus braços. Seus instintos estavam em alerta máximo, sentindo que algo estava errado. Ela olhou ao redor da sala, procurando por algum sinal de perigo, mas nada parecia fora do lugar.
Quando ela estava prestes a descartar seu desconforto como mera paranóia, Alice de repente congelou no meio do caminho. Seus olhos dourados se arregalaram em choque e um suspiro escapou de seus lábios. O vaso de flores vibrantes escorregou de suas mãos, caindo no chão em uma cascata de pétalas.
Porra.
— O que foi, Alice? — Jasper perguntou, imediatamente ao lado de sua esposa enquanto os olhos dela passavam entre Renesmee e Kiara antes de olhar para o resto da família.
— Os Volturi. Eles estão vindo atrás de nós. Aro, Caius, Marcus, a Guarda. E Irina...
Um suspiro coletivo varreu a sala e, por um momento, o tempo parou. O medo e a incerteza encheram o ar como uma carga elétrica. Os Cullen e seus aliados enfrentaram muitos desafios juntos, mas nenhum como este.
— Por que?
— O que Irina viu na floresta? — Edward disse, girando para olhar entre Bella, Renesmee, Kiara e Jacob.
— Bella e eu estávamos conversando, e Jake e Renesmee estavam apenas brincando na neve. — Kiara respondeu defensivamente, sem saber que diferença isso teria feito. Kiara se aproximou de Rosalie, sua mão procurando a da namorada. O aperto de Rosalie apertou o dela, seus destinos irrevogavelmente entrelaçados.
— Ness estava pegando flocos de neve. — observou Jacob, e instantaneamente houve uma compreensão nos olhos de Edward enquanto ele recordava o momento na memória de Jacob.
— Claro... — Edward refletiu. — Irina acha que Renesmee é uma criança imortal.
No olhar confuso que os lobos e Bella compartilharam, Carlisle decidiu contar a todos eles sobre as histórias sobre as crianças imortais.
— As Crianças Imortais eram muito bonitas. Tão encantadoras. Estar perto delas era amá-las. Mas seu desenvolvimento foi congelado na idade em que foram transformados. Elas não podiam ser ensinadas ou contidas. Um único acesso de raiva poderia destruir uma aldeia inteira. Os humanos ouviram sobre a devastação. As histórias se espalharam. Os Volturi foram forçados a intervir. Como as crianças não puderam proteger nosso segredo, elas tiveram que ser destruídas. Seus criadores ficaram muito apegados e lutaram para protegê-los. Covens estabelecidos há muito tempo foram destruídos. Incontáveis de humanos massacrados. Tradições, amigos e até famílias. Perdidos.
— Então a mãe das Denalis criou uma criança imortal?
— Sim. E ela pagou o preço.
A sala caiu em um silêncio pesado, o peso do perigo iminente caindo sobre eles como uma névoa espessa. A mente de Kiara disparou, tentando processar a gravidade da situação. O pensamento dos Volturi descendo sobre eles a encheu com uma mistura de medo e raiva. Eles tinham visto em primeira mão do que os Volturi eram capazes, e ela não suportava a ideia de perder sua nova família.
— Bem, Renesmee não é nada parecida com aquelas crianças. Ela nasceu, não foi mordida. Ela cresce a cada dia! — Bella argumentou, mas caiu nos ouvidos da morte. Não eram eles que precisavam ser convencidos.
— Então você não pode simplesmente explicar isso aos Volturi?
A mente de Kiara disparou, procurando desesperadamente por uma solução, uma maneira de proteger sua família e aqueles que ela amava. O pânico ameaçou consumi-la, mas o aperto reconfortante de Rosalie em sua mão a ancorou no presente.
— Aro tem provas suficientes nos pensamentos de Irina. — Edward explicou a Jacob, a cabeça de Kiara girando enquanto ela pensava em como ela precisava proteger sua matilha.
— Então nós lutamos! As matilhas vão lutar. — Jacob retrucou, e instantaneamente algo em Kiara mudou.
— Jacob, a decisão não é sua. — disse Kiara, o tom de autoridade em sua voz chocando a todos.
Todos piscaram os olhos entre os gêmeos, surpresos com a repentina irritação de Kiara com as palavras de Jacob. Eles sabiam que ela tinha ficado um pouco mais defensiva sobre seu papel desde que ela e Sam começaram a ser alfas - e Jacob deixou bem claro que acreditava que deveriam ter sido ele e Kiara como alfas da matilha, não Sam e Kiara.
Os olhos de Jacob se arregalaram, a surpresa misturada com o brilho de admiração neles. Ele sempre soube que Kiara era obstinada e ferozmente protetora, mas este era um nível de liderança que ele não tinha previsto totalmente.
— Suas armas ofensivas são muito poderosas. — Jasper se intrometeu, desviando a conversa da tensão entre os gêmeos. — Ninguém pode resistir a Jane.
— Alec é ainda pior.
Apesar do perigo iminente, havia unidade entre eles, uma determinação partilhada para enfrentarem esta ameaça juntos. Kiara não tinha tanta certeza se queria enfrentar os Volturi.
— Bem, então nós os convencemos! — Bella continuou, a frustração de Kiara crescendo ligeiramente.
— Eles estão vindo para nos matar, não para conversar. — disse Emmett, com o braço apertado em volta de Beverly enquanto pensava em outra briga. Alguns de seus irmãos ficariam bem - eles têm poderes que os Volturi iriam querer... Mas ele, Rosalie e Beverly não tinham nenhum presente super especial que Aro iria querer. Eles simplesmente seriam mortos e pronto.
Foi como se uma lâmpada acendesse na cabeça de Edward com as palavras.
— Não, você está certo. Eles não vão nos ouvir. Mas talvez outros possam convencê-los. Carlisle, você tem amigos ao redor do mundo.
— Não vou pedir-lhes para lutarem.
— Não lutar. Testemunhar. Se um número suficiente de pessoas soubesse a verdade, talvez pudéssemos convencer os Volturi a ouvir.
Um silêncio caiu sobre a sala.
— Podemos pedir isso aos nossos amigos. — Esme sussurrou para Carlisle, sua mão levemente em volta do braço dele.
As palavras de Edward pairaram no ar, enchendo a sala com um vislumbre de esperança. Rosalie olhou para Kiara, estreitando os olhos enquanto considerava a magnitude do que Edward propunha. Era um plano arriscado, para dizer o mínimo.
Alice se inclinou para frente em sua cadeira, com a testa franzida enquanto mergulhava em outra visão. Cores giravam diante de seus olhos, formas e imagens formando-se como peças de um quebra-cabeça. A cabeça de Edward virou-se para Alice e depois diretamente para Kiara, seus olhos refletindo o espanto de Alice. Pela primeira vez, Alice viu Kiara em sua visão - algo que não deveria ter acontecido já que Alice não podia ver os lobos.
— O que você viu, Alice? — Rosalie perguntou, incapaz de esconder a ansiedade em sua voz.
Kiara queria que o chão a engolisse.
Os olhos de Alice se arregalaram de confusão, sua expressão refletindo a intensidade da visão que ela acabara de testemunhar. Ela olhou ao redor da sala e notou as expressões nos rostos de Carlisle, Esme e Edward e uma triste compreensão tomou conta dela.
Eles sabiam que algo não estava certo com Kiara, e tinha algo a ver com o fato de ela ter conseguido vê-la em uma visão.
— Eu vi... — Alice respirou, sua voz quase um sussurro. — Eu vi... Não tenho certeza.
Kiara quase sentiu o alívio inundar seu corpo, se não fosse pelo fato de Alice ter visto claramente algo relacionado a ela. Ela sempre foi ferozmente protetora de sua família e matilha, mas agora parecia que o destino a chamava para ser algo mais.
Kiara não conseguiu escapar do peso do olhar de Alice, seu coração batendo forte no peito quando ela percebeu que seu segredo não estava mais escondido dela ou de Edward.
Algo estava drasticamente diferente em Kiara, e eles precisavam confessar tudo logo.
★
— Ok, pessoal, amontoem-se. — ela gritou, sua voz tingida com o tipo de humor fácil que desmentia a gravidade da situação deles.
Seth se aproximou com as mãos enfiadas nos bolsos da calça jeans, um sorriso amável no rosto jovem. Jacob refletiu a postura dela, mas com uma expressão pensativa, seus olhos castanhos examinando o horizonte como se esperasse que problemas surgissem a qualquer momento. Leah, um pouco afastada do grupo, cruzou os braços, o olhar penetrante e calculista.
Era seguro dizer que alguns deles aceitaram os planos melhor do que outros.
— Aqui está o plano de jogo. — começou Kiara, os dedos tamborilando contra a coxa em um ritmo inquieto. — Estamos prestes a nos separar e tocar 'Gather the Vamps', edição Cullen.
Um suspiro escapou de Seth, enquanto Jacob ofereceu um meio sorriso, embora sua atenção parecesse estar em outro lugar. Leah simplesmente ergueu uma sobrancelha, sem se divertir com a tentativa de Kiara de aliviar o clima.
— Leah, Seth, vocês dois vão ficar parados. — Kiara apontou para eles, seus olhos assumindo um brilho sério, apesar do sorriso ainda brincando em seus lábios. — Protejam o território da casa, fiquem de olho em qualquer batedor dos Volturi. Não podemos nos permitir surpresas.
— Entendi, chefe. — Seth respondeu com uma saudação simulada, o que lhe rendeu um revirar de olhos de Leah.
— Jacob, você está pegando carona no expresso Cullen para visitar nossos primos frios em Denali. Mantenha Bella, Edward e Nessie seguros. — o tom de Kiara suavizou quando ela mencionou o nome de Renesmee, ciente do vínculo que ligava seu irmão à criança.
— Entendi. — Jacob reconheceu com um aceno firme, seus instintos protetores em relação à sua marca visivelmente surgindo com a menção de suas responsabilidades.
— E eu... — ela fez uma pausa, seus olhos piscando por apenas um segundo em direção à casa distante onde Rosalie certamente estava esperando, sua beleza feroz e fria contrastando fortemente com o calor da manhã. — Estou indo para Chicago com Emmett, Beverly e Rose. Eles têm alguns velhos amigos para convencer, e todos nós sabemos o quão persuasivos eles podem ser.
Os olhos de Jacob se voltaram para Leah, cujos braços estavam cruzados firmemente sobre o peito. Sua postura era tão rígida quanto os antigos pinheiros ao redor deles, e o brilho habitual em seus olhos parecia embotado. Ele conhecia aquele olhar - era uma mistura tempestuosa de raiva e decepção, do tipo que fervia sob sua pele como uma tempestade.
— Leah. — Jacob começou, sua voz carregando facilmente no ar parado da manhã. — Tem certeza que quer ficar de fora? Você sabe que Renesmee poderia usar um par extra de olhos nela, especialmente se as coisas ficarem complicadas.
Kiara tinha certeza de que o inferno estava congelando.
O olhar de Leah se voltou para ele, seus lábios pressionados em uma linha fina. Ela parecia querer discutir, cuspir uma dúzia de razões pelas quais ela preferia estar em qualquer lugar menos aqui. Mas quando seus olhos se voltaram para a pequena figura de Renesmee, algo mudou. Uma batalha interna silenciosa travada por trás daquelas íris tempestuosas.
— Tudo bem. — Leah finalmente exalou a palavra como se ela tivesse sido arrancada dela à força. — Eu irei.
Agora Kiara sabia que o inferno certamente havia congelado.
Jacob esboçou um sorriso diante da decisão inesperada de Leah, embora não ousasse provocá-la sobre isso. Os outros trocaram olhares rápidos, um acordo silencioso passando entre eles para não questionar a mudança de opinião dela. Em vez disso, eles simplesmente assentiram, a aceitação fluindo deles em ondas. Foi resolvido então, sem barulho ou alarde - Leah iria com Jacob.
Kiara pendurou sua mochila desgastada com roupas extras sobre um ombro, o peso dela parecendo estranhamente reconfortante contra o pano de fundo do desconhecido em que estavam entrando. A luz do sol da manhã filtrava-se através das árvores, lançando sombras salpicadas sobre o grupo enquanto eles faziam os preparativos finais.
— Mantenha o nariz limpo e os ouvidos no chão. E pelo amor de tudo o que é sagrado, se você se deparar com algo que não possa controlar... — ela fez uma pausa dramática, pescando o telefone quebrado do fundo do bolso da calça jeans. e brandindo-o como uma espada. — Ligue para mim. Espero barras cheias onde quer que eu esteja, então não há desculpas.
Ela olhou ao redor, para os rostos que conhecia tão bem quanto os seus, cada um deles marcado pela determinação.
— Fiquem seguros. — ela murmurou, mais para si mesma do que para qualquer outra pessoa. As palavras eram um talismã, destinado a protegê-los contra as incertezas que estavam por vir.
— Sempre estou. — Leah respondeu, sua voz surpreendentemente gentil. O sentimento foi ecoado por acenos de Seth e Jacob, uma promessa silenciosa entre eles.
— Eu disse a Sam que vamos sair por um tempo, mas falarei direito com ele quando voltarmos. — disse Kiara, lançando um olhar para Seth. — Boca fechada até então.
Então, com uma respiração profunda e um olhar final que continha mil palavras não ditas, ela se virou para se juntar a Emmett, Beverly e Rosalie. Havia um mundo para salvar e testemunhas para encontrar, e Kiara Black não evitava desafios.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top