🔺Capítulo 14🔺
Ayla saiu fechando a grade e deixando Zaac pra trás. Haviam uma porta a esquerda e um corredor a direita, andou até o corredor e olhou pela janela que viu assim que chegou a ele, uma outra porta pela qual logo saíram Dreed e Higley. Voltou até a sala e passou pela porta, se eles haviam saído por ali, lá com certeza era a saída e não acharia muita coisa ali, mas aquela porta em especial parecia esconder algo.
A porta deu em um extenso corredor idêntico ao de um castelo, as pilastras eram cheias de detalhes dourados e pedras brilhantes, com pinturas rústicas nas paredes e no teto. Haviam algumas prateleiras mais ao fundo do longo salão em que se encontrava, elas estavam cheias de vidros estranhos e algumas seringas que de longe pareciam simples pontos para Ayla. Foi em direção a elas, porém não chegou muito longe, algo rolou pelo chão e se abriu a sua frente, um gás roxo começou a inundar o salão.
Ela acabou caindo tonta devido ao gás, fechou os olhos enquanto encobria a boca e o nariz com as mãos. O gás se dissipou lentamente e então sua tontura foi embora, abriu os olhos e ainda tonta, se levantou cambaleando e se apoiou na parede, sua cabeça não parava de rodar e uma dor aguda a invadiu. Fechou os olhos com força enquanto massageava sua têmpora, abriu novamente os olhos e se viu em um lugar totalmente diferente, as paredes eram como as de uma prisão, cinzentas e frias.
Olhou em volta e viu Raidy a poucos metros a sua frente, ela a olhava com certo ódio e de repente começou a rir como uma louca. Agora o barulho não era causado só por ela, vários Zuntrs se arrastavam em sua direção formando um círculo a sua volta, eles eram ainda mais barulhentos, seus grunhidos eram horripilantes.
Eles avançaram em sua direção, ela tentou correr, tentou usar sua arma ou até mesmo sua espada, mas não conseguiu, todo seu corpo parecia mole e fraco. Suas pernas fraquejaram a levando ao chão e então ela caiu, uma queda eterna... Mas então, ela percebeu que não estava caindo, não havia um chão para ela cair, tudo o que havia era um enorme tudo circular ao seu redor, a fazendo flutuar enquanto seu corpo rodava lentamente pelo mesmo.
Um homem estranho apareceu usando um jaleco branco, ele se aproximou e Ayla viu outra vez aqueles olhos assustadoramente estranhos, em que um parecia estar em cima do outro. Ele bateu contra o vidro e então deu um sorriso horroroso, gargalhando tão alto quanto se podia imaginar. Ele apertou um controle em sua mão e então cabos com agulhas surgiram na base do vidro indo até ela.
— A cobaia perfeita! — ele disse rindo alto enquanto Ayla se debatia na frustrante tentativa de quebrar o vidro e não fazer com que aquelas agulhas se enfiassem nela. Mas seu esforço era uma completa perda de tempo, e as agulhas já entravam em seu corpo, e o líquido que saira delas a queimavam por dentro. — Oh, sim, sim, sim! — disse dando pulos desengonçados. — Perfeita!
Ayla gritou contra o vidro e se debateu ainda mais, precisava fugir daquele lugar, aquele homem era mais do que maluco, ele era doente!
— Quer ver o quão linda ficou? — perguntou com uma voz estranha quase como se quisesse seduzi-la. Ela se debateu outra vez contra o vidro, sua pele parecia queimar por inteiro, como se lava estivesse escorrendo por suas veias. — É claro que quer, não é? — disse rindo enquanto arrastava um enorme espelho, ele parou em sua frente e então segurou sua borda. — Pronta? — Ayla sentiu um medo estranho ao ouvi-lo soltando suas risadas horrorosas, aquilo com certeza não era nada bom.
O médico deu alguns passos, e então o espelho estava inteiramente virado para ela e o horror consumiu sua mente ao ver seu reflexo no espelho. Não era ela, nada ali se parecia com ela, seu cabelo não existia mais, seus braços estavam maiores e deformados, suas pernas estavam quase do mesmo jeito, como se a carne estivesse podre e as veias estivessem vazando de seu corpo, a cabaça estava completamente inchada, seus dentes estavam maiores e seus olhos, tão vermelhos quanto sangue.
Por um momento ela não soube o que fazer, encarou aquele espelho com ódio e repulsa, ele não podia ter feito aquilo com ela. Se debateu ainda mais, e dessa vez, pela tremenda força que havia adquirido, ela quebrou o vidro facilmente e então partiu para cima do médico agarrando ele pelo pescoço. Arrancou sua cabeça e estraçalhou todo o seu corpo, fazendo com que o sangue a sujasse completamente.
Uma forte vertigem dominou sua cabeça e ela caiu pressionando a mesma com a mão. Sentiu como se garras estivessem espremendo sua cabeça, olhou para a própria mão e viu as garras enormes que tinham se fixado ali. Se levantou cambaleando e viu outra vez o reflexo horroroso no espelho, deu um soco nele fazendo o mesmo se estraçalhar.
Os cacos voaram pelos ares e foi como se ela estivesse se perdendo no tempo, sua mente estava ficando cada vez mais lenta e suas forças se esvaziava cada vez mais. Olhou para os cacos do espelho que agora estavam flutuando como se o tempo estivesse parado e um em especial lhe chamou atenção.
A garotinha corria desesperada pelo corredor de fraca iluminação. As luzes projetam sobras horrorosas, que parecem querer a todo custo, pegá-la. Elas estão furiosas, estão famintas e com sede... Elas tem facas na mão, as risadas deles são prazerosas, elas estão amando fazer isso.
— Sim! Nós amamos! — elas sussurram em resposta a uma pergunta que não chegou a ser feita.
A garotinha continua correndo desesperada enquanto as sombras estão cada vez mais próximas. Suas pernas, pequenas demais, acabam falhando e ela cai, as sombras estão se aproximando, ela se arrasta pelo chão. Está com os olhinhos vidrados nas sombras quem vem em sua direção, não eram sombras... Era a sombra, única, de seu pai! Era seu pesadelo frequente, ele sempre estava ali, sempre a encurralando e sempre com facas na mão, ele nunca ia embora.
— Vai aprender a me obedecer sua imprestável! — a voz forte ecoou pelo corredor enquanto ela se arrastava, seu rosto está completamente molhado. — Assim como sua mãe, aquela vadia! — ele disse correndo em sua direção com a faca na mão.
Ela fecha os olhos com força e então um barulho preenche o local, ela abre os olhos e então o homem está morto aos seus pés. O sangue escorre por todos os lados, ela se levanta ainda trêmula e anda para trás. As sombras surgem de novo, elas vem em sua direção, tão famintas e sedentas... Ela volta a correr, mas esbarra com alguém com o corpo de sua proporção, os pequenos braços a envolvem e passam a mão por sua cabeça, de repente as sombras param, não há mais medo, não há mais pavor, há apenas os braços quentes e protetores a sua volta.
Ela ergue a cabeça e então vê um sorriso acolhedor e tudo parece estar bem.
Ayla sente algo estranho percorrer seu corpo com aquelas imagens, não sabia que aquelas eram suas lembranças, mas sabia que era ela naquele lugar. Sabia que era parte de sua vida. Lágrimas escorrem por seu rosto e então outro caco do espelho lhe chama atenção.
A morena corre quase desesperada em direção a última sala do corredor, o mesmo está vazio, ela chega a porta, passa por ela logo a fechando enquanto tenta recuperar seu fôlego.
— O que aconteceu? — a voz rouca do garoto atrás de si preenche o quarto lhe gerando todo o conforto e segurança de que precisava.
— Eles estão planejando algo ruim... — respondeu em um sussurro.
— Vou tirar você daqui. — ele diz tocando seu cabelo, ele o afasta e então dá um beijo rápido em seu rosto. Ela se vira e sorri com ternura para ele, sabia que ele não a deixaria sozinha e sabia muito bem que ele sempre cumpria o que dizia.
Ele sorriu também e encostou sua testa na dela e fechou os olhos, aproveitou aquele momento... Era único.
A porta foi aberta brutalmente e vários homens entraram por ela, foram direto aos dois e por mais que o garoto lutasse, ele não conseguiu protegê-la, e então ela foi levada por eles enquanto se debatia na esperança de se soltar. Mas era impossível, os homens a levaram e os outros doparam o garoto.
Ayla balançou sua mão em direção aos cacos como se quisesse espalhar todos e fazê-los sumirem de sua frente. E eles realmente sumiram, mas ela não estava mais na sala, estava no andar de Zaac. Começou a andar por ele a procura de algo que ajudasse Zaac a curar seus ferimentos, encontrou algo que parecia ser um remédio para aquilo. Era uma injeção, parecia ser saudável e estava escrito Ixuzzus nela, a pegou e então a garrou. Correu em direção a porta e a abriu encontrando Zaac caído no chão, o sangue estava ao seu redor e seus olhos estavam petrificados.
Correu até ele se abaixando.
— Zaac? — chamou sacudindo seu ombro. — Zaac, acorde! Zaac...
— Eu pensei que me ajudaria... — ele sussurrou ainda encarando o teto. — Eu confiei em você Ayla...
— Zaac, eu tô aqui...
— Já é tarde...
— Não, Zaac... Não!
As lágrimas escorreram por seu rosto, seu coração parecia uma pedra fria agora, a única força que ainda tinha, sumiu dela como se tivesse sido levada por alguém.
— Zaac! Zaac!
Chamou outra vez, mas já era tarde demais, ele não estava mais com ela... Ele não podia mais respondê-la...
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