🔺Capítulo 1🔺
O fogo consumia tudo, aos poucos todos os móveis eram consumidos por elas, tão ferozes e famintas... A garotinha continuava parada em frente a porta, sem mexer um músculo, totalmente presa aquela destruição desnecessária. As chamas aumentavam, vinham lentamente em sua direção, seus olhos vidrados não viram quando alguém a tirou da casa e também não viu mais nada.
Abriu os pequenos olhinhos e viu um novo teto, não entendia porque aquele teto era diferente, não entendia porque um novo teto, era nova demais para entender que aquele fogo consumira sua antiga casa. Ouviu o barulho de algo se quebrando e então desceu da cama e foi até a porta. Outra coisa se quebrou e um grito veio junto, abriu a porta de vagar e desceu as escadas com passos lentos e cautelosos. Chegou a cozinha e então o viu, ele apontava uma faca para ela, em um piscar de olhos ele jogou a faca nela e não foi só uma, foram várias! Seu corpo parecia um faqueiro. O chão ficava cada vez com mais sangue, a garota abaixou os olhos e viu o sangue que escorria como uma água grossa e suja em direção aos seus pés, também ainda não sabia o que era tal líquido.
O homem ao constatar que a garotinha acabara de presenciar a cena, ficou irritado e então se caminhou até ela com uma faca enorme na mão. A garotinha ficou apavorada porém não conseguia correr, o homem ergue a faca e então...
“Bang!”
A faca caiu de sua mão e seu corpo também foi ao chão.
O sangue aumentou em volta de seus pés, sentiu algo molhar seu rosto e ir em sua boca, era salgado... Ela passou a mão no rosto e percebeu suas lágrimas.
Aquela garotinha nunca entendeu o motivo de tudo aquilo, e talvez nunca entendesse...
🥀🥀
O cheiro não era de fogo, não estava quente e não havia mais sangue ou qualquer “bang”. O clima parecia normal, um pouco frio, mas não muito, o cheiro era o de uma casa sem vida, um cheiro fraco e triste. Gritos não eram ouvidos, o único barulho era das tubulações de ar e de seu próprio coração que batia em ritmo calmo e suave.
Ayla abriu os olhos piscando algumas vezes até se acostumar com a luz ambiente. Suas pernas estavam esticadas para frente, a uma curta distância, outra parede. Com mais algum esforço ela levantou a cabeça e olhou em volta, não havia nada além de paredes e corredores cinzas azulados.
Não fazia a mínima ideia de onde estava, mas sabia que não era em sua casa. Voltou a olhar os corredores atentamente, não havia ninguém ali, só ela... Se levantou e abriu a primeira porta que encontrou. Também não havia muita coisa, um sofá velho, uma cama e uma mesinha e um espelho enorme. Com passos lentos ela foi até o mesmo e olhou por um longo momento. Viu uma garota morena de 17 anos, de pele clara, olhos castanhos bem claro e cabelos negros como a noite sem lua, usava roupas mais estranhas ainda, uma calça pretas com alguns ajustes nos bolsos, um sapato preto e uma regata vermelha, por cima dela uma blusa grossa para ser usada no frio e que, no momento estava aberta. Não viu muita coisa de especial ali, porém percebeu que faltava alguma coisa. Levou a mão até sua bochecha e a apertou, sentiu uma leve dor e enfim percebeu que o rosto em questão era seu, puxou o zíper fechando o resto da blusa e ergueu o capuz sobre a cabeça e então teve certeza. Deu as costas para ele e voltou a andar pelo lugar. Não sabia bem seu nome, não sabia onde estava e muito menos como sairia e o porque estava ali.
Em cima da mesa achou uma placa com o nome, Ayla Azaryh e ao virar a placa viu seu mesmo rosto e junto uma mulher e um homem também morenos. Olhou por mais um tempo, talvez aquela fosse ela, olhou o nome mais uma vez, não conseguia entender, não conseguia ler aquele simples nome, sua mente parecia vazia e escura. Deixou a foto lá já que não sabia para quê serviria aquilo e foi até o outro canto, havia uma pequena mochila preta e ao lado um crachá com seu nome. Franziu o cenho irritada sem saber o que estava escrito, abriu o zíper da mochila, dentro tinha uma arma com munição também, algumas coisas empacotadas, mais outra arma, faixas e remédios, olhou aquilo, não fazia ideia de que raios era. Pegou a mochila e ao ver as alças as passou pelos braços a deixando bem firme em suas costas, voltou até o espelho, parecia estar certo.
Voltou a olhar atentamente o quarto e outra coisa lhe chamou a atenção, caminhou até a parede oposta do quarto e pegou a espada fina e grande que estava pendurada a parede, por algum motivo gostara dela, a segurou firme e se deu uma última olhada no quarto, não havia mais nada de interessante, era só um quarto.
Voltou até o corredor e abriu todas as outras portas, não havia nada de bom ali, era só uma casa vazia. Abriu a última porta e essa parecia ter mais coisas, uma televisão bem ao centro, alguns quadros na parede, e parecia haver pessoas no sofá. Caminhou até lá com passos lentos e excitantes, a televisão não saía som, porém iluminava os rostos ali, eram as mesmas pessoas da foto, seu pai e sua mãe. Por um breve instante, memórias boas e alegres vieram a sua mente, deles como uma família feliz, porém aquilo nunca existiu. Talvez eles pudessem ajudá-la... Tocou o ombro do homem e o pavor a dominou a ver a cabeça do mesmo rolar e cair no chão, a da mulher também caiu, uma lágrima escorreu por seu rosto e o medo a invadiu. Olhou para trás e viu as imagens que passavam na televisão, eram horrorosas como os pesadelos dela, com a espada que segurava ela a bateu com bastante força quebrando a televisão.
Voltou para fora e voltou a andar pelo corredor, as lágrimas continuavam escorrendo por seu rosto, não sabia quem eles eram mas se sentia vazia sem eles. Seus passos eram arrastados e seus olhos totalmente sem vida e nenhuma expressão no rosto. Desceu as escadas e encontrou outra porta que se abriu sozinha assim que ela parou em sua frente, estava vazia, ela entrou e então a porta se fechou e ela começou a descer, passou por três andares até parar no último do subsolo, a porta se abriu.
Olhou por um instante sem entender que lugar era aquele, era ainda pior que o seu onde estava, o cheiro parecia mais pesado, e parecia ser de sangue e de morte. As paredes eram mais escuras, andou pelo corredor até parar na única porta que havia ali. A abriu e então escutou alguns passos e algo afiado passou em frente ao seu rosto, o vento fez com que seu capuz escorregasse por seu cabelo, por pouco não a ferira, ergueu o olhar e então viu a causa e o objeto que quase a rasgara no meio.
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