🔺Capítulo 7🔺
— Que lugar mais estranho… — Higley falou olhando pros lados.
— Tudo aqui é estranho — Ayla falou concordando. — Mas por isso eu não esperava.
Já começava a escurecer no labirinto, os três estavam a horas andando e não conseguiram qualquer sinal de Dreed. O único barulho no labirinto eram seus passos arrastados, isso até acabarem no que parecia ser um bosque dentro do labirinto.
Continuaram andando pelo bosque em busca da saída, o lugar fedia e havia ossos e trapos de roupas espalhados em meio as folhas e galhos secos.
— Onde será que isso vai dar? — Higley perguntou ainda olhando cada canto atentamente.
— Espero que na saída... — Zaac falou enquanto se arrastava ao lado de Ayla.
— Ou no estômago de um monstro. — resmungou chutando uma caveira deixada ali.
— Parem! — Ayla sussurrou de repente.
— O que foi? — Zaac perguntou no mesmo tom.
— Vocês não ouviram isso?
— Tudo o que menos preciso agora é de outra aberração no meu caminho. — Higley reclamou.
— Parecem passos humanos — ela falou novamente. — não são arrastados como os daquelas coisas.
— Dreed?
— Não sei...
— É uma possibilidade...
— Dreed! — Higley gritou alto o suficiente para qualquer ser ouvir. — Dreed! Aparece, não aguento mais andar em círculos atrás de você!
— E se não for ele?
— Por que acha isso?
— Ele poderia ter achado a gente primeiro. — Zaac respondeu pensativo.
— Talvez também esteja procurando...
— Dreed!
Passos foram ouvidos mais próximos, correndo atrás deles. Eles se viraram e dois garotos apareceram atrás deles.
— É, não é o Dreed. — Higley resmungou outra vez já bem irritado.
— Quem são vocês? — o garoto loiro perguntou.
— Higley, Zaac e Ayla. — Higley respondeu apontando os outros dois. — E vocês, magrelo?
— Matt e Andrei — o loiro respondeu apontando a garoto moreno ao seu lado.
— Acabou? Vamos embora, temos que...
— Onde vão? — Matt perguntou o interrompendo.
— Encontrar Dreed. — Zaac terminou sua frase como se não tivesse sido interrompido.
— Não é o cara que a gente encontrou ontem? — Andrei falou em um sussurro meio alto.
— O ruivo?
— Me lembro de ele dizer que se chamava Dreed... Ou foi Bred?
— Sabem onde Dreed está? — Ayla perguntou.
— Sim, o encontramos ontem no início do bosque. — Andrei respondeu. — Estava ferido então o levamos para que pudesse tratar suas feridas.
— Os monstros daqui não são brincadeira.
— A gente sabe bem disso, pode ter certeza.
— Nos leve até Dreed, não vamos deixá-los para trás. — os dois concordaram e foram na frente guiando os outros que os seguiam arrastando os pés.
— Aliás, — Matt falou de repente. — como entraram aqui?
— Talvez do mesmo jeito que vocês...
— Não, acabamos aqui por uma caixa, teríamos visto se chegassem por ela.
— A mochila e suas armas são outras coisas que os entregam, ninguém chaga aqui desse jeito pela caixa.
— Entramos por uma porta depois de uma ponte que foi destruída. — Ayla falou. — Estávamos em uma prisão...
— Mas, era o pior lugar para vir...
— E acha que poderíamos escolher? Estávamos em um lugar cheio de criaturas nojentas.
— Como as Scargys? — Andrei perguntou.
— O que é isso?
— Uma das coisas que aparecem por aqui, muitos dos que a vêem não voltam...
— Mas o amigo de vocês parece ser uma excessão, já que ele matou um.
— Até agora não consigo acreditar que ele fez isso!
— E por que não? — Zaac perguntou.
— Cara, é um Scargy!
— Já matamos coisas piores. — Os dois pararam e os olharam espantados.
— Foi assim que conseguiu esse ferimento na barriga?
— Não, estávamos saindo da prisão, um dos últimos andares quando uma daquelas coisas parecidas com cachorros deformados me acertou.
— Nossa.
— Mas já consegui ferimento com um pior.
— O lugar em que estávamos era cheio dessas coisas, — Higley falou assim que voltaram a andar. — Não foi surpresa.
— A quanto tempo estão aqui? — Ayla perguntou.
— Meses, — Matt respondeu. — acho que foram mais de três.
— Nunca tentaram sair? — foi a vez de Higley.
— A gente tenta todo dia. — Andrei respondeu encolhendo os ombros. — Mas sempre acabamos no mesmo lugar, talvez estejamos tentando errado.
— Ou talvez ir sempre pelo mesmo lado seja o errado nisso tudo... — Matt comentou.
— Mas acabamos sempre no mesmo lugar...
— Que lugar? — Zaac perguntou.
— A porta com o número nove, nunca conseguimos abri-la então voltamos para a clareira.
— Foi por ela que entramos — Ayla falou. — Não vão encontrar saída alguma naquela direção, foi tudo destruído.
— Acho que já deveríamos ter imaginado isso. — Matt comentou com um suspiro.
— Quantos estão aqui com vocês?
— Bom, com vocês, agora são... 23.
— Pensei que seriam mais. — Higley falou.
— E era, mas muitos morreram com aquelas coisas soltas por aí.
O silêncio se espalhou pelo local enquanto os cinco andavam em direção a clareira. Continuaram andando até finalmente chegarem a clareira, um lugar enorme, aos quatro cantos circulares podiam se ver quatro grandes portões, com os números: 1, 4, 7 e 10 em vermelho.
— O que são esses números? — Ayla perguntou.
— Ainda não sabemos — Matt respondeu.
— Mas achamos que deve ser algum tipo de identificação das saídas.
— Como assim? — foi a vez de Higley perguntar.
— Bom, eu não sei direito — Andrei respondeu. — mas aquela por exemplo, — disse apontando para a de número 1. — ela já foi aberta e quando passamos por ela, encontramos os números 2 e 3.
— Tentaram abrir as portas? — Zaac perguntou.
— Abrir? Mas como faríamos isso? — Matt perguntou confuso.
— Abrimos uma a pouco tempo antes de vocês chegarem. — Ayla falou.
— Não, nunca pensamos nisso...
— Não os culpo, eles bagunçam a mente de todos nós. — Zaac falou irritado.
— Quem são eles?
— As pessoas por trás disso, não acha que viemos pra cá com nossas próprias pernas não é?
— Eu não viria...
Andaram mais um pouco e então avistaram o que parecia ser uma torre e algumas cabanas de palhas e madeira espalhadas pela clareira. Algumas outras pessoas também estavam ali, garotos e garotas na mesma faixa etária deles. Todos usados por eles...
Não demoraram para encontrar Dreed que dormia tranquilamente em uma rede improvisada ali, como se nada tivesse acontecido a ele. Estava sem a blusa que agora se encontrava somente os trapos perto da mochila e sua lança ao lado, sua barriga estava quase toda enfaixada, assim como seu braço direito.
— Ele deve estar acabado. — Higley comentou.
— Pelo menos o encontramos. — Zaac falou aliviado. — Não vamos sair sem ele.
— Não vamos a lugar algum por um bom tempo, — Ayla disse de repente. — Você precisa descansar e cuidar do seu ferimento. — falou ajudando Zaac a se sentar em um banco de madeira.
— Você também está ferida — ele resmungou em resposta.
— Eu e Higley já descansamos o bastante, você e Dreed não descansaram hora nenhuma. Quem cuidou de Dreed, será que podem dar uma olhada nele também?
— Vou ver onde ela está. — Andrei falou e ela concordou com um aceno enquanto o via sumir entre as cabanas.
— Quem são? — um garoto de pele clara com cabelo cor de areia e olhos âmbar apareceu de repente ao lado de Matt.
— Os encontramos no bosque antes do portal 4.
— Não gosto deles, são suspeitos.
Ele disse sério, logo recebendo um olhar desconfiado de Ayla, que o encarou até o mesmo recuar e sair bufando.
— Também não gostei dele. — Zaac resmungou.
Matt deu uma risada curta e encolheu os ombros.
— Ele não faz por mal.
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