23 - Sentimentos encontrados
Ao ver o enorme sorriso se formando na face enrubescida de Benjamin, percebo que acabei de falar o que sinto em voz alta.
Seus olhos percorrem todo o meu corpo lentamente antes de parar nos meus e posso ver algo dentro deles. Um sentimento tão profundo que seria capaz de me perder facilmente.
— E-eu não quis dizer, já sabe... -Murmuro envergonhada.
Esfrego os olhos e bochechas com as mãos tentando fazer essa sensação estranha desaparecer, mas acabo provocando o efeito contrário.
Por mais que me empenhe em não parecer afetada, ainda assim é possível notar o desejo latente emanando pela minha pele.
— Sei muito bem o que quis dizer, Vi. -Minhas mãos são afastadas do meu rosto e tento não voltar a me esconder no movimento patético.
— Porque eu me sinto exatamente do mesmo jeito. Não se engane mais, por favor. Você também quer isso. -Pede sôfrego. — Só preciso de uma chance sua para mostrar como posso te fazer feliz. -Continua acariciando minha bochecha com a palma da mão e sem nem perceber, me apoio nele desfrutando do carinho que recebi tantas vezes, e só agora vejo como ele sempre demonstrou como gostava de mim, mesmo eu não correspondendo o sentimento até então.
— E se tudo der errado? E no final, algum de nós estragar tudo? Eu não quero te perder, Ben... não outra vez. -Digo preocupada.
São tantas dúvidas que me invadem, que me sinto um pouco tonta. O garoto não responde de imediato.
Seu peito sobe e desce com a respiração acelerada, como se estivesse pensando nas palavras certas para se expressar.
— O único que eu sei, é que não podemos mais voltar atrás. Eu já deixei bem claro como me sinto. Você só precisa confiar em mim... -Diz em uma seriedade que faz abalar todas as minhas estruturas.
Apesar disso, ele está com medo. Não é difícil notar pelo enorme vinco no seu cenho.
— Essa é a parte mais difícil. -A sinceridade na minha voz me assusta, no entanto, não posso mentir, não agora. — Confiei em você uma vez e acabei me decepcionando.
Novamente deixo-o sem palavras. Não adianta tentar tampar o sol com uma peneira quando a realidade está ali presente entre nós dois.
Por mais que ele tenha razão, por mais que eu o deseje como todas as minhas forças, cada vez que nos beijamos ou que ele se aproxima para dizer um simples oi, automaticamente minha mente me leva para alguns meses atrás onde ele mentiu para mim. Quero dizer, não diria mentir e sim ocultar alguns detalhes importantes que evitariam todo esse rancor que se espalha pelas minhas veias, contaminando tudo por onde passa como uma droga injetada pelo meu subconsciente para me fazer sofrer.
Benjamin se afasta alguns centímetros com um semblante triste e nega com a cabeça sorrindo amargamente.
— Eu fui um babaca com você e não faz ideia de como me arrependo cada maldito dia.
— Ben... -Enrosco meus dedos nos seus, tratando de transmitir algum tipo de consolo. Nunca gostei de vê-lo assim, mesmo quando brigávamos por alguma coisa besta eu me sentia terrível e embora meu orgulho não deixasse ir atrás e pedir desculpas quando eu provocava o pleito, sempre dava um jeito de consertar as coisas apenas para ver o sorriso no seu rosto outra vez.
Ele observa atentamente o movimento, inspirando fundo e exalando com dificuldade. Esfrego sua pele morena e sinto-o arrepiar com o simples contato.
— Fica comigo, Violet. -Sua testa encosta na minha de repente e seu perfume masculino invade minhas narinas, me deixando zonza por alguns segundos.
Acabo lembrando de como sempre amei o seu cheiro.
Desde quando passamos de ser simples amigos a algo mais?
Uma dúvida se infiltra no meu peito e meus batimentos cardíacos ganham uma velocidade insana com o medo de aceitar o seu pedido e acabar ficando sem o meu amigo em primeiro lugar.
— E-eu não sei o que fazer. -Confesso sem me mover.
Como gostaria de ser aquelas garotas que tem todas as respostas na ponta da língua e nenhum medo de ser feliz.
— Tudo bem, não vou continuar te importunando. -Promete cabisbaixo e me sinto uma completa idiota.
— Acho que é melhor eu ir para minha aula. Até mais, Vi. -Se levanta, dando passos lentos para longe de mim e de repente um frio golpeia meu corpo que lamenta a distância do seu.
Minha mente começa a girar, imagens de nós dois na minha cozinha, no parque e aqui mesmo nesse banco rodopiam me deixando confundida e ansiosa ao mesmo tempo.
Sei que preciso dizer algo, me pronunciar, nem que seja para negar sua oferta para não deixá-lo no limbo.
É só que não consigo fazer isso.
Minha mente me diz que preciso me jogar, que devo me arriscar e nos dar a chance de viver algo intenso, não importa quanto tempo dure.
Que se explodam as consequências.
Me levanto em um pulo e corro até parar do seu lado ofegante pelo esforço e a dor na perna por causa do movimento repentino.
— Benjamin, espera! -Puxo seu braço, obrigando-o a ficar de frente para mim.
Recebo um olhar confundido que rapidamente se transforma em esperançoso e sorrio nervosa, procurando a forma correta de fazê-lo entender que embora esteja apavorada com tudo isso, eu não quero que ele vá embora. — Eu... -engasgo sentindo um enorme bolo na garganta. — Eu... fico. -A última palavra é dita em um sussurro, mas é o suficiente para que ele compreenda.
Seus olhos se iluminam de imediato e os lábios carnudos se curvam em um sorriso genuíno.
— Vem aqui. -De repente sou puxada até colidir com o seu corpo musculoso. Seus braços me pressionam contra ele, e indo contra todos os avisos dentro da minha cabeça, me sinto outra vez inteira.
Devolvo o abraço e ficamos assim por algum tempo, sem nos importar com o fato de que estamos no meio da faculdade.
Me aconchego no seu peitoral escutando as batidas aceleradas do seu coração que combinam perfeitamente com as minhas.
— O que vai fazer depois da aula? -Pergunta com a voz rouca me afastando suavemente.
— Tinha que me reunir com meu tutor, mas acho que posso cancelar, ele é um chato. -Brinco e Benjamin sorri arrumando uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.
— Vamos fazer assim, você se reúne com ele e depois comigo, o que acha? -Sugere sem nem uma gota de vergonha e solto uma gargalhada divertida.
— Sua cara nem arde né? -Dou um tapinha no seu ombro. — Mas tudo bem, eu até que gostei da ideia. O que tem em mente? -Indago curiosa.
— O que acha de um piquenique? Conheço um lugar muito bonito, com pouca gente e uma vista espetacular da cidade.
— Por acaso quer me levar a um lugar vazio para tentar me seduzir, Benjamin Saito? -Finjo surpresa e suas mãos enlaçam minha cintura me aproximando dele novamente.
— Acertou em cheio. -Sussurra contra o meu pescoço ao mesmo tempo em que deixa uma pequena trilha de beijos na pele sensível e engulo seco.
Droga, deveria ter ficado calada.
Aperto as pálpebras sentindo um calor interno que provavelmente está derretendo todos os meus neurônios e me separo dele antes que faça algo vergonhoso como gemer no meio da faculdade à plena luz do dia.
— P-preciso ir, minha aula está quase começando. -Gaguejo tentando controlar a respiração descompassada.
O garoto tem a cara de pau de sorrir da minha reação e meu rosto fica vermelho imediatamente pelo que dou outro tapa na sua barriga sarada.
— Você me paga, babaca.
— Quantas vezes você quiser, linda. -Ao escutar sua última palavra, não consigo evitar sorrir.
É claro que ele já me disse que era linda várias vezes quando éramos apenas amigos, mas agora é diferente, como se o sentido da palavra não fosse o mesmo.
É oficial: estou ficando maluca.
Pelo visto vou levar tempo para me acostumar com essa proximidade entre nós dois, pois não faço ideia do que responder ou de como agir diante das suas investidas nada sutis.
— Nos vemos depois então. -Começo a me afastar e não chego a dar nem dois passos antes de que seus dedos circulem meus pulsos me fazendo parar.
— Não vai me dar um beijo de despedida? -Pergunta com uma expressão de cachorrinho arrependido e me controlo para não cair na risada.
Chego bem perto dele, meus lábios a apenas alguns centímetros dos seus, provocando-o assim como ele fez comigo minutos atrás.
— Acho que já nos beijamos bastante por hoje. -Respondo baixinho me deliciando com o fogo estampado no seu rosto. — Te mando uma mensagem quando estiver livre. -Completo agora sorrindo abertamente com sua reação indignada que dura apenas alguns segundos até que ele entende o que estou fazendo e entra na brincadeira.
— Estarei esperando ansioso por isso.
NOTA DO AUTOR
Helloooo amores da minha vida, como estão nessa segunda maravilhosa?
O capítulo hoje saiu cedo né? Mas nao se acostumem não, viu? kkkkkk
Eu disse que a parte fofa ia ser curta, mas Benjamin meio que tomou
o controle da história, então vcs ainda terão mais cenas soft como essas pq
eu não sou nem dona mais da minha vida, o que dirá da minha história hahaha
É isso, tenham uma ótima semana, não se esqueçam de votar e comentar,
Amo vcs 🥰
Bjinhosssss BF 💜💜💜
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