14 - Descobertas II

Meus dedos apertam tão forte a pia do banheiro de Violet, que as articulações ficam brancas com o esforço.
O que estava passando pela minha cabeça? Não deveria ter dormido no seu sofá, e muito menos tê-la visto vestida apenas com aquela maldita blusa transparente e uma calcinha minúscula.
A imagem do seu corpo perfeito não sai da minha cabeça, mas o que mais me surpreendeu, foi a enorme cicatriz na sua perna.

Isso explica o fato dela mancar ao caminhar.

Lavo o rosto rapidamente, escovo os dentes com uma das escovas que ela me indicou e dou a descarga depois de mijar.

Entro no seu quarto outra vez e aproveito para observar melhor o lugar onde ela dorme.

Como era de se esperar, tudo está tão organizado que provavelmente ela saberia se eu tirasse até uma agulha do lugar.

Passo os dedos pelos porta-retratos com fotos dela com os pais, os tios e até mesmo os primos, lembrando que em algum momento da sua vida, eu também fui parte da sua família.

Depois de olhar cada centímetro, chego à conclusão de que a única coisa bagunçada é a sua cama. Os lençóis estão jogados para todos os lados e acho a calça que vestia na noite anterior perdida entre os travesseiros, assim como um urso roxo.

— Não acredito nisso... -Suspiro pegando o brinquedo de pelúcia e imediatamente mais e mais lembranças me invadem como tiros de metralhadora.

Aliso o tecido macio com nostalgia e meu corpo inteiro se arrepia ao ler a simples frase em uma etiqueta desgastada.


Um sorriso se forma preguiçosamente no meu rosto.

Talvez isso seja um sinal de que eu ainda tenha alguma chance de consertar tudo e de que ela ainda queira ser pelo menos minha amiga.
Seguro o urso nas mãos e caminho com calma de volta até a sala, onde encontro Violet concentrada no que parece ser o seu café da manhã.

— Pensei que tinha ido junto com a descarga, já estava ligando para os bombeiros. -Diz com a sobrancelha levantada, dando a volta pelo balcão ao perceber minha presença.

Nego com a cabeça sem dizer nada e seus olhos pousam no objeto preso entre meus dedos.

— Droga, Benjamin, se eu soubesse que iria fuçar nas minhas coisas, não teria deixado você usar o banheiro. -Reclama irritada ao mesmo tempo em que tenta tirá-lo de mim.

— Sabe, eu tinha tanto ciúme desse ursinho. -Sussurro levantando-o sobre a sua cabeça, impedindo-a de alcançá-lo.
Violet praticamente tenta escalar meu corpo em busca do brinquedo, no entanto, apesar dela ser alta, eu sou pelo menos uns dez centímetros maior.

— Qual é, garoto, me devolve o urso e ninguém sairá ferido. -Ameaça com o cenho franzido.

Ainda não. -Seguro seu braço e aperto seu corpo contra o meu com a intenção de parar suas investidas, mas acabo tendo que respirar fundo ao senti-la tão perto de mim. — Por que você nunca me deixou chegar perto dele? -Indago curioso.

— Sei lá, Benjamin. É apenas um urso. -Sua voz está bem mais suave do que eu jamais imaginei, isso significa apenas uma coisa: Violet Cross está prestes a explodir. Porém não me importo, se eu comecei, vou chegar até o final.

— Já cheguei a pensar que quando eu não estava por perto, ele se transformava em um belo de cabelos roxos e assumia meu lugar como seu melhor amigo. -Continuo e sua risada escancarada me tira de órbita por alguns segundos.

Senti tanta falta desse som.

— Você é maluco mesmo.

— Pode até ser. -Brinco. — É engraçado como todas as vezes que eu aparecia, você o escondia em algum lugar como se estivesse com medo de que eu descobrisse algo ou alguém. -Provoco e ela ri ainda mais. — Mas agora eu entendi tudo. Você não queria que eu soubesse que deu o meu nome para o seu amigo felpudo. -Concluo ainda com aquele enorme sorriso nos lábios.

— Eu tinha cinco anos e você era o meu único amigo, Benjamin. -Violet explica com a voz trêmula. — Além do mais, que diferença isso faz? Ao que tudo indica, colocar o seu nome nele não serviu de nada. -Deduz aborrecida sem se afastar.

— Serviu sim, Vi.

— É mesmo? Para que?

— Para me mostrar que por mais que não queira admitir, você não me odeia. -Murmuro inspirando profundamente.

A garota não diz nada, claramente surpreendida com tudo o que acaba de escutar.

Suas mãos descansam no meu peitoral, como se quisesse me empurrar para longe, porém ela não faz um movimento sequer.

Abaixo o braço lentamente, colocando o seu ursinho no balcão atrás de nós.

Levo os dedos até a sua bochecha e aliso a pele suave cheia de sardas.

Acabo lembrando das vezes em que ficávamos até tarde na varanda do seu apartamento, conversando sobre tantas coisas e eu tirava proveito de cada segundo para apreciar suas pequenas manchinhas avermelhadas no nariz e bochechas.

— Meu Deus, é incrível como a cada dia você fica mais linda. -Sussurro a somente alguns centímetros de distância dos seus lábios.

— O-o que? -Gagueja sem desviar o olhar dos meus.

O que, o que?

— Não se faça de idiota, Benjamin. O que acabou de dizer?

Sorrio lentamente. Sequer tinha percebido que disse algo em voz alta.

— Disse que você é linda. -Confirmo com seriedade.

Ela engole seco várias vezes e sua respiração fica acelerada em questão de segundos.

Todo o dia anterior se reproduz na minha mente e me pego lembrando de como estávamos tão próximos como agora, antes da sua amiga aparecer.

— Até onde você teria chegado ontem, se Brenda não tivesse nos interrompido? -Questiono apreensivo.

Suas pálpebras sobem e descem lentamente, me presenteando com uma imagem perfeita.

— D-do que está falando? -A voz rouca denuncia que ela sabe muito bem a que estou me referindo, mas mesmo assim decido voltar a explicar.

— Ontem, quando estávamos sozinhos. Nossos corpos estavam tão próximos quanto agora e estávamos a ponto de... -engulo seco antes de continuar — até onde teria ido? -Insisto atento a qualquer indício de que ela queria me beijar tanto quanto eu queria beijá-la.

— E-eu não sei, Benjamin. -Sussurra nervosa passando a língua pelos lábios.

— Vamos, Vi, por favor. -Encosto a testa na sua, me preparando mentalmente para mais uma rejeição e me surpreendendo com sua reação completamente contrária.

Nossa respiração se une em uma só e seus dedos apertam a gola da minha blusa me atraindo para si em um movimento involuntário.

Seguro seu rosto com ambas mãos e olho profundamente nos seus olhos tentando achar qualquer sinal de que não devo continuar. E confesso que fico bastante feliz ao não encontrar nada.

Nesse momento, decido me arriscar e sem lhe dar chance de voltar atrás, colo meus lábios nos seus, sentindo todo o meu interior explodindo instantaneamente.

Todos os meus sentidos estão aguçados e quando ela corresponde ao beijo, é como se tudo ao nosso redor desaparecesse e só restasse nós dois.

Sua língua se enrosca na minha em uma dança sensual e meu corpo inteiro treme de desejo ao finalmente descobrir o seu delicioso sabor.

Seus dedos prendem ainda mais o tecido da minha roupa e só faltam rasgá-lo em pedaços na medida que nosso contato se intensifica.

Levanto-a sem medo e coloco-a em cima do balcão, apertando sua pele com cuidado, me deliciando com a sensação de tê-la nos meus braços.

Não consigo nem chegar a descrever como é mágico esse momento que esperei durante tanto tempo.

Beijo-a com vigor, aproveitando cada pedaço de atenção que ela me dá sem me xingar ou me mandar à merda.

Como gostaria de congelar esse instante para sempre.

Deslizo os dedos pela sua coxa, subindo até a barra da bermuda e descendo lentamente, provocando-a deliberadamente.

Seus gemidos baixinhos são como fogo e eu estou feito de pólvora, pronto para explodir a qualquer instante.

Depois de tocar uma perna, faço o mesmo com a outra, até chegar na sua cicatriz.

Aperto a pele irregular e mordo seu lábio inferior esperando que ela entenda a mensagem que quero passar.

Violet é linda, não importa quantas cicatrizes ela tenha.

Mesmo estando tão próximos, ainda não é o suficiente. Beijo seu pescoço fazendo toda a sua pele se arrepiar, voltando para os seus lábios rapidamente.

É como se eles tivessem algum tipo de elixir que me deixou viciado e agora simplesmente não consigo mais parar de beijá-la.

Estou duro como pedra e preciso me controlar para não assustá-la. Sei que Violet jamais dormiu com ninguém, afinal de contas, contávamos tudo um para o outro. Claro que eu nunca lhe disse nada sobre as garotas que transava, até porque não queria que ela pensasse que sou um maldito galinha.

Suas mãos exploram meu peitoral e sobressalto ao sentir seu toque tímido.

Meu coração galopa dentro do peito e me separo dela apenas para respirar.

Encosto novamente minha testa na sua, ambos tão ofegantes como se acabássemos de correr uma maratona.

Me afasto minimamente para ver seus olhos e ela faz o mesmo, me observando enigmática.

Seu olhar muda de excitado a tempestuoso em questão de segundos e nesse instante sei que a tormenta está apenas começando.

— Por favor, vá embora. -Pede em um soluço.

— Violet, me desculpe e-eu...

— Vá embora, Benjamin. -Insiste com firmeza e só me resta obedecer.

Pego meu celular esquecido na mesa de centro da sala, olhando uma última vez para ela, que desvia o olhar do meu.

Meu coração pesa dentro do peito a cada passo que dou para fora do seu apartamento.

Que merda eu acabei de fazer?

NOTA DO AUTOR

kkkkkk okay, eu disse que não ia postar  a segunda parte hoje,
mas eu simplesmente não aguentei.
Mel dels, que beijo foi esse Brasil???? 
Alguém traz o tanque de oxigênio pq eu fiquei sem ar!!!
Agora sim que Violet fica doidinha msm kkkkkk 

Não se esqueçam de votar e comentar, 
Amo vcs 😍

Bjinhossssss BF 💜💜💜

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