11 - BÔNUS


Procuro algo para beber e tentar calar essas vozes na minha cabeça que insistem em dizer que eu não sou boa o suficiente para nada.

Já perdi a conta de quantos drinks enfiei goela abaixo e sinto minha língua dormente.
De todas formas, até que é bom não sentir nada nem que seja por algumas horas.

Caminho a duras penas até a cozinha onde um garoto faz o papel de barman improvisado. Aponto para a cerveja que bebi durante a noite toda e ele me passa mais uma garrafa com a sobrancelha levantada.

Isso mesmo, idiota, eu vou beber hoje até esqeucer o meu próprio nome.

Tropeço pela sala lotada de pessoas que sequer conheço e abro um enorme sorriso ao avistar Benjamin acompanhado dos seus dois escudeiros.

— Mas olha só quem temos aqui, os três mosqueteiros! -Brinco e eles me dedicam um sorriso, cada um com um teor diferente.

— Como está, Brenda? Pensei que viria com Violet. -É Benjamin quem começa e meus lábios se curvam sabendo muito bem que ele quer tanto ver ela, quanto ela quer vê-lo.

— Sabe, eu acabei de deixá-la no jardim. Acho que ela está sozinha... -Sequer termino a frase e o garoto já está caminhando em direção à porta para encontrar sua amiga.

Beck e Matt conversam entre si e me limito a observar o movimento por alguns minutos, até que eventualmente acabo ficando entediada.

— Então, Matteo, o que o traz por essas bandas? Pensei que não gostasse de festas como essas... -Provoco o garoto sabendo que ele tem pavio curto.

— Vim só para acompanhar o Benjamin, apesar de não ser da sua conta. -Diz ácido e solto uma gargalhada.

— Uau, então o gatinho veio com as garras postas. Gosto disso. -Passo o dedo pelo seu peitoral, sendo impedida de continuar rapidamente.
Ele aperta minha mão antes de soltá-la e franzo o cenho confundida.

— Se toca, Brenda. Eu jamais ficaria com uma garota como você. -As palavras me acertam em cheio e meus olhos se enchem de lágrimas imediatamente.

— E quem disse que eu quero ficar com você, seu idiota? -Grito ficando ainda mais irritada ao ver o sorriso prepotente no seu rosto.

— Todas querem, querida. E você não seria uma exceção.

— Vá se foder, Matt. -Resmungo me virando e escapo dos dois, antes que minhas lágrimas caiam descontroladas.

Subo pelas escadas e acabo em um quarto desconhecido, me jogando na cama sem nem me importar que o dono possa talvez ficar bravo comigo.

Quem esse garoto pensa que é?

Não entendo como Benjamin e até mesmo Beck possam ser amigos de uma pessoa tão insensível e arrogante como Matt.

Tento não levar a sério as palavras ferinas do idiota, só que elas se enraízam no meu subconsciente, envenenando todo o meu corpo e me fazendo pensar que talvez ele tenha razão.

Eu jamais vou ser suficientemente interessante, bonita ou sexy ao ponto de que alguém realmente se interesse por mim.

Vou acabar virando a louca dos gatos desse jeito. -Murmuro para mim mesma.

Uma risadinha rouca chama a minha atenção e meus batimentos cardíacos aceleram com o susto.

Beck fecha a porta atrás de si depois de entrar no quarto e me sento na cama, encostando na cabeceira.

— Veio me humilhar também? Porque se for isso, saiba que eu já tive o suficiente por hoje. -Resmungo e ele ri outra vez.

O colchão afunda com o seu peso quando ele se senta do meu lado cruzando as pernas e levando os braços até a nuca, completamente confortável.

— Eu vim ver se você estava bem, Brenda. -Explica depois de longos minutos.

— Estou ótima.

— É mesmo? -Suas sobrancelhas se levantam ao me olhar divertido e solto um suspiro irritada.

— Claro que não! Esse seu amigo é um babaca. -Puxo um fio solto do edredom e dou um pulo ao sentir os dedos do garoto sobre os meus.

— Não leve a sério o que Matt diz. Às vezes nem eu o suporto. -Confessa e sorrio aliviada.

Pelo menos Beck aparentemente não é como ele.

O garoto parece realmente preocupado comigo.

Só consigo ver sinceridade no seus olhos e como se estivesse hipnotizada pelas íris castanhas, minha boca se abre e eu começo a falar coisas que jamais pensei dizer para um garoto que mal conheço.

— Sabe, eu estava aqui pensando que pode ser que ele esteja certo. Sempre quando gosto de alguém, acabo me ferrando. Eles nunca me dão bola, foi assim com Kevin, Patrick, Miguel e agora Jonah. Eu jogo tanta indireta para ele, mas parece que o garoto é cego! Só falta eu tirar a roupa na sua frente e mesmo assim é capaz dele ainda dizer que só quer ser meu amigo e... -Paro de falar o notar um sorrisinho nos lábios do moreno. — Poxa Beck, eu aqui me abrindo e você caindo na risada, qual é a graça heim? -Pergunto ofendida.

— Não estou rindo de você, linda. Estou rindo dessa sua ideia absurda. E só para que saiba, Jonah é gay. -Dá de ombros e arregalo meus olhos com o esclarecimento.

— Jonah? Gay? Não acredito nisso.

— Pois acredite, ele é.

— Como pode ter tanta certeza? -Insisto sem querer acreditar no que ele está dizendo.

— Porque eu já fiquei com ele, Brenda. Várias vezes. -Confessa e me levanto tão rápido que sinto minha cabeça rodar por alguns segundos.

— Okay, essa noite está ficando cada vez melhor. -Caminho pelo quarto como um animal enjaulado e Beck me observa sem dizer uma só palavra, esperando que eu assimile o que ele acaba de dizer.

Se Beck e Jonah ficaram, então significa que ele também é...

— Que seja. -Volto a deitar na cama ao seu lado e ele puxa meu corpo para perto de si, de uma forma que ficamos frente a frente. — Posso te perguntar algo? -Digo nervosa e ele balança a cabeça positivamente.

— Você me acha bonita? -Engulo seco sentindo minha garganta arranhando. Seria ótimo ter uma bebida para me tranquilizar.

Outra risada desliza pela sua boca, mas dessa vez noto algo diferente. Um tom incrédulo, como se ele realmente estivesse surpreso com a pergunta.

— Brenda, você é linda. Não só fisicamente. Você é amável, simpática e esse corpo, Deus... se não estivesse algo bêbada, provavelmente estaríamos transando nesse exato momento. -Seus dedos acariciam meu rosto suavemente e meu coração chega a errar uma batida com suas palavras sinceras.

— M-mas eu pensei que você também fosse gay. -Engasgo.

— Que eu tenha ficado com Jonah não significa que eu seja gay. -Sussurra contra meus lábios.

— Então você é bi.

— Exatamente.

Não sei o que dizer. Estou levemente aturdida, mas ao mesmo tempo bastante curiosa.

Ficamos em silêncio por um longo tempo, cada um no seu mundo, mas sem desviar nossos olhares e muito menos afastar nossos corpos.

Aproveito para observar cada detalhe do seu rosto moreno.

Ele é muito bonito. Os lábios carnudos, os olhos castanhos, as sobrancelhas grossas, até mesmo o nariz desproporcional.

Toco os brincos que enfeitam suas orelhas e passo a mão pela sua barba aparada.

— Beck?

— Humm? -Ele ronrona desfrutando o carinho repentino.

— Eu não estou tão bêbada, só para você saber. -A brincadeira sai com uma enorme parcela de verdade e seus lábios se abrem em um enorme sorriso revelando os dentes brancos.

Hoje não vamos transar, B.

— Por quê? -Indago fazendo um brinquinho e ele leva o dedão até minha boca.

Passo a língua na sua pele, lambendo o dedo de uma maneira sensual e sua garganta sobe e desce com o movimento.

Ele então se aproxima ainda mais de mim me fazendo sentir o seu hálito quente quando ele fala.

— Porque quando isso acontecer, você vai querer estar completamente sóbria, pois vou fazer você gozar tanto que vai ficar exausta. -Promete mordendo de leve meus lábios.

Ele começa a se afastar, no entanto, uma vez que provei minimamente o seu sabor, não penso deixar por isso mesmo.

Levo a mão até sua nuca e diminuo a distância entre os dois, beijando-o sem pudor.

Ele me vira de costas na cama e sobe em cima de mim, aprofundando o beijo ao mesmo tempo em que suas mãos percorrem toda a minha pele, ateando fogo por onde passam.

Consigo sentir sua ereção pulsante bem próximo da minha própria área latejante.

Droga de garoto com princípios.

Gemidos sôfregos escapam de nós dois conforme o clima esquenta e sinto que se continuarmos assim, nem mesmo os bombeiros vão ser capazes de apagar esse incêndio.

Para a minha infelicidade, ele rompe nosso contato quando percebe que estamos no limite e se deita do meu lado outra vez, me abraçando por trás.

— Você é malvado, Beck. -Reclamo brava.

— Eu sei, B. -Esfrega seu nariz no meu pescoço e suspiro excitada.

— Obrigada... -Aperto seus dedos que descansam na minha barriga.

— Pelo quê exatamente?

— Por elevar minha autoestima.

Escuto um suspiro pesado detrás de mim e sou virada de repente, ficando de frente para novamente.

— Jamais deixe que idiotas como Matt te coloquem para baixo, Brenda. É sério. Você não faz ideia do quão atraente é e como praticamente chama a atenção por onde passa. -Recebo outro beijo, dessa vez mais rápido do que gostaria.

— Eu não vou. Não mais. -Dou de ombros.

Seu sorriso satisfeito se espelha em mim mesma e por fim entendo que ele quer dizer.

Passamos mais alguns minutos conversando sobre Jonah, o fato dele ser bisexual e aproveito para perguntar várias coisas que me deixavam curiosa. Ele responde tudo com paciência e cuidado.

Em certo ponto, lembro de algo muito importante.

— O Benjamin sabe que Jonah é gay?

— Acho que não, Jonah é bem discreto quanto a isso... além do mais, ele morre de ciúmes quando o vê com a Violet. -Sorri com malícia.

— Então você também percebeu? Eu sabia! Aqueles dois só faltam pular um em cima do outro, mas são tão teimosos que não admitem que estão loucos de vontade de se pegar. -Grito estapeando seu peitoral animada. — Merda! Me esqueci da Violet, ela vai me matar! -Pulo da cama quase caindo ao experimentar uma tontura pelo movimento súbito.

Procuro minha bolsa e pego o celular rapidamente para ver que horas são.

— Merda! -Praguejo. — Ficamos mais de uma hora aqui dentro. Minha amiga deve estar furiosa comigo. Me desculpe, Beck, mas tenho que ir. -Começo a juntar minhas coisas para correr até o andar de baixo e acabo sendo impedida pelo garoto que não para de sorrir um segundo sequer.

— Benjamin deve estar com ela, não precisa se preocupar. Ele só veio porque ficou sabendo que vocês também viriam... -Admite, mas mesmo assim não consigo me acalmar.

— Você pode ligar para ele e ver se está tudo bem, então? Por favor. -Peço envergonhada e ele balança a cabeça retirando o celular do bolso e batendo o dedo na tela várias vezes, enviando uma mensagem em vez de ligar como pedi.

Me sento na cama mordendo a unha na espera de alguma resposta da sua parte, sem querer exigir mais do que posso.

Depois de um tempo ele se senta ao meu lado e mostra a tela para que eu leia.

Nas mensagens, ele pergunta se está tudo bem com Violet e o que aconteceu, então Benjamin responde que ela já está em casa e ele fez questão de levá-la e que era para o amigo me dar uma carona para minha própria casa.

— Okay. -Suspiro aliviada. — Você vai mesmo me dar uma carona? -Sussurro curiosa. — Não precisa se preocupar, posso pedir um táxi, assim você aproveita a festa. -Concluo em um murmuro.

Seus dedos seguram meu queixo virando meu rosto na sua direção, me olhando sério.

— Eu também não estava a fim de vir, B. Vamos, vou te levar.

Nos levantamos e descemos de mãos dadas até o seu carro sem nos importarmos com o que vão pensar.

Digo meu endereço e ele vai seguindo minhas indicações até que chegamos na frente da minha casa.

Beck desliga o carro, retira o cinto e desce indo até a minha porta, abrindo-a em seguida.

Seguro sua mão e ele me ajuda a descer, me encostando na porta e me prendendo com os braços musculosos.

Ainda bem que estamos em uma parte meio escura de modo que seria necessário se aproximar bastante para que consigam nos ver.

— Gostei de passar tempo com você, B. -Ele sussurra beijando o meu pescoço.

— E-eu também, pode acreditar. -Gaguejo espalmando seu abdômen musculoso.

— O que acha de ver um filme comigo qualquer dia desses?

Por um breve instante sinto que vou acabar derretendo bem aqui na sua frente e preciso me controlar para não gritar.

— O-okay. Eu gostaria sim... quero dizer, tudo bem. -Ele ri contra a minha pele ardente.

— Ótimo. Só me diga quando e venho te buscar. Aqui -ele me passa seu celular — anote seu número para que eu te ligue. -Explica e faço o que ele pede com os dedos tremendo.

Salvo meu contato no seu telefone e ligo para mim mesma, para anotar o seu número.

— Muito bem, estou ansioso para o filme. -Pisca um olho e eu sorrio finalmente entendendo o que ele quer dizer.

Foco Brenda! Ele está dando em cima de você descaradamente.

Aproximo meus lábios da sua orelha e passo a língua no seu lóbulo, lambendo e soprando, fazendo seu corpo inteiro se arrepiar.

— Mal posso esperar... -Deslizo as mãos na suas costas até chegar na sua bunda durinha e dou um apertão prometendo um encontro inesquecível sem dizer uma só palavra.

Nos beijamos por última vez e ele me acompanha até a porta, esperando que eu esteja do lado de dentro e em segurança para então ir embora.

Vou direto para o meu quarto com um enorme sorriso no rosto.

Como uma noite que começou tão mal, acabou dessa maneira?

Definitivamente preciso contar tudo para Violet, ou vou acabar ficando maluca.

Eu fiquei com Beck. E ele quer repetir a dose.

Ainda não assimilo o que acabou de acontecer. Pego no sono sem deixar de pensar nos lábios do garoto, com medo de acordar e tudo não ter passado de um sonho. 

NOTA DO AUTOR

Bom, tecnicamente já é quarta, não é mesmo? Kkkkk
Eu disse que chegava rápido 🤭
Resolvi fazer esse pequeno bônus pra esclarecer alguns pontos que talvez fiquem sem sentido e TB pra que vcs conheçam um pouquinho mais do Beck e Brenda ❤️
O que acharam da revelação de  Beck? 🤭🤭🤭
Espero que tenham gostado,
Não se esqueçam de votar e comentar heim?

Amo vcs 🥰
Bjinhosss BF 💜💜💜

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top