04 - Promessas
— Vi por favor, me desculpe okay? -Aperto os olhos e puxo uma respiração tão profunda quanto o vazio que sinto nesse exato instante.
— Você teve um ano, Benjamin. Um maldito ano inteiro para me procurar. -Me aproximo outra vez do seu corpo e ela dá alguns passos para trás estendendo o braço em um sinal claro para que eu mantenha distância. — Se você acha que depois de tudo o que fez, um simples pedido de desculpas é o suficiente, está muito enganado. -Continua cruzando os dois braços e balanço a cabeça entendendo perfeitamente o que ela quer dizer.
— E-eu sei... e eu não te deixei porque quis, tive meus motivos e se você apenas me deixar te explicar, garanto que...
— Não quero nenhuma explicação sua. Você teve milhares de chances para dizer o que estava acontecendo. Eu me cansei de te ligar, de enviar mensagens, mas o que você fez? Me ignorou como se eu jamais tivesse existido para você. Eu não sou idiota, Saito. Não pense que magicamente voltaremos a ser amigos, porque não vai ser assim. -Seus olhos se enchem de lágrimas e minha vontade é de pedir para algum cara do time de futebol me arrebentar na porrada por fazê-la sofrer desse jeito. Eu conheço Violet Cross tão bem e isso me dá medo, pois sei que ela não vai dar o braço a torcer. O orgulho é sua marca registrada e nesse caso ela tem todas as razões do mundo para ficar brava comigo.
— Eu juro que não foi minha intenção desaparecer desse jeito. -Engulo seco ao ver suas sobrancelhas se levantando incrédulas. — É sério, Vi. Muitas coisas aconteceram na minha vida ao mesmo tempo que o... -Olho para sua coxa e ela abraça a mochila como uma tábua de salvação.
Violet é uma garota tão linda e apesar de não ser muito vaidosa, sei que as sequelas deixadas pelo acidente a afetaram bastante. Eu a observei várias vezes e percebi que ela se cansa rápido e manca de uma maneira sutil, porém constante.
— Não ouse olhar para mim desse jeito. Não preciso da sua compaixão. -Percebo que estou encarando sua perna sem querer e volto a olhar para o seu rosto que agora ostenta uma expressão furiosa.
— E-eu não...
— Escuta aqui, Benjamin, eu já estou exausta de te odiar. E de me odiar ainda mais por deixar que tudo o que aconteceu ainda tenha um efeito sobre mim. Você quer ser meu tutor? Ótimo, mas como já te disse, não vou facilitar as coisas para você.
Cada palavra que ela diz me golpeia e dobro meu corpo como se estivesse levando um soco na boca do estômago. Agora são meus olhos os que se enchem de lágrimas desesperadas.
Ela me odeia?
Não sei se vou conseguir lidar com isso.
Em um ato de insensatez, puxo seu corpo rapidamente e ela colide contra mim. Aprisiono-a entre os meus braços, contudo ela não reage, não faz absolutamente nada.
Isso me assusta mais ainda. A antiga Violet estaria se debatendo para se livrar do meu aperto. No entanto, seus braços estão inertes ao lado do seu corpo e sua respiração acelerada é o único indício de que ela de fato está sentindo algo.
— Por favor, me dê uma chance, é o único que eu te peço. Você é minha melhor amiga, Violet. Eu... sinto sua falta. -Ressopro me engasgando com minhas próprias palavras como se elas estivessem com tanta pressa por sair que formam uma enorme bola na minha garganta.
— Você me magoou, Benjamin e não sei se algum dia vou conseguir te perdoar. -Revela contra o meu peitoral com a voz embargada. — O meu coração foi partido em mil pedaços quando meu melhor amigo resolveu fingir que eu nunca existi. -Conclui e meu corpo inteiro se arrepia de vergonha, temor e obstinação ao mesmo tempo.
Eu não posso me permitir perdê-la. Não outra vez.
— Me deixe provar que posso merecer o seu perdão. -Levo ambas mãos até o seu rosto e alço-o suavemente ao mesmo tempo em que olho profundamente nos seus olhos.
— Vou juntar cada pedaço quebrado do seu coração até ele ficar inteiro outra vez. Eu prometo. -Declaro ao tempo em que ela faz um movimento negativo com a cabeça.
— Faça o que quiser, mas saiba que minhas expectativas estão no chão. Não espero mais nada de você. -A afirmação me pega em cheio. Eu mereço isso.
Talvez mereça até algo pior, só que sei que Violet não seria capaz de ser malvada nem se ela quisesse. Ela sempre foi dura e algumas vezes bruta, mas jamais tratou um ser vivo com crueldade.
— Prometo que vou mudar a concepção que você tem sobre mim. -Beijo sua testa em um movimento involuntário e sinto-a soltar uma respiração nervosa antes de finalmente se afastar com passos desajeitados até a mesa onde seu material está jogado de qualquer jeito.
— Estou indo embora, te vejo amanhã aqui na mesma hora. Não me envie nenhuma mensagem ou me ligue para falar de assuntos que não sejam sobre a tutoria. -Grunhe por cima do ombro enquanto coloca tudo dentro da mochila.
Balanço a cabeça e observo-a passar pela porta até desaparecer do meu campo de visão.
Esfrego o rosto cansado e me jogo em uma das poltronas praguejando baixinho.
Eu fui um grande idiota.
Violet definitivamente não merece ter um babaca como eu como amigo e para falar a verdade eu até vou entender se ela não quiser voltar a me ver nem pintado de ouro.
— Cara, você está ferrado... -Uma voz que conheço muito bem ressoa dentro do salão que eu pensava estar vazio.
— Por quanto tempo esteve se escondendo e escutando minha conversa, Beck? -Grunho nervoso.
Meu amigo sai do seu esconderijo e se senta ao meu lado. Seus lábios se curvam em um sorriso perspicaz.
— Por tempo suficiente, Benjamin. Por tempo suficiente. -Murmura pensativo. — Cada dia eu gosto mais dessa Violet. Você vai ter que suar muito para conseguir sua garota de volta.
— Ela não é minha... -Beck me esquadrinha com a sobrancelha levantada. — Quer saber, eu tenho coisas mais importantes pra fazer, até mais otário. -Saio da biblioteca ao som das suas gargalhadas convencidas.
Se tem uma coisa que me irrita no meu amigo, é o fato dele ser tão inteligente e sensível ao mesmo tempo.
Porque Beck é do tipo misterioso, mas leal aos seus princípios e basicamente um cavalheiro nos dias atuais e confesso que essa é uma das razões pelas quais nos damos tão bem. Isso e o fato de que me divirto vendo como ele e Matt só faltam sair no soco por qualquer bobagem.
Caminho com a cabeça a mil pelo campus e tento não pensar no que vai acontecer entre eu e Violet.
Por muito tempo fomos apenas eu e ela. Conforme eu fui crescendo e vendo sua família completa e comparando com a minha, onde só havia uma mãe presente, comecei a fazer cada vez mais perguntas e a pensar que talvez meu pai não me amava o suficiente como para se importar comigo ou que eu não nasci para ser amado.
Meu pai jamais me procurou e apesar de mamãe nunca falar mal dele ou me dar mais detalhes sobre quem ele era, eu sempre me senti excluído, jogado para escanteio.
E quando Violet soube disso, fez questão de reunir seus pais e minha mãe em uma espécie de intervenção para provar que eu era sim amado e seu pai sempre deixou claro que ele me considerava como um filho.
Eles são como minha segunda família e no momento me sinto tão envergonhado por lhes faltar o respeito dessa forma. Isso foi um dos motivos de eu não ter aparecido depois de um tempo. Só de pensar no olhar desapontado que receberia de Ayden Cross, meu corpo estremece. Ele é super protetor com a filha e não duvido nada que queira arrancar minhas bolas e colocá-las em um quadro na sua sala.
E se eu tiver a sorte de sair vivo, tenho certeza que o seu tio acaba com o que sobrar de mim.
Deus, como sinto falta deles.
— Mãe, cheguei. -Jogo a mochila no sofá de qualquer jeito.
Vou até a cozinha e bebo pelo menos uns três copos de água antes de perceber que o lugar está estranhamente silencioso.
Há sempre algum tipo de música tocando pelos auto-falantes do apartamento, não importa a hora.
Mamãe diz que isso espanta as más vibrações e atrai espíritos bons.
Quando eu era criança, morria de medo dessas coisas, mas com o tempo acabei me acostumando com as peculiaridades de Lucy Saito.
Faço um sanduíche de qualquer jeito e coloco-o em uma bandeja junto com um copo de suco de laranja. Hoje me deu vontade de comer na sacada, como nos velhos tempos.
— Mãe? -Tento outra vez e no momento em que chego na sala, dou de cara com uma pessoa que não via há alguns meses.
— Olá filho, como está?
NOTA DO AUTOR
Oláaaa lindos da minha vida!
Aqui estamos com mais um capítulo de PA pra vcs surtarem um
pouqinho kkkkkk
Não se esqueçam de votar e comentar heim?
Amo vcs 🥰
Bjinhossssssssss BF 💜💜💜
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