01 - Olá de novo

É sério cara, aquela garota tinha os maiores peitos que já vi na minha vida! -Matt faz um sinal com as duas mãos para ilustrar o que acaba de dizer. — Eu literalmente poderia dormir naquelas duas almofadas até o ano que vem. Pena que a Helen é muito pegajosa... -Continua contemplativo.

Beck revira os olhos com impaciência. Eles dois se toleram apenas por minha causa.

É incrível como são polos completamente opostos, mas que fazem o possível para não sair no soco na primeira oportunidade, só pelo fato que ambos tem um amigo em comum: eu.

— Você é nojento, Matt. -O moreno de olhos castanhos não demora muito para se pronunciar.

Por um lado temos Matt que é um galinha assumido e não tem a menor vergonha da fama que carrega desde que chegou nesta universidade. Por outro lado, Beck, um cara completamente focado na carreira que escolheu estudar e que leva bem a sério cada garota com quem sai. Não que ele seja daqueles tipos que só transa depois de várias saídas, mas pelo menos ele respeita os seus esquemas o suficiente como para não sair contando coisas íntimas sobre elas para os seus amigos.

— Qual é Beck, você já viu aqueles air-bags? Eles literalmente poderiam salvar uma vida. -O loiro provoca sabendo que a paciência do outro é extremamente curta.

Vejo de soslaio que Beck fecha os punhos e resolvo interferir para que os dois não acabem se arrebentando na porrada às oito da manhã de uma segunda feira malditamente quente para ser outono.

— Okay meninas, já chega. -Me coloco no meio dos dois e empurro delicadamente seus corpos para o lado.

— Gostaria de ver se você acharia legal algum idiota falando isso sobre sua irmã, ou sua mãe. -Beck resmunga e levo os dedos até o nariz, respirando profundamente.

— Ei, as mães são uma zona proibida, você sabe disso. -Matt praticamente rosna e cruzo os braços. Beck solta uma risadinha debochada negando com a cabeça e acabamos nos encostando no capô do meu jipe para observar a multidão de alunos novos chegando para o primeiro dia de aula. Alguns estão visivelmente nervosos, enquanto que outros parecem não dar a mínima, como se estivessem vindo apenas para cumprir com a obrigação imposta por seus pais e não correr o risco de perder a mesada.

Porque na faculdade George II, só estuda a elite. Filhos de caras mega ricos que entraram por influência dos parentes, ex-alunos ou cujos pais fizeram uma doação generosa para essa ilustre instituição de ensino.

E claro, algum que outro bolsista. Esses são fáceis de identificar, para falar a verdade. É como se em cima de cada aluno houvesse uma enorme flecha com os dizeres "ei, eu sou muito pobre para pagar pela mensalidade, mas por alguma razão, o universo resolveu me dar o benefício da dúvida para que eu prove o meu valor na sociedade". Okay, talvez eu esteja sendo insensível, mas infelizmente é assim que funciona aqui.

A elite não se mistura com a ralé e vice-versa.

Contudo, eu não dou a mínima para isso, até porque há alguns meses atrás eu também poderia ser considerado como parte da classe menos favorecida.

— E eu não tenho irmã, seu idiota, além do mais eu... -Matt continua depois de alguns segundos, mas para de falar com o olhar vidrado em algo, ou melhor dizendo, em alguém.

Uma aluna que acaba de chegar em uma enorme moto que facilmente poderia levar pelo menos umas três pessoas em cima.

A garota estaciona em um lugar qualquer, bem próximo de onde estamos e Matt, Beck e eu observamos a cena como se ela estivesse se desenvolvendo em câmera lenta.

Ela coloca o pedal no chão.

Ela desce da enorme moto.

Ela tira o capacete e uma imensa cabeleira ruiva se desenrola sobre suas costas por cima da jaqueta de couro preta.

Oh não.

É ela.

Violet caminha com a postura erguida pela calçada, seguindo o fluxo de alunos até a entrada da universidade.

Consigo notar que ela manca levemente, um movimento quase imperceptível se você não a conhece desde... Sempre.

Ela deve ter começado com isso depois do acidente.

Merda. Só de lembrar no idiota que eu fui, um gosto amargo sobe pela minha garganta e engulo a vontade de vomitar que me invade.

Meu coração balança desenfreado dentro do peito e meu corpo inteiro treme de nervoso. De todas as malditas universidades nessa cidade, ela resolve que quer estudar na mesma que eu.

O carma é uma vadia.

— Wow, eu definitivamente preciso saber se o tapete é da mesma cor da cortina. -Matt murmura esfregando as mãos uma na outra.

Nem fodendo.

— Não acho que seja uma ideia, Matteo. -Minha mandíbula está tão apertada enquanto falo, que começo a sentir uma dor perto do ouvido.

— Qual é, Benny, você já olhou para essa garota? -Ele aponta sem nem se preocupar em ser visto.

Eu já olhei. Incontáveis vezes.

— Só fique longe dela. -Peço nervoso e descubro segundos depois que ele praticamente não escutou nenhuma palavra que saiu da minha boca.

— Ainda bem que você não manda em mim, seu otário. -Recebo um tapinha no ombro e antes mesmo que possa impedi-lo, ele começa a caminhar em direção à garota que até alguns meses atrás era minha melhor amiga.

Aperto as pálpebras tentando me tranquilizar. Ver Violet depois de tanto tempo é como quando você fica anos sem comer a sua comida preferida e quando finalmente tem a oportunidade de fazê-lo, não sabe por onde começar.

Quero ir até lá, falar com ela e pedir... não, implorar que ela me perdoe por ter sido um idiota, porém eu não sou burro. Sei que a essa altura ela deve estar querendo minha cabeça como prêmio para pendurá-la na parede da sua sala.

Observo de longe como Matt coloca o braço no seu ombro, algo que eu costumava fazer com frequência e um ciúme repentino me faz querer arrebentar a fuça do meu amigo.

Ele diz algo e ela franze o cenho. Provavelmente uma cantada idiota que usa com suas ficantes e que surpreendentemente funcionam.

Se tem uma coisa que odeio em Matt, é o fato de que ele tem uma puta lábia e consegue entrar nas calças de praticamente qualquer garota disposta a aproveitar o corpo sarado e a ilusão de que ela poderia ser a nova namorada de um dos garotos mais ricos dessa merda de cidade.

Basicamente ele é do tipo que pega e não se apega ou qualquer uma dessas frases bestas que as pessoas usam para indicar que só querem trepar sem nenhum compromisso.

— Dez dólares a que ele não vai conseguir nada com ela. Essa garota parece ser osso duro de roer. -Beck diz do meu lado com um sorriso no rosto e solto uma respiração pesada.

— Não vou fazer uma aposta que sei que já está perdida. -Resmungo e meu outro amigo levanta uma sobrancelha juntando algumas peças do meu quebra cabeça bizarro.

— Um momento. -Ele começa a olhar para Violet e depois para mim várias vezes, como se não estivesse acreditando na sua capacidade de entendimento. — Então ela é a garota. -Sussurra de repente e confirmo com um movimento de cabeça.

— Sim...

— Agora entendo o motivo de você quase ter pulado em cima do babaca do Matt. Ela é... linda. -O moreno conclui e me pego balançando a cabeça sem nem titubear.

— Quero dizer, ela é bonita. E-eu a conheço da vida toda... não que eu tenha reparado nisso. -Gaguejo e Beck solta uma gargalhada sonora.

— Continue tentando se enganar, Benjamin, quem sabe talvez assim algum dia você acredite na sua própria ilusão.

Olho para Beck com uma carranca no rosto e pela segunda vez em menos de vinte minutos, recebo um tapinha no ombro, mas agora o motivo é completamente diferente.

Ele aponta para Violet e volto a observá-la percebendo que ela está ficando com o rosto vermelho, um sinal claro de que está perdendo a paciência.

Matt agora está um pouco afastado e com os braços cruzados enquanto olha para ela com irritação.

Oh não.

Devo fazer algo antes que eles comecem a discutir.

De repente meus pés estão se movendo por conta própria e em questão de segundos estou parado ao seu lado. Quando Violet percebe minha presença, sou atingido pelas milhares de adagas que ela lança com o olhar. Tenho certeza de que se ela tivesse algum tipo de super poder, eu já teria virado um enorme monte de cinzas agora.

— Acho que já deu, Matt. -Empurro seu corpo alguns centímetros e ele me nega com a cabeça bufando algo que nem faço questão de tentar entender.

— Ora ora, quem temos aqui. Benjamin maldito Saito. -Sua voz penetra meus tímpanos e é como se tivesse voltado alguns anos atrás, quando nossa vida girava em torno de beber até ficar com a língua dormente e rir de coisas sem sentido até cair no sono na carroceria da pick up da minha mãe.

— Olá Violet. Como você está? -Murmuro coçando a nuca envergonhado.

Meu amigo observa tudo tentando entender o que diabos está acontecendo e porque ele ainda não conseguiu seu número de telefone.

Porque tenho certeza que Violet não lhe deu bola. Ela sempre odiou esse tipo de abordagem.

— Não é da sua conta, babaca. -A resposta vem em um rosnado e Matt solta uma risadinha divertido com a situação. — E você, faça um favor a si mesmo e fique longe de mim. -Aponta para o loiro que fica sério de repente.

E assim ela se afasta deixando-nos sozinhos sob o olhar atento de uma plateia composta por alunos curiosos que em algum momento pararam de fazer o que quer que estavam fazendo, apenas para observar os dois garotos mais populares sendo rejeitados por uma novata ruiva com cara de quem seria capaz de arrancar nossas bolas com as mãos. 

NOTA DO AUTOR

Oláaaaaaa amores da minha vida! Como prometido, aqui está o capítulo 1 de PA
Não preciso dizer que as postagens são segunda, quarta e sexta né? kkk
Eai, o que acharam do nosso Benjamin gostosão? hahaha 
Não se esqueçam de votar e comentar, vou me despedir aqui pq está fazendo 2 graus e meus dedos estão congelandooooooooooo 

Nos vemos na quarta, e não se esqueçam:

Amo vcs, 🥰

Bjinhossssss BF 💜💜💜

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