❛ Na confusão dos meus sentimentos, eu vou fingindo que não tenho certeza de uma coisa: o quanto te quero. ❜

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- Desacelere. 

Jungkook diz com sua costumeira voz rouca. 

- Por que? 

- Está me perguntando por que porra nos quero vivos? 

Meu sorriso é cheio de escárnio enquanto olho para ele, sentindo os fios do meu cabelo chicoteando meu pescoço sobre o vento forte da janela aberta estando em movimento. Jungkook mantém suas olhadas furtivas entre a frente e minha mão no volante, como se eu fosse nos matar a qualquer momento ou arranhar alguma parte importante do seu carro. 

Eu aposto na segunda opção. 

- Você está com medo? - de repente senti meu coração pesar em meu peito pela suposição, talvez ele realmente tivesse algum receio em relação a alta velocidade. Mesmo que ele fosse um lunático pilotando uma moto enorme como aquela. - Está tudo bem Jungkook, eu sinto muito por isso, eu.. 

- Não, que merda Lalisa. - seus dedos massageiam levemente sua têmpora, como se estivesse conversando com uma criança sensível. - Eu não estou com medo, chocolate amargo.

- Tudo bem, eu vou desacelerar. 

Posso escutar seu grunhido baixo embora ele continue em silêncio, Jungkook é uma visão bonita para olhar neste ângulo. Ele aparenta estar alheio aos próprios pensamentos diante da paisagem verde que passamos, estou nos levando para minha casa onde pretendo descansar estoicamente depois do dia pesado que tivemos. 

Em uma noite eu tive um ataque de pânico, algo que nunca imaginei que desenvolveria. Então Jeon arrogante Jungkook me ajudou a passar por isso da forma mais amável possível. Me escutando, conversando comigo e deixando com que eu durma na sua perna. Eu não havia aberto uma parte lacrada do meu passado para ninguém mais além dele, naquela noite, isso de alguma forma causa uma estranha sensação de liberação. 

- O que aconteceu com seu irmão? 

Segurando um novo cigarro entre os dedos longos ele o levou para os lábios finos, o cheiro sufocante da fumaça não é capaz de me alcançar quando Jungkook está conduzindo ele para fora da janela. 

- Acidente de carro. - suas palavras fustigam minha pele, com uma grande lufada de ar escapando dos meus pulmões. 

- Sinto muito. 

- Eu sei. 

- Céus, estou me sentindo uma idiota. - minha risada sem graça faz meus dedos apertarem contra o couro deslizante, diminuindo cada vez mais a velocidade do carro. - Jungkook? 

- Hum. 

- Não quero mais dirigir. 

Inalando uma última tragada do cigarro, ele o jogou fora olhando para mim. 

- Você vai continuar sentada nesse fodido assento, algodão doce. 

- Você precisa mesmo ficar xingando a cada frase que diz? 

- Tenho, porra. - ele está rindo dessa vez, desipando o leve ar tenebroso que havia permanecido no carro. 

Um silêncio confortável se instala entre nós, meus olhos seguem às ruas silenciosas de South End em Boston. Escolhi a cidade por ser agradável de olhar, longe o bastante da conturbada vida na Tailândia. Embora tenha sido difícil, consegui me adaptar ao bairro e aos poucos explorar novas culturas do local. 

Fora um grande espavento ao descobrir que havia tantas pessoas de diferentes países por aqui, eu meio que tinha aquele receio e medo de ser "diferente" demais, do resto das pessoas. Me senti acolhida por muitos porém não por alguns, como Dexter, sempre existia um alguém que não fosse com nossa cara. Ele foi bem literal em relação a minha, os meus costumes, meu sotaque e minha aparência parecia irritá-lo. 

Mas não foi sua hostilidade ou conflitos que me fez desistir dos meus sonhos, estava orgulhosa de mim mesma, pelo espaço que conquistei. 

- O que achou? - eu pergunto levantando uma sobrancelha empolgada, enquanto estaciono o carro de Jungkook enfrente a minha usual casa. O som escurecedor do motor, chama a atenção de alguns pedestres que passavam pelo local. 

- Você é boa. 

Ele abre a porta depressa, dando a volta no carro e pegando-me de surpresa quando abre a minha. 

- Não se preocupe, não contarei a ninguém que você estava segurando firme em seu assento. - dou a ele uma piscadela cúmplice, enquanto pego um vislumbre de seu sorriso doce e bufar másculo. - Deveria sorrir mais. 

De repente me pego falando em voz alta, fazendo Jungkook parar rapidamente o que estava fazendo e olhando para mim com aquela expressão séria, um pouco sexy, enquanto morde vagarosamente o piercing no canto do lábio inferior. 

- E você não deveria. - ele diz sério, colocando uma mão contra o teto do carro, prendendo-me naquela posição encurralada. 

Estou engolindo seco, minhas mãos firmemente ao redor de meu próprio corpo. Talvez disfarçando o efeito incógnito que ele provocava em mim. 

- Oh.. - fico sem reação, sentindo-me meio envergonhada e por incrível que pareça, desanimada. - Desculpe.. 

- Não chegue lá, algodão doce. Estou falando que quando você sorrir ensombra a porra toda ao meu redor, e isso me deixa fora do controle. - ele respira fundo olhando para mim, o hálito quente assoprando em meu rosto. - Isso foda-se nunca acontece comigo. 

[...]

- Lalisa Manoban. 

As chaves caem da minha mão, sobre a mesinha ao lado de minha porta quando adentro em minha casa. Minha poltrona amarela onde antes abrigava incontáveis mudas de roupas, era preenchida pelo corpo magro e pálido de minha amiga. Enquanto uma pequena caixinha de suco deslizava entre seus dedos magros. 

- Mina Myōi? - imito seu tom sério, completamente confusa com toda essa aura obscura. - Aconteceu alguma coisa? 

Ela explode de uma vez. 

- Como assim você é a garota de Jeon Jungkook!!? - seu pulo na poltrona velha quase a faz cair para trás, se eu não corresse para pegá-la a tempo. - Eu não posso acreditar, eu não posso acreditar! Sinto pássaros brancos sobrevoando nesta casa, porcos virando híbridos de homens gostosos, minhas mãos estão trêmulas olhe!? 

Ela me mostra suas mãos com unhas pintadas de azul, enquanto os olhos estão assustadoramente arregalados.

- Você pode respirar um pouco? - estou rindo de sua euforia, enquanto minha amiga continua falando e falando coisas completamente desconexas. 

- Estive te procurando pela festa toda. 

- Eu estive procurando você. - deixo meus sapatos perto da porta, enquanto caminho para a pequena cozinha separada por um balcão de mármore. - Em falar nisso, onde você estava? 

- Extraindo informações para nosso jornal. 

Levanto uma sobrancelha confusa. Mina continua revirando os olhos. 

- O treinador Larson está procurando novos jogadores para o time de hockey. 

- Novo jogador? 

- Sim. É um pouco difícil considerando que não temos tantos atletas talentosos na Hailee, esse lugar morfa a.. 

Mina continua falando infinitamente, enquanto o copo de água em minhas mãos para no seu caminho para minha boca. 

A ideia é como uma luz brilhante no fim do túnel, talvez isso deixe Jeon Jungkook mais sociável. Talvez deixe ele tão ocupado a ponto de não ter tempo para me ajudar, para que ele volte a ser arrogante novamente. Porque sinto meu coração travando uma grande batalha por aqui. 

E sinto que isso não vai ter um final muito aprazível.

[ Notinhas.. ✿ ]

Hey! Onde você está indo? Dê um soco nessa estrelinha intrometida ai no cantinho para mim, por favor? 😋