35. The Audience

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Eles se divertiram no passeio, passaram alguma vergonha aqui e ali, mas tudo deu certo. Vamos ver.
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— Eu acho que... — Jungkook começa, a voz suave e tranquila. Ambos estão deitados de lado, um de frente para o outro no quarto escuro, a menor quantidade de luz sangrando no espaço entre eles. — todo mundo sabe.

Ele parece nervoso, como se não tivesse certeza se está tudo bem ou não. Jimin compartilha seu pensamento quando pergunta:

— Você acha que foi o beijo, o flerte ou Yuji chamando você de paizinho?

— O último foi provavelmente bastante eficaz. — Ele responde calmamente, os olhos quase vidrados com a memória.

Jimin também parece distante enquanto cantarola. O silêncio torna-se ensurdecedor, Jungkook mordiscando o lábio e Jimin cutucando as cobertas. Então, sem aviso, Jimin começa a rir. Realmente rir. Jogando a cabeça para trás e cobrindo a boca com a mão, tentando ao máximo abafar o som da hora tardia.

— Não é engraçado. — Jungkook repreende enquanto se apoia no cotovelo, observando a cena se desenrolar com uma expressão chocada. — Cada segundo de hoje foi humilhante.

— Agora você sabe como eu tenho me sentido. — Jimin solta uma gargalhada, olhos brilhantes e olhando para o mais novo. — Decidi aceitar meu infortúnio.

— Eu sou rico e sexy, não deveria ter que lidar com isso. — Jungkook brinca, fazendo beicinho e talvez procurando por simpatia.

— Se falarmos com Yuji amanhã, você não vai. — Jimin assegura, pressionando o polegar no beicinho de Jungkook e passando sobre o lábio inferior. E de repente tudo parece muito real.

Lentamente, Jungkook deita-se novamente, a poucos centímetros de Jimin, mas com os olhos voltados para o teto.

— Eu... — Jungkook desliza para uma linha de pensamento totalmente nova, seu coração doi no peito com o imediatismo que ele sente que tem que dizer isso. — Você se lembra daquele dia? Quando eu conheci Yuji? Com toda aquela coisa de bater uns nos outros com bastões?

Sorrindo e rindo sem fôlego, Jimin relembra:

— Sim.

— E-então você se lembra quando eu disse que estava lutando para fazer alguma coisa... Ou que eu senti como se estivesse tentando expressar sentimentos que nunca tive?

Parte do sorriso de Jimin desaparece. Ele se lembra. Naquele tempo, ele estava pronto para bater em Jungkook com um bastão, mas também queria estender a mão para o mais novo e oferecer conforto para remover aquele tom desesperado.

— Você disse que preferia ficar com o coração partido do que nunca saber como é estar apaixonado. — Jimin sussurra, observando a expressão de Jungkook na luz baixa, estudando as sombras em seu rosto. Ele quer estender a mão novamente.

Lentamente, Jungkook assente, sua expressão ilegível.

— E você disse que preferia nunca se apaixonar.

Jimin assente também, uma ruga se formando entre suas sobrancelhas. Antes que ele possa dizer qualquer coisa, Jungkook declara:

— As músicas. — Adoravelmente, Jungkook parece perceber que não é o suficiente para explicar seus pensamentos. Ele mordisca o lábio inferior nervosamente novamente antes de respirar fundo. — Foi... eu estava falando sobre escrever. Por muito tempo não consegui escrever canções com as quais me sentisse feliz, que parecessem reais e significativas para mim.

Quando os olhos de Jungkook encontram os de Jimin, ele pode ver o quanto está assustado, mas confiante. Isso o faz ficar parado em cada palavra, cada sílaba.

— Mas, então, quando eu te conheci... foi como encontrar todas essas novas ideias. Sentimentos. Coisas que eu sabia que queria se tornaram ainda mais importantes para mim e então eu encontrei coisas que nunca havia pensado antes, como você bater no meu peito ou me chamar de bonito ou acordar cedo para levar Yuji para a escola. — Conforme o sorriso de Jimin cresce, o de Jungkook também. Ele quase fica sem fôlego ao continuar: — E de repente elas também se tornaram importantes.

Respirando fundo, Jungkook tenta acalmar seus pensamentos. Eles estão indo a mil por hora e ele tenta conversar, contar a Jimin tudo o que sente. Mas como ele poderia fazer isso quando ele sentia tanto?

— Eu só... eu quero... agradecer. Obrigado por me mostrar. — Jungkook não elabora, mas Jimin acha que sabe o que ele quer dizer, sua respiração fica curta e seus olhos brilhantes. — Por tornar mais fácil escrever canções de amor. — Quando Jungkook estende a mão, seu polegar acariciando a bochecha de Jimin, ele sussurra: — Minha inspiração.

E Jimin fica sem palavras. Porque Jungkook tira o fôlego e tudo mais... sua dor, preocupações e dúvidas. Fechando os olhos, ele se deleita com o toque de Jungkook, guardando cada linha, cada palavra, na memória. Quando os abre, o toque de Jungkook é um fantasma em sua pele, a respiração de Jimin engata quando ele sussurra:

— O que eu disse antes, eu... eu não me sinto assim.

Ele pode ver nos olhos de Jungkook que o alfa sabe o que ele quer dizer. Antes, Jimin havia negado a ideia de amar. Mas agora... agora Jungkook está olhando para ele com olhos castanhos arregalados e o sorriso mais bonito que ele já viu. Agora, Jimin irá saborear cada segundo de se apaixonar por Jungkook.

— Não mais.

— Acho que estava com medo quando disse isso. — Jimin confessa lentamente, timidamente encontrando os olhos de Jungkook apenas para sentir conforto quando os encontra cheios de estrelas e carinho. — Às vezes eu ainda sinto. Depois de Shin eu... — Ele exala pesadamente. Ele se sentiu quebrado. Ele ficou com raiva, triste e desapontado e sentia que sua vida não significava nada. E... — Eu pensei que todo mundo fosse igual. Que todo mundo iria me tratar do jeito que ele me tratou, então qual era o ponto?

Depois de Jungkook, no entanto, Jimin se sentiu irritado e vivo e relutantemente mais feliz a cada segundo de cada dia. Agora ele sente como se sua vida fosse caótica, mas ele não se importa nem um pouco porque não está sozinho, Jungkook está aqui.

— Nunca pensei que encontraria alguém que fizesse tudo valer a pena. — O coração de Jimin bate de maneira irregular e ele se sente sem fôlego e nervoso, mas fala com um sorriso, palavras leves, mas pesadas no coração de Jungkook. O mais novo está olhando para ele com admiração enquanto ele continua: — Talvez sejamos quebrados às vezes, e talvez sejamos perfeitos outras vezes e talvez eu fique nervoso a cada dois segundos e confuso com a maneira que você é sempre tão gentil e lindo e você sempre sabe o que dizer mas...

Jimin para, sorrindo enquanto suas reclamações se transformam em elogios cada vez mais. Talvez Jungkook sempre trouxesse elogios para ele. Em vez de raiva, Jungkook trouxe-lhe felicidade. Jimin tem apenas que passar o resto de sua vida compartilhando cada palavra de elogio com o alfa.

— Mas... se for você, eu quero saber como é estar apaixonado.

Quando seu coração para, Jungkook deixa seus lábios caírem sobre os de Jimin com um pequeno suspiro. A surpresa de Jimin logo se transforma em um sorriso e logo ele retribui o beijo, tão suave e íntimo quanto suas palavras haviam sido antes.

A língua de Jimin lambe seus lábios, que lentamente se abrem para aprofundar o beijo. Eles se movem juntos por instinto agora, sabendo o que faz o outro gemer, choramingar, ficar tenso e trêmulo.

Com a perna jogada sobre o corpo de Jimin e as mãos deste passando por seus cabelos, Jungkook se desfaz e deixa Jimin colocar cada peça de volta no lugar com cada toque suave e elogio sussurrado.

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A sala de espera do tribunal é uma visão desagradavelmente familiar para ambos enquanto esperam para irem para a sala em que seu caso será ouvido... Parece muito quieto para falar, como se suas palavras fossem quebrar algo que eles não podiam ver. Então Jimin se consola com a palma da mão grande e quente do alfa em sua coxa para acalmar seus nervos.

Ele se sente mais calmo com Jungkook ao lado dele, mas ainda não consegue parar sua mente de correr. Do outro lado da grande porta de mogno à sua esquerda, toda a sua vida mudará. Por mais que esteja contando os segundos até o divórcio, é estranho pensar que não estará mais casado. Ele foi casado por tanto tempo que parecia parte dele. Mas não é e perder essa parte não irá quebrá-lo.

Mais importante, ou especificamente aterrorizante, é o fato de algum juiz ter o poder de tirar sua filha dele. Jimin realmente quer acreditar que tudo ficará bem, mas sua mente continua imaginando os piores cenários como um masoquista. E se ele ficar com Yuji apenas uma vez por mês? Uma vez por ano? E se ele nunca conseguir vê-la novamente?

— Você realmente tinha que trazê-lo, Jimin? Eu juro que você só faz essas coisas para me incomodar.

Então, novamente, em retrospecto, todos os anos em que ele foi casado foi uma sufocação lenta, afundando cada vez mais fundo até que ele finalmente se debateu e lutou para chegar à superfície. Ofegando por ar.

— Bem, você é o centro da minha vida. A única razão pela qual eu faço qualquer coisa. — Jimin responde sarcasticamente, zombando quando olha para cima e encontra Dowon ao lado de Shin. Atrás deles, encostado na parede, está o advogado falando ao telefone. O coração de Jimin dispara.

— Você ficou sarcástico? — Shin fala com desdém. Ele parece especialmente irritado hoje, embora Jimin não tenha certeza de que seu humor tenha algo a ver com o fim do casamento e a possível perda de sua filha. Conhecendo-o, ele provavelmente está apenas irritado por ter que faltar ao trabalho. — Influência dele?

Jimin se abstém de responder, 'sim, porque não tenho capacidade de pensar por mim mesmo' e, em vez disso, cerra os dentes.

— Ele tem um nome. — É Jungkook quem responde, a mão na coxa de Jimin ficando mais apertada.

— Oh. — Shin arrasta os olhos para Jungkook, demorando-se momentaneamente na mão na coxa de Jimin e depois voltando aos olhos. — Certo. John não é?

— Jungkook, na verdade. — Aparentemente, Jungkook é muito melhor em não perder a paciência e ter que fazer um esforço para não dar um soco na cara de Shin. Ele simplesmente sorri e acena com a mão desdenhosa. — Mas não se preocupe, Frank.

Jimin não vai nem mentir e dizer que lamenta o bufo que escapa dele quando Shin aperta a mandíbula.

A dupla se senta em uma fileira de assentos opostos a eles e Jimin se absteve de tirar o sapato e jogar neles. Quase não há espaço entre eles. Se ele quiser, poderá estender uma perna e chutar Shin. É bom saber que as opções estão sempre lá.

— Eu suponho que você esteja animado então. Que você será capaz de seguir em frente agora.

Experimentos científicos provavelmente podem ser feitos na intensa reação emocional que Shin desencadeia dentro de Jimin com cada palavra. Devia ser impossível irritar alguém tão completa e profundamente com duas frases. E, no entanto, Shin consegue.

— Eu não sei, você foi o único que estava tão animado que mal conseguiu esperar para começar a foder todo mundo com quem fizesse contato visual. — Jimin cruza os braços sobre o corpo, provavelmente é melhor ter algum tipo de barreira entre eles.

— Foi quase todo mundo. — Shin revira os olhos. Jimin quer arrancá-los. Isso o lembra do dia em que os pegou. Como Shin tentou menosprezar toda a cena, fingir que Jimin estava de alguma maneira louco por estar com raiva.

Ele sempre foi tão terrível? Ele não era no começo. Ou talvez ele fosse apenas melhor em esconder isso.

Jungkook aperta sua coxa e isso torna um pouco mais fácil respirar, de lembrar algumas das técnicas de controle da raiva que ele foi forçado a aprender. Enquanto Shin continua, Jimin conta até dez e começa tudo de novo.

— Se você pode ser feliz, por que eu não posso? — Shin diz com tanta convicção que Jimin acha que Shin realmente se iludiu pensando que não fez nada de errado.

— Porque nós éramos casados, seu imbecil!

Algumas pessoas se viram, algumas se inclinando para ouvir e outras pedindo silêncio, o que só deixa Jimin ainda mais furioso. Uma pessoa de terno, com uma grande tatuagem no pescoço, que está perto o suficiente para presumir que estava escutando toda a conversa, franze a testa para Shin e isso faz Jimin se sentir um pouco melhor. Pelo menos algumas outras pessoas podem ver que ele não está errado.

Baixando o tom e mais uma vez se consolando com o toque de Jungkook, Jimin continua com raiva em sua voz.

— Porque eu não era feliz. Porque eu sofria todos os dias e nunca, nem uma vez sequer, decidi me fazer feliz às suas custas.

— Então você deveria ter dito algo...

— Eu fiz. Eu liguei para você todas as noites e pedi para você voltar para casa. Eu disse que queria fazer uma maldita refeição com meu marido. Eu implorei a você em todos aniversários de Yuji para estar lá para sua filha. — Ele zomba amargamente, apontando um dedo para o próprio peito. — Eu dei tantas desculpas por você. Eu a coloquei na cama e garanti a ela que você ainda a amava enquanto eu nem sabia onde você estava. Isso era tudo que você tinha que fazer, Shin. Aparecer e ser o pai dela. E você não conseguiu nem mesmo fazer isso.

Jimin não tem certeza de quando parou, mas seu tom não está mais com raiva. Não é alto ou cortando sua garganta. Embora seja baixo, é alto o suficiente para que mais algumas pessoas se virem para olhar. Jimin deveria se sentir envergonhado ou horrorizado por fazer uma cena, mas ele se sente estranhamente calmo. Não como quando ele fingia um sorriso e caminhava ao lado de Shin ou quando desceu um taco de golfe no carro de Shin com uma platéia. Ele apenas se sente bem. Jimin morde o lábio, esquecendo todas as técnicas, mas de alguma maneira não levanta a voz.

— Eu não vou fazer ela te chamar de pai, não mais. — Ele se recosta, deixando sua mão cair sobre a de Jungkook. — Se você quer que ela te chame assim, então você deve agir como um.

Antes que Shin possa falar, embora Jimin jure que o homem pareça sem palavras, Seokjin caminha até eles. Com uma maleta em uma das mãos, ele estende a outra para Jimin, ajudando-o a se levantar, depois o solta e dá um pequeno sorriso. Os dedos de Jimin envolvem os de Jungkook e, por mais assustado que esteja, ele se sente calmo, e isso é algo que ele não sentia há algum tempo.

— Podemos entrar agora, Min.

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— Onde está minha Borboleta? — Yuji faz beicinho assim que se aproxima de Jimin.

Brincando, mas talvez um pouco desdenhado, Jimin revira os olhos e cruza os braços.

— O quê? Você não está feliz em me ver?

Seu beicinho se transformou em uma risadinha quando ela passa os braços em volta das pernas de dele.

— Claro que eu estou papai! — Ela argumenta antes de se afastar e segurar a mão de Jimin. — Mas onde ele está?

Jimin revira os olhos novamente, desta vez carinhoso enquanto guia a garota por entre crianças correndo e pais com carrinhos de bebê.

— Ele está no carro, provavelmente sentindo sua falta e não de mim. — Jimin suspira cansado, fazendo-a rir novamente.

— Nós dois sentimos sua falta, papai! — Embora ela concentre sua atenção em Jimin, há definitivamente um salto em seu passo com a perspectiva de Jungkook pegá-la também. Se Jimin focar nisso, ele provavelmente está pulando feliz de volta para o carro também, tonto com o conhecimento de que Jungkook quer estar aqui tanto quanto ele.

— Sério? — Jimin ergue uma sobrancelha, olhando para a garota como se ela sozinha tivesse colocado cada estrela no céu. — Então você ficaria feliz em passar todos os dias comigo para todo o sempre?

— Para sempre e sempre! — Ela confirma com um sorriso, segurando a mão de Jimin e pulando ao lado dele enquanto se dirigem para o carro.

Jimin a pega em seus braços, girando enquanto eles sorriem o suficiente para fazer as pessoas desviarem o olhar do brilho. Quando chegam ao carro, Jungkook acenando para eles de maneira fofa pela janela, Jimin a abraça com força, respirando seu cheiro de chiclete e sussurrando:

— Vou cobrar isso de você.

[...]

Demora trinta minutos para chegar ao café de Taehyung. Yuji tem o mesmo salto em seu passo enquanto corre pelas portas, puxando Jungkook atrás dela e gritando um olá para Tae enquanto encontra sua tela de costume. Jungkook acena também, tentando beijar Jimin na bochecha antes que Yuji o sequestre, arrastando-o para a tela ao lado dela.

Taehyung para imediatamente, segurando um pano na frente de seu avental manchado de tinta enquanto observa a porta. Jimin para também, e eles se encaram. Taehyung parece absolutamente apavorado, como se um suspiro fosse quebrar seu corpo em pedaços.

— Então?

Jimin engole em seco e muito lentamente os cantos de seus lábios começam a se levantar.

— Guarda total!

Taehyung grita tão alto que eles seriam mandados embora se Tae não fosse o dono. Ele corre tão rápido e com tanta força que Jimin é jogado para trás quando o amigo passa os braços em volta dele. Eles giram com o impulso e Jimin ri em seu cabelo, apertando de volta com a mesma força.

— Ela é nossa. — Taehyung respira, a voz chorosa e abafada contra Jimin.

Jimin permanece em silêncio, com medo de que não seja verdade se ele disser em voz alta. Mas ele não precisa ter. Com um gemido, Jimin mais uma vez percebe que é isso. Chega de noites sem dormir imaginando se ele nunca mais conseguiria ficar acordado a noite toda com Yuji novamente quando ela estivesse doente ou assistindo a seus filmes favoritos ou acordando cedo para fazer o cabelo ou descobrindo sua nova cor favorita a cada poucos meses.

— Ela é nossa.

Eles se afastam e Taehyung enxuga algumas lágrimas dos olhos de Jimin antes de arrastá-lo para uma das mesas. Atrás de Tae, Jimin pode ver Yuji amarrando o avental de Jungkook e seu sorriso cresce. É como se ele estivesse olhando para o seu mundo inteiro.

— O que aconteceu? Você contou para o Yuji? Como Shin reagiu? Você está bem? — Tae se apoia na mesa, segurando o pano com tanta força que os nós dos dedos ficam brancos.

— Ainda não. Mas vou, e vou deixá-la decidir se quer vê-lo. — Jimin assente lentamente com suas palavras, colocando o máximo de pensamento possível nelas. — Eu tenho a custódia total, mas não quero tirar esse relacionamento dela. Mas também não vou forçá-la. Se ela quiser vê-lo, ela pode, ou se ela quiser vê-lo no futuro, ela pode pensar sobre isso e se ela não quer nada com ele, então ela não vai. — Ele finaliza com um aceno de cabeça seguro, as palavras tendo sido algo em que ele pensou muito nos últimos meses.

— Você é um pai incrível. — Tae suspira e Jimin se envaidece com o elogio.

Mais uma vez, os olhos de Jimin se voltam para Yuji, abrindo a tinta amarela e caindo na gargalhada quando ela pressiona o dedo no conteúdo e dá um tapinha no nariz de Jungkook. O alfa franze a testa graciosamente antes de passar um pouco de tinta na testa de Yuji, o par rindo incontrolavelmente. Sim, seu mundo inteiro.

— Eu só estou tentando ser bom o suficiente para ela. Honestamente não tenho ideia do que aconteceu. No último momento, Shin... desistiu? — Jimin dá de ombro, balançando a cabeça, já que ainda não tinha pensado nisso. Continuando, sua voz é lenta e calma. — Ele simplesmente parou de exigir a custódia total. Acho que o juiz estava se inclinando mais para mim de qualquer maneira, considerando que eu sempre fui a presença mais dominante na vida dela e Shin mal sabia a cor dos olhos dela... Mas, sim. Ele simplesmente parou. Disse que não queria a custódia.

— Idiota. — Tae bufa, de alguma maneira irritado e feliz com sua decisão. Jimin conhece o sentimento.

— Definitivamente. Mas acho que isso foi realmente sua tentativa de bondade. — Jimin tenta não rir, mas ele realmente acredita. O que quer que ele tenha dito em particular, realmente deixou Shin sem palavras. — Não é nem de longe o que ela merece dele, mas talvez ele tenha visto que não é do interesse deles forçar um relacionamento. Especialmente quando ele está fazendo isso apenas para provar um ponto. Talvez agora ele realmente seja uma pessoa melhor para ela.

— Por mais que eu o odeie. Se Yuji querer vê-lo, então eu também espero. — Taehyung sorri e Jimin encontra felicidade no alívio que aquele sorriso o enche. Sem pensar, ele passa um dedo sobre o dedo anelar. Está vazio há semanas, mas agora parece ser dele novamente.

Taehyung vê a ação.

— Então, qual será o seu primeiro ato como Jimin oficialmente divorciado?

Com uma risada, Jimin decide:

— Álcool.

— Conte comigo. Jungkook pode cuidar de Yuji e eu posso cuidar de você.

Isso o faz rir ainda mais.

— Oh, por favor. Eu estarei levando você para casa antes mesmo que a noite acabe.

— Então talvez Yoongi Hyung possa cuidar de Yuji e Jungkook possa ir e cuidar de você. — Taehyung fala sugestivamente, erguendo uma sobrancelha e escondendo um sorriso malicioso. Taehyung já é um tirano, mas ontem havia colocado lenha na fogueira. Para ele, Jimin e Jungkook estão desesperadamente apaixonados. Então é claro que Jimin teria que jogar de volta.

— Por que não levar Yoongi também, assim ele pode te levar para casa?!

— Talvez eu vá. — Taehyung levanta uma sobrancelha, tom sugestivo.

— Espere... — Jimin engasga, ele conhece esse olhar. — Você está fode...

— Shhh! — Taehyung se inclina, agitando seu pano no ar freneticamente, acertando Jimin no rosto várias vezes. — Há crianças presentes.

Jimin franze o rosto, ele certamente esqueceu de que não conseguia falar sem gritar ainda, então se aproxima de Tae, finalmente sussurrando:

— Você está fodendo com ele!

Taehyung se esforça ao máximo para não sorrir. E falha espetacularmente.

— Pode ter havido mais... desenvolvimentos.

— Desenvolvimentos? — Jimin engasga novamente, olhos arregalados, escandalizado. Ele pensou na conversa deles um tempo atrás, onde ele soube sobre o início do flerte de Taehyung e Yoongi.

— Um possível... beijo. — Taehyung fala devagar, tentando regular seu comportamento. No entanto, assim que a palavra sai de seus lábios, ele perde todo o autocontrole. Sua voz fica rápida e alta, ofegante enquanto o sorriso vence. — E outro beijo e então talvez uma punheta e fodendo as mãos dele, elas foram esculpidas pelos deuses, e eu fui abençoado por...

— Eu vou te parar bem aí.

— Certo. — Tae engole em seco, respirando pesadamente. — Desculpe. — Ele agarra o pano em suas mãos com mais força, os nós dos dedos ficando brancos. — Ele é tão perfeito, Minnie. E ainda não discutimos um relacionamento, mas... Mas ele me convidou para seu estúdio para ouvir sua música e pareceu tão tímido quando o elogiei, e ele me pergunta sobre arte, embora eu possa dizer que ele não tem interesse nisso. E ele lembra o nome de um artista que eu gosto só para ele perguntar de novo. E ele me faz sentir...

— Especial? — Jimin termina, o coração batendo no mesmo ritmo de sempre, enquanto seus olhos encontram Jungkook do outro lado da sala.

Um sorriso se espalha pelo rosto de Tae tão rapidamente que ele tem que pressionar os dentes nos lábios para detê-lo, os olhos fixos na madeira da mesa. Nas luzes vermelhas que dançam através dela.

— Sim.

— Você está apaixonado?

Taehyung olha para cima e respira sem um pingo de hesitação.

— Sim. Acho que sim.

—Isso parece o fim de alguma coisa. — Jimin sorri, rindo sem fôlego. — Como se você tivesse completado um jogo. Você ganhou e subiu de nível.

Todos aqueles anos se apaixonando por Yoongi, ansiando pelo irmão mais velho de seu amigo e suas vidas finalmente se entrelaçam.

Taehyung contempla isso por mais um momento, o sorriso ainda proeminente em seu rosto.

— E você? Você finalmente tem sua vida de volta, você está dançando, você tem Yuji... Jungkook. Você acha que está no fim também? Você ganhou?

Esse sentimento, de ver cada elemento que compõe o seu futuro, mas saber que não está gravado em pedra, que ele tem a liberdade de fazer o que quiser, que ele se diverte mesmo sabendo que haverá erros, surpresas e espontaneidade, isso é como ganhar. Fechando os olhos brevemente e suspirando de alívio, tudo o que Jimin sente é felicidade.

— Sim, acho que estou prestes a fazer isso.

— Como você acha que será o próximo nível? — Tae pergunta, já imaginando a nova etapa de suas vidas, tudo o que poderão fazer e ver.

Jimin pensa em Jungkook e Yuji enquanto sorri:

— Ainda melhor.

— Papai! Papai! — Yuji grita do outro lado da sala e Jimin olha, o sorriso ainda adornando seu rosto, e vê ela e Jungkook cobertos de tinta.

— Umm... eu deveria... — Os olhos de Jimin voltam-se lentamente para Taehyung, sem saber se fica surpreso com o par ou não. — Eu deveria detê-los.

Taehyung observa enquanto Jimin se aproxima, repreende-os levemente e de alguma maneira sorrateiramente risca mais tinta em ambas as bochechas, apenas para Jungkook bater no nariz dele também deixando-o azul.

Tudo o que ele consegue pensar é em como Jimin havia consertado incansavelmente sua aparência alguns meses atrás, desesperado por algum tipo de controle sobre uma vida que ele estava tentando desesperadamente juntar para criar uma imagem que não combinava. Mas agora, Jimin ri quando Yuji passa amarelo sobre sua coxa e tira o cabelo bagunçado dos olhos enquanto Jungkook dá um beijo em sua bochecha.

[...]

Eles permaneceram no café por mais tempo do que o planejado e começava a escurecer quando eles sairam. As luzes da cidade de prédios de apartamentos cobriam o céu, Yuji as chamava de estrelas.

Agora, Yuji está sentada na frente deles, suas pernas balançando casualmente e sua expressão quase entediada enquanto espera alguém dizer algo, qualquer coisa.

Depois de aproximadamente trinta segundos sentados na mesa da cozinha, ela desiste, reclamando:

— Estamos aqui há horas, papai. Estou com problemas? — Arregalando os olhos, ela ofega. — É sobre o meu cavalo?

— Não... e não. — Jimin responde nervosamente, embora o biquinho desapontado de Yuji com a notícia de seu cavalo o faça sorrir. Sua adorabilidade sempre o faz se sentir melhor. Eles a sentaram assim que voltaram para casa, eles não podem mantê-la aqui em silêncio para sempre. — Na verdade, é sobre... umm...

Jimin olha para o lado em busca de ajuda, onde Jungkook está sentado ao lado dele na mesa de centro, os corpos pressionados um contra o outro. Apenas recebendo um encolher de ombros, Jimin tenta novamente.

Durante toda a manhã, Jungkook ficou nervoso, encontrando qualquer desculpa para explicar por que essa conversa não precisava acontecer. A principal sugestão que o alfa fez foi simplesmente nunca contar a Yuji. Enquanto beijava Jimin em todo o rosto, Jungkook tentou alegar que eles poderiam esconder seu relacionamento pelo resto de suas vidas. Depois de corar com a ideia de que Jungkook queria ficar para sempre com ele, Jimin riu do adorável alfa. Sabendo que era seu medo falando, Jimin beijou Jungkook até que ele não tivesse tempo de pensar em resultados negativos.

— Agora que estamos vivendo com Borboleta... estamos todos... passando... muito tempo juntos. — Jimin finalmente diz, olhando para Jungkook, que acena com a cabeça em aprovação.

Yuji acena com a cabeça também, um sorriso cobrindo seu rosto enquanto diz:

— Como quando brincávamos nos trampolins!

— Exatamente! — Jimin sorri de volta. Ele se aproxima, cotovelos sobre os joelhos, e pergunta: — Você gosta de passar o tempo juntos? Só nós três?

— O máximo, papai! Eu gosto de passar o tempo sozinha com você, papai, e com Borboleta também, mas juntos é o melhor.

— Eu gosto de passar tempo com você também, Lagarta. — Jungkook sorri, deixando alguns de seus nervos escaparem. Uma parte pequena e absurda dele continua se convencendo de que Yuji odiará a ideia dele estar com o papai dela. Que ela insistirá para que eles se mudarem imediatamente. Mas então ela o chama de Borboleta e ele começa a juntar as peças do futuro deles novamente.

— Somos como uma família! — Yuji anuncia alegremente, seus olhos se transformando nos mesmos crescentes que os de Jimin. Ela olha para eles de uma maneira que sugere que ela não entende o peso de suas palavras.

Jimin e Jungkook compartilham um suspiro de alívio e alegria, os corações apertados em seus peitos.

— Sim. — Jimin fala. — Como uma família. — Ele sente a mão de Jungkook roçar sua coxa e cuidadosamente a segura, entrelaçando seus dedos. — Nós pensamos que... apenas se você estiver bem com isso, Yuyu... podemos nos tornar ainda mais uma família.

Jimin olha para Jungkook, e o último começa hesitante.

— N-nós dois realmente amamos você, muito. E...

— Eu pensei que você disse que eu era muito chata para você me amar. — Yuji fala desafiadoramente, seu rosto contorcido em acusação. Ao lado dele, Jimin também dá um olhar desafiador, sobrancelha levantada em diversão ou possivelmente indignação. Jungkook espera que seja diversão.

Jungkook ri da memória da garota, lembrando-se também da primeira conversa deles. Ele tinha dito isso, não tinha? Claro que foi apenas uma brincadeira, mas ainda assim, parece surreal perceber o quanto havia mudado.

Estendendo a mão para fazer cócegas em seu lado, Yuji caindo na gargalhada, ele brinca.

— Bem, agora eu te amo apesar disso.

— Como papai com você. — Ela afirma inocentemente e Jungkook faz cócegas nela ainda mais forte, bufando de raiva falsa. Quando ele se recosta, seus olhos permanecem em Jimin, timidamente evitando o significado por trás de suas palavras.

Da mesma maneira, Jimin tenta não corar quando seus olhos se encontram. Afastando-se e olhando para Yuji, sua mão ainda na de Jungkook, Jimin sorri para suas travessuras. Enquanto pensa em um futuro onde isso acontecerá todos os dias, ele prende a respiração e diz:

— Eu e Borboleta somos namorados agora.

Jimin sorri sem jeito. Jungkook sorri esperançoso. Yuji inclina a cabeça, as sobrancelhas unidas.

— Namorados? — Ela pergunta, sem nenhuma emoção real. Jimin e Jungkook caem em turbulência interna, debatendo se ela aprova ou não.

— Namorados.

— Não são... — Ela para, a cabeça ainda inclinada e a boca aberta. Eles prendem cada respiração, esperando por qualquer resposta, enquanto se seguram. Então, confusa, ela termina: — Eu pensei que vocês já eram namorados?

— O que? — Agora é a vez de Jimin inclinar a cabeça em confusão.

— Vocês ficam de mãos dadas, Papai.

Eles ficam, não, eles estão agora.

— E vocês estão sempre se beijando como namorados.

— O que? — Jimin repete, o desejo de fugir rastejando por seus ossos.

— Uh-huh. — Ela assente como se ambos não estivessem envergonhados além da conta. — Na cozinha. E no corredor. E perto das pinturas. E...

— Ok, ok, nós... nós entendemos. — Jimin murmura, inquieto em seu lugar. Seus olhos pousam na coxa de Jungkook, onde suas mãos estão juntas. Huh. Eles realmente não foram tão sutis, foram?

— E vocês vivem na mesma casa como namorados.

Sim. Definitivamente nada sutil.

— C-certo... você é... — Jungkook fala ao perceber que Jimin está sem palavras: — realmente inteligente!

— Sim! — Jimin finalmente concorda. — Realmente inteligente. Você provavelmente sabia antes mesmo de nós, Yuyu.

— Eu não me importo, papai. — Ela diz de repente, fazendo Jimin perceber o quão visivelmente nervoso ele estava, mordiscando seu lábio inferior e puxando sua manga. — Eu realmente amo isso aqui, com Borboleta. E... e eu amo muito vocês dois também.

— Yuyu. — Jimin suspira. É como se um peso tivesse saído de seu coração, seu sorriso se dissipa e seus olhos se fecham enquanto ele puxa Yuji para um abraço. Ele sente os braços de Jungkook envolvendo-os também, quentes e seguros, e tudo parece completo.

A mão de Jungkook caem na cabeça de Yuji, roçando as ondas suaves, e seus lábios beijam a têmpora de Jimin. Ele cantarola alegremente quando sente os braços deslizarem ao seu redor e tudo se encaixa.

— Muito, muito amor! — Yuji grita, a voz abafada por ser esmagada em Jimin e Jungkook. Mas eles aguentam um pouco mais, sorrisos cobrindo seus rostos, porque apesar do ângulo desconfortável em que estão e da tinta ainda grudada em seus rostos, tudo parece muito perfeito.
  
 
 

CONTINUA ☾ ◌ ○ °•
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Oh meu Deus. Esse capítulo foi tão.... Uau! Jimin finalmente falou umas verdades para Shin. Amei. E Yuji sabendo que os Jikook estavam namorando antes mesmo deles saberem. 🤭 Fofa demais!

Espero que estejam gostando. Até o próximo capítulo. Obrigada por ler e apoiar.

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