Capítulo 28 - Juntos


20/05

Senti o vento bater em meu rosto. Abri os olhos, estava de pé num lugar conhecido. Estava descalça, e pude sentir a grama molhada sob meus pés. O Sol brilhava forte, aquecendo meu rosto. Mas o vento estava frio.

Olhei ao redor, e como imaginava, estava num cemitério. Estava de negro novamente, com meus cabelos soltos, voando livremente. Não havia névoa, então poderia ver de quem era os túmulos.

Aproximei-me deles. Pude ver os nomes de "David Joe Baker" e "Laura Katie Baker". Fiquei entre os dois túmulos. O que isso queria dizer? Quem seria ela? E de onde que eu escutei o nome David Baker?

Senti algo ameaçador logo atrás de mim. Meu medo era tão grande que não consegui me mexer, mesmo sem saber se era perigoso, ou se de fato existia. E para piorar, senti um arrepio muito intenso, que percorreu por todo o meu corpo.

Quem será o próximo? — indagou uma voz rouca, tenebrosa, assustadora, masculina. Parecia que estava muito perto de mim.

Eu tremi. Foi algo estranho, estava sentindo que ia morrer logo.

— Não se preocupe. Não será você.

Rapidamente me virei, ainda tremendo de medo. Um vulto negro.

Danielle acordou, sentando-se o mais rápido que pode. Tremia de frio, e arrepios cruzavam sua espinha. Seu edredom formava um casulo, de tanto que se mexeu a noite. Seu coração estava acelerado, e lágrimas percorriam seu rosto até suas mãos.

'3h47min'. Decidiu procurar o nome de Laura, já que acordou lembrando-se disso e que David já fora pesquisado no dia anterior.

"Laura Baker continua desaparecida após dois dias. O corpo de seu irmão fora encontrado horas atrás, mas as buscas a Laura ainda seguem. Amigos esperam ainda a encontrar viva."

Danielle fechou a aba de pesquisa após ver uma foto dos dois juntos, sorrindo alegremente. Não aguentava ver a foto deles, pois sabia que estavam mortos.

Largou o celular, pensando se Daniel foi tão perverso a ponto de matar seu colega de quarto e sua irmã. Mas lembrou-se que ele queria matar a própria irmã, o que não a surpreende se ele matou mesmo os dois.

O sono não veio depressa, mas veio sem pesadelos. Levantou-se, passando uma água no rosto para tentar despertar.

Abriu uma fresta da janela, um vento agradável atingiu seu rosto. Ia ser uma semana mais quente. Vestiu uma roupa mais leve, uniforme, jeans e tênis. As olheiras completavam o visual, infelizmente.

Não comeu nada antes de ir, e avisou a Taylor que ia antes a escola. Indo ao banco que ia sempre, viu alguém dormindo nele. Estava de costas, mas se aproximando, pode ver ser Edward.

Ele dormia tão profundamente que não acordou com Danielle entrelaçando seus dedos em seus cabelos. Sonhava, se mexendo as vezes.

— Bom dia — ele deu um leve sorriso, ainda com os olhos fechados — Foi ótimo ser acordado por você.

— Desculpa por ter te acordado — disse parando de mexer em seus cabelos.

Ele se sentou, abrindo os olhos e pegando sua mochila. Ele era outro que não tinha dormido direito. Ele disfarçava, mas estava extremamente sonolento.

— Está tudo bem com você? — indagou Danielle, sentando-se ao seu lado.

— Não, não dormi direito hoje novamente.

— Mas desde quando você está com insônia?

— Desde sexta.

— Tem algum motivo para isso acontecer? — ele negou com a cabeça — Então, como foi o reencontro com o seu tio?

— Ele me impressionou — ele deu um belo sorriso — Me pediu para voltar a Filadélfia e me revelou que daqui a alguns meses terei um primo.

— Nossa, quanta novidade. Que bom que tudo deu certo.

— Quase tudo deu certo. Vou ter que ir embora — ele colocou suas mãos delicadamente em seu rosto — Eu vou ter que ficar longe de você. Eu te amo.

Ela sabia que viveria sem Edward. Ia ser feliz, algum dia. Ele a fazia muito bem. Não sabia por quanto tempo iriam ficar separados, então deveria aproveitar a sua companhia ao máximo. Ela simplesmente o amava.

A proximidade dos dois, os olhares profundos um ao outro, terminaram com seus lábios se encostando. Edward segurava delicadamente seu rosto. Ambos sentiram algo diferente, jamais sentido, e inexplicável.

Danielle sentiu que deveria se afastar.

— Desculpe-me, eu não deveria? — ele perguntou reagindo como culpado.

— Não é isso. Eu não queria ficar tão próximo de você — disse olhando-o com tristeza. Mesmo querendo ficar perto dele, seria mais fácil não ficar — Você vai embora. Como ficarei sem você? Eu... — não conseguia falar mais nada.

Ele também estava triste. Ele pegou sua mão, a beijando.

— Também me fiz essa pergunta. Vou ter mesmo que ir, prometi a ele, pelo menos neste ano — ele levantou a franja dela, para beijar sua testa, carinhosamente.

Ela fez o mesmo, vendo uma cicatriz no lado esquerdo de sua testa, em cima, próximo à raiz de seus cabelos.

— O que é isso? — perguntou curiosa.

— Uma cicatriz — ele disse olhando para cima.

— Jura? — indagou tocando-a. Ele sentiu um arrepio. — Do que?

Ele começou a rir, de nervoso:

— O desastrado aqui, quando era pequeno, foi subir em uma árvore para pegar uma maçã e acabei caindo — ele sorriu.

— Machucou muito? — indagou quase rindo por causa dele.

— É, fez esse corte. Mas nem aparece por causa do cabelo.

Fez-se um momento de silêncio. Pensavam no que iam fazer.

— Se você acha melhor assim... Mas antes de ir embora, vou te pedir em namoro.

Danielle olhou espantada para ele. Não imaginava que ele queria algo tão sério. Algo que ela também queria.

— Por que você fez essa cara? Não vai querer namorar comigo?

— Não... — disse nervosa — Quer dizer, sim, eu quero. Mas faz pouco tempo que estamos juntos...

— Mas já estamos juntos. Para mim, é isso que importa. E você? Acha o mesmo? — ele perguntou.

— Acho. Eu te amo, e sei que vamos ficar juntos por muito tempo.

— Ficaremos somente um tempo separados, mas isso não vai mudar o que sentimos um pelo outro — ele disse a abraçando. Seu abraço transmitia calor, conforto, amor... Ficaram assim por um bom tempo. Abraçados, em silêncio.

— Acho melhor irmos para a sala — disse.

— Com o ânimo que estou, é melhor começarmos a ir agora mesmo.

— Estamos... Ah... — ele parecia sem jeito — Juntos?

— Para mim... Sim. Por mim, estaríamos namorando... — disse timidamente, a pegando de surpresa com as palavras e um beijo em sua mão.

Ela sorriu, apreciando cada pequeno gesto de carinho vindo dele.

Enquanto andavam em silêncio, uma dúvida passou pela sua mente.

— Você... Ainda sente algo pela aquela garota? — 'Eu já estava com ciúmes?'

— Sim, sinto. Mas não se preocupe, eu nunca mais vou vê-la. Ela foi embora, e acho que nunca mais vou vê-la novamente — ele a observou — Mas, e você?

— Eu o que?

— Falei um pouco sobre a minha experiência malsucedida. Você já passou por isso, não foi?

— Bem... — ela tentou escolher bem as palavras, para ele não descobrir quem era — Ele disse que me amava, e minutos depois já ficou com outra.

— Coitado dele — ele disse sorrindo.

— Como assim coitado dele, Edward Nightingale? — olhou para ele brava.

— Calma — ele sorriu de olhos fechados — Coitado, pois deixou uma garota extraordinária escapar.

Ela deu um leve empurrão nele, depois continuaram andando. Encontraram Michel e Taylor conversando, indo também para sala. Chegando lá, deixaram as mochilas, e os garotos foram ver se estavam jogando na quadra.

— Taylor... — disse. Estava ansiosa para dizer o que tinha acontecido hoje.

— O que foi? — ela perguntou se virando.

— Eu e Edward... Bem... Nós... — não entendia a vergonha que estava sentindo de Taylor.

— Vocês estão juntos? Se... Beijaram? — Ela sussurrou surpresa.

— Sim e... — Tinha que ter um suspense — Sim.

— Que ótimo! E como foi? — ela perguntou curiosa.

— Eu nem sei o que falar...

O sinal bate em seguida, fazendo uma enxurrada de garotos virem para a sala.

Nos últimos períodos, era Educação Física. Danielle falou a Edward que era melhor ele não fazer e conversar com o professor sobre isso. Porém ele não aceitou, insistindo que estava bem, e que poderia fazer qualquer exercício proposto perfeitamente.

O plano era futebol. Porém, antes o professor pediu um aquecimento com abdominais. Futebol não era tortura suficiente.

— Primeiro as meninas, depois os meninos. Quero ver quantos vocês fazem em um minuto, tudo bem?

Arrumaram-se em duplas, com os colchões azuis. Edward era dupla de Danielle, Michel de Taylor e Mike de Samara. Os garotos seguravam os pés no chão, enquanto elas se cansavam.

Depois de um longo minuto, pararam. Os garotos iam falando quantos elas fizeram enquanto o professor fazia a chamada, anotando os resultados.

— Haunt? — perguntou o professor.

— Quarenta — disse Edward.

Bom. Muito bom — ele disse anotando. — Faltou pouco para ir para o Excelente.

Daniele ficou feliz por ter melhorado, nunca passava do médio. Feliz e exausta.

— Agora os meninos.

Um coral com vozes agudas pedindo descanso se formou e elas conseguiram um tempo para descansar.

— Fez quantos? — perguntou Danielle a Taylor, já que não tinha prestado atenção nas notas das outras garotas.

— Trinta e seis, entrei no Bom. E você? — Taylor perguntou a Samara.

— Trinta e quatro. Médio.

Trocaram de lugares. Danielle pedindo para Edward não fazer e ele insistindo que estava tudo bem. Mesmo não estando.

Depois da contagem regressiva, Danielle quase perdeu a conta... Depois do um minuto, o professor tocou o apito. Cinquenta e sete!

— Deu? — Edward perguntou ainda sentado.

— Sim, você fez... — nem conseguiu terminar a frase, pois ele havia desmaiado.

Danielle pensou que ele estava brincando, já que quase todos os garotos caíram iguais a um saco de batatas no chão. Só que o jeito que ele havia revirando os olhos antes de desmaiar tinha chamado a sua atenção.

— Edward... Acorde... — ela sacudia a sua perna, mas ele não respondia — Você está me deixando preocupada — estava começando a ficar com medo também.

Ela olhou para os lados, Michel e Mike estavam bem, rindo e tudo mais.

— O Edward dormiu? — perguntou Mike.

— Não, — ela sacudia Edward com força — acho que ele desmaiou.

Ambos se levantaram rapidamente e começaram a sacudi-lo também. Ela se levantou para poder esticar as suas pernas.

— O'Connell, Stewart e Haunt, fiquem em seus lugares, sentados — disse o professor, que estava no outro lado da quadra, anotando o primeiro resultado.

— Edward desmaiou! — exclamou Mike, ficando de pé, enquanto Michel ainda o sacudia.

O professor veio rapidamente, e a maioria dos alunos também.

— Cada um no seu lugar — ele disse com uma voz autoritária. Odiava tumulto.

Danielle saiu de perto, ficando ao lado de Taylor. Queria começar a chorar, mas não podia. Não com a sala inteira olhando.

— Haunt, o que aconteceu?

— Ele parou de fazer abdominais quando o professor pediu, perguntou se tinha acabado, e depois de eu afirmar, ele desmaiou — disse tentando parecer calma.

— Acho melhor irmos para a enfermaria, não? — perguntou o professor.

Edward se levantou com ajuda do professor, indo para enfermaria com Mike, pois ainda andava com dificuldade.

— O que está acontecendo com ele? — perguntou Taylor para Danielle.

— Não sei. Ele tentou me convencer de que estava tudo bem. Disse a ele para não fazer nenhum exercício, mas...

Michel queria dizer algo, estava nervoso. Conseguiu se acalmar depois de conversar com Samara.

O professor entrou no ginásio, Mike logo atrás dele. Danielle queria correr para saber como ele estava, mas preferiu não parecer tão desesperada.

Mike veio em sua direção, matando a sua curiosidade.

— Ele só teve uma queda de pressão. Talvez fosse por causa da mudança brusca de temperatura. Mas foi só isso, nada sério.

O professor recomeçou com a chamada, para poder anotar os resultados.

Danielle ficou pensando se era somente isso, se a insônia tinha a ver com isso.

— Nightingale?

— Cinquenta e sete — respondeu depois do professor repetir a pergunta, pois ela não estava prestando nenhuma atenção.

— Por enquanto o melhor. Excelente!

Danielle começou a prestar atenção nos outros resultados. Somente alguns acima de cinquenta, somente um cinquenta e quatro...

— Turner?

— Cinquenta e seis — disse Anne, parceira dele.

Danielle observou-o, diferente do que estava acostumada. Era visível que ele estava um pouco cansado, como os demais, embora ele tenha feito mais que todos os outros. Mas pensou se ele não estava competindo com o Edward.

— Então, Nightingale foi o melhor de hoje... — disse o professor enquanto ainda estavam sentados.

— Mas eu não desmaiei — disse Nolan rispidamente, com ar de superioridade.

Taylor segurou o braço de Danielle, já a conhecia muito bem. Ela sabia que a amiga ia tentar bater nele. Danielle começou a contar mentalmente até dez, tentando se acalmar. Todos o reprovaram com os olhares.

— Turner, eu vou me lembrar disso na próxima reunião de pais e mestres. E você ficará nos bancos hoje — quando alguém agia errado, era esse o castigo.

Nolan foi para os bancos depois das últimas anotações sem dizer nada.

— Então, vamos começar a jogar futebol? — indagou o professor, e todos responderam animados.

Danielle tentava parecer animada, mas queria saber como Edward estava.

— Achei que com a ausência do Nightingale os times iam fechar, mas o Turner teve que... Bem, algum time ficará em desvantagem...

— Professor... — Não custava tentar. Levantou a mão e continuou. — Posso ver como o Nightingale está?

Ele sorriu, percebendo a preocupação dela:

— Pode ir. Te dou vinte minutos, e depois você entra no jogo.

— Obrigada professor.

Chegando à enfermaria, conversou com a Sra. Thompson, uma enfermeira muito simpática. Ela disse que ele estava bem, mas estava dormindo, precisava descansar e que era melhor não o acordar.

Danielle conseguiu entrar depois de prometer não fazer barulho. Ele estava sozinho, as outras duas camas estavam vazias. Ela se lembrou da última vez que entrou naquele quarto branco com camas de lençóis azuis claros; uma bolada em seu estômago durante um jogo de futebol americano.

Se aproximou, passando os dedos entre seus cabelos, podendo ver a cicatriz em linha reta próximo a raiz de seus cabelos. Então ele começou a falar enquanto dormia.

— Ei, você está machucada! — ele disse sério, embora estivesse dormindo. — Vamos, acorde! Onde ele está... Vocês... Esse sangue... Preciso achar alguém... Você não está... Quem fez isso...

Ele se levantou depressa, assustado, sentando-se de olhos fechados.

— Danielle... — ele disse abrindo os olhos.

— Descanse — disse tentando o convencer de voltar a se deitar. — Como você está?

— Estou só com uma dor de cabeça.

— Eu disse que era melhor você não participar da aula. Você tem que procurar um médico — ela suspirou — Vou deixar você descansar. Preciso ir e você, dormir.

— Ok. Até mais. Te amo.

— Te amo também. Até mais — disse sorrindo, enquanto saia do quarto.

Do pequeno trajeto da enfermaria até a quadra, ela ficou pensando nas palavras que ele dissera.

"Será que ele era sonâmbulo? Isso foi uma lembrança? Será que ele já presenciou uma coisa dessas?"

Quando chegou a quadra, Danielle conseguiu defender a bola que vinha em sua direção. E foi assim que virou a goleira do time. Ficou feliz por saber que os garotos pegavam leve com as garotas.

Antes do fim da aula, Edward veio ao encontro de Danielle no ginásio. Era visível que estava bem melhor. Ele se aproximou dela, beijando-a no rosto. Pegou sua mochila e foram em direção à saída.

— Está melhor?

— Sim, bem melhor.

— Você precisa procurar um médico. Se quiser posso recomendar alguns... — disse enquanto ele colocava seu braço ao redor de seu pescoço, trazendo-a para perto.

— Agradeço, se isso acontecer novamente eu peço...

— Por que não vai agora? Não foi a primeira vez que você desmaia...

— Síndrome do Jaleco Branco — ele respondeu sério.

— Sério? Você?

— Sim. Não gosto nem de tirar sangue.

Aproximou-se dele, lembrando do sonho que ele tivera na enfermaria.

— Você lembra-se de ter sonhado enquanto dormia na enfermaria?

— Não. Por quê? Disse algo enquanto dormia? — pensou se tinha falado demais. Não queria estragar as coisas com ela.

— É... Você falou algumas coisas estranhas, e isso me deixou apreensiva.

— O que eu disse?

— Bem... Pelo o que eu entendi, tinha duas pessoas feridas, uma delas era uma garota ou mulher. E havia sangue no local. Você procurava ajuda, não sabia quem tinha feito isso...

— Que coisa mais estranha eu fui sonhar... — ele disse um pouco surpreso. Se lembrando exatamente da cena — Nunca sonhei com nada parecido. Será que foi de algum filme?

— Imagina o que achei ouvindo isso. Foi bem estranho.

Na frente do colégio, se despediram.

— Adeus e melhoras — disse enquanto estavam um de frente para o outro.

— Obrigado. É só tomar um remédio para a dor de cabeça e fico novinho em folha — ele a beijou demoradamente na testa — Eu te amo. Adeus.

— Eu te amo também.

Abraçaram-se por um tempo. Queriam que esse tempo durasse muito mais.

21/05

Abri os olhos e comecei a andar. Estava num lugar que nunca estivera antes. Estava numa floresta de árvores com troncos largos e muito altas. Eram enormes.

Fui andando, sem rumo entre as árvores. Pude ouvir alguém ao longe:

— Ei, você está machucada! — na mesma hora, sabia que já tinha ouvido aquilo. Comecei a correr. Porém, do nada, meu corpo não se mexeu mais. Sabia que o dono daquela voz, ou seja, Edward, estava muito próximo de mim. — Vamos, acorde! Onde ele está... — pude ver um vulto indo de uma árvore a outra. — Espera, você também está do mesmo jeito! Vocês... Esse sangue... — eu ainda me esforçava para me movimentar, mas não conseguia. A voz dele estava ficando cada vez mais preocupada e desesperada. — Preciso achar alguém... Você não está... Quem fez isso...

E eu continuava imóvel. Apenas observando.

Danielle acordou sentando-se rapidamente. Sentiu uma angústia no peito. Respirou fundo, tentando se acalmar.

Viu a tela do seu celular acender. Foi ver as horas. 2h37min. Aproveitou e viu as mensagens recebidas.

"Oi Danny. Pode nos fazer um favor? Hoje, amanhã e talvez depois eu e Michel não iremos para a escola. Pode avisar o diretor? Se não for pedir muito." Tinha sido enviada por Samara a alguns minutos atrás.

"Claro. Mas aconteceu alguma coisa?" Respondeu Danielle prontamente.

"Desculpe te acordar. Bem, minha avó faleceu há pouco tempo e vamos ao velório e enterro em Delaware."

"Meus pêsames. Pode deixar que eu aviso sim."

"Muito obrigada Danielle. Tchau e boa noite."

"Boa noite. Tchau." Escreveu colocando o celular no criado-mudo.

Ela não quis pensar no sonho. Só quis voltar a dormir.

Danielle encontrou com Taylor na frente da casa da amiga quando ela terminava de ler a mensagem de Michel.

— Michel e Samara foram ao enterro da avó. Que triste.

— Pois é, ela mandou mensagem para mim. Vou avisar a direção.

Continuaram andando para a escola.

— E Edward? Como ele estava no fim da aula?

— Melhor. Disse a ele que deveria procurar um médico, mas...

— Eles nunca vão... Homens — ela disse sorrindo.

— Ele disse que tem a Síndrome do Jaleco Branco.

Riram enquanto atravessaram a rua, imaginando como um garoto como Edward podia ter medo de agulhas.

Ele chegou pouco tempo depois delas à sala. Estava melhor do que no dia anterior. Porém, ele já estivera melhor do que isso.

— Oi — disse Edward antes de beijar a bochecha de Danielle.

— Oi. Como vai?

— Bem. Já estive melhor, mas estou bem. E você?

— Estou bem.

Danielle decidiu que somente sua psicóloga iria ouvir sobre esses sonhos estranhos que tinha. Pensou que seria algo novo, ela devia achar um tédio a vida de uma adolescente comum. Só imaginava o que ela falaria dos sonhos, já que os anteriores tinham relação a uma ligação entre ela e Daniel, e não eu inconsciente querendo dizer algo. Pensava que Taylor não merecia ficar preocupada novamente, e Edward acharia que ela estaria ficando louca.

A semana foi passando e cada vez mais Edward e Danielle se dávamos bem. Ele não sofria mais de insônia, mas os sonhos dela não a abandonavam. Era sempre o cemitério, as vezes via o nome de David e Laura, as vezes quando ia ver o que estava escrito, a hora de acordar chegava.

Robert não a visitava, mas ainda continuava trabalhando na fábrica da Victoria. Porém, algumas vezes ela sentia sua presença em casa.

30/05

Danielle, ao encontrar com os O'Connell, só conseguiu os abraçar e dar seus pêsames. Ela conseguiu ver que estavam tristes, embora achou Michel mais ressentido do que a irmã.

— Ele a amava, e ela foi a primeira e a que melhor aceitou ele em nossa família. O tratava como neto mesmo — disse Samara a Danielle, quando Michel conversava com Taylor, a caminho do colégio.

Mas Danielle sentiu que Samara escondia algo dela, podia sentir.

Tudo ia bem. Danielle ainda tinha alguns sonhos, mas não me causavam mais tanto medo. Ainda achava que Michel agia diferente, e Taylor confirmou isso. Preferia ficar sozinho e conversa menos com ela. Ele afirmava que estava tudo bem e que nada havia acontecido. Porém elas achavam que algo realmente acontecera na viagem a Delaware. Somente com ele, Samara não mudara nada.

Danielle e Edward estavam muito bem, mas um receio de beijá-lo a cercava, com o medo de perdê-lo. Medo dele não gostar mais dela depois de passar um tempo na Filadélfia.


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Boa noite meus fantasmas! Como vão?

Mudei o nome do livro, de "Tudo o que é sólido pode derreter" para "Perdida em Mentiras e Lembranças". Eu gosto do primeiro nome, inclusive é o nome do último capítulo. Mas pensei da Trilogia como um todo, e combinei os nomes. 

E vou liberar os nomes e o segundo livro quando alcançarmos 1000 votos.

Será que conseguimos?

Até mais!

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