Capítulo 17 - Ilusionista
06/05
Danielle chegou sozinha na escola devido ao atraso de Taylor. Edward já estava sentado em seu lugar. Vendo-o, ficou determinada a falar o que sentia. Aos seus olhos, ele estava ainda mais bonito.
Toda a coragem foi embora quando Edward se aproximou e sorriu. Ele a olhou com um sentimento que Danielle não conseguiu descrever. Seria amor? Amizade? Isso só a deixou mais confusa.
Deixou a mochila na sala, e foi esperar Taylor no corredor.
— Aconteceu algo? — Taylor perguntou quando a viu fora da sala.
— Nada — disse sorrindo, enquanto ela era envolvida por um abraço de urso.
— Vou deixar a mochila na sala e já volto — ela falou correndo para a sala.
Danielle a esperou, imaginando que seria cobrada por alguma atitude:
— Vocês não conversaram ainda né? Por isso que você está...
— Não é bem isso — sorriu.
— O que é então? — envolveram os braços, indo para a sala.
Danielle não achou uma boa ideia falar sobre seu irmão na frente de Edward.
— Acho que não é bom dizer isso aqui para você.
— Vamos lá para... — ia dizendo Taylor, até ser interrompida.
— Deixa que eu deixo vocês conversarem — ele disse se levantando, saindo rapidamente de vista.
As duas sentaram-se em seus lugares, para continuar a conversa:
— Ele está bravo comigo?!
— Imagina Danny. Já disse que ele gosta de você.
— Você acha?
— Você ainda pergunta? Mas, qual era a outra coisa?
Mesmo não tendo ninguém na sala com elas, Danielle pediu para a amiga se aproximar:
— Como você consegue me aguentar com os meus problemas? — sussurrou.
— Danielle — ela se afastou, revirando os olhos. — Você é minha amiga.
Danielle ainda hesitou.
— Vamos, pode falar.
— Tá bom. Acharam Daniel — murmurou
— Então, enfim ele será preso?
— Não, ele não poderá ser preso. Ele foi encontrado morto — segurou as pernas, se encolhendo na cadeira.
Definitivamente ela não conseguia ver nada de bom com essa notícia.
— Ah, Danielle... — ela colocou as mãos em sua boca, e ficando sem palavras.
Ficaram se olhando, paralisadas. Taylor não fazia ideia do que fazer para ajudar a amiga. Só conseguia olhar com pena. Danielle odiava deixar os outros mal pelos seus problemas.
— Não se preocupe com isso.
— Se te preocupa, me preocupa também — ela disse.
O sinal toca, acabando com a conversa. Todos entraram, inclusive Edward. Ele entrou se sentando quieto. Danielle pensou se fez algo de errado para ele ficar assim.
— Ashley Mastery? A Mastery não está presente? — o professor de biologia indagou, enquanto fazia a chamada.
Olharam em sincronia para o seu lugar, Charlotte apenas disse que ela não veio. A maioria dos alunos pensou que ela havia faltado por preguiça, mas era algo mais sério.
No intervalo, Edward pega um lanche e some do refeitório. Danielle faz o mesmo, tentando achá-lo para saber se ele estava mesmo bravo com ela. Depois de ir à quadra, desistiu e seguiu para aquele banco que adorava.
E esse lugar era o refúgio de Edward, para seus pensamentos. Estava com olhos fechados, num silêncio profundo, deitado no banco.
— Olá — disse Edward abrindo os olhos, o azul brilhando com os raios de sol que se esgueiravam pelas árvores.
— Oi. Tá tudo bem?
— Está sim, e obrigado por perguntar.
— Está bravo comigo? Eu não estava te dispensando da sala...
— Não fiquei. Na verdade, só queria saber do que se tratava a conversa. Pensei que se eu agisse assim, vocês me deixariam participar da conversa. Mas não deu certo...
— Era meio particular, assunto de garotas... — dizer assunto de garotas sempre dava certo.
Edward se sentou, deixando Danielle sentar-se do seu lado. Ele arrastou lentamente e delicadamente seu braço para as costas dela, até chegar em seu pescoço, quase que a abraçando. Ela aproveitou momento e se deixou levar, encostando a cabeça em seu ombro. Uma coragem a permitiu perguntar:
— Por que você faz isso comigo?
— Te abraçar? Porque você é uma ótima amiga — ele ainda virou o rosto dela para o dele, só para ela sentir mais profundamente o 'fora' adiantado. Ela até mudou de assunto.
— Como vão os problemas de família? — "Ótimo assunto Danielle. Parabéns!", pensou querendo se jogar na frente de um carro.
— Vão — ele disse simplesmente.
— Não entendi muito o motivo da viagem.
— É que depois da tragédia eu teria que ficar com alguém. Meus avos haviam morrido há algum tempo. Meu pai tinha dois irmãos que estavam na Europa. Só sobrou o irmão da minha mãe que morava em Massachussets. Nunca tínhamos o visitado, mesmo não sendo tão longe de Vermont. Ele preferiu vir para cá, tinha uma boa oportunidade de emprego. Mas com o tempo essa oportunidade se foi e ele voltou ano passado para Massachussets. Acabei me emancipando e voltei para minha cidade agora.
— Nossa — Danielle ia perguntar como seu tio era em outra oportunidade e como era a convivência deles. — Então ficou só alguns meses lá. Como é?
— Não consegui fazer muitos amigos. Já tenho mais aqui do que lá.
Ela ficou escorada em seu ombro até o intervalo acabar
— Como foi? — Danielle mal entrou na sala, e Taylor foi perguntando isso.
— Do que você está falando? — perguntou, sentando-me em seu lugar.
— Pensa que não vi vocês conversando?
— Ah, quando ele disse que eu sou uma ótima amiga?
— Gol contra. Um a zero.
No fim da aula, Danielle ia tentar novamente falar com ele, porém não conseguiu. Só o sinal tocou e ele pegou sua mochila, deixando as duas na sala, sem esperá-las e nem se despedir.
— O que aconteceu com ele? — Taylor perguntou enquanto atravessavam a porta da sala.
— Não sei. Só sei que amanhã terei que conversar com ele. Não aguento mais isso... — uma revolta tomou conta dela. Teria que fazer algo.
— Você tem razão. Vocês têm que ficar juntos de uma vez — disse erguendo os braços, como se suplicasse aos céus que ficassem juntos.
O tempo estava se fechando, nuvens cinza tinham tomado o lugar do belo céu azul de antes. Para piorar o dia, faltava só chover.
— Ele pode ter acordado com o pé esquerdo — respondeu Taylor quando pararam na frente da sua casa.
— Ou eu acordei com o pé esquerdo — disse se despedindo.
Em casa, Danielle pensou em treinar, já que estava sozinha.
Escorou-se no pinheiro, deixando-o invisível. Observou um pássaro ao redor da árvore, procurando o ninho que deveria estar lá. Passou por sua mente que talvez Edward não tenha percebido que ela estava a fim dele.
Levantou-se rindo, por fazer uma analogia de um pássaro com Edward, por não enxergarem o que estava bem a sua frente, mesmo que invisível
No jantar, Robert foi o primeiro a sair da mesa, deixando Victoria livre para puxar conversa:
— Conseguiu criar coragem?
— Ah, ainda não... — disse sorrindo envergonhada. — Mas vou tentar.
— Faça isso antes que alguém crie coragem antes — ela disse sorrindo — Você disse que ele é muito bonito.
— Tá bem — respondeu rindo — Vou dormir — disse abraçando-a.
— Boa noite — ela sussurrou em seu ouvido enquanto se abraçavam.
— Boa noite.
Danielle foi dormir pensando que sua mãe tinha razão. Alguém mais poderia estar a fim dele.
07/05
Danielle foi para escola sozinha, Taylor queria ir mais tarde, ao contrário dela, que se arrependeu de ter ido tão cedo pois as salas ainda estavam trancadas.
Aproveitou para ir ao banheiro, dar uma olhada em como estava se encontrasse Edward nos corredores. Encontrou alguém conhecida, porém vestida fora do habitual. Decotes, pernas de fora, brilho e rosa deram lugar para calça jeans escuros, moletom confortável e cores neutras. A maquiagem estava quase ausente, algo raro para quem adorava batom cor de rosa pink.
Ashley estava sentada no sofazinho que tinha nos banheiros, mexendo nos chaveiros de sua nova mochila verde água. Danielle não teve vergonha de ficar a olhando minuciosamente, já que era novidade esse estilo.
— Vai ficar me olhando por muito tempo, ou vai se sentar para conversarmos? — sua voz estava mais grave.
Desconfiada, porém curiosa, Danielle aceitou o convite, deixando a mochila em seu colo.
— Você acha que esqueci tudo o que você fez comigo?
Ashley sentiu aquelas palavras pesarem em sua consciência. Sabia que ela era uma das muitas que diriam a mesma coisa. Sentiu vergonha pelo seu comportamento.
— Me desculpe por tudo eu te fiz. Nolan foi o garoto mais interessante que já fiquei. Posso dizer até que ele é especial — Danielle revisou os olhos ouvindo isso. — Eu preciso mesmo falar com alguém, e você parece ser a pessoa certa para me ouvir.
— Onde estão as suas amigas? — indagou Danielle ainda desconfiada.
— Eu as dispensei.
— Por quê?
— Pode não parecer, mas pensamos diferente.
— Está bem, vou fingir que não tenho nada contra você. Como assim pensam diferente? Por que você está vestida assim? Aconteceu algo?
— Cansei de interpretar a líder de torcida patricinha. Eu não sou assim. Só isso — ela disse isso calmamente, olhando para Danielle.
— Interpretar? Como assim? — perguntou colocando a mochila no chão, sentando-se com as pernas cruzadas.
— Odeio rosa, aquelas roupas desconfortáveis e saltos altos — ela disse levantando as sobrancelhas e mostrando o par de tênis surrados que estava usando.
— Tá bem — disse colocando a mão na testa de Ashley, verificando a temperatura. Ambas acabaram rindo. — Qual foi o motivo disso tudo?
— Já que Charlotte e Joanne não vão mesmo falar mais comigo depois do que falei para elas, posso te contar que eu sempre quis ser sua amiga.
Danielle não segurou a risada. Tinha certeza de que Ashley estava drogada ou bêbada. Não podia ser verdade.
— Não posso dizer o mesmo.
Ashley baixou seu rosto, tentando comover Danielle, sem sucesso.
— Continue. Antes que te leve a diretoria por achar que você está drogada — disse secamente.
— Desculpa mesmo — ela virou o rosto para Danielle. Seus olhos estavam molhados. — O motivo de agir daquele jeito era que... — ela passou a mão no rosto, secando as suas lágrimas. — Minha mãe não gosta que eu seja assim — ela colocou a mão em seu moletom, fazendo Danielle entender tudo.
— Mas, por quê? O que tem de errado nisso?
— É que esse estilo lembra o jeito de se vestir da minha meio-irmã.
— Nem sabia que você tinha irmã. Mas...
— É que ela não é um... Bom exemplo para eu seguir. Por isso que meus pais preferiram que eu fosse a patricinha delicada da família.
— Mas, o que ela fez para não ser um bom exemplo?
— Não conta para ninguém? — ela indagou olhando para os lados, para ver se alguém tinha vindo.
— Não prometo nada.
— Tá bem — ela baixou um pouco a voz. — Dessa vez ela foi parar na delegacia por dirigir em alta velocidade. Mas também já pichou muros, dirigiu bêbada entre outras coisas.
— Nossa. Mas nada grave? — indagou Danielle surpresa.
— Por enquanto, não, mas... Quem sabe o que virá depois.
— Por que você dispensou Charlotte e Joanne?
— Perdi a paciência com elas. Elas não pensam como eu, não tem motivo para manter amizade com elas.
— Okay. Mas... — Danielle suspirou. — Porque você ficou com Nolan, Ashley?
— Danielle — Ashley virou, observando a garota em que queria se espelhar. — Não sei explicar direito, mas para mim, era um desafio ficar com eles.
— Desafio? Um desafio ficar com garotos compromissados? — não acreditava no que ouvia — Você realmente é diferente?
— Era um desafio Danielle. Era, não é mais — colocou a mão nas têmporas, esfregando-as — Por favor deixe isso em segredo. Eu consigo fazer isso...
Ashley se concentrou, transmitindo uma imagem dela confundindo os sentidos de Nolan na noite do cinema para Danielle. Nessa cena, Ashley transmitia a Nolan que a pessoa que estava na frente dele era a Danielle, e não ela. Mostrando assim que o motivo dele a beijar era achar que estava beijando Danielle, mesmo com os sentidos confusos.
— Que diabos foi isso Ashley? O que eu vi? — Danielle disse sem entender nada, ainda tonta por causa do que viu.
— Posso criar ilusões em sua mente Danielle. Sei que vai achar isso um truque barato, mas pode acreditar em mim.
Danielle não poderia duvidar, já que poderia fazer coisas inimagináveis para qualquer pessoa. Mas isso explicava tudo. O que aconteceu com todos os garotos da escola que a culpavam por terem beijado ela.
— Eu acredito em você, mas estou com tantas perguntas que tenho que lavar meu rosto.
Ashley fez o mesmo, deixando aparecer uma mancha roxa no braço quando arregaçou a manga do moletom. Danielle arregaçou mais um pouco, mostrando um hematoma ainda maior.
— Quem fez isso?
Ela olhou seriamente, Danielle já a imaginando brigar pelo gesto:
— Foi por isso que eu não vim ontem. Quando estava vindo para escola, isso aconteceu. Mas, juro que ninguém me bateu — ela estava nervosa, não queria dizer toda a verdade. — Eu... Eu que fiz isso, eu caí... — sorria para esconder a mentira.
— Está bem, eu acredito — mentiu — Vou deixar você em paz, por hora. Mas quero saber mais sobre o que você pode fazer. — Ashley assentiu — Mesmo não gostando muito de você, se precisar de algo...
— Não se preocupe. Daqui a pouco, não estarei mais aqui, nem nos Estados Unidos mais.
— Por quê? Vai para onde? Quer fugir das minhas perguntas, é?
— Não é isso. Nós quatro vamos nos mudar. Para França, talvez.
— Vou para sala. Tem mais algo para dizer? — indagou da porta do banheiro — Isso que você pode fazer é insano.
— É, eu sei. Ninguém sabe disso, por favor seja discreta senão serei a próxima louca desse colégio — disse indo para a porta — Posso ir junto com você?
Danielle assentiu mecanicamente, não ouvindo a pergunta.
Olá meus Fantasmas! Como vão?
Vou tentar postar com mais frequência!
Quem ficou surpreso com a Ashley? E como será a irmã dela?
Até mais!
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