Capítulo 09 - Iguais

12/02

Os treinos continuavam e Danielle já conseguia atravessar vários utensílios da cozinha e até algumas paredes. A melhor parte era que conseguiu voar cinquenta centímetros do chão e ainda com certa velocidade. Estava muito animada pelo próprio avanço.

Lá pelo final do treino daquele dia, Danny foi capaz de ficar invisível na mesma hora que desejou ficar, o que a deixou surpresa. Sabia que estava indo bem, mas não assim. Seu pai, também surpreso, vendo como ela ia bem, sugeriu que a filha começasse a tocar em objetos e torná-los também invisíveis.

— Mas eu já faço isso — ela respondeu confiante, lembrando da cena do banheiro feminino na escola e do batom que tinha deixado invisível depois de rabiscar no espelho.

Robert pareceu mais desconfiado que surpreso.

— Deixe-me ver.

Danielle pegou uma folha no chão, concentrando-se para conseguir deixá-la invisível, realizando o feito poucos segundos depois.

A única reação de seu pai foi levantar as sobrancelhas.

— Muito bem — ele cedeu — Por acaso anda treinando sem mim?

— Às vezes — admitiu a garota que, na verdade, treinou para a brincadeira que fizera no dia anterior com mais vontade do que vinha fazendo com o pai.

— Você aprontou algo, não é? — ele perguntou rindo.

Ela não se conteve, e contou a travessura que fizera.

— Foi com a Taylor?

Ela assentiu, finalmente se deixando rir, já que o pai levara o assunto tão na boa, coisa que ela não imaginava que aconteceria. Esperava até discursos moralistas e "você vai acabar machucando alguém". Ficou feliz de ver esse lado mais brincalhão do pai.

Continuaram treinando por mais uma hora, pois Robert tinha medo de deixar sua filha exausta demais para treinar no outro dia. Às vezes, o gasto de energia era tanto que o fantasma podia ficar incapacitado de usar suas habilidades por algum tempo.

A família foi jantar depois que Victoria chegou e Danielle deixou a mãe a par do jantar na casa dos Spook, no sábado:

— Queria tanto ir com vocês — suspirou Victoria.

Danny sorriu abertamente e pegou o celular.

— Vou avisar a Taylor que você vai...

— Acho que desta vez — cortou a mãe, sorrindo — Vocês merecem um jantar entre pais e filhas, o que acham?

— Ah, mãe, vem com a gente... — pediu Danielle. Seria o primeiro jantar dos cinco juntos. Seria como uma família "normal", tirando a parte das habilidades.

— Acho melhor assim — ela sorriu para Robert, como quem esconde algo. — E aproveito para ajudar sua tia a fazer alguns doces, sem contar que faz meses que não a visito.

Sue era a irmã mais velha de Victoria, que tinha uma confeiteira na própria cozinha, deixando o trabalho mais artesanal e delicado. Seus doces, bolos e tortas eram conhecidos em toda a cidade e região. Eram sempre muito bonitos e deliciosos.

— Se sobrar algum docinho... — disse Danielle, lembrando sonhadora dos doces que sua tia fazia, apesar de ter acabado de jantar e não ter espaço nenhum no estômago para mais nada.

— Trarei um para você, se sobrar — prometeu a mãe e piscou, pois, sempre dava um jeitinho de sobrar.

— E eu? — indagou Robert, parecendo uma criança.

— E para você também — respondeu Victoria, dando um beijo na bochecha dele — Robert, então o pai da Taylor, Vladimir, andou procurando por você?

— Sim — levantou-se para deixar seu prato na pia e voltou a falar — Provavelmente quer se lembrar dos tempos de colégio.

Com essa meia verdade de Robert, Victoria teve certeza que ele não havia dito mais nada à filha além de seus poderes, apesar de terem combinado que todas as mentiras e segredos acabariam assim que ele chegasse. Porém, ela nada podia fazer a respeito; quem era o responsável por contar tais coisas à Danielle era ele e os segredos não eram de Victoria para que pudesse contá-los, mesmo de muito se incomodar com a ideia de continuar mentindo par a filha.

— Lembro daquela época, nós quatro éramos bem amigos — comentou ela, também se levantando e indo até à pia para deixar o prato o restante da louça — Danny, você se importa de lavar a louça dessa vez? Estou um pouco cansada hoje, o trabalho foi muito puxado.

— Claro, pode deixar — respondeu a filha — Mas quando você diz "nós quatro", você quer dizer vocês dois e os pais da Taylor?

— Isso mesmo. Eu era vizinha da Clarisse, mãe da Taylor, e éramos amigas — bocejou Victoria — Vou subir, está bem? Boa noite, filha.

Robert continuou na cozinha, o que motivou Danielle a fazer perguntas enquanto lavava a louça:

— Você e o Vladimir eram bons amigos? — perguntou e seu pai apenas assentiu — E faz muito tempo que vocês não se falam?

— Alguns anos, eu acho — disse Robert procurando por alguma coisa pelo balcão — Onde está o pano de prato?

Ela apontou onde guardavam os panos de prato e ele começou a secar a louça. Ainda era muito estranho ter seu pai ali fazendo coisas "normais", cumplice da filha na hora de alguma tarefa doméstica. Como se sempre estivesse estado ali. E foi exatamente por essa estranheza que decidiu perguntar mais uma a coisa que mais a incomodava:

— Robert, — chamou, virando-se para a ele ao secar as mãos. A louça já terminada — Eu ainda não entendi o porquê de vocês mentiram para mim.

Ele largou o pano em cima do escorredor de louças e abaixou-se para ficar na altura do rosto da filha:

— Foi para o seu bem, Danielle, — disse ele levantando o rosto de Danielle com a mão — Um dia você entenderá. E... Você está magoada comigo? É por isso que você não me chama de pai, só de Robert?

— Mas parece que vocês escondem muitas coisas de mim — ela disse fitando seriamente os olhos azuis iguais aos seus — E pai está meio fora do meu vocabulário...

— Há coisas que se deve esperar o momento certo para descobrir, filha — ele deu um leve e sábio sorriso — Você saberá na hora certa, eu prometo.

— Queria que os meus poderes tivessem aparecido antes, assim você teria vindo antes também.

— Para você eles apareceram cedo, para mim, foi com quase dezesseis.

Aquilo a impressionou.

— Você chegou a pensar que não os teria?

Ele se sentou na cadeira do lado da dela e disse:

— Não, pois a minha mãe, que é igual a nós, descobriu que eu os teria com seis anos. Já dá para saber se um de nós terá os poderes com seis ou sete anos no máximo. A gente começa a emanar esse tipo de energia, causando arrepio, aquele leve formigamento nos outros fantasmas.

Ela somente confirmou com a cabeça, não sabia muito bem o que responder. Robert se levantou e continuou a secar a louça. Uma dúvida surgiu na mente dela: será que existiria alguém da família que tenha um dos pais "fantasma" e o outro humano, que tenha nascido completamente humano, sem nenhum dom? Resolveu fazer essa pergunta a ele:

— Não que eu saiba — seu pai respondeu, sério, ainda de costas para ela, pois estava secando a louça.

— Então tá bem. Vou subir para o meu quarto — ela parou na porta — Você quer ajuda para guardar a louça?

— Não precisa, pode ir. Boa noite, filha.

Danielle estava subindo as escadas quando outra dúvida surgiu na sua cabeça: o tal alquimista chegou a virar fantasma? Desceu alguns degraus e foi perguntar ao seu pai na cozinha. Ele riu e depois respondeu:

— Esqueci de explicar essa parte: Somos descendentes da pessoa que fez um fantasma voltar à vida. Essa pessoa injetou muito do sangue do fantasma nele mesmo e acabou virando algo semelhante com o fantasma que voltou a vida. Ambos tinham os poderes iguais aos nossos e esse poder não se perdeu, foi passado de geração em geração.

— Então somos humanos comuns com esses poderes, com sangue Haunt, e por isso somos chamados de fantasma. Isso?

— É, é basicamente isso.

— Entendi... — ainda precisava recapitular tudo e colocar as coisas em ordem, mas acreditava que agora já compreendia boa parte da própria história – Vou para o banho.

— E eu, dormir.

Danielle revirou os olhos, indo para o banheiro de seu quarto. Aproveitou para pensar em como seria a vida de alguém que nascesse sem os dons em sua família; Essa pessoa se sentiria diferente de todos, o que poderia levá-la a uma tristeza profunda e até rejeição.

Saindo do banho, voltou ao quarto, aproveitando para esvaziar o cesto de roupa suja e colocar na máquina de lavar da área de serviço.

Antes de chegar no quarto para ainda fazer algumas tarefas, uma vontade aleatória de entrar no quarto de visitas a invadiu. Foi para o quarto que ficava no segundo andar, junto com os demais quartos. O outro quarto de visitas ficava no primeiro andar, era menor e perto da sala, sendo esse mais usado como "quarto das lembranças", das coisas que possuíam para a família um valor sentimental.

Já o quarto de visitas que ficava no segundo andar, estava sempre muito limpo, e havia até um banheiro nele., como se sempre esperassem a chegada de alguém.

A Danielle de sete anos jurava que alguém morava naquele quarto, talvez um monstro ou algum amigo imaginário, mas chegava a lembrar dos olhos azuis e lembrava com clareza. Sempre tivera a imaginação muito fértil.

Danielle acordou de seu transe, lembrando do seu amigo imaginário de olhos azuis, já com a mão na maçaneta da porta do quarto misterioso. Abriu o quarto e percebeu que era loucura pensar em algum tipo de mistério pudesse rondar aquele lugar e que alguém vivera ali. Achou melhor deixar esse amigo imaginário onde estava, nas suas memórias de criança. Era um quarto comum, com uma cama, armário e escrivaninha. Fechou a porta rindo e entrou no próprio quarto, recordando a época em que, como todas as crianças, acreditava ter muitos monstros embaixo da cama a espera de puxar seu pé à noite.


13/02

Danielle foi para escola com Taylor e contou a ela que o pai tinha topado o jantar de sábado. A amiga parecia muito animada:

— Meu pai disse que terá uma surpresa para mim! — ela contou, praticamente pulando no meio da rua.

— Que bom! — Danny ria, mas estava igualmente animada — Você tem noção do que pode ser?

— Não faço à mínima ideia — disse Taylor com uma cara de conformada — Ele disse que é segredo e que essa surpresa pode te deixar feliz também.

Danielle respondeu com um sorriso e passou certo tempo das aulas tentando descobrir qual seria a surpresa de Taylor. Tentava associar algo que seria bom para as duas, mas não obteve sucesso em descobrir.

O treino daquele dia foi somente de voo e ela conseguiu um bom progresso, ficando quase um metro de distância do chão. Achava incrível poder voar; era imensa a liberdade que ela sentia. Lembrava-se de quando se balançava bem alto nos balanços do parque, em que Vladimir revezava entre empurrar a Taylor e a ela. Quando seus cabelos esvoaçavam, ela imaginava que estava voando e, nesse momento, a sua imaginação se tornava realidade.


14/02

Sábado finalmente chegou. Danielle e Robert foram para a casa de Taylor exatamente às sete horas da noite, pois a casa dos Spook ficava a poucos metros de distância. A casa era bonita, espaçosa, de cor azul clara com portas e janelas num tom mais escuro. Tinha um grande jardim com belas flores coloridas e dos mais variados aromas.

Quando chegaram, pai e filha estavam sentados em um sofá amarelo claro com almofadas laranja, o que dava um charme e conforto na varanda:

— Que prazer em revê-lo, Robert — disse Vladimir, estendendo a mão para o cumprimento e com um sorriso meio tímido.

— Digo o mesmo, Vladimir — respondeu o outro homem compartilhando da timidez no sorriso.

As garotas se cumprimentaram e entraram na casa dos Spook. Todos felizes com o encontro entre pais e filhas. Jantaram uma bela macarronada com queijo e, de sobremesa, brownies com sorvete.

Entre garfadas de macarrão, conversaram sobre escola, tanto da parte das garotas como dos pais presentes e sobre trabalho, até que Vladimir não se aguentou mais. Queria contar logo a surpresa. Fez um sinal para o Robert, que perguntou, sorrindo:

— O que foi?

— Que tal revelar a surpresa agora?

Taylor e Danielle se entreolharam e Robert respondeu:

— Você quer falar ou quer que eu fale?

— Então eu mesmo conto tudo — Vladimir olhou para as duas e completou: — Danielle, eu estava procurando o seu pai e um dos assuntos a serem conversados era perguntar se você já sabia sua origem. Ele já contou?

Com surpresa, Danielle olhou para amiga, que retribuiu o mesmo olhar, ambas tentando ligar as coisas, tentando imaginar de onde Vladimir sabia daquela história. Chegaram a cogitar a ideia de que Robert tivesse contado a ele, pois Taylor não fazia ideia de que seu pai poderia saber sobre os Haunt.

— Sim, já contei a ela — disse Robert em seu lugar, percebendo que ela não responderia tão cedo.

— Danielle, você lembra que ele fala de um alquimista, antepassado de vocês, e seu discípulo, não é? — perguntou Vladimir tão sério que até dava medo nas duas.

— Sim — respondeu meio assustada, pois, aparentemente, todos sabiam da história.

— Vocês duas conseguem imaginar qual seria o sobrenome desse discípulo do alquimista? — perguntou Vladimir.

Ambas forçaram a mente tentando chutar algum sobrenome, mas sem êxito.

— Não sei, senhor Spook — respondeu Danny por fim.

Robert e Vladimir tentaram abafar uma risada, mas também não tiveram êxito.

— Você acabou de falar — disse o pai de Taylor — Era Spook.

Danielle e Taylor se entreolharam, tentando entender o que tudo aquilo significava:

— Quer dizer que somos antepassados do ajudante do cara. E daí? — indagou Taylor sem entender.

Danielle pensou no que seu pai falou naquele dia:

"Nosso ancestral injetou sangue de um fantasma nele e no seu discípulo".

"Se ele também teve sangue injetado, o ajudante também é um... Fantasma?!".

Olhou espantada para Taylor, pensando em isso ser mais uma coisa que Robert escondia dela.

Taylor percebeu que sua amiga estava espantada, não entendendo o motivo:

— Por que você está me olhando assim?

Danny olhou para Vladimir, perguntando com o olhar se podia falar o que estava pensando:

— Pode falar, Danielle — disse ele.

— Falar o quê? O que todo mundo sabe menos eu? — Taylor estava desesperada.

— Você é igual a mim — disse Danielle sorrindo.

Taylor arregalou os olhos, espantada, mas, ao mesmo tempo muito alegre:

— Pai, é verdade? — perguntou, olhando muito séria para Vladimir.

— Sim — ele sorria — Nós quatro somos diferentes e temos alguns poderes.

Ambas as garotas ficaram imóveis, uma olhando para a outra, numa mistura de surpresa e entusiasmo. De repente, Taylor pareceu fascinada com a perspectiva de alguma coisa:

— Pai, eu posso voar?

— Bem... — Vladimir deu um sorriso amarelo — Nós só não podemos voar. Mas podemos ficar invisíveis e intangíveis.

— Por que não podem voar? — indagou Danielle.

— Bem... Primeiro porque foi injetado uma quantidade menor de sangue fantasma no nosso ancestral. E, segundo, infelizmente, o voar foi perdido entre as gerações.

— E por que "fantasma"? — Taylor perguntou.

— Na verdade, nem o nosso ancestral se transformou com as injeções em fantasma. Mas somos chamados de fantasmas mesmo — respondeu Robert.

— Mas descobriram que fantasma é esse? Se teve família? Se ela ainda existe? — Taylor parecia ainda mais curiosa que Danielle.

— Sim, sabemos quem foi. Sim, ele teve família e ela ainda existe — respondeu Robert sem pressa, sabendo que viria uma leva de perguntas da filha.

— E qual é o seu sobrenome? — agora era Danielle — Podemos conhecê-los? Ainda possuem poderes?

— Ainda possuem poderes — ele suspirou e fez uma pausa — Eles não querem que falem seus nomes assim, aos quatro ventos, querem segredo. Eles já possuem uma vida, e se essa informação caísse em mãos erradas, seus negócios podem ser prejudicados.

— Eles são muito fortes? — perguntou Danielle, já imaginando a resposta.

— Sim. Vocês saberão se algum dia cruzar com eles — ele riu e cochichou algo inaudível para elas a Vladimir — Sabe isso?

Danielle sentiu o arrepio na espinha mais forte que havia sentido até aquele dia. Era um frio imenso subindo pelas suas costas, um frio que jamais podia imaginar que existisse e que algum dia ela sentiria. Pareceu que seu estômago congelou também. Curvou-se rapidamente, com a mão no estômago, após um grito com dor e susto.

— Danielle? — perguntou Taylor preocupada.

Do mesmo jeito que o arrepio veio, ele se foi. Rápido e sem aviso.

— O que foi isso? Foi você? — perguntou a Vladimir se recompondo.

— Nós fizemos isso — ele respondeu — Esse é o nosso poder. Claro que a maior parcela é do seu pai, mas eu faço parte disso. E, acredite, nós dois sentimos algo muito mais intenso que isso quando nos encontramos com eles. Parece ser o maior frio que sentiremos em toda a nossa vida.

— Por que sentimos esse frio? Esse arrepio?

— Fantasmas são frios, não tem um corpo físico. Não tem o calor humano — Vladimir fez uma pausa e voltou a ficar sério — Nossa, isso ficou poético demais... — Robert riu — Bem, e o arrepio vem com o frio. Muitos povos acreditam que, quando sentem um arrepio, é porque tem um fantasma passando por perto. E isso, de fato, é verdade.

— Danielle, você sentiu um arrepio quando estava perto de mim, não? — indagou Taylor se lembrando de quando almoçaram comida mexicana juntas.

— Sim, é verdade.

— E por que eu não sinto esses arrepios, pai?

— Seus poderes têm que despertar primeiro. Os de Danny já apareceram, os seus ainda não.

Uma dúvida surgiu para Danielle:

— Quando vocês se conheceram, vocês sabiam o que cada um era?

— Bem, — começou Robert — Não, não exatamente. Nossos pais eram conhecidos, mudaram-se e acabamos nos tornando vizinhos na infância. Mas só bem mais tarde que tomamos conhecimento da história do fantasma, do alquimista...

— Chegamos até a treinar juntos, não se lembra, Robert?

— É claro que lembro — os amigos sorriam com as lembranças.

— Isso quer dizer que nós duas podemos treinar juntas também? — Danielle perguntou animada com a ideia.

— Bem, acho que, quando eu viajar, Taylor poderá treinar com você, Danielle. Que tal?

— Claro, senhor Spook.

— Sim, pai. E quando aparecerão meus poderes? Também quero fazer essas coisas... — Taylor estava emburrada.

— Filha, eles aparecerão só depois que completar quinze anos.

— Só com quinze? — estava indignada e chateada também — Mas faço quinze anos só mês que vem!

— Filha, os meus poderes apareceram somente com dezesseis anos. E os do Robert também. Você terá que esperar um pouco.

— Por que para vocês apareceram apenas com dezesseis anos?

Pensando um pouco sobre isso, Danielle achou uma resposta científica para a dúvida da amiga:

— Tay, sabe aquela história de que as meninas amadurecem antes dos meninos?

— Sei. E o que é que tem?

— Talvez seja isso — ela parecia triunfante por entender alguma coisa sobre aquilo tudo — Para nós, os poderes aparecem com quinze e, para eles, dezesseis.

Robert e Vladimir se entreolharam, pensativos:

— Nunca pensei nisso. Pode até ser mesmo.

— O pior que é verdade — concordou Vladimir sorrindo.

Continuaram conversando, até que Danielle fez a mesma pergunta que fizera outro dia para o pai:

— Senhor, já aconteceu de algum Spook nascer sem os dons?

Os adultos se entreolharam, deixando Danielle desconfiada com o ato:

— Não, Danny, pelo menos nenhum que eu saiba. Todos os antepassados da nossa família têm poderes.

— Igual a nossa, não é, pai?

— É mesmo — disse Robert e subitamente pareceu preocupado. Achando a preocupação do pai estranha e suspeita, Danielle perguntou porque ele parecia assim.

— Acho que temos que ir. Já são dez horas — respondeu Robert conferindo o relógio, desviando descaradamente da pergunta.

Ela não se deixou levar pela péssima desculpa, mas decidiu que isso não o preocuparia tanto. Pelos menos não por agora. Resolveu fingir que acreditava naquilo.

— Está bem, então vamos — concordou meio triste, pois não queria ir embora.

Os Haunt se despediram e foram para casa. Danielle foi dormir aquela noite com um sorriso estampado no rosto de tão feliz que estava por ter alguém igual a ela, que poderia ajudá-la e entendê-la, que compartilharia das mesmas situações que ela. Ficava ainda mais feliz por poder ajudar a amiga quando os poderes dela aparecessem.

Pela primeira vez em muitos dias, tudo parecia que ficaria bem.


Olá meus fantasmas! Como vão?

Capítulo agora revisado pela @MarciaLuisa. O próximo revisado vou tentar postar o mais rápido possível!

Se gostou, aguardo seu voto e comentários!

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